Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
. Introdução
«O que amalgamou todos estes componentes diversos num estilo coerente, durante a
segunda metade do século XI, não foi uma força única, mas uma variedade de factores que
provocaram um novo surto de vitalidade por todo o Ocidente. O Cristianismo impusera-se
finalmente na Europa; os Vikings, ainda em grande parte pagãos nos séculos IX e X, quando
os seus piratas as Ilhas Britânicas e o Continente, entraram no redil católico, não só na
Normandia mas até na própria Escandinávia; o califado de Córdova desintegra-se em 1031,
dividido em pequenos Estados – os reinos de Taifas – facilitando a reconquista cristã da
Península Ibérica; e os Magiares tinham-se fixado na Hungria.
1
O termo românico foi, pela primeira vez, atribuído pelo historiador De Caumont, em 1824, tendo sido rapidamente
adoptado por vários estudiosos da arte da Idade Média, no século XIX.
2
CONTI, Flávio, Como Reconhecer a Arte Românica, Lisboa, Edições 70, 1995, p. 3.
3
JANSON, H. W., História da Arte, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1989, p. 279.
1
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA
. Neste período a arquitectura adquiriu uma importância maior do que todas as outras
artes. Aliás, estas estavam muitas vezes subordinadas àquela. Dentro das tipologias
arquitectónicas, a igreja tomou um lugar muito privilegiado sobrepondo-se a todos os outros
edifícios, de tal modo, que o termo «românico» na arquitectura está directamente ligado à
construção de carácter religioso. Não se fala, geralmente, em castelos ou palácios românicos.
A importância adquirida pela igreja no contexto arquitectónico românico testemunha, assim, a
extrema relevância que o cristianismo tinha na sociedade.
Analisando as diversas edificações religiosas desta época, podemos extrair delas várias
características comuns, que veiculariam a unificação do estilo românico.
. Construção articulada e maciça, iluminada por pequenas fenestrações que lhe conferem
uma luz rasante e um pronunciado efeito claro-escuro;
. Como foi acima referido, o suporte das abóbadas era feito pelas paredes, no caso das
abóbadas de berço e por pilares que também recebiam os esforços das abóbadas de arestas. É
frequente encontrar nas igrejas românicas pilares cruciformes com um núcleo de secção
quadrangular ao qual são adossadas colunas nas faces, que recebem os esforços dos arcos
torais e formeiros. Da criação das nervuras e da necessidade de as suportar, nascem os pilares
fasciculados que resultam da adossão de grupos de meias-colunas ou três quartos de colunas
aos pilares;
. Na parte exterior das ábsides é muito frequente encontrar galerias anãs, que são
galerias baixas e estreitas, com o lado exterior com uma sequência de arcadas e que se
situavam sob o beirado;
Planta
7
O mainel é um pilar esculpido, colocado a meio do portal de entrada.
4
. Igreja Românica de Unhão
. Românico Civil
. Igreja de Roriz
5
. Data do decreto de expulsão dos jesuítas de Portugal, pelo marquês de Pombal.
Desde esse período, os bens do mosteiro e da igreja passam por vários proprietários, sendo
sucessivamente bens da coroa (1759-1774), da Universidade de Coimbra (1774-1775) e de
vários particulares. No século XIX a propriedade é adquirida pelo visconde de Roriz, ficando
a igreja, desde essa altura aberta à comunidade local.
. Românico Militar
. Uma etapa decisiva desse movimento será dada com a tomada de Santarém e Lisboa
em 1147, levando a linha defensiva para o rio Tejo, multiplicando-se em castelos que se
espalharão da capital à fronteira com Castela. A maior parte dessas fortificações, (algumas das
quais muito interessantes, como os Tomar, Almourol, Longroiva ou Belver) é devida à acção
das Ordens militares religiosas dos Templários e dos Hospitalários, sendo ainda de raiz
românica mas modificadas em épocas posteriores.
