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EVENTO: CULTO
DATA: 21/5/2017

TÍTULO: Quem dá a última palavra?


TEXTO BÍBLICO: Mateus 24.1-8

Introdução:

Temos vivido dias nebulosos no mundo, rumores de guerras, crises


políticas, sociais, éticas e morais, tempos de relativização de valores e
de crenças e tudo isso nos leva a uma forte sensação de insegurança e
temor, hoje e com o futuro, com o dia de amanhã, o que será de nossos
empregos, de nossa saúde, de nossos filhos, do mundo... Vivemos
tempos de angústias e de incertezas, e isso tende a abalar a nossa fé e
a diminuir o senhorio de Cristo em nossas vidas.

Entretanto, precisamos nos lembrar sempre que a última palavra vem


do Senhor. Isso é determinante para a nossa fé e para que
prossigamos na caminhada. A bíblia, este livro fantástico foi escrito ao
longo de 1500 anos de forma meticulosa e inspirada por Deus. Ela nos
é apresentada já em seu primeiro livro, primeiro capítulo e primeiro
versículo nos revelando que TUDO, absolutamente tudo foi pensado,
criado e conduzido por Deus: No princípio, criou Deus os céus e a
terra!!! Cerca de 1500 anos se passaram até que fosse proferido o
texto do último capítulo de Apocalipse 22.13: Eu sou o Alfa e o
Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim!. Pronto, cobrimos
a Bíblia inteira!!! Ele é o princípio de tudo e o fim de tudo. Sua palavra é
determinante sobre a nossa história, está em Suas mãos o controle do
universo, o que dirá de nossas vidas e do dia de amanhã. Essa é a
promessa, ele tem a PALAVRA FINAL, É DELE A ÚLTIMA PALAVRA,
LEMBRE-SE DISSO!

Passamos várias semanas estudando o que o Senhor deixou de recado


para sua igreja nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse. Entendemos suas
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exortações, admoestações, palavras de incentivos e principalmente


Suas promessas, promessa de vida eterna, de que nunca mais teremos
fome, nem sede, nem medo, nem dor, jamais voltaremos a passar pelas
trevas pois não mais o sol, mas a sua presença será a nossa fonte
eterna de luz!!! Creio que foi edificante termos mergulhado nestas
cartas que Jesus, glorificado, nos deixou.

Resgatei uma frase de Agostinho que me chamou a atenção para um


fato que normalmente nos passa despercebido. Costumamos analisar
os últimos passos de Jesus como um expectador que assiste a um
thriller de suspense com o coração na boca, angustiado e com o foco
em todo o sofrimento do nosso Senhor. Agostinho declarou no Séc IV:
“A cruz onde Cristo foi crucificado e morto foi a cadeira do Mestre
na sua aula final.”

As últimas palavras de uma pessoa são sempre marcantes, ainda mais


especiais quando pronunciada pelo filho de Deus. As últimas horas de
Jesus na cruz é um verdadeiro intensivão de seu ministério, da própria
natureza de Jesus e deixa preciosos ensinamentos para seus
discípulos. Lembre-se que o próprio Jesus, ao ensinar a parábola da
figueira, afirmou: “passará o céu e a terra, porém as minhas palavras
não passarão” (Mt 24:35). Vamos entender a aula final de nosso
Mestre, afinal de contas, a palavra final para a igreja e para as
nossas vidas é sempre a DELE!!!

Como será que estava o coração de Jesus durante suas últimas horas
de vida? Em quem e no que será que Ele pensou naqueles momentos?
Ao morrer, da forma como morreu, nos aproximou mais dEle, e cada
vez que chegamos perto da cruz, O amamos ainda mais.

Foram sete as últimas palavras de Jesus. As 3 primeiras, proferidas


durante as 3 primeiras horas de sua crucificação; as outras 4, Ele as
pronunciou numa rápida sucessão, nos momentos finais de sua agonia.
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Sabemos que as últimas palavras de alguém, principalmente antes da


morte, são aquelas que expressam as suas maiores preocupações e
recomendações. A Igreja sempre guardou essas “Sete Palavras” com
profundo amor, respeito e devoção, procurando tirar delas todo o seu
riquíssimo significado.

