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TEORIA E HISTÓRIA

DA ARQUITETURA E
URBANISMO III

Denise Fernandes
Geribello
O Barroco na Itália, França,
Europa Central e Inglaterra
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as principais características arquitetônicas do período.


 Identificar os artistas e as obras de maior expressão.
 Analisar as peculiaridades do período nos diferentes locais de aplicação
do estilo barroco nos locais onde o mesmo se desenvolveu.

Introdução
O Barroco pode ser entendido com um fenômeno amplo, vinculado à
expansão mercantilista decorrente das grandes navegações e às lutas
religiosas entre reformistas (protestantes) e contrarreformistas (católicos).
No que diz respeito à questão religiosa, o Barroco surge como resposta
à necessidade de uma reação católica ao crescente protestantismo, que
colocava em risco a hegemonia política e espiritual de Roma e das nações
que ela liderava (AVILA, 1980). Nesse sentido, a exuberância das formas e a
pompa ornamental proposta pelo Barroco atuaria como instrumento de
afirmação do poder da Igreja e também teria impacto de persuasão em
uma sociedade “[...] que se debatia entre os valores da tradição católica e a
filosofia renascentista, que liberava suas novas verdades” (AVILA, 1980, p. 5).
O novo papel conferido à arte e à arquitetura foi discutido durante
o Concílio de Trento, reunião de representantes da Igreja realizada na
cidade de Trento, Itália, de 1554 a 1553. Nesse contexto, defendeu-se
que as expressões artísticas deviam ser tomadas pela Igreja Católica
como meio de devoção e incentivo à piedade, distanciando-se da crença
protestante que associa imagens e pinturas à idolatria e ao apego ao
mundano (LOEWEN, 2014). A arte deveria instruir a população, ou seja, a
religião e o sentimento de piedade deveriam ser ensinados às pessoas por
meio de pinturas, esculturas e da própria arquitetura. As artes deveriam,
portanto, falar, comunicar.
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No que diz respeito à arquitetura, os decretos promulgados pelo


Concílio de Trento buscavam dissociar o desenho das novas Igrejas Ca-
tólicas dos antigos templos pagãos, ou seja, almejava-se o afastamento
das formas da antiguidade clássica e das edificações renascentistas que
retomavam essas formas. Tal perspectiva vinha de encontro com a rup-
tura com o Classicismo já em curso com o movimento maneirista, cujo
principal expoente foi Michelangelo Buonarroti nas primeiras décadas
do século XVI (ARGAN, 1957). As Igrejas deveriam, então, comunicar com
grande expressividade seu sentido religioso e persuadir seu espectador,
sem, contudo, retomar formas clássicas. Vamos ver qual foi a solução
arquitetônica adotada para dar conta dessas demandas? Neste capítulo,
você compreenderá as principais características da arquitetura barroca
e analisar algumas de suas obras mais relevantes.

Principais características da arquitetura barroca


A arquitetura barroca tem como princípio a ideia de que os edifícios religio-
sos da Igreja Católica, assim como os cultos neles realizados, deveriam ser
impressionantes e majestosos de forma que seu esplendor e sua aura religiosa
tocassem até mesmo um espectador casual, que não estivesse envolvido em seus
ritos (BLUNT, 2001). Esses princípios têm como base as recomendações do
Concílio de Trento com relação à arquitetura, que foram exploradas em maior
profundidade no tratado Instructiones fabricae et supellectillis ecclesiasticae,
escrito por Carlo Borromeo, em Trento, Itália, no ano de 1577 (LOEWEN,
2014). Apesar de se tratar de uma obra sobre arquitetura, Borromeo não era
um arquiteto. Ele era um dos cardeais mais ortodoxos e poderosos da Igreja.
Conforme Loewen (2014), esse tratado oferece um ponto de intersecção
importante entre a doutrina católica e a arquitetura.
O tratado de Borromeo tinha uma finalidade prática. Buscava corrigir as
inconsistências encontradas na construção de igrejas e na prática religiosa.
Nessa obra, o arcebispo trata de diversos aspectos da arquitetura eclesiástica
e de seus adornos sacros, apontando quais os caminhos para se obter um
templo que desse conta de expressar a magnificência da Igreja Católica. O
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autor aborda desde a localização da edificação na cidade, sua implantação


