Este artigo é resultado das considerações feitas no programa
do dia 22/03/14, na Rádio Projeto Ômega. Sabemos que há várias interpretações para as profecias de Ezequiel 38 e 39 e respeitamos todas elas. No entanto, vamos expor neste artigo aquilo que entendemos desse tema, o qual nos parece crucial, em função de acontecimentos que já estão ocorrendo neste momento e outros que já vêm ocorrendo há algum tempo.
Ezequiel recebeu essas revelações no século VI a.C,
enquanto se encontrava cativo na Babilônia, junto ao seu povo. Muitos livros, estudos, pesquisas e comentários têm sido elaborados ao longo do tempo sobre essas profecias de Ezequiel 38 e 39. Nós cremos que, à medida que o tempo vai passando e os acontecimentos vão tomando forma, ficamos com uma visão mais clara sobre todo o contexto previamente profetizado. Com as profecias sobre Gog não é diferente. Acontecimentos que estão tendo lugar bem diante de nós, podem estar apontando para uma concretização bem localizada dessas profecias...
O REI DO EXTREMO NORTE
Cremos que este é um ponto fundamental para chegar a
conclusões equilibradas sobre o que as profecias de Ezequiel 38 e 39 querem expressar. O profeta Ezequiel descreve Gog como o "rei do extremo norte":
"Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos
povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso" [Ezequiel 38:15]
As palavras usadas para descrever a localização de Gog, no
hebraico, são tsaphownyerekah , que indicam uma localidade que se encontra no flanco ou no lado mais ao norte possível [1]. Se formos ao mapa, veremos que, a nação suficientemente grande e influente para comandar uma coalização de nações, como é descrito nas profecias de Ezequiel 38 e 39, e cuja capital fica praticamente no extremo norte de Jerusalém, é a Rússia.
Então, este primeiro ponto nos parece crucial para entender
as profecias de Ezequiel 38 e 39. O "extremo norte", tomando como base Jerusalém, é a Rússia. A grande capital situada no extremo norte de Israel, é Moscou. Outro detalhe importante no texto que citamos [Ezequiel 38:15], é que este rei "do extremo norte" marchará contra Israel levando "muitos povos" consigo. Então, enquanto mais ao norte situarmos Gog, mais povos surgem, sob o aspecto geográfico, como potenciais aliados.
OS ALIADOS DE GOG
Apartir do versículo 5 do capítulo 38, começa a detalhado o
grupo de aliados de Gog. Não apenas aliados, mas nações ou povos que marcharão sob a "guarda" ou proteção de Gog [Ezequiel 38:5]. Entre esses aliados, estão os persas. Não é necessário explicar muito que os "persas" são os iranianos. Então, o Irã é relacionado como um dos aliados de Gog. Até 1979, o Irã era um aliado ferrenho dos EEUU e dos países ocidentais no Oriente Médio. No entanto, basta ver o que ocorreu a partir daquela data e o que vem ocorrendo atualmente, onde o alinhamento do Irã com a Rússia é inquestionável [2].
Na lista de aliados, aparecem outras nações que apontam,
direta ou indiretamente, para a Rússia. A maior parte dos povos apontados por Ezequiel em sua profecia, está relacionada às adjacências do Mar Negro. Togarma, segundo a genealogia bíblica, foi neto Jafé, um dos filhos de Noé. Togarma, segundo pesquisadores, é considerado o ancestral de povos do Cáucaso do Sul, onde atualmente se encontram a Geórgia e a Armênia. Se olharmos para o mapa acima, ficará clara a relação geográfica desses povos com a Rússia. Não nos parece coincidência que haja um constante interesse russo naquela região, gerando, inclusive, a guerra da Ossétia do Sul, em 2008 [3].
Outro aliado de Gog é Gômer. Na genealogia biblica, Gômer
foi um dos filhos de Jafé e pai de Togarma. No caso de Gômer, não há referências muito bem fundamentadas. No entanto, segundo linguistas, a palavra "Gômer", está relacionada ao vocábulo acadiano "Gimirra", de onde provém o termo "Ciméria". Então, Gômer é associado por alguns linguistas aos Cimérios, habitantes das redondezas do Mar Negro, atuais Ucrânia e Rússia [4]. Já Meseque e Tubal, nomes que estão relacionados, e que são povos que aparecem nas profecias de Ezequiel 38 e 39, também apontam para povos daquela região [5].
