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ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA

. Introdução

. O termo «românico» foi associado, pelos historiadores do século XIX 1, à arquitectura


que foi executada no período de tempo situado ente 1050 e 1200. Tal denominação deve-se ao
facto de se considerar o Gótico como estilo supremo da Idade Média, sendo que, toda a
arquitectura edificada até então decorreria de um prolongamento dos fundamentos da
arquitectura romana. Os arcos de volta perfeita, a solidez dos edifícios e o seu aspecto
«pesado» seriam características semelhantes às das construções do tardo-romano. Esta ideia
tem sido declinada pelos historiadores actuais, que consideram o românico como um estilo
próprio e definido, com formas inovadoras e que iriam influenciar a arquitectura europeia
posterior.

«A palavra pretendia exprimir de maneira sintética dois conceitos: a semelhança


entre o processo de formação das línguas “romanço” (espanhol, francês, italiano),
construídas pela mistura do latim vulgar aos idiomas dos invasores germânicos e o das artes
figurativas, realizadas, nos mesmos países e mais ou menos ao mesmo tempo, através da
ligação de tudo o que restava da tradição artística romana com as técnicas e tendências
bárbaras; e – segundo conceito – a suposta aspiração desta nova arte de se ligar à da Antiga
Roma»2.

. A chamada arquitectura românica é caracterizada por uma grande diversidade de


estilos locais mas, por outro lado, possui componentes comuns que lhe conferem uma
unidade. Vários factores históricos contribuíram para a criação e ampla proliferação deste
estilo:

«O que amalgamou todos estes componentes diversos num estilo coerente, durante a
segunda metade do século XI, não foi uma força única, mas uma variedade de factores que
provocaram um novo surto de vitalidade por todo o Ocidente. O Cristianismo impusera-se
finalmente na Europa; os Vikings, ainda em grande parte pagãos nos séculos IX e X, quando
os seus piratas as Ilhas Britânicas e o Continente, entraram no redil católico, não só na
Normandia mas até na própria Escandinávia; o califado de Córdova desintegra-se em 1031,
dividido em pequenos Estados – os reinos de Taifas – facilitando a reconquista cristã da
Península Ibérica; e os Magiares tinham-se fixado na Hungria.

. Havia um crescente entusiasmo religioso, reflectido no enorme incremento das


peregrinações e culminando, a partir de 1095, nas Cruzadas para libertar a Terra Santa do
jugo maometano. Não menos importante foi a reabertura das vias comerciais do
Mediterrâneo pelos barcos de Veneza, Génova e Pisa; além do reavivamento do comércio e
da indústria, houve o consequente desenvolvimento da vida urbana»3.

1
O termo românico foi, pela primeira vez, atribuído pelo historiador De Caumont, em 1824, tendo sido rapidamente
adoptado por vários estudiosos da arte da Idade Média, no século XIX.
2
CONTI, Flávio, Como Reconhecer a Arte Românica, Lisboa, Edições 70, 1995, p. 3.
3
JANSON, H. W., História da Arte, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1989, p. 279.

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. O que mais impressiona nestes monumentos, independentemente da dimensão, é a


sua estrutura maciça. Muros sólidos em granito, paredes cheias, com pequenas aberturas.
Além destas características bem definidas, vários outros elementos são habituais na
arquitectura românica: entradas bem ornamentadas (a principal e as laterais), nave transversal
raras vezes saliente, alpendres cobertos ou adro extenso em frente à Igreja.

. Principais características da arquitectura românica

. Neste período a arquitectura adquiriu uma importância maior do que todas as outras
artes. Aliás, estas estavam muitas vezes subordinadas àquela. Dentro das tipologias
arquitectónicas, a igreja tomou um lugar muito privilegiado sobrepondo-se a todos os outros
edifícios, de tal modo, que o termo «românico» na arquitectura está directamente ligado à
construção de carácter religioso. Não se fala, geralmente, em castelos ou palácios românicos.
A importância adquirida pela igreja no contexto arquitectónico românico testemunha, assim, a
extrema relevância que o cristianismo tinha na sociedade.
Analisando as diversas edificações religiosas desta época, podemos extrair delas várias
características comuns, que veiculariam a unificação do estilo românico.

. Construção articulada e maciça, iluminada por pequenas fenestrações que lhe conferem
uma luz rasante e um pronunciado efeito claro-escuro;

. A planta dos edifícios religiosos, por herança das suas antecessoras


carolíngia e otónica, toma a forma longitudinal, sendo mais frequente a
planta de cruz latina com três ou cinco naves. O deambulatório foi
desenvolvido e as capelas radiais, ao princípio quadrangulares,
adquiriram a forma semi-circular. São pouco frequentes os exemplos de
planta centrada no românico;

