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RENASCIMENTO

 No período final da Idade Média observamos que estrutura de poder


europeia modifica-se radicalmente. Começam a surgir os estados-
nacionais e, apesar da ainda forte influência da Igreja Católica, o
poder laico volta a subjugá-la, especialmente em decorrência das
crises causadas pela da Reforma Protestante

 Algumas regiões italianas, e Florença em especial, devido ao


controle das rotas comerciais que levavam a Constantinopla,
tornam-se as grandes potências mundiais e é nelas que se
desenvolveram as condições para o desenvolvimento das artes e das
ciências.
 A relativa liberdade de pesquisa científica que se obteve permitiu
algum avanço nas técnicas construtivas, possibilitando novas
experiências e a concepção de novos espaços.

 O espírito renascentista evoca as qualidades intrínsecas existentes


no ser humano. O progresso do Homem - científico, espiritual, social
- torna-se um objetivo importante para o período. O Classicismo,
redescoberto, e o Humanismo surgem como o guia para a nova visão
de mundo que manifesta-se nos artistas do período
 Antigos tratados arquitetônicos romanos são redescobertos pelos
novos arquitetos, influenciando profundamente no que seria
produzido pela “nova” arquitetura.

 Conhecimentos obtidos durante o período medieval (como o


controle das diferentes cúpulas e arcadas) foram aplicados de uma
nova forma, incorporando os elementos da linguagem clássica.
 Ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis
realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que
superaram a herança clássica. O ideal do Humanismo foi sem dúvida
a força motriz desse progresso, tornando-se o próprio espírito do
Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido
como a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino
e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da
Idade Média.
Assim, na medida em que o Renascimento resgata a cultura clássica,
greco-romana, as construções foram influenciadas por características
antigas, adaptadas à nova realidade moderna, ou seja, a construção de
igrejas cristãs adotando-se os padrões clássicos e a construção de
palácios e mosteiros seguindo as mesmas bases.

Basílica de São Pedro -


Roma
 Retomada dos modelos  Busca da simetria e da ordem
clássicos
 Estilo formal e individual
 Visão humanista e racionalista
 Temas religiosos, mitológicos e
 Uso da matemática e da da natureza
geometria
 Uso dos arcos, abóbodas,
 Busca da perfeição e da beleza cúpulas e colunas
 Preocupação com a proporção  Predomínio das linhas horizontai
 Formas equilibradas e
harmoniosas
 Brunelleschi observou que, com um único ponto de vista fixo, linhas
paralelas parecem convergir em um único ponto de distância.

 Brunelleschi aplicou um único ponto de fuga para a tela, e descobriu


um método para calcular a profundidade. Em um famoso
experimento observou, a partir de espelhos, e esboçou o batistério
de Florença em perspectiva perfeita. Ele foi capaz de calcular
matematicamente a escala de objetos dentro de um quadro, a fim de
fazê-los parecerem realistas. Foi uma descoberta monumental, e logo
vários artistas estavam usando o método de Brunelleschi de
perspectiva, surpreendentemente afetando suas pinturas.
 A primeira pintura conhecida para mostrar a perspectiva linear de fato é de
Masaccio em "A Santíssima Trindade". No afresco, uma sala em falso foi criada
na parede lisa da igreja usando perspectiva para simular a arquitetura.

 Embora os estudos da perspectiva original de Brunelleschi estejam longe de


influenciar significativamente a pintura renascentista, ele impactou
diretamente a arquitetura com suas descobertas.
 O desenho tornou-se o principal meio de projetação, assim como
surge a figura do arquiteto solitário (diferente da concepção coletiva
dos edifícios medievais). Os novos meios de concepção do projeto
influenciaram a concepção espacial dos edifícios no sentido em que
as visuais são controladas, direcionadas para um ponto de vista
específico.

 A perspectiva representou uma nova forma de entender o espaço


como algo universal, compreensível e controlável através da razão do
Homem.
Brunelleschi (1377 – 1446)
Foi exemplo de artista completo, foi pintor,
escultor, arquiteto, conhecedor também de
matemática, geometria e poesia. Seus
trabalhos mais importantes foram: a
Cúpula da Catedral de Florença e a Capela
de Pazzi.
Catedral de Santa Maria del Fiore, Felippo Brunelleschi, 1436, Florença.
Na Capela dos Pazzi, também em
Florença, construída entre 1430 e
1444, observa-se o típico esquema da
fachada que abriga um arco central de
volta perfeita ligando duas seções de
colunatas simétricas, apresentadas de
forma monumental.

Capela Pazzi, Felippo Brunellesci,


1430, Florença.
Em seu interior destaca-se a arquitrave
interrompida que apoia as abóbadas de
berço que suportam a cúpula
hemisférica.

Capela Pazzi, Felippo Brunellesci,


1430, Florença.
Leon Battista Alberti ( 1404 – 1472 )
Até os 40 anos Alberti interessou-se pelas
belas artes enquanto arqueólogo e teorizador,
estudando os monumentos da antiga Roma e
compondo os primeiros tratados.
Enquanto arquiteto, destaca-se o seu projeto
para a construção do Palácio Rucellai, com a
cornija e o esquema dos três andares, com a
fachada conscientemente clássica.