no terreno, o formato da planta das igrejas, as características do exterior das
edificações e de suas fachadas, até a escolha de esculturas, pinturas e demais
ornamentos. Os escritos de Borromeo tiveram papel crucial na constituição e
desenvolvimento da linguagem barroca e no distanciamento do pensamento
renascentista.
A cisão entre o Barroco e a antiga estrutura clássica foi muito explícita.
Enquanto no Renascimento a arte e a arquitetura eram caracterizadas pela
linearidade, rigidez dos planos, autonomia dos elementos, claridade e pelo
rigor na delimitação das formas, o Barroco caracterizava-se pela liberdade e
desenvoltura, busca do pictórico, desprezo da linha, movimento das massas,
integração dos planos, na qual os componentes se mesclam e se confundem.
O Barroco visava, sempre, “[...] uma única unidade que é a concepção final
do conjunto” (AVILA, 1980, p. 6).

Para sistematizar o estudo da história da arquitetura, os períodos são organizados


de forma estática. Classificados em categorias fixas a partir do compartilhamento de
características comuns. Na prática, a história da arquitetura tem caminhos mais sinuosos.
A transição entre um período e outro é marcada pela produção arquitetônica que aos
poucos deixa para trás características de um período e aos poucos incorpora novos
elementos. Por exemplo, ao analisarmos a transição das fachadas entre a arquitetura
renascentista e a barroca, observamos que a fachada plana, sóbria e de referências
clássicas não se tornou dramática e movimentada em um piscar de olhos. As com-
posições foram transformadas paulatinamente.

No que diz respeito à organização espacial das igrejas, esse afastamento com
relação ao Classicismo se deu pela difusão da planta em cruz latina, também
conhecida como basilical. Tratam-se de igrejas organizadas a partir de dois
corpos retangulares, sobrepostos formando uma cruz. A entrada da igreja
se dava pelos pés da cruz, com sua nave seguindo ao encontro do altar mor,
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localizado na extremidade superior. Em cada um dos segmentos laterais — os


braços da cruz —, localizam-se entradas laterais ou altares secundários. O uso
da planta cruciforme evoca a ideia de redenção e aponta uma analogia entre
as proporções do templo e o corpo de Cristo (BLUNT, 2001). É importante
notar que, no Barroco, o corpo de Jesus era tido como modelo de perfeição, em
oposição ao pensamento clássico e renascentista, no qual o corpo do homem
era a principal referência.
Outra tipologia característica do Barroco, que se distancia da linearidade
clássica, é a igreja de planta ovalada. O uso dessa geometria confere de forma
expressiva a dramaticidade e a grandiosidade buscadas pelo movimento bar-
roco. Os efeitos da geometria da planta são ainda mais acentuados pela ilumi-
nação, elemento projetado com precisão na arquitetura barroca. A composição
de aberturas em pontos estratégicos da edificação resulta em jogos de luz que
conferem tensão ao espaço ao contrastar feixes de luz e espaços de penumbra.
A dramaticidade não se restringia à organização espacial do templo. O
desenvolvimento de fachadas a partir da articulação dinâmica de segmen-
tos côncavos, planos e convexos, elementos reentrantes e salientes, também
conferia ao edifício sensação de movimento e grandiosidade, atingindo como
resultado a aura divina desejada.
A ornamentação possuía papel crucial nesse arranjo. Por meio do uso
abundante de ornamentos, sobretudo com formas curvilíneas e sinuosas,
obtinha-se um resultado grandiloquente, que comunicava a grandeza de Deus
e da Igreja Católica. As formas empregadas iam muito além do vocabulário
da Antiguidade Clássica. Via de regra, as ordens e os elementos clássicos
utilizados eram distorcidos de forma a trazer maior tensão para a composição.
Assim, a arquitetura barroca se afastava da sobriedade e clareza da arquitetura
clássica e renascentista.
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Figura 1. Fachada da Igreja de São Carlos Borromeo, em Noto,


Sicília. Note o movimento dos planos que compõem a fachada
do edifício. São utilizados diversos ornamentos, grande parte
deles fazendo uso de elementos curvos e sinuosos.
Fonte: Urban... (2018, documento on-line).
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Dentre os ornamentos mais utilizados no período estava a voluta, carac-


terizada por Lemos (1989, p. 472):

[...] ornato que aparece frequentemente em capitéis de colunas, principalmente


no jônico, com forma de espiral. O centro da voluta, onde começa a espiral, em
geral em forma de pequeno disco, chama-se olho. Voluta saliente é aquela em
que o “enrolamento” sai para fora do prumo, ao contrário da voluta reentrante,
em que a espiral é côncava. Voluta chanfrada é aquela em que as circunvo-
luções estão separadas entre si por um pequeno espaço às vezes decorado.