. Cobertura totalmente abobadada, adquirindo a abóbada uma


importância primordial na caracterização da arquitectura românica. Este
elemento arquitectónico apresenta-se com várias expressões derivadas, não
só, da evolução técnica como também dos conceitos locais e regionais.
Assim, podemos considerar a introdução plena da abóbada obrigou os
construtores a considerar a cobertura, não como um elemento autónomo,
mas sim como parte de um sistema estrutural, constituído por abóbadas,
arcos e respectivos suportes, que exercem um jogo de pressões e
contrapressões gerado pela forma abobadada.
No sistema de coberturas mais simples foi utilizada a abóbada de
berço originada a partir de um conjunto de sucessivos de arcos de volta
inteira e que, recebendo as forças ao nível do seu fecho, vai transmiti-las
na direcção do solo, através dos apoios, segundo uma linha curva
correspondente à que ela própria descreve. As abóbadas de berço
descarregam os seus esforços, quer sobre pilares, quer sobre suportes
contínuos ou paredes.
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Da intersecção perpendicular de duas abóbadas de berço surge a abóbada de arestas, das


quais resultam vãos de forma quadrangular, dando origem ao tramo. A distribuição dos
esforços nestas abóbadas já não se faz sobre apoios contínuos, mas sim sobre quatro apoios
pontuais – os pilares. Estes pilares permitem receber esforços de um número máximo de
quatro abóbadas, o que permitiu aos construtores românicos a sua construção em várias
direcções. Em algumas coberturas foram introduzidas cúpulas.

. O tramo ou seja, o elemento resultante da união da abóbada de arestas com os seus


apoios, torna-se um dos principais conceitos da arquitectura românica. É como que uma
unidade que, multiplicada segundo regras de composição
modular4, forma o componente básico do edifício religioso;

. Os arcos românicos são de volta inteira. No seu


processo evolutivo, as abóbadas de berço foram-se
compartimentando, ao longo das naves, com arcos torais que,
descarregando os seus esforços nos pilares, aliviavam as
pressões exercidas sobre as abóbadas. Lateralmente, separando
as naves, localizavam-se os arcos formeiros. Às abobadas de aresta foram adicionados arcos
diagonais, chamados de nervuras que sustentam o peso da abóbada distribuindo-o para os
suportes verticais;

. As paredes interiores que dividem as naves, são objecto de um processo evolutivo


que lhes vai imprimindo uma maior compartimentação 5. Por influência da arquitectura otónica
as paredes românicas mantêm a alternância de suportes. Em altura, são frequentemente
divididas em duas ou três zonas: sobre as naves laterais situa-se uma tribuna ou um trifório6
que se sobrepõem às arcadas que separam as naves; a esta galeria é justaposta uma sequência
de janelas altas ou clerestório.

. Como foi acima referido, o suporte das abóbadas era feito pelas paredes, no caso das
abóbadas de berço e por pilares que também recebiam os esforços das abóbadas de arestas. É
frequente encontrar nas igrejas românicas pilares cruciformes com um núcleo de secção
quadrangular ao qual são adossadas colunas nas faces, que recebem os esforços dos arcos
torais e formeiros. Da criação das nervuras e da necessidade de as suportar, nascem os pilares
fasciculados que resultam da adossão de grupos de meias-colunas ou três quartos de colunas
aos pilares;

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Tramo poderá corresponder ao ad quadratum ou módulo quadrado que, em muitas das igrejas, foi o elemento básico de
uma malha de composição da igreja românica.
5
Wilfried Koch, resume o processo de compartimentação da parede românica: «Essa compartimentação conhece, no
decurso do século XI, um processo evolutivo em várias fases. Nos princípios do século as paredes internas da nave central
quase não eram compartimentadas (Hildesheim). Mas na zona das arcadas há já uma tentativa de imposição de um ritmo,
com a alternância de pilares e colunas – alternância de suportes. Em Jumières, os pilares apresentam meias colunas
adossadas à frente até ao tecto – sem função de suporte; transpõem para as paredes da nave central o princípio de preside
à alternância dos suportes que é a sua divisão em panos independentes. Enquanto essas estruturas adossadas em Speyer
são ainda rematadas por arcos adossados de volta inteira, em Cluny III suportam já os arcos dobrados da abóbada de berço.
Juntamente com estes, dividem as paredes da abóbada que delimitam, em Speyer, por volta de 1090, os intradorsos da
abóbada de arestas».
Cf. KOCH, Wilfried, Estilos de Arquitectura, vol. I e II, Lisboa, Presença, 1985, p. 92.
6
Abertura semelhante a uma tribuna, com uma sequência de arcadas. Será mais utilizada na arquitectura gótica,
constituindo uma galeria em forma de “caixote”, escavada na espessura da parede sob as janelas da nave central.
3
. A torre assume um papel primordial nesta época e adquire as mais variadas formas.
No Alto Românico (c. 1180 a 1240), dá-se uma multiplicação das torres com diversos
tamanhos. Sobre os cruzeiros, são muitas vezes colocadas torres-lanterna. Os coruchéus
surgem, mais frequentemente, de forma piramidal ou cónica. Na França e no norte da Europa
as torres encontram-se inseridas no corpo da igreja, enquanto que, na Itália aparecem
separadas do edifício atingindo, por vezes um volume desproporcionalmente maior do que o
da própria igreja, como em Santa Maria de Pomposa;

. As fachadas, apresentam uma frequente simetria, cujo elemento central é o portal


encimado por uma sequência arquivoltas que se apoiam em colunas. No Alto Românico, a
decoração dos portais é cada vez mais rica (nas arquivoltas e nos tímpanos) e alguns contêm
um mainel7 esculpido. Algumas fachadas apresentam contrafortes salientes, que contêm os
impulsos exercidos pelas abóbadas sobre as paredes exteriores. Para além das janelas, altas e
estreitas com arcos de volta inteira, são características das fachadas das igrejas românicas
arcadas cegas, frisos, com predominância para o friso de arcada redonda e o friso de
ziguezague e as rosetas.

