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Arte na Idade Média

A arquitetura cisterciense em Portugal revela o quanto um sentido de espiritualidade pode marcar uma forma
de construir, neste caso, o sentido de rigor e de rebuscada simplicidade, este espírito da regra foi marcante e, por isso,
originou a arte românica e a arte gótica.
A arte românica surgiu devido ao impulso do papa Gregório VII, que fez com que na Europa Ocidental se adota-
se o mesmo ritual religioso, e resultado também dos grandes melhoramentos técnicos que se verificaram a partir dos
séculos X e XI. No início do século XII ainda existiam poucas construções com este tipo de estilo artístico, não existiam
grandes catedrais e só começaram a aparecer os primeiros mosteiros. Um dos primeiros exemplos do românico foi o
Mosteiro de Paço de Sousa, no território do Tâmega e Sousa onde este destaca-se por ser um dos territórios mais
importantes e mais bem delimitados em termos estilísticos de todo o país.
Mesmo sendo o mesmo estilo, este em toda a europa demonstrava variantes regionais e cronológicas e em
Portugal as diferenças entre monumentos eram menos profundas, onde estas são o resultado da vontade dos seus
encomendadores e do tempo em que as construções foram realizadas. A crescente procura pelos grandes
melhoramentos técnicos fez com que as técnicas românicas fossem do conhecimento de mais arquitetos e mestres de
obras e que facultou a semelhança entre as construções, processo promovido pela expansão dos mosteiros, que
procuravam criar novas áreas de povoamento, de poder e de cultura.
As características principais das construções românicas são o uso de silhares de grande dimensão e um sistema
de construção em tramos quadrangulares ou retangulares, que permitia construir várias vezes um mesmo módulo
espacial de suportes e abóbadas e assim reforçava a sensação de igualdade de todos os elementos da obra.
Os elementos arquitetónicos do românico eram os muros de dupla face de blocos de pedra bem talhados, arcos
de volta perfeita como também o uso dos espaços abobadados assentes em pilares. A forma de arco mais utilizada foi a
de volta perfeita que era acompanhada pelo semicírculo da abóbada e assim reforçava a sensação de igualdade de
todos os elementos da obra. Com muros cada vez mais perfeitos, por vezes com paredes duplas ou reforçadas por
contrafortes, conseguiam-se edifícios mais elevados mas também minimizavam as eventuais imperfeições que
enfraqueciam as construções. Por outro lado, o módulo quadrangular e retangular permitia que, por meio de suportes
muito grossos, se lançassem abóbadas de berço ou de arestas e algumas vezes cúpulas.
Este estilo utilizava uma planta basilical e é caracterizado exteriormente pela sua horizontalidade e
interiormente pelas paredes vivamente coloridas. É visto, essencialmente, como uma fortaleza devido à época em que
surgiu, e com isso não existiam muitas janelas nestes edificios já que era uma fraqueza na construção e que consistiam
em apenas pequenas aberturas nas paredes. Nas construções utilizava-se com frequência madeira para acelerar o
processo de construção e tornar a obra mais barata.
A flexibilidade da arquitetura românica permitiu que fosse aplicada aos mais variados edifícios incluindo
também as pontes e moinhos. Foi o sucesso deste método de construção, afinal tão simples que podia ser aplicado a
qualquer obra, urbana ou rural, tanto para reis como para camponeses, que determinou o próprio sucesso do estilo
românico, como nova forma de construção para um novo tempo. 
Os elementos arquitetónicos associados à arquitetura gótica, não foram novidade, pois já tinham sido utilizados
pontualmente em construções anteriores. A novidade foi serem combinados num mesmo edifício, para concretizarem
um objetivo teológico e estético, onde se pode dividir no uso da luz e na relação entre a estrutura e aparência. A luz era
um fator que caracterizava este estilo, já que o objetivo era inundar a igreja com luz, onde a igreja era identificada com
o espírito de Deus e a luz criadora do universo. A luz dentro do edifício era então favorecida pelo uso de vitrais, já que
não se tratava de aberturas nas paredes mas de paredes transparentes. A outra novidade arquitectónica é a nova
relação entre função e forma, estrutura e aparência, ou seja, a importância dada à perfeita relação entre as diferentes
partes da igreja, em termos de proporções. Na arte gótica tudo tem um objetivo belo, e por isso, existe elementos
colocados que não desempenham um sentido prático, ou seja, uma função na estrutura da construção, para além de
contribuir para a harmonia do edifício, baseada na geometria, como fonte de toda a beleza. Como exemplo temos o
caso das colunas embebidas que parece transmitirem o peso das abóbadas ao pavimento da igreja, mas na realidade
são apenas decorativas.