“As artes, são aprendidas pela razão e pelo método; são dominadas pela
prática”. (Leon Battista Alberti)
Compõe-se de três ordens
sobrepostas de pilastras, separadas
por largas arquitraves, à maneira do
Coliseu. Mas, as pilastras são tão
achatadas que fazem parte da
parede, e toda a fachada parece ser
uma superfície única , onde Alberti
projetou um diagrama linear do
exterior do Coliseu, resolvendo um
problema que se tornou
fundamental no Renascimento:
aplicar um sistema clássico de
articulação ao exterior de uma
estrutura não clássica.
Palazzo Ruccellai,
Leon Battista Alberti,
1464, Florença.
Sobrepõe uma frontaria de templo
em estilo clássico à tradicional
fachada de igreja basilical. Para
harmonizar a transformação,
utilizou-se de pilastras no lugar de
colunas, dando assim efeito de
continuidade na superfície da
parede. As pilastras são de dois
tamanhos – as menores sustentam
o nicho central e as maiores
formam a “ordem colossal”
abrangendo três andares do
edifício.

Igreja de S. Andrea,
Leon Battista Alberti,
1460, Mântua.
Igreja de Santa Maria Novella -
Florença
 Nessa fase, os artistas começam a se distanciar dos temas religiosos e
assim, notamos a mescla dos temas religiosos e profanos nas obras.

 Nessa época, o estilo renascentista se consolida em diversas partes


do continente europeu: Portugal, Espanha, França e Alemanha.
Donato Bramante( 1404 – 1472 )
Foi considerado o criador da
arquitetura do Alto Renascimento. Seu
estilo surgiu por completo na
construção do Tempietto de San Pietro
in Montorio, Roma.
Entre o final dos séculos XV e início do
século XVI, os arquitetos renascentistas
chegaram então a realização da
arquitetura perfeitamente simétricas e
reguladoras em todos os sentidos,
como se todas as linhas –
perspectivadas – convergissem para
um único ponto central, que era
também aquele a partir do qual se
podia perceber todas as partes do
edifício ao mesmo tempo.

O Tempietto,
igreja S. Pietro in Montorio,
Donato Bramante, 1502, Roma.
Andrea Palladio ( 1508 – 1580 )
Grande parte da produção arquitetônica
de Andrea Palladio está na região de
Veneto, distribuídos entre Vicenza,
Veneza e o interior. Com o comércio
marítimo em declínio no Mediterrâneo,
no século XVI, a elite de Veneza passou a
adquirir propriedades em terra firme,
estabelecendo fazendas e
erguendo villas: residências campestres
de alto padrão.
Villa Capra - Itália
Basílica de San Giorgio Maggiore -
Veneza

Villa Pojana –
Vincenza
OUTROS REPRESENTANTES
 Bramante
Basílica de São Pedro,
Giácomo del la Porta, 1590, Vaticano.
No centro principal do teto
Michelangelo representou o
começo de todas as coisas
(de baixo para cima):
“A criação da luz” (não presente
na imagem);
“A criação do universo” (1º e 2º);
“A criação de Adão”;
“A criação de Eva” e a
“Expulsão do Éden”.

Teto da Capela Sistina,


Michelangelo, 1508-1512,
Vaticano, afresco 13,7 x 39 m.
 Com o desenrolar do Renascimento e o constante estudo e aplicação
dos ideais clássicos, começa a surgir entre os artistas do período um
certo sentimento anticlássico, ainda que suas obras continuassem,
em essência, predominantemente clássicas.

 Estando o classicismo estabelecido com grande homogeneidade no


início do século XVI, sua revisão introduzida pelo Maneirismo afetou
também o estilo construtivo. A tradição do tratadismo declina e surge
uma nova geração de arquitetos fortemente individualistas que se
permitiram grandes liberdades formais e realizaram a transição do
Renascimento para o Barroco.
 O nome “Maneirismo” foi utilizado por Giorgio Vasari para denominar
a maneira de cada artista trabalhar. Este movimento valorizava o
trabalho individual do artista, incentivando a complexidade das
formas e seus detalhes, evitando o formalismo do período
Renascentista - que utilizava especialmente valores clássicos.
 Ambientes alongados, com a cúpula principal sobre o transepto,
deixando as naves mais escuras.

 São comuns o uso de: guirlandas de frutas e flores, caracóis, conchas


e volutas sobre muros e altares.

 Detalhe estético: muitas vezes escadas em espiral não levavam a


lugar algum, ou várias escadas que levam a um mesmo lugar.

 Conflito entre linhas horizontais e verticais, evitavam a centralidade,


desenho mais flexível e colunas duplas apenas com função estética.

 Na maioria das vezes o exterior era mais simples, enquanto que o


interior era ricamente adornado, com detalhes.

 As composições são confusas e transmitem angústia, o contraste de


cores é maior, as figuras aparecem alongadas e distorcidas.
Este é a posição do transepto. No Renascimento as plantas das igrejas costumavam ter
uma planta central e a cúpula no centro. Já no Maneirismo, o ambiente foi alongado,
como mostrado acima, e a cúpula posicionada sobre o transepto, o que deixa o
ambiente com pontos de pouca iluminação.
Biblioteca Medicea Laurenziana
(Michelangelo) – Florença, Itália
Palácio de Fontainebleau - França
BARROCO
 Esta manifestação integra o movimento barroco, que começou em
Roma em 1600 e espalhou-se por toda a Europa e América Latina.

 A arquitetura barroca integrava o movimento de contrarreforma da


Igreja Católica na arte. Entre os objetivos do movimento estava o
transporte do observador para a cena demonstrada.

 É por isso que a arquitetura barroca é observada principalmente em


igrejas, catedrais e monastérios. Isso ocorria para demonstrar a
imponência da arte cristã.
 Há exemplos também em edifícios particulares, especialmente
mansões urbanas ou rurais em uma clara demonstração do
pensamento religioso.

 Também nesta época há a criação de parques e jardins a circundar


prédios residenciais importantes.

 Para os arquitetos barrocos, os edifícios eram uma espécie de


escultura.
 Extravagância

 Incomum e irregular

 Uso do movimento

 Proximidade do real

 Aplicação da curva