. Na parte exterior das ábsides é muito frequente encontrar galerias anãs, que são
galerias baixas e estreitas, com o lado exterior com uma sequência de arcadas e que se
situavam sob o beirado;

. Os construtores românicos deram aos capitéis várias formas e decorações.


Destacamos o capitel cúbico (simples, com pouca ou nenhuma decoração e forma cúbica), o
capitel de palmetas (motivos vegetais), o capitel zoomórfico (com motivos de animais) ou o
capitel de bestas (com figuras de animais ferozes e fantásticos).

. Exemplos Arquitectónicos Religiosos Românicos Portugueses

. Igreja Românica de Airães

. Fundada no Séc. X, possivelmente pelo Bispo de Dume D. Arias Nunes, ou por


Ariano, filho de Mumadona, a quem pertenceu, passou em 1394 para a Ordem de Avis (de
que foi Mestre D. João I) e desta em 1517 para a Ordem de Malta e de Cristo, da qual foi
importante Comenda. Conserva muito da sua velha traça nomeadamente o seu pórtico
românico; as suas três naves, firmadas em robustas e artísticas colunas; a sua rara estatuária e
a talha dourada, que vale a pena admirar.

Planta

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O mainel é um pilar esculpido, colocado a meio do portal de entrada.
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. Igreja Românica de Unhão

. Basílica Românica de traça muito semelhante à de Airães e de Sousa, mas anterior na


construção, pois foi sagrada em 1165. Esta igreja das mais conhecidas pelos críticos da arte
distingue-se sobretudo pela solene frontaria. É de admirar o magnifico pórtico, a original pia
baptismal e o púlpito de talha dourada com belas telas laterais.

. Românico Civil

. Edifício único na Península Ibérica de arquitectura Românica. Tem a forma de um


pentágono irregular, tem um subterrâneo, composto por uma cisterna abobadada. Foi
construído no século XII e muito se tem escrito sobre a finalidade deste edifício mas sem
nunca chegar a consenso uns dizem que servia de
cisterna, outros autores têm dúvidas será terá sido
esta a sua função. Foi mais tarde adaptado a Paços
do Concelho.

. Igreja de Roriz

. A igreja de Roriz fez parte de um importante mosteiro cuja fundação é atribuída a D.


Toure Serrão por volta de 1070 embora o primeiro documento conhecido do mosteiro,
referente a uma permuta de propriedades, data do ano de 1096. No ano de 1173, D. Afonso
Henriques fez a doação deste mosteiros aos cónegos regrantes de Santo Agostinho. Entre o
final do século XII e inícios do século XIII os cónegos
regrantes constroem a igreja de S. Pedro de Roriz, conhecida
como um dos mais belos exemplares da arquitectura
românica do Douro Litoral. O mosteiro funcionará até 1572,
data da morte de Luís Fernandes, o seu último prior
comendatário. Nesse ano extingue-se a comunidade
monástica. Sobrevive a comunidade paroquial. O espaço do
mosteiro será agora franqueado à comunidade local, que
poderá frequentar a capela adossada de Santa Maria.

. O mosteiro tornou-se propriedade da Companhia de Jesus, que o utiliza como


residência até 1759.

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. Data do decreto de expulsão dos jesuítas de Portugal, pelo marquês de Pombal.
Desde esse período, os bens do mosteiro e da igreja passam por vários proprietários, sendo
sucessivamente bens da coroa (1759-1774), da Universidade de Coimbra (1774-1775) e de
vários particulares. No século XIX a propriedade é adquirida pelo visconde de Roriz, ficando
a igreja, desde essa altura aberta à comunidade local.

. Românico Militar

. A Arquitectura militar foi determinante no território portucalense. A implantação de


torres e castelos régios e senhorais marcaram pontos de defesa mas também de ocupação e
organização do território.

. Com a implantação de castelos e torres foi-se fazendo um povoamento que foi


progredindo, para sul, à medida passo que a Reconquista Cristã ia avançando. Da primitiva
disseminação de fortificações, defendendo terras e civitates do Norte, passamos às fortalezas
em que o sentido de construção castrense era já um pouco diferente - como Soure, Pombal ou
Leiria - continuando a significar um ponto de defesa mas passando a constituir tentativas
concertadas de estabelecer marcas de fronteira, progressivamente mais meridionais,
contribuindo para consolidar novos territórios e, portanto, empurrando o inimigo muçulmano.