1 – PERDÃO - “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”


(Lc 23.34)

Com essas palavras Jesus selava todo o seu ensinamento sobre a


necessidade de “perdoar até os inimigos” (Mt 5,44). Na Cruz o Senhor
confirmava para todos nós que é possível, sim, viver “a maior
exigência da fé cristã”: o perdão incondicional a todos. Na Cruz Ele
selava o que tinha ensinado:

“Não resistais ao mau. Se alguém te feriu a face direita, oferece-lhe


também a outra… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos
odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis
filhos do vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os
maus como sobre os bons” (Mt 5,44-48).

“Se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará”
(Mt 6,14).

Certa vez Pedro perguntou-Lhe: “Senhor, quantas vezes devo perdoar


meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” “Não te
digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 21-22).

Esta oração é feita por Jesus em um momento de grande crise sob o


ponto de vista humano. Do ponto de vista de Deus era um passo
fundamental no cumprimento de seu plano, para resgate da
humanidade. Considerando o contexto desta oração é possível
destacar alguns pontos:
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 Ela é o cumprimento da promessa de que o filho de Deus seria


crucificado com pecadores (Is 53:12);
 Neste momento Jesus expõe publicamente o pecado dos judeus e
ressalta que eles estão agindo por ignorância;
 Jesus dá o exemplo de que devemos interceder pelos nossos
inimigos diante de Deus. A intercessão era um hábito na vida de
Jesus;
 Em uma manifestação de profunda compaixão e amor pela
humanidade Jesus nos ensina que devemos retribuir o mal com o
bem

2 – COMUNHÃO - “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc


23,43)

Nesse quadro de sofrimento e dor é possível ver mulheres chorando,


soldados zombando e sorteando a roupa de Jesus, o povo que há
pouco gritara “crucifica-o” observando o que acontecia, autoridades
zombando do Mestre, e uma inscrição que dizia em vários idiomas: “o
rei dos judeus”.
No meio de tudo isto, o escritor Lucas dá uma atenção especial a dois
criminosos, crucificados um à direita e outro à esquerda de Jesus. E por
algum tempo, o foco do texto se volta para o diálogo desses dois
criminosos com Jesus. Um deles simplesmente zomba. O outro,
reconhecendo sua própria culpa e pecado, mostra sua fé e faz um
pedido: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc
23:42). A resposta de Jesus oferecia muito mais do que ele,
provavelmente, esperava: “Eu lhe garanto: hoje você estará comigo no
paraíso” (Lc 23:43).

Com esta afirmação de Jesus na cruz aprendemos várias lições:


 Jesus é a única autoridade suficiente para garantir salvação aos
que se chegam a Ele;
 Jesus sempre oferece mais do que poderíamos esperar;
 Ele não exigiu penitências ou atos de religiosidade para que a
salvação fosse obtida;
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 Deus está preocupado com todos, inclusive com os considerados


excluídos pela sociedade.

3 – AMOR, COMPAIXÃO E CUIDADO - “Mulher aí está o teu filho.


Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe” (Jo 19:26-27)