Na arte gótica destaca-se também a pintura mural gótica salienta o esqueleto arquitetónico e os vitrais se
submetem em crescendo na composição e no desenho.
A arquitetura gótica em Portugal instalou-se tarde em relação aos países europeus, devido principalmente à
guerra e aos poucos recursos que o reino dispunha para investir numa arte tão cara e sofisticada como a arte gótica.
Assim, em Portugal, as primeiras formas góticas foram introduzidas, adossadas às inúmeras Igrejas Românicas. Devido à
maior segurança passa a gozar de uma liberdade, fora de muralhas, para onde cresce e se fixa a população, a economia,
a agricultura e o comércio se desenvolve. O Gótico Português permanecia, portanto, uma arte monástica e rural.
A rivalidade entre as cidades e respetivos bispos estimulou os arquitetos a elevar cada vez mais as catedrais,
tornando a verticalidade o seu aspeto mais característico. Os elementos essenciais desta nova técnica construtiva do
gótico são o arco quebrado que faz com o peso exercido seja menor que o do arco de volta perfeita; a abóbada de
cruzamento de ogivas, funcionando como um esqueleto de pedra preenchido com materiais mais ligeiros fazendo com
que a abóbada gótica seja menos pesada que a românica e dando-lhe maior flexibilidade; os pilares para suportar o
peso das abóbadas e o arcobotante que transmite o peso da abóbada para o exterior, apoiado no contraforte e que
permite assim contruir edificios mais altos.
A catedral gótica adota a planta de tipo basilical em cruz latina. Existiram alterações a nível interno que
contribuíram para eliminar as barreiras físicas e visuais entre as diferentes partes do interior da igreja, definindo uma
nova conceção do espaço, que se torna mais amplo, e evidenciando todo o esqueleto construtivo. A nível externo, os
portais encontram-se talhados em torres sineiras que imprimem maior verticalidade ao conjunto. As torres terminavam
em telhados cónicos ou em flechas rendilhadas, e prolongavam-se em pináculos e agulhas que acentuam os elementos
verticais da construção. Também no exterior se concentrava a abundante decoração escultórica
O arco ogival e as nervuras nas abóbadas deram origem à complexificação dos sistemas de suporte, no qual os
pilares tornam-se compostos reunindo diversas colunas. Isto permitiu que houvesse a libertação das grandes pressões
exercidas nas paredes, levando a que as estas ficassem mais finas. As pequenas aberturas nas paredes do românico dão
lugar a janelões muito largos preenchidos por vitrais, permitindo que o edifício fosse banhado pela luz.
A divisão do espaço interior do edifício gótico distinguia-se do modelo românico pela unificação dos espaços
interiores pelas novas abóbadas, que levam a uma percepção unitária do espaço; e pela visão e subdivisão das paredes
em andares.
A Arquitetura religiosa teve o seu apogeu devido à presença de construtores estrangeiros que conferiu a estas
obras alta qualidade técnica. Os primeiros exemplos em Portugal foram a Igreja Abacial do Mosteiro de Alcobaça, a Sé
velha de Coimbra e também a Sé de Évora.
Este tipo de estilo arquitetónico é definido por uma planta basilical em cruz latina com transepto saliente.
Verifica-se nos espaços interiores um sentido de verticalidade, onde se caracterizam como mais amplos e melhor
iluminados. Exteriormente os espaços apresentam a horizontalidade e os contrafortes românicos, sem arcobotantes. No
sentido ornamental existia pouca decoração predominando as formas naturalistas e genéricas. Como símbolo de
afirmação da independência, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória é um exemplo também da aplicação da arte gótica.
Na arquitetura religiosa gótica apresenta aperfeiçoamentos quanto aos componentes arquitetónicos face ao
estilo gótico no geral. Outros aspectos introduzidos na arte gótica foram a acentuação da decoração mural quer dos
portais quer dos capitéis, o aumento da decoração vegetalista concentrada e o retorno à figuração alegórica e narrativa.