6
. Os castelos românicos eram constituídos por uma estrutura parietal em pedra
aparelhada, estrategicamente colocados num local alto, de fácil defesa, com uma planta
geralmente quadrada e mantendo uma ou mais torres defensivas no perímetro muralhado,
essencialmente vocacionadas para a defesa passiva;
. O crescimento dos burgos levou também, ainda em pleno século XI, à construção de
muros defensivos em seu redor, fazendo com que as povoações ficassem protegidas no seu
interior, facto que se viria a generalizar nos séculos subsequentes. Os primeiros exemplos são
os de Penela e Montemor-o-Velho, ambos perto de Coimbra, constituindo-se estas fundações
também em tentativas de consolidação de povoamento em áreas menos seguras e mais
inóspitas, como parecem ser os casos de Avô, Castelo Mendo - povoações que ainda se
mantêm, hoje, dentro de muralhas - Coja, Panóias ou Germanelo.
. Tipos de Castelo
«Os castelos diferem também, de acordo com o número, forma (redonda, poligonal) e
disposição das torres (torre central, torre de ângulo), com as partes da construção mais
marcadas (cortina, residência), e também com o sistema de fossos»
7
. Introdução
. A arquitectura gótica nasce numa região francesa situada a norte de Paris, chamada
Île de France, bastante próspera e fértil e com um subsolo rico em calcário de fácil
trabalhabilidade.
. Na base da introdução e rápida adopção deste estilo por toda a Europa, está um
contexto social e económico marcado pelo florescimento das cidades - burgos livres - por via
da ascensão económica e social da burguesia, da criação de uma nova classe social baseada
nas corporações de artífices e do estabelecimento das novas monarquias que promovem a
existência destas cidades livres em detrimento do sistema feudal, protagonizado pela nobreza,
que continua a dominar a paisagem rural.
. Por outro lado, a extremo fervor religioso que domina a sociedade ocidental eleva a
influência do clero, que não só se ocupa dos bens da alma, como também dos bens terrenos,
disputando-os com a nobreza e até com os soberanos.
8
. As relações proporcionais fazem-se entre as dimensões totais da igreja (altura,
largura e comprimento). Para além do desejo de verticalismo, a elevação faz-se pelo sentido
de equilíbrio de proporções entre a altura e as dimensões planimétricas.
. Partindo da sucessão de vários arcos ogivais, a cobertura das naves vai apresentar
uma solução baseada nas abóbadas de cruzaria de ogivas, resultante da aproximação dos
quatro pilares que suportam a românica abóbada de arestas. Criou-se assim, uma estrutura
pontiaguda capaz de elevar com maior eficácia os tectos das naves, já que a altura do fecho
desta abóbada de cruzaria de ogivas é bastante superior à altura do fecho da sua antecessora.
Este sistema abobadado foi tornando-se cada vez mais complexo à medida que se foi
introduzindo um maior número de nervuras nas abóbadas, até que no gótico tardio se
chegaram a soluções
de alta complexidade, como as fan vaults ou os pendenfits ingleses.
«Outras inovações típicas são as abóbadas de nervuras inglesas de leque (fan vaults), formadas por
muitas nervuras iguais que irradiam a partir de cada pilar e formam uma série de cogumelos adossados; os
pendenfits, feixes de nervuras desprovidas de pilar e que pendem das abóbadas como esta/actites; os arcos e as
nervuras tridimensionais, que não se situam já num projecto e se projectam também em planta como linhas
curvas»9.
. A abóbada que cobre o cruzeiro é de altura igual às outras, evitando a cúpula;
. As nervuras absorvem o peso dos panos das abóbadas indo, por sua vez descarregar
o seu próprio peso nos apoios verticais. Acompanham os arcos da abóbada e as arcadas de
separação e delimitam os arcos formeiros. No alto gótico, há uma tendência para equilibrar
os vários elementos lineares, atenuando a hierarquia das espessuras entre elementos principais
e secundários, o que se verifica também com as nervuras. No gótico tardio, a possibilidade de
aumentar o número de nervuras vai gerar uma nova hierarquia entre elas, estabelecida
segundo a sua função estática: as ogives são as nervuras que vão de um pilar a outro, as
tiercerons são aquelas que vão de um pilar a uma nervura e as liernes ligam uma nervura a
outra;
____________________
9
BENEVOLO, Leonardo, Introdução à arquitectura, Lisboa, Edições 70, 1999, pp. 130 - 131.