. Uma etapa decisiva desse movimento será dada com a tomada de Santarém e Lisboa
em 1147, levando a linha defensiva para o rio Tejo, multiplicando-se em castelos que se
espalharão da capital à fronteira com Castela. A maior parte dessas fortificações, (algumas das
quais muito interessantes, como os Tomar, Almourol, Longroiva ou Belver) é devida à acção
das Ordens militares religiosas dos Templários e dos Hospitalários, sendo ainda de raiz
românica mas modificadas em épocas posteriores.

O Castelo de Almourol, perto de Santarém, Portugal.


Os primitivos recintos muralhados - os primeiros castelos - não teriam ainda torre de
menagem, último reduto defensivo que será introduzido a partir de finais do século XII.

. Trancoso com a actual torre de menagem, de base trocopiramidal, é ainda do


primeiro românico, desempenhando funções primitivas de torre senhorial, isolada. Estes dois
tipos de estruturas coexistirão, de resto, durante algum tempo: os primitivos castelos, mais
ligados à necessidade de protecção das populações;

. As torres, associadas à afirmação do poder senhorial sobre as suas terras e condados,


como o caso da Torre de Cunha, perto de Braga, mandada arrasar por Sancho I por constituir
um desafio à autoridade régia. O mais antigo caso de construção de uma torre de menagem
em Portugal parece corresponder a um castelo ligado aos Templários (com provável
influência francesa), o de Pombal, erigido depois de 1160.

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. Os castelos românicos eram constituídos por uma estrutura parietal em pedra
aparelhada, estrategicamente colocados num local alto, de fácil defesa, com uma planta
geralmente quadrada e mantendo uma ou mais torres defensivas no perímetro muralhado,
essencialmente vocacionadas para a defesa passiva;

. O caminho de ronda seria em madeira, havendo casos em que foram previstos


recintos muralhados para proteger também o gado das populações em caso de ataque.
Exemplos característicos deste tipo de castelos, de difícil acesso, planta simples e recinto
reduzido, são os de Arnóia, Montemor, Faria ou Neiva; a que devemos acrescentar os de
Lanhoso e Guimarães, já referidos a propósito da sua fundação anterior, sendo este último um
pouco mais complexo na sua estrutura, subsequentemente ampliada e alterada.

. O crescimento dos burgos levou também, ainda em pleno século XI, à construção de
muros defensivos em seu redor, fazendo com que as povoações ficassem protegidas no seu
interior, facto que se viria a generalizar nos séculos subsequentes. Os primeiros exemplos são
os de Penela e Montemor-o-Velho, ambos perto de Coimbra, constituindo-se estas fundações
também em tentativas de consolidação de povoamento em áreas menos seguras e mais
inóspitas, como parecem ser os casos de Avô, Castelo Mendo - povoações que ainda se
mantêm, hoje, dentro de muralhas - Coja, Panóias ou Germanelo.

. Lentamente vão sendo introduzidas alterações arquitectónicas que dão um carácter


mais activo às possibilidades defensivas, como são as torres albarrãs ou as entradas em
cotovelo, constituindo os matacães uma inovação já posterior. Exemplos de castelos
românicos mais evoluídos, com torres albarrãs protegendo a entrada, são os de Alcobaça ou
de Paderne, no Algarve, único castelo em taipa que se conserva do período românico.

. Tipos de Castelo

. Das formas que o castelo adquiriu podem distinguir-se:

. Construção central, castelo-forte: ligada à muralha circular germânica, ao castelo


situado no topo de uma colina, ao castelo em forma de anel. Torre-forte, torre residencial.

. Construção quadrada tipo bizantino-árabe, tipo castro: de forma regular; ou com


variantes.

. Construções de forma irregular.

«Os castelos diferem também, de acordo com o número, forma (redonda, poligonal) e
disposição das torres (torre central, torre de ângulo), com as partes da construção mais
marcadas (cortina, residência), e também com o sistema de fossos»

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. Introdução

. A arquitectura gótica nasce numa região francesa situada a norte de Paris, chamada
Île de France, bastante próspera e fértil e com um subsolo rico em calcário de fácil
trabalhabilidade.

. Na base da introdução e rápida adopção deste estilo por toda a Europa, está um
contexto social e económico marcado pelo florescimento das cidades - burgos livres - por via
da ascensão económica e social da burguesia, da criação de uma nova classe social baseada
nas corporações de artífices e do estabelecimento das novas monarquias que promovem a
existência destas cidades livres em detrimento do sistema feudal, protagonizado pela nobreza,
que continua a dominar a paisagem rural.

. Por outro lado, a extremo fervor religioso que domina a sociedade ocidental eleva a
influência do clero, que não só se ocupa dos bens da alma, como também dos bens terrenos,
disputando-os com a nobreza e até com os soberanos.