Já Pute e "etiopes", assinalados também como aliados de
Gog, são relacionado a povos do norte da África. Pute foi um os filhos de Cam e neto de Noé. Dentro da grande maioria de povos descendentes de Jafé citados nas profecias de Ezequiel 38 e 39, Pute e etíopes aparecem como uma verdadeira exceção.
Então, considerando os aspectos geográficos, de ascendência
étnica e até mesmo os processos geo-políticos que vêm ocorrendo ao longo do tempo, não há como negar que as profecias de Ezequiel 38 e 39 apontam para esses povos que atualmente habitam o norte ou as redondezas do Mar Negro.
Também, não parece ser coincidência os conflitos surgidos na
Síria e na Ucrânia. A Síria ocupa um lugar estratégico no contexto dessa invasão descrita por Ezequiel. Sobre a Ucrânia, já vimos que aquela região está diretamente relacionada às profecias. É notório o interesse russo, tanto na Síria como na Ucrânia. Basta ver o que tem ocorrido na Crimeia, um local estratégico dentro do contexto das profecias de Ezequiel 38 e 39.
UMA INVASÃO SURPRESA
Uma característica que fica bem clara na atuação de Gog é a
surpresa. Ezequiel narra que a decisão para atacar Israel virá após um "mau desígnio" surgido de palavras que subirão ao coração de Gog. Isso aponta para um planejamento silencioso e para uma quase total ausência de ameaças prévias ou de intenções declaradas. Podemos dizer, considerando a narrativa de Ezequiel, que a invasão de Gog e seus aliados a Israel surpreenderá a quase todos, pois será um evento muito repentino.
Haverá surpresa de povos relacionados à Europa e aos países
árabes [Ezequiel 38:13]. Sebá, Dedã e Társis são mencionados como surpreendidos e contrários a essa invasão de Gog. Sebá e Dedã são nomes que apontam para nações da Arábia ou do Oriente Médio, reconhecidas por sua habilidade no comércio e nos negócios [6]. Já Társis, se refere a uma localidade que, nos tempos de Ezequiel, denominaba regiões além mar no Mediterrâneo, podendo indicar a Europa ou até mesmo a península ibérica, ou seja, localidadades ocidentais [7].
É por causa desse caráter repentino e inesperado da invasão
de Gog, que é necessário, cremos, estar atentos ao que está ocorrendo imediatamente ao norte do Oriente Médio. Os deslocamento de tropas, as tensões entre OTAN e Rússia, as crises nacionalistas nas proximidades do Mar Negro e a guerra civil na Síria, dentre outros, são fatores que parecem estabelecer condições para a futura concretização de Ezequiel 38 e 39.
Essa invasão é descrita por Ezequiel como como uma
tempestade, na forma de uma nuvem que cobre a terra [Ezequiel 38:9]. Sem dúvidas, será uma concentração muito grande de tropas e armamentos. As profecias indicam que, após a derrota de Gog e suas tropas, os armamentos desses exércitos serão utilizados como combustível durante sete anos por Israel [Ezequiel 39:9].
Ao mesmo tempo, o texto mostra que Israel estará vivendo,
quando ocorrer a invasão de Gog e seus aliados, num clima de paz ou aparente paz. Talvez, um dos assuntos mais recorrentes nas manchetes mundiais nos últimos anos seja o "tratado de paz" ou as "conversas de paz" entre israelenses e palestinos, em torno de assuntos como o Estado Palestino e o controle de Jerusalém. Vemos como tudo se junta num contexto que só faz ratificar as profecias das Escrituras.
A INFLUÊNCIA ESPIRITUAL
Cremos que, por trás dos grande poderes humanos deste
mundo, existe a atuação de principados espirituais. Essa realidade fica clara em Daniel 10, onde é descrito o principado de Pérsia [Daniel 10:13] e o da Grécia [Daniel 10:20]. Os impérios políticos humanos sempre têm surgido dessa interação entre o orgulho e a ganância dos homens com a influência e poderio de forças espirituais da maldade. No caso de Gog, isso não se mostra diferente.
Entendemos que o mesmo principado que, num determinado
momento influenciará uma liderança para promover a invasão do Oriente Médio já em nossa atualidade, assim como é relatado em Ezequiel 38 e 39, é o mesmo principado que agirá no final do Milênio, o qué revelado em Apocalipse [Apocalipse 20:8].
Assim como os exércitos de Gog e seus aliados serão
derrotados de forma sobrenatural, como mostram as profecias de Ezequiel 38 e 39, também a rebelião mundial que ocorrerá no final do Milênio será desfeita, pois o plano do Altíssimo para Sua criação e para os Seus é que o Messias reine sobre tudo e todos.