A dor que Jesus estava sentindo, não somente na alma, mas no seu
corpo era impossível de ser medida. Afinal, Ele carregava a dor da
punição dos pecados do mundo inteiro. Por ser Deus e nos amar de
forma incomensurável, foi à cruz de maneira voluntária, morrer por cada
um de nós, inclusive por Maria, sua mãe aqui na terra. Jesus não se
preocupou apenas com o perdão dos pecados de Maria, mas com ela
integralmente.
Nos últimos momentos de vida ele pensou em Maria, teve compaixão
dela e entregou-a aos cuidados de João. Ela não pediu, Ele decidiu
cuidar dela. Ela não exigiu, Ele voluntariamente resolveu agir em favor
dela. E para quem Ele pediu? Para João. Mas logo João que o havia
abandonado? João era o discípulo amado, que na hora do julgamento
de Jesus, fugiu. Mas, a cruz sempre gera recomeço. A cruz, por causa
da compaixão de Jesus, produz perdão de pecados e libertação de
culpa. “Mulher aí está o teu filho, filho aí está tua mãe” (Jo 19:26-27)
dito, provavelmente, de maneira ofegante, mostra que mesmo na hora
da morte, Jesus manteve o foco nas pessoas. Existem muitas Marias ao
nosso redor para serem cuidados. E não somente Marias, muitos Josés
também.
Alguns costumam acusar Jesus de falta de amor por Maria e portanto
diminuem o papel dela no história, enquanto outros a colocam em um
lugar que Jesus jamais colocou. O uso da palavra mulher denota que
Jesus em seu ministério já distinguia sua missão e que não só Maria,
mas todos eram dignos de seu amor e compaixão. Da mesma forma, a
Bíblia após o evento narrado em Lucas onde Jesus é deixado para trás
no templo, aos 12 anos, não temos mais a citação do nome de José.
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Pq? Porque este não era mais o foco das escrituras e nem dos
ensinamentos que o Senhor queria que focássemos, o que não significa
que Jesus desonrou seus pais.
João foi restaurado quando se aproximou da cruz. A compaixão de
Jesus também se estende a você, hoje. “Mas, se alguém não tem
cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é
pior do que o infiel.” 1 Timóteo 5:8
João correspondeu à confiança do seu Mestre e Salvador. Naquela
mesma hora, tomou a mãe de Jesus e a levou para casa. Ele foi o
apóstolo que mais viveu. Deve ter cuidado de Maria até à morte dela.
Ainda hoje, o Senhor Jesus confia nobres tarefas aos seus discípulos.
Ele nos diz:
 “Eis aí tua mãe, teu pai, teus filhos. Cuide deles pra mim, em meu
nome.”
 “Eis aí os enfermos…os meninos de rua… os pobres. Ajuda-os em
meu nome. Quando o fizeres a eles, a mim o farás” (Mt 25.35-40).
 “Eis aí teu vizinho…teu colega… e toda esta gente na rua… Diga-
lhes que eu os amo, e que morri na cruz por eles, para salvá-los.”

Jesus foi crucificado às 9h da manhã (hora terceira). Até a hora sexta


(meio-dia) ele proferiu estas três primeiras frases. Na sequência, as
quatro últimas...

4 – ANGÚSTIA E TEMOR - “Eli, Eli, lamá sabactâni, que quer dizer:


Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

De todas as palavras que Jesus disse na cruz, esta é, sem dúvida, a


mais difícil dolorosa e difícil de entender. Martinho Lutero passou um
dia inteiro meditando nesta palavra. Ao fim do dia, ele escreveu: “Deus
desamparou Deus! Quem pode entender isto?”. No grego, a palavra
usada é abandonaste, o que torna a frase ainda mais forte.
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Este brado de abandono ocorreu em meio a trevas. É ele que nos faz
penetrar no mistério do Deus sofredor. O texto sagrado nos diz que, por
um ato divino sobrenatural, o sol se escondeu e, durante 3 horas, as
trevas cobriram a terram, da hora sexta (meio-dia) a hora nona (três da
tarde). Naquelas horas de trevas, Jesus se tornou legalmente culpado
por todos os nossos pecados, legalmente culpado de imoralidade
sexual, impureza e libertinagem, pedofilia, adultério, idolatria e
feitiçaria, ódio, discórdias, ciúmes, ira, egoísmo e inveja, soberba,
gula, cobiça, avareza, bebedice, desobediência, engano, facções,
fornicação, fraude, inimizade, homossexualismo, mentira, maldade,
murmuração, preguiça, traição, calúnia, roubo, corrupção,
assassinato, ganância e de toda sorte de pecados e atrocidades
cometidos pelo homem. Podemos verificar que, de todos os registros
de sua vida e ministério, somente neste momento Jesus se refere ao
Pai como “Deus”. A mudança de tratamento demonstra a quebra de
comunhão entre o Pai e o Filho, e essa era a razão de sua angústia. O
abandono do Pai era o gole mais amargo do cálice que Jesus decidiu
beber. O clamor de Jesus ecoa pelo universo, e Deus permanece em
silêncio. Por quê? O abandono é necessário porque a santidade Deus
não poderia conviver com os pecados do mundo, que agora estavam
sobre os ombros de Jesus... nós não entendemos o significado de
servir a um Deus santo... Escarnecemos dos critérios de santidade que
a bíblia nos ensina, brincamos com a santa presença de um Deus que
manda que Moisés em Êx 3.4-5 tire as sandálias dos pés pq o solo em
que ele pisa é santo pq recebe a presença, a manifestação de um Deus
que não tolera o pecado. Não é metafórico o rompimento da relação
com Deus às trevas que se fizeram presentes... A luz de Deus se retira
quando há pecado! Na noite do nascimento de Jesus, “o povo que jazia
em trevas viu grande luz” (Mt 4.16. Lc 2.8-11); no dia de sua morte,
“houve trevas sobre toda a terra.” Naturalmente. Jesus é a Luz do
mundo (Jo 8.12).
Gosto muito do texto do comissionamento de Isaías, que encontramos
no capítulo 6. Ele retrata bem o temor e o desespero de quem teve um
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lampejo da tripla santidade de Deus e se sentiu indigno da visão que