«Neste clima, a obrigação religiosa de celebrar a fé cristã e a imagem de Deus com a


edificação de novas e grandiosas igrejas coexiste com outros dois elementos: por um lado, o
legítimo orgulho dos bispos e dos burgueses ricos das grandes cidades, bem protegidos atrás
das suas poderosas muralhas, em espantar e maravilhar o mundo com as gigantescas catedrais,
sobranceiras às casas e visíveis a quilómetros de distância: por outro lado, os ensinamentos de
uma filosofia – a escolástica - que enquadrava harmoniosamente todo o saber do tempo e
afirmava a possibilidade de ascender a Deus não só pela fé, como pela razão8»:

. Foi neste contexto que se executou a reconstrução do coro da abadia de Sant-Denis,


perto de Paris, entre 1140 e 1144, considerada a primeira obra de
características góticas. O seu arquitecto poderá ser apontado como o
inventor do gótico.

. Esta construção rapidamente despoletou um surto de


edificações do mesmo cariz e uma acesa competição entre cidades
francesas, o que consubstanciou uma série de pesquisas no âmbito
estrutural e artístico, com vista à conquista da verticalidade e da
grandiosidade das obras religiosas.

. Principais características da arquitectura religiosa gótica

. A arquitectura gótica caracteriza-se menos pela presença de determinados elementos


construtivos e mais por via de uma discussão pormenorizada do trabalho de selecção e de
generalização da experiência românica. Os métodos e as técnicas já tinham sido objecto de
pesquisas, mas agora são elaborados e reunidos num sistema que vai tomar uma forma
coerente.

. A renovação arquitectónica verificada nesta época, vai apoiar-se no campo da técnica


e da organização construtivas. O novo método construtivo é designado por Opus
francigenum.
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8
Cf. GOZZOLl, Maria Cristina, Como Reconhecer a Arte Gótica, Lisboa, Edições 70, 1994, p. 8.
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA

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. As relações proporcionais fazem-se entre as dimensões totais da igreja (altura,
largura e comprimento). Para além do desejo de verticalismo, a elevação faz-se pelo sentido
de equilíbrio de proporções entre a altura e as dimensões planimétricas.

. A verticalidade: o anseio pela verticalidade característico de todas as obras góticas de


cariz religioso, provém do desejo das teses escolásticas de alcançar Deus pela via da razão,
através de um esforço do pensamento, complexo mas requintado. Na arquitectura, o exercício
da razão faz-se através da procura de novos métodos construtivos e esquemas estruturais que
permitam a elevação e o máximo requinte e leveza, com vista à melhor representação do
Reino de Deus, a ascensão aos Céus e a penetração da Luz Divina;

. Os elementos estruturais: na catedral gótica, o esqueleto estrutural dissocia-se da


parede, tornando-se num elemento autónomo que funciona através de um esquema complexo,
no qual todas as componentes são interdependentes e imprescindíveis para a sua total
estabilidade. Assim temos:

. O arco quebrado ou ogival como elemento fundamental do sistema estrutural gótico.


A sua forma permite uma maior flecha, o que proporciona a elevação da estrutura;

. Partindo da sucessão de vários arcos ogivais, a cobertura das naves vai apresentar
uma solução baseada nas abóbadas de cruzaria de ogivas, resultante da aproximação dos
quatro pilares que suportam a românica abóbada de arestas. Criou-se assim, uma estrutura
pontiaguda capaz de elevar com maior eficácia os tectos das naves, já que a altura do fecho
desta abóbada de cruzaria de ogivas é bastante superior à altura do fecho da sua antecessora.
Este sistema abobadado foi tornando-se cada vez mais complexo à medida que se foi
introduzindo um maior número de nervuras nas abóbadas, até que no gótico tardio se
chegaram a soluções
de alta complexidade, como as fan vaults ou os pendenfits ingleses.

«Outras inovações típicas são as abóbadas de nervuras inglesas de leque (fan vaults), formadas por
muitas nervuras iguais que irradiam a partir de cada pilar e formam uma série de cogumelos adossados; os
pendenfits, feixes de nervuras desprovidas de pilar e que pendem das abóbadas como esta/actites; os arcos e as
nervuras tridimensionais, que não se situam já num projecto e se projectam também em planta como linhas
curvas»9.
. A abóbada que cobre o cruzeiro é de altura igual às outras, evitando a cúpula;

. As nervuras absorvem o peso dos panos das abóbadas indo, por sua vez descarregar
o seu próprio peso nos apoios verticais. Acompanham os arcos da abóbada e as arcadas de
separação e delimitam os arcos formeiros. No alto gótico, há uma tendência para equilibrar
os vários elementos lineares, atenuando a hierarquia das espessuras entre elementos principais
e secundários, o que se verifica também com as nervuras. No gótico tardio, a possibilidade de
aumentar o número de nervuras vai gerar uma nova hierarquia entre elas, estabelecida
segundo a sua função estática: as ogives são as nervuras que vão de um pilar a outro, as
tiercerons são aquelas que vão de um pilar a uma nervura e as liernes ligam uma nervura a
outra;

. Os apoios verticais - pilares ou colunas - tornam-se cada vez mais esbeltos. As


colunas adossadas aos pilares continuam-se nos arcos e nas nervuras e a cada elemento da
arcada e da abóbada corresponde uma coluna adossada - pilares fasciculados. As colunas
adquirem um fuste mais grosso para receber os esforços de um arco formeiro e um fuste mais