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA
9
fino para receber os esforços das nervuras. Tal como acontece com as nervuras, esta relação
hierárquica tem tendência a desaparecer e os suportes tomam
espessuras cada vez mais semelhantes;
. Se as abóbadas de cruzaria de ogivas têm a vantagem de ser mais leves, mais sólidas
e mais elásticas, por outro lado exerce uma forte pressão lateral, porque os seus esforços não
convergem na totalidade para o solo. Assim, os arcobotantes são os elementos que
neutralizam estas forças laterais, encontrando-se sobre as naves laterais e distribuindo as
pressões sobre os contrafortes que as dirigem directamente para o solo.
«As Ordens Mendicantes entram no País anos antes da morte de São Francisco e,
segundo se crê, anos antes também da morte de São Domingos (1223). Em 1222, nota Gama
Barros, já a ordem dos pregadores estava introduzido em Portugal».
. O fenómeno das Ordens Mendicantes generaliza-se porque está mais junto das
populações, pela sua filosofia e condução religiosa. Os frades estão junto do povo e dos
pobres, vivendo como eles, ao contrário das culturas monásticas "românicas" das cercas dos
mosteiros, fechadas e de pendor feudal.
____________________
10
CHICÓ, Mário Tavares, O Gótico em Portugal, p. 84 a 85.
11
Idem.lbidem, p. 88.
12
ALMEIDA, Corlos Alberto Ferreiro de, BARROCA, Mário Jorge, História da Arte em Portugal - O Gótico, Lisboa,
Presença, 2002, p. 45.
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA
12
. Em Portugal, no séc. XIV ou XV fazem-se renovações arquitectónicas sobre
construções já existentes, como no Porto, Guimarães e, provavelmente, em Lisboa.
. É na parte final do séc. XIII que em Portugal surgem os grandes templos. As ordens
crescem, bem como os seus fiéis. O movimento das confrarias deve também muito aos
mendicantes.
. Não há muitos elementos que nos digam como seriam as primeiras igrejas
mendicantes, mas pensa-se que seriam pequenas e de uma só nave, como se verificou no resto
da Europa. S. Francisco de Portalegre é a única igreja mendicante portuguesa de uma só nave.
. Foi o historiador Virgílio Correia que deu a Santarém o título de "Capital do Gótico".
. De facto, são vários os monumentos que seguem esse estilo arquitectónico medieval
de arcos quebrados e rosáceas, tornando a cidade um "livro de pedra", na expressão de
Almeida Garrett.
. Igrejas de 3 naves;
. Transepto como peça fundamental para o coro, com altura saliente que permite uma
boa iluminação directa;
. Rosácea na fachada:
. Nos parcos colunelos dos pilares, muitas vezes os capitéis são substituídos por
simples impostas;
. Escalonamento da cabeceira:
. Inexistência de arcobotantes;
. Janelas góticas.
. S. Francisco de Santarém
. Cobertura em madeira;
. 5 tramos;
. Transepto saliente.
. CONTI, Flavio, Como Reconhecer a Arte Românica, Lisboa, Edições 70, 1995.
. PERROY, Édouard. História geral das civilizações. A Idade Média. São Paulo, Dif.
Europeia do Livro, 1957. t. 3, v., 2.
. ALMEIDA, Corlos Alberto Ferreiro de, BARROCA, Mário Jorge, História da Arte
em Portugal- O Gótico, Lisboa, Presença, 2002.
. Cf. GOZZOLl, Maria Cristina, Como Reconhecer a Arte Gótica, Lisboa, Edições 70,
1994
. Endereços de Internet:
. http://www.ippar.ptl
. http://www.construirportugal.com
. http://pt.wikipedia.org
. http://www.geira.ptlarqueo/html/sitio113.html
. http://www.infopedia.ptl$igreja-de-s.-cristovao-de-rio-mau
. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=450321
. Bibliografia Fotográfica
. http://www.rotadoromanico.com/Mobile/Monumentos/Paginas/IgrejaSantaMariade
Airaes.aspx
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Convento_de_Santa_Clara_(Santar%C3%A9m)
17