teve.
No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo.
Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas
cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas
voavam.
E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor
dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa
se encheu de fumaça.
Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem
de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os
meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.
Isaías 6:1-5

Portanto, é sem dogmatismo que assumimos que Jesus realmente não


foi abandonado por Deus. O Pai não abandonaria o “Filho amado” (Mt
3.17), “obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2.8). Por que, então
o Filho de Deus, Jesus, sentiu-se abandonado? Porque, encarnado,
estava no lugar dos pecadores, assumindo seus pecados, pagando
suas penas, fazendo expiação por eles. Veja o que nos diz o profeta
Isaías:

“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas… mas o SENHOR


fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos… Ele levou sobre si o
pecado de muitos…” (Is 53.5,6,12).

Ele mesmo nunca pecou, mas Deus “O fez pecado por nós…” (II Co
5.21). “Cristo… não cometeu pecado… sofreu em vosso lugar…
carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a
justiça…” (I Pe 2.21-25). “Naquele momento, Jesus sentiu pesar sobre si
todo o pecado do mundo… conheceu a dor que o pecado traz, dor da
separação de Deus…” (Bispo Robert McAlister). O pecado separa o
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homem de Deus. “As vossas iniquidades fazem separação entre vós e


o vosso Deus…” (Is 59.2).

5“ – SOFRIMENTO FÍSICO – “Tenho sede!” Jo 19.28

Este é um momento de grande sofrimento, Jesus foi abandonado pelo


Pai. De repente ouvimos Sua voz: "Tenho sede". Por que será que o
Homem Deus, Criador dos Céus e da Terra e de todas as fontes das
águas, pede de beber à pobre criatura humana? O que há por trás
dessa expressão? O texto completo de João 19:28 diz: “Depois, vendo
Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura disse:
Tenho sede!”.
“Depois” de que? O contexto imediato faz-nos pensar que Jesus
proferiu esta palavra logo depois de ter dito à sua mãe: “Eis aí teu
filho…” (Jo 19.26-27). Entretanto, como vimos, Mateus e Marcos
contam que “desde a hora sexta até à hora nona houve trevas sobre
toda a terra”, e “por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste.” (Mt 27.45-46). Foi,
portanto, “depois” dessas horas de trevas e desse clamor angustiante
que Jesus disse: “Tenho sede!” Teve sede de Deus e, depois, sede de
água. Sofreu no espírito e no corpo.
A sede que acompanhou o seu sofrimento físico na cruz, nos momentos
finais de sua missão terrena, estava cumprindo as profecias feitas por
Davi nos Salmos 22.15 e 69.21. “Secou-se o meu vigor, como um caco
de barro, e a língua se me apega ao céu da boca”; “Por alimento me
deram fel, e na minha sede me deram a beber vinagre”.