As volutas são empregadas tanto nas fachadas como no interior das Igre-
jas, obedecendo às mais distintas proporções. Muitas vezes é interrompida
ou, até mesmo, invertida. Esse elemento, e a liberdade com que é tratado,
manifesta o desejo do Barroco pelo movimento. Conforme Pereira (2010, p.
158) a expressividade da curva é fundamental na composição barroca: “[...]
os entablamentos se curvam e os frontões se partem e descrevem curvas,
contracurvas e espirais”.
Outro recurso muito presente na arquitetura barroca é o Trompe-l’oeil, um
artifício utilizado para dar um efeito de grandiosidade ao edifício. Trata-se
de uma pintura que simula elementos arquitetônicos, enganando os olhos
do expectador. Esse recurso faz com que a fronteira entre a arquitetura e a
pintura se dissolva, de forma que a arquitetura possua um caráter cenográfico.
Um ótimo exemplo de Trompe-l’oeil é a pintura O triunfo de Santo Inácio
de Loyola, de Andrea Pozzo, localizada no forro da Igreja de Santo Inácio
de Loyola, Roma.
Ao compor o espaço a partir de uma complexa articulação entre planos
diversos, muitas vezes curvilíneos, ornamentação exuberante de caráter ce-
nográfico e jogos de luz, a arquitetura barroca impacta profundamente seu
expectador. Ao entrar em uma igreja barroca, ainda hoje, sentimos esse impacto,
não é mesmo? Dessa forma, essa arquitetura atinge a magnificência desejada
em seus fundamentos.

Artistas e obras de maior expressão


Uma vez que a concepção da contrarreforma ocorreu na Itália, centro da
Igreja Católica, a produção barroca se inicia nesse país. Posteriormente,
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expande-se pela Europa e, em seguida, chega às colônias europeias em


países no demais continentes, como, por exemplo, o Brasil. Em seu contexto
de formação, dois arquitetos barrocos merecem destaque: Gian Lorenzo
Bernini e Francesco Borromini (SUMMERSON, 1994). A dramaticidade
e tensão propostas pelo Barroco estão profundamente enraizadas em suas
obras. Vamos identificar as características do período mencionadas acima
em projetos desses arquitetos?
A Igreja Sant'Andrea al Quirinale (Figura 2), localizada em Roma, foi
projetada por Bernini em meados do século XVII. Vamos iniciar a leitura
do edifício pelo formato da planta? Essa igreja possui planta elíptica, tendo
seu menor eixo estabelecendo a ligação entre a entrada e o altar mor. Dessa
forma, logo após entrar na igreja, o expectador já se situa em seu ponto central.
A partir desse ponto, é possível analisar todo o espaço, que é coberto por
uma grande cúpula elíptica com aberturas para entrada de luz. As aberturas
foram concebidas de maneira integrada com os espaços e ornamentos, de
forma que o efeito da iluminação traz grande dramaticidade ao espaço. A
luz se concentra na parte central do edifício, enquanto é criada penumbra
nas laterais.
Ao redor da elipse central, estão distribuídas seis capelas secundárias,
além do altar mor. A projeção do altar mor faz com ele se assemelhe a
um palco. Toda a estrutura do templo está relacionada com a trajetória de
Santo André. Sua história é contada por meio de esculturas e ornamentos,
culminando com sua ascensão aos céus, representada pela grande cúpula.
Nesse exemplo, fica claro o uso da arquitetura e da arte como instrumento
para a catequização, ou seja, o uso da própria edificação para pregar o
Catolicismo. A transmissão da trajetória do santo patrono do templo é feita
de maneira imponente e dramática, buscando sensibilizar o expectador para
o poder divino.
Partindo para a análise do exterior do edifício, a fachada de Sant'Andrea
al Quirinale pode ser decomposta em três elementos principais: a portada, o
frontão e o corpo da igreja. A portada é acompanhada por um muro convexo
situado nas laterais da fachada. O frontão triangular que coroa a fachada é
um elemento plano. O corpo da igreja aparece na fachada como um elemento
côncavo, cuja curvatura é acentuada por uma sequência de grandes volutas
ao redor de todo o edifício. O jogo entre côncavo, plano e convexo confere
ao edifício o movimento tão característico da arquitetura barroca.
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Figura 2. Fachada da Igreja Sant'Andrea al Quirinale, em Roma. Como a fachada se projeta


com relação ao corpo da igreja, que é constituído por uma planta oval.
Fonte: Sant’Andrea... (2018, documento on-line).