Até ao séc. XIII a arquitectura militar portuguesa estava inspirada nas tradições românicas de defesa passiva, já
que ocorreu nos tempos difíceis da reconquista. A arquitectura no mesmo século sofreu alterações onde e melhoraram
os meios de defesa dos castelos, usando novos mecanismos para responder aos cercos de forma mais eficiente, fazendo
com que se passa-se a ter uma "defesa ativa" (estilo gótico).
A primeira grande alteração foi o crescimento das muralhas em altura e com o número dos seus torreões. No
coroamento das muralhas adotaram ameias ou merlões deitados, com a intenção de melhor proteção dos defensores.
Começaram a surgir os merlões compostos, que abrigavam dentro do seu espaço, seteiras, tendo-se em algumas
fortificações difundido a utilização de manteletes, peças de madeira basculantes que eram suspensas entre as ameias.
No interior dos castelos houve melhorias como o resguardo físico e uma melhor operacionalidade das forças
que o defendiam. E, por isso, os adarves ou andaimes, através do seu alargamento, melhorou tanto as condições de
defesa, quer nas de circulação. O acesso também foi melhorado passando a ser feito por escadas adossadas ao muro.
Também as Torres de Menagem sofreram inovações e que revelaram um domínio construtivo mais perfeito das
técnicas de cobertura. O seu deslocamento para junto das muralhas, teve como objetivo proteger as zonas próximas do
castelo, principalmente perto da porta de acesso, onde a defesa era mais sensível e difícil. Revelava também uma maior
confiança nas novas técnicas e mecanismos defensivos dos castelos, como se pode verificar na localização fora do
circuito amuralhado do castelo ou junto da porta de entrada do castelo, as Torres Albarrãs.
Observa-se a adoção de mecanismos de tiro vertical, com a construção de balcões com matacães ou
machicoulis, posicionados sobre zonas de defesa mais sensível, onde estes revelaram-se estruturas raras devido à sua
dispendiosa construção. O efeito destes balcões é melhorado posteriormente com a construção de “barbacãs extensas“,
a rodear a as fortificações ou “barbacãs de porta ou parcial”, para abranger apenas a zona de acesso e que isto consistia
numa estratégia de defesa.
A arquitetura militar consistiu em pontes fortificadas com torreões para defesa dos rios e controlo das entradas
pela cobrança de portagens. Este movimento de renovação dos castelos foi realizado por arquitetos ou mestres
construtores cujo conhecimento arquitetónico assentaria num conhecimento quer das táticas defensivas e ofensivas
utilizadas para submeter e defender uma fortificação, quer dos apetrechos militares e as suas formas de utilização. No
estilo gótico, estes novos mestres dotados de conhecimentos técnicos, especializados, fizeram questão de deixarem,
pela primeira vez na história da arquitetura militar portuguesa, inscrições que nos revelaram os seus nomes, todos
durante o reinado de D. Dinis e, por isso, o reinado de D. Dinis apresentou um momento de viragem arquitetura militar.
No século XV, com o aparecimento das armas de fogo, a arquitetura militar teve de se adaptar a esta nova
artilharia, e que consistiu na introdução das “Troneiras ou bombardeiras”, orifícios circulares nas muralhas ou torres,
adaptados às bocas dos trons ou das bombardas procurando adaptar os castelos à difusão das armas de tiro.
A arquitetura civil desta época mistura-se de alguma forma com a militar já que existe poucos exemplos devido
a sucessivas reformas, nomeadamente em habitações comuns, ou em casas mais aprimoradas de nobres ou burgueses
dentro dos perímetros urbanos. Na Idade Média, alguns castelos transformaram-se mesmo em residências senhoriais
ou reais apalaçadas e com isso seguiam-se as reformas principalmente com a preocupação do conforto e luxo, a fim
serem muitas delas adotadas a habitações dos alcaides e respetivas famílias. Estas reformas sofrem um impulso decisivo
no séc. XV (sinal de riqueza, poder e ostentação), e temos então exemplos como o Paço Real de Sintra, Palácio Real de
Estremoz, o Paço Episcopal de Braga.

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