Em um determinado momento oferecem a Jesus vinagre misturado com


mirra, que era um anestésico e o Senhor recusou-se a beber. Isso
parece ter acontecido ainda antes da crucificação, quando chegaram ao
Gólgota, e devia fazer parte do processo de execução do condenado,
como em alguns países quando aplicam um sedativo no preso que será
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executado. "E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar


da Caveira, deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele,
provando-o, não quis beber." (Mt 27:33-34)

E havia o vinagre, que ele aceitou quando disse que tinha sede, pouco
antes de entregar sua vida e morrer. "Depois, sabendo Jesus que já
todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se
cumprisse, disse: Tenho sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de
vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num híssope,
lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito." (Jo 19:28-30).

Segundo o "Concise Bible Dictionary", vinagre nos evangelhos "era


um vinho azedo que podia ser chamado tanto vinho como vinagre. Era
a bebida dos ceifeiros e dos soldados romanos. Ele aparece como uma
bebida embriagante e que irrita os dentes.
O fato de ele ter se recusado a beber o vinagre anestésico foi por
querer sofrer de forma consciente por nossos pecados. Mas ao
aceitar o vinagre puro dos soldados, quando pediu por água, ele estava
demonstrando tanto o fato de mais uma profecia estar se cumprindo (Sl
69:21), como também a outra profecia que dizia: "Esperei por alguém
que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores,
mas não os achei." (Sl 69:20).
A Palavra de Deus, que aqueles judeus conheciam tão bem, dizia: "Se o
teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se tiver sede, dá-lhe
água para beber" (Pv 25:21). Todavia, em sua hora de maior
sofrimento, quando a sede de Jesus fazia sua língua inchar e grudar no
interior da boca, ao invés de darem água para mitigar sua sede os
homens lhe deram a bebida mais azeda encontrada na face da terra, e
isto para causar mais sede.

A fadiga que o castigava, a tristeza que sobre Ele se abateu, o calor do


dia e a perda de sangue, foram, com certeza, as causas naturais da
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sede que Jesus sentiu. Quando na cruz do Calvário exclamou: “Tenho


sede”, Jesus estava expressando sua humanidade plena. A expressão
“Tenho sede!” não era uma reclamação, nem tampouco um pedido, era
apenas a simples afirmação de um fato. A lição óbvia que daí podemos
extrair é que Ele era de carne e osso. Jesus tinha fome e sede como
nós, e é por isso que pode nos compreender e pode se compadecer de
nós. É muito importante pensar em tudo isto, porque a plena
humanidade de Jesus é uma doutrina bíblica, e tão importante quanto a
da sua plena divindade. Hebreus 4:15-16 diz: “Porque não temos sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas...
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a
fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em
ocasião oportuna”. Parece contraditório... “Tenho sede!” foi um
comovente grito daquele que garantira ao longo de todo seu ministério:
“o que crê em mim, jamais terá sede” - João 6:35; “aquele que beber da
água que eu lhe der, nunca mais terá sede” – João 4:14.

6 – VITÓRIA – “Está consumado” (Jo 19:30)

A penúltima palavra de Jesus na cruz foi: “Está consumado” (Jo


19:30). Jesus foi um vencedor? Apesar de sua vida inteiramente
dedicada à prática do bem e a despeito da enorme popularidade e
admiração que gozava, os quatro narradores da vida de Jesus
registraram que Ele foi crucificado como um criminoso exposto entre
dois malfeitores.
A julgar pela aparência imediata, sua missão fracassou. Há uma
enorme diferença entre “consumir” e “consumar”. Jesus Cristo
consumiu a sua vida em prol dos outros. Ora uma palavra, ora um
toque, ora um milagre, ora um olhar, sempre uma bênção. Jesus se
consumiu para consumar. Cristo morreu para cancelar nossa dívida
impagável com Deus (Cl 2:13-15) e ressuscitou para nos dar plenitude
de vida (Jo 10:10).
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Nenhum dos evangelistas disse que Jesus "morreu". Eles parecem ter
deliberadamente evitado a palavra. Não querem dar a impressão de
que no fim a morte o reclamou e ele teve de se render à sua autoridade.
A morte não o reclamou como sua vítima; Ele a capturou como
vencedor sobre ela.