Outro importante exemplo da arquitetura barroca é a Igreja San Carlo alle


Quattro Fontane, de Borromini. Esse templo também possui planta elíptica,
porém, ao contrário de Sant'A ndrea al Quirinale, o maior eixo da elipse faz a
ligação entre a entrada e o altar mor. Na Figura 3, podemos ver a cúpula que
coroa esse espaço. Sua composição a partir de elementos elípticos e a presença
de diferentes ornamentos resultam na ideia de movimento e grandiosidade
buscada pelo Barroco.
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Figura 3. Cúpula da Igreja San Carlo alle Quattro Fontane, em Roma.


Fonte: ArchDaily (2018, documento on-line).

Enquanto na Igreja Sant'A ndrea al Quirinale, analisada anteriormente, há


um efeito de expansão do edifício, em San Carlo alle Quattro Fontane, a grande
colunata que contorna todo o espaço interior traz um efeito de contração. Com
relação à fachada, San Carlo alle Quattro Fontane (Figura 4) apresenta um
complexo jogo de elementos que confere grande movimentação ao conjunto. A
torre sineira foi deslocada para trás da fachada, fazendo com que o frontispício
se projetasse para frente. A composição dos elementos da fachada a partir de
uma sequência de planos côncavo-convexo-côncavo foi organizada de modo
a passar a sensação de uma força que obriga as superfícies a se dobrarem.
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Figura 4. Fachada da Igreja San Carlo alle Quattro


Fontane, em Roma.
Fonte: Sullivan (2006).

Ao analisar as obras barrocas, você deve ter notado como é extenso o vocabulário
específico de arquitetura. Existem muitos termos para nomear as partes das edifica-
ções e os ornamentos. Para auxiliar na leitura da arquitetura, é imprescindível que
recorrer aos dicionários técnicos, eles trazem definições específicas acompanhadas
de desenhos. Alguns dicionários, como o Dicionário visual de arquitetura (CHING, 1999),
trazem informações sobre os principais elementos arquitetônicos, de maneira geral.
Outros dicionários, como Barroco mineiro: glossário de arquitetura e ornamentação
(ÁVILA; GONTIJO; MACHADO, 1980), apresentam verbetes específicos de um período
arquitetônico, no caso, o Barroco.
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O Barroco para além da Itália


O Barroco tem início na Itália, na esteira dos embates entre os católicos e
os protestantes. Suas influências, entretanto, não ficam restritas ao contexto
italiano. O movimento se expande inicialmente para outros países da Europa.
Com a descoberta de outros continentes, o trabalho contrarreformista dos
países católicos se expande para um campo geográfico ainda mais amplo, prin-
cipalmente com a missão de catequese confiada aos jesuítas (ÁVILA, 1980). A
grande expansão do Barroco abre um espaço potencial para o desenvolvimento
criativo de suas formas, incorporando elementos regionais de acordo com a
realidade de cada local. Vamos analisar um pouco dos desdobramentos do
Barroco em alguns países da Europa?
A fachada leste do Louvre (Figura 5), localizado em Paris, França, é um
exemplo da arquitetura barroca para além dos limites italianos e, também,
para além da arquitetura religiosa.

Figura 5. Fachada Leste do Palácio do Louvre, Paris.


Fonte: Carpe... (2018, documento on-line).

Apesar do surgimento atrelado à Igreja Católica, com o tempo, o Barroco


passa a ser empregado em diversas tipologias, como residência real, no caso
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do Palácio do Louvre. Segundo Summerson (1994, p. 69) “[...] o projeto dessa