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BENEVOLO, Leonardo, Introdução à arquitectura, Lisboa, Edições 70, 1999, pp. 130 - 131.
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA

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fino para receber os esforços das nervuras. Tal como acontece com as nervuras, esta relação
hierárquica tem tendência a desaparecer e os suportes tomam
espessuras cada vez mais semelhantes;

. O tramo, que nas igrejas românicas era sensivelmente de forma


quadrada, torna-se agora rectangular. Tal deve-se ao facto do anterior
quadrado ter sido dividido em dois, duplicando o número de pilares a
usar nas naves, no sentido do comprimento. Com esta divisão cada um
dos pilares suporta uma menor pressão e é esta forma que permite a
construção de arcos e abóbadas em ogiva, imprimindo também uma
maior sensação de verticalidade;

. Se as abóbadas de cruzaria de ogivas têm a vantagem de ser mais leves, mais sólidas
e mais elásticas, por outro lado exerce uma forte pressão lateral, porque os seus esforços não
convergem na totalidade para o solo. Assim, os arcobotantes são os elementos que
neutralizam estas forças laterais, encontrando-se sobre as naves laterais e distribuindo as
pressões sobre os contrafortes que as dirigem directamente para o solo.

. O sistema construtivo: apoiado nestes elementos-


chave - arco, abóbada, pilar e coluna, arcobotante e
contraforte - o sistema construtivo gótico apresenta-se de uma
forma totalmente original, segundo um todo perfeitamente
articulado, proporcionando uma leveza transcendental e
desmaterializando a massa edificada. Todos os componentes
deste sistema funcionam de modo que o seu peso seja distribuído e descarregado
gradualmente, do ponto mais alto ao solo e do interior para o exterior;

. Ritmos: Estabelece-se uma continuidade entre os vários elementos construtivos, que


remete permanentemente para o conjunto, por isso, As arcadas estão em sequência de ritmo,
pelo que deixa de existir alternância de suportes;

. As paredes: na catedral gótica, a ambição de transcendência e verticalidade


materializada num sistema construtivo completamente assumido, veio tirar à parede o seu
carácter de suporte, dotando-a apenas da sua função de invólucro. Criou-se assim, uma clara
separação entre estrutura e parede. Esta torna-se numa
fina e quase transparente envolvente, sendo desmaterializada através das grandes janelas que
deixam entrar a luz celestial no edifício e que mais se acentua através da profusão colorida
dos vitrais;

. Os elementos decorativos: portais; rosáceas; janela de lanceta


habitualmente de duas luzes, divididas por finos mainéis e encimandas por uma
lanceta trabalhada por uma pequena rosácea no meio e à sua volta formas
polilobadas. A rosácea tem um duplo significado: por um lado, pela sua forma
circular, representa o sol, símbolo de Cristo, por outro, significa a rosa,
símbolo de Maria. Também representa uma fonte de luz e uma forma de
desmaterialização da parede. Pilastras embebidas na parede da fachada fazem
de elementos divisórios entre os portais ou entre as janelas, revelando um
interior de naves e contrapondo-se às linhas horizontais das molduras que
separam os níveis da fachada. Os incidentes escultóricos - pilares, cornijas,
capitéis -, são reduzidos, ou seja, estes elementos são cada vez menos
esculpidos. Pelo contrário, nas paredes são profundamente enriquecidas, quer
com esculturas, quer com vitrais;
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA
PORTUGUESA
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. Os vitrais: os vitrais relatam episódios da história sacra, tornando-se importantes
meios de comunicação às populações analfabetas;

. As fachadas: nas fachadas, todas as linhas


e formas horizontais foram camufladas para
imprimir o efeito de verticalidade. Os portais
encontram-se centrados e, principalmente nas
catedrais francesas, são triplos sendo o do meio maior
que os laterais, acentuando o eixo vertical. Toda a parede
da fachada é profusamente decorada para que os vazios prevaleçam sobre os cheios. Assim,
grandes janelas, arcos, estátuas e rosáceas adornam os alçados. Estes subdividem-se em três
níveis: o inferior onde se abrem os portais, o médio que tem grandes janelas que se abrem
para o exterior e no nível superior está a grande rosácea alinhada com o portal principal. As
paredes exteriores do transepto também são profusamente decoradas, tendo um tratamento
semelhante à fachada. Dá-se uma perda da simetria, vendo-se soluções fortemente
assimétricas, principalmente nas fachadas das igrejas francesas;

. As plantas: As construções de planta centrada também a sua expressão. As cotas


planimétricas e altimétricas variam entre si de modo independente, aumentando o grau de
liberdade do projecto. A separação transversal, em naves torna-se muito nítida, dada a
diferença de alturas. Verifica-se uma redução no comprimento do transepto. O coro tem um
grande desenvolvimento, em planta, já que adquire mais naves formando, por vezes,
deambulatórios duplos e é pouco sobrelevado dado o quase total desaparecimento da cripta;

. As torres: são elementos essenciais nas fachadas. Encontram-se,


geralmente, dispostas de ambos os lados do alçado principal e sublinham a
verticalidade do conjunto. Possuem grandes aberturas nas zonas dos sinos e
são habitualmente rematadas por agulhas e coruchéus cónicos ou piramidais.