Isto é muito importante porque indica que Jesus não morreu como nós
morremos. Nós somos obrigados a morrer; Jesus morreu
voluntariamente. No seu caso, não houve “causa mortis”. Não se pode
dizer que morreu de insolação, de desidratação, de inanição, ou de
parada cardíaca. Antes de essas causas naturais chegarem ao seu fim,
tirando-lhe a vida, Jesus, no momento preciso, por ele mesmo
escolhido, “entregou o espírito”.

Os evangelistas usam entre si quatro expressões diferentes, cada uma


delas colocando a iniciativa no processo da morte de Jesus em suas
próprias mãos.
Mateus escreveu que “Jesus, clamando outra vez com grande voz,
entregou o espírito” (27.50).
Marcos diz que “Jesus, dando um grande brado, expirou” (15.37).
Lucas, que registrou a última e penúltima palavra de Cristo na cruz,
anotou: “Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito! E, dito isto, expirou” (23.46).
João escreveu que “Jesus… inclinando a cabeça, entregou o espírito”
(19.30).

Recibos de impostos encontrados em papiros apresentam esta


expressão está consumado em grego que significa PAGO EM SUA
TOTALIDADE – Tetélestai.

7 – ENTREGA - “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46)

Os inimigos de Jesus estavam festejando a morte do falso rei. Mas, na


realidade, o que estava acontecendo ali era a vitória do Filho de Deus.
Agora que havia consumado o seu trabalho aqui na terra, podia
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descansar. Esta última frase de Jesus era uma frase de vitória. Estas
foram suas palavras derradeiras: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23:46).

É interessante notar que esta expressão está registrada no Salmo 31.


As mães judaicas costumavam ensinar esta frase para seus filhos
quando eles eram pequenos. As crianças repetiam-na antes de dormir.
Há pouco Jesus havia dito: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” Aquele era o momento da separação de Deus, por
causa do pecado do mundo. Mas agora que a missão havia sido
concluída, a relação com Deus estava de volta e ele, então, podia dizer:
“Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito”. Era como uma criança
caindo no sono, nos braços seguros do Pai. Com esta frase Jesus
ensina duas preciosas lições:
 1) que nas mãos do Pai você pode entregar sua vida, pois ele
acolhe, dá segurança, recebe você do jeito que você é, e está;
 2) que Ele estava entregando nas mãos do Pai o seu espírito,
porque o seu corpo seria enterrado dali a pouco, mas o seu
espírito continuaria vivo.

Assim o fez Estevão, o primeiro mártir da fé cristã. Antes de morrer, ele


“fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à sua
direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé
à destra de Deus…” E orou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At
7.55,56,59).

Mas assim como fez com Jesus, você pode ter certeza que os braços
de Deus estão abertos para receber o seu espírito, quando você morrer.
Mas o que fará você ter acesso às mãos de Deus não é o fato de você
ser membro de uma igreja, ou de frequentar os cultos todos os
domingos, ou de ter sido batizado nas águas, ou de praticar o bem ao
próximo. As mãos de Deus são abertas por causa da morte de Jesus
em seu lugar. Foi o Senhor Jesus mesmo quem disse: “Eu sou o
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caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao pai se não por mim”.


Assim como no sacrifício dos animais, para o perdão dos pecados do
mundo era necessária a morte de alguém, puro, sem defeito. Somente
Jesus foi assim.

Reflexão final: De quem é a última palavra sobre sua vida?

O povo de Deus sempre existiu e sobreviveu em sociedades e culturas


marcadas pela corrupção, injustiça, tirania, e opressão. Aguentou
pobreza, caos social, perseguição intensa e o ódio do mundo. O Brasil
está se esfarelando. Mesmo os verdadeiros cristãos irão sentir os
efeitos disso em suas vidas. Mas irão perseverar em sua fé, praticarão
a verdade e não perderão a esperança, pois ela se fundamenta nas
promessas de Deus reveladas nas Escrituras, de novos céus e terra
onde habitam a justiça. Maranata! Vem, Senhor Jesus!

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