fachada leste é um dos grandes eventos da história da arquitetura europeia”.
O palácio vinha sendo construído ao longo de um período de mais de um
século, e o ministro do rei Luís XIV estava determinado a tornar a fachada em
questão o ponto principal do conjunto. Importantes arquitetos italianos, entre
eles Bernini, e franceses apresentaram estudos para o projeto. O projeto, por
fim, foi realizado por Le Vau (Primeiro Arquiteto do Rei), Le Brun (Primeiro
Pintor do Rei) e pelo médico Perrault (SUMMERSON, 1994). O resultado foi
a criação de uma grande colunata, na qual a parede está mais afastada para
o interior. A colunata avança na parte central e é acompanhada de um plano
sólido. Marcando a entrada principal há um arco com decorações em baixo
relevo. Nos pavilhões situados nas extremidades do conjunto, há um avanço
da parede e a substituição de colunas por pilastras. No centro dos pavilhões,
há uma janela central em arco curvo, que dialoga com a entrada central. O
conjunto possui diversos elementos escultóricos que ornamentam a fachada
e são responsáveis pela vitalidade do edifício. Dessa forma, é criado um jogo
que quebra a monotonia clássica. O Barroco francês se distancia dos exageros
presentes na vertente italiana. Isso fica muito claro nesse projeto, não é mesmo?
Outro exemplo de palácio barroco é o Palácio de Blenheim (Figura 6),
localizado em Woodstock, na Inglaterra. O edifício foi projetado por Vanbrugh
e Hawksmoor. Nesse caso, a fachada é composta por diversos planos inde-
pendentes, que avançam e recuam, formando uma “[...] silhueta em constante
movimento” (SUMMERSON, 1994, p. 70).

Figura 6. Fachada Leste do Palácio de Blenheim, Inglaterra.


Fonte: Durova (2018, documento on-line).
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Nesse edifício, não há um ritmo que acompanhe toda a fachada, cada


parte do conjunto possui um ritmo próprio, mas que se harmoniza com o
todo. O ponto de maior dramaticidade do conjunto é o efeito originado pelas
linhas verticais do pórtico de entrada, que atravessam o frontão e recuam
até a parede posterior. Ainda que não se trate da comunicação da grandiosi-
dade da Igreja Católica, os palácios comunicam, com efeito, outras questões,
como a glória do exército britânico e a magnificência suprema de Luis XIV
(SUMMERSON, 1994).
Na Alemanha, a influência barroca estimulou a criação de igrejas de uma
grande liberdade. Os elementos se movimentam de acordo com uma nova
harmonia. É nesse contexto que a imponência do Barroco abrirá as portas
para o surgimento do Rococó, que buscava o agradável, requintado, frívolo.
Esse novo estilo, muitas vezes produzido conjuntamente com o Barroco, teve
na Alemanha sua produção mais significativa (CONTI, 1987).
A Igreja de Wies (Figura 7), projetada por Dominikus Zimmermann,
se localiza na Bavária, Alemanha. Nesse edifício, é possível identificar o
uso intenso das curvas e elipses, bem como a movimentação conferida pela
utilização de elementos côncavos. Ainda que traga diversas características
do Barroco italiano, é possível notar como as características regionais se
expressam no edifício. A cobertura e as janelas que circundam a igreja são
algumas dessas características.

Figura 7. Igreja de Wies, Bavária.


Fonte: Mattana (2018, documento on-line).
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ARCHDAILY. San Carlo alle Quattro Fontane: madness or masterpiece? 2018. Disponível em:
<https://www.archdaily.com/806683/san-carlo-alle-quattro-fontane-madness-or-ma
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-masterpiece-image>. Acesso em: 10 dez. 2018.
ARGAN, G. C. La arquitectura barroca en Italia. Buenos Aires: Nueva Visión, 1957.
ÁVILA, A. Pequena iniciação ao barroco mineiro. In: ÁVILA, A.; GONTIJO, J. M. M.; MA-
CHADO, R. G. Barroco mineiro: glossário de arquitetura e ornamentação. Belo Horizonte:
Fundação João Pinheiro, 1980.
ÁVILA, A.; GONTIJO, J. M. M.; MACHADO, R. G. Barroco mineiro: glossário de arquitetura
e ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1980.
BLUNT, A. O concílio de Trento e a arte religiosa. In: BLUNT, A. Teoria artística na Itália,
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CHING, F. D. K. Dicionário visual de arquitetura. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
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LEMOS, C. Alvenaria burguesa: breve história da arquitetura residencial de tijolos em
São Paulo a partir do ciclo econômico liderado pelo café. São Paulo: Nobel, 1989.
LOEWEN, A. B. A Contra-Reforma, o ornamento na arte e a arquitetura religiosa. Limiar,
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SABA, G. A sua primeira vez em Paris num roteiro bem completinho de 3 dias. 16 maio
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SUMMERSON, J. A linguagem clássica da arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
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Leituras recomendadas
ARGAN, G. C. Clássico anticlássico: o renascimento de Brunelleschi a Bruegel. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999.
CONTI, F. Como reconhecer a arte barroca. Lisboa: Edições 70, 1984.
Conteúdo:

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