. Coberturas: as coberturas são constituídas por telhados de duas


águas, sobre a nave central. Estas águas são geralmente,
fortemente inclinadas devido à
configuração das abóbadas. A cobertura das naves
colaterais é constituída pelos arcobotantes e,
muitas vezes, por coberturas planas, existindo
também coberturas inclinadas;

. Arquitectura mendicante em Portugal

. A encomenda de motivação mendicante tem uma importância muito superior à


episcopal, paroquial, cisterciense ou das Ordens Militares. Esta importância deve-se não só,
ao número de igrejas que se propagaram pelo território nacional, como também devido às
soluções espaciais e construtivas, que padronizaram quase toda a nossa melhor arquitectura de
então. É o nosso gótico "nacionalizado".

«As Ordens Mendicantes entram no País anos antes da morte de São Francisco e,
segundo se crê, anos antes também da morte de São Domingos (1223). Em 1222, nota Gama
Barros, já a ordem dos pregadores estava introduzido em Portugal».

. Os franciscanos teriam precedido os pregadores na sua entrada em Portugal. Se não


há certeza que em 1216 tivessem já edificado alguns conventos, parece poder afirmar-se,
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA
11
como observa o mesmo historiador, "que no reinado de D. Sancho II estavam já espalhados
pelo país, fundando-se no tempo deste rei, e mais ou menos com o seu concurso, sete
conventos".

. Os frades menores e os dominicanos chegam a Portugal quando o Norte fala ainda a


linguagem românica, que um século depois não terá esquecido, e o Sul balbucia, com certa
timidez, a linguagem do "novo estilo". Sem estar presa a tradições românicas por ter passado
de um mundo muçulmano, em que haviam ficado vários vestígios da época romana e do
período visigótico, para um mundo diferente e rapidamente cristianizado, a arquitectura
«religiosa do Sul está apta a adoptar sem relutância as novas formas»10.

. Na época da construção de S. João de Alporão, de Santa Maria de Évora e do claustro


de Alcobaça, assiste-se a uma arquitectura «monástica nacional, caracterizada pela sua
simplicidade e relativa elegância e, também, pelo seu inegável conservantismo» 11.

. O fenómeno das Ordens Mendicantes generaliza-se porque está mais junto das
populações, pela sua filosofia e condução religiosa. Os frades estão junto do povo e dos
pobres, vivendo como eles, ao contrário das culturas monásticas "românicas" das cercas dos
mosteiros, fechadas e de pendor feudal.

. Os frades mendicantes chegam a Portugal ainda antes de 1220, sob a protecção de D.


Sancho ll, instalando-se em pequenos núcleos nas cidades e nas principais vilas portuguesas.
É sob os reinados de D. Afonso 111 e D. Dinis, nos sécs. XIII e XIV, que estas ordens têm o
seu grande impulso e apoio de nobres e burgueses, tornando-se influentes ao nível religioso,
cultural e social. «Dedicados à pregação, ao estudo e ao
ensino, instalam-se, com a ajuda dos poderosos, em todas as cidades e vilas mais dinâmicas,
ocupando, sistematicamente, espaços fora das velhas cercas românicas, preferindo
acompanhar os novos e mais dinâmicos bairros extramuros»12.

. As dificuldades provindas do clero paroquial foram superadas pelas licenças que o


Papa lhes concedeu para abrirem igrejas.
. Com a evolução, os franciscanos deixam de pregar nas praças públicas e a
conventualização é uma realidade. O claustro torna-se um elemento fundamental.

. Os primeiros núcleos mendicantes começam por se instalar em construções pobres e


preexistentes ou novas e muito modestas. Desde os primeiros tempos até 1263, mantinha-se a
determinação, para franciscanos e dominicanos que os conventos tinham de ser muito
modestos, sendo apenas permitidas abóbadas na cabeceira. No final do séc. XIII estas
determinações foram-se esquecendo e os Capítulos Gerais de 1298 e 1300 revogam-nas,
permitindo um maior aparato.

. Em meados do séc. XIII começam a realizar-se as primeiras experiências conventuais


mendicantes, com edifícios próprios, de aparato austero, já instalados em sítios escolhidos.
Ainda neste século surgem as grandes realizações e a arquitectura mendicante padroniza-se
em cada país.

____________________
10
CHICÓ, Mário Tavares, O Gótico em Portugal, p. 84 a 85.
11
Idem.lbidem, p. 88.
12
ALMEIDA, Corlos Alberto Ferreiro de, BARROCA, Mário Jorge, História da Arte em Portugal - O Gótico, Lisboa,
Presença, 2002, p. 45.
. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA
12
. Em Portugal, no séc. XIV ou XV fazem-se renovações arquitectónicas sobre
construções já existentes, como no Porto, Guimarães e, provavelmente, em Lisboa.

. É na parte final do séc. XIII que em Portugal surgem os grandes templos. As ordens
crescem, bem como os seus fiéis. O movimento das confrarias deve também muito aos
mendicantes.

. Não há muitos elementos que nos digam como seriam as primeiras igrejas
mendicantes, mas pensa-se que seriam pequenas e de uma só nave, como se verificou no resto
da Europa. S. Francisco de Portalegre é a única igreja mendicante portuguesa de uma só nave.

. Igreja e Claustro do Convento de S. Francisco - Se alguém dissesse que houve uma


época em que esta igreja "foi transformada em palheiro, o claustro em cavalariça, o coro em
refeitório de soldados e que muitos túmulos serviram de bebedouro para cavalos", não
acreditaríamos. Mas foi o que aconteceu em meados do séc. XIX. Felizmente, o espaço
construído entre 1242 e 1260, onde em tempos esteve o túmulo do rei
D. Fernando (agora está no Panteão Nacional - Lisboa) e onde foi proclamado rei D. João 11,
encontra-se recuperado e apto a receber visitantes que admirem o gótico deste antigo lar dos
Frades Mendicantes (Franciscanos).

. Assim, Detectam-se algumas influências italianas na arquitectura gótica portuguesa,


mas o nosso tipo é bastante particular.

. Foi o historiador Virgílio Correia que deu a Santarém o título de "Capital do Gótico".

. De facto, são vários os monumentos que seguem esse estilo arquitectónico medieval
de arcos quebrados e rosáceas, tornando a cidade um "livro de pedra", na expressão de
Almeida Garrett.

. Características da Arquitectura Mendicante em Portugal

. Igrejas de 3 naves;

. Sistema construtivo simplificado mostrando o ideal de pobreza;

. Cabeceira alargada compondo-se de 3 ou 5 capelas que comunicam entre si por


estreitas passagens;

. Normalmente, a cabeceira tem forma poligonal com grandes janelas;

. Capela-mor geralmente baixa, por austeridade e para concentrar os fiéis na Missa e


no Corpo de Deus;

. Transepto como peça fundamental para o coro, com altura saliente que permite uma
boa iluminação directa;

. Largas aberturas nos topos dos transeptos;

. O corpo da igreja mendicante tende para uma unificação espacial, através da


disposição alargada dos pilares, pouco espessos;

. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA


13
. Cobertura em madeira, facilitando a esbeltez dos pilares;

. Ausência de arcos torais:

. Iluminação abundante das janelas laterais;

. Rosácea na fachada:

. As naves laterais, corredores para os cistercienses, são aqui espaço litúrgico;

. Nos parcos colunelos dos pilares, muitas vezes os capitéis são substituídos por
simples impostas;

. A fachada pode inscrever-se num triângulo;

. Alguns elementos decorativos no portal principal;

. Escalonamento da cabeceira:

. Inexistência de arcobotantes;

. Janelas góticas.

. S. Francisco de Santarém

. Fundação no reinado de D. Sancho II em 1242;

. 3 naves de altura bastante desigual:

. Cobertura em madeira;

. 5 tramos;

. Cabeceira com 5 capelas escalo nadas com capela-mor


poligonal, a julgar pelas fundações.

. A igreja sofreu transformações ao longo dos tempos


(caso da capela-mor), mas mantém-se a espacialidade e sistema
construtivo inicial.

. Portal principal com colunelos anelados a meio, bases


decoradas e arquivoltas ornadas por decoração em dente de serra
(já do séc. XIV).

. Terá sido acabado no decurso do séc. XIV.

. Grande claustro do séc. XIV, ritmado por contrafortes e 2 ou 3 janelas apoiadas em


colunelos gémeos.

. Parte da cobertura abobadada já do séc. XV.


. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA
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. Coro alto (1374) erguido sobre a entrada principal até aos 2 primeiros tramos, que
integra a capela funerária de D. Fernando, com abóbadas apoiadas em cruzamentos largos de
ogivas e pilares fortes e muito baixos.

. Convento de Santa Clara de Santarém

. D. Afonso 111, cerca de 1259.

. 5 capelas escalonadas na cabeceira.

. Capela-mor com 5 panos.

. Transepto saliente.

. 3 naves com 7 tramos, sendo o templo mais extenso


deste tipo.

Contrafortes na cabeceira, que poderão pertencer ao séc.


XIV.

. ARQUITECTURA RELIGIOSA ROMÂNICA / GÒTICA PORTUGUESA


15
. Bibliografia

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. Endereços de Internet:

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. http://www.construirportugal.com

. http://pt.wikipedia.org

. http://www.geira.ptlarqueo/html/sitio113.html

. http://www.infopedia.ptl$igreja-de-s.-cristovao-de-rio-mau

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. Bibliografia Fotográfica

. http://www.rotadoromanico.com/Mobile/Monumentos/Paginas/IgrejaSantaMariade
Airaes.aspx

. http://pt.wikipedia.org/wiki/Convento_de_Santa_Clara_(Santar%C3%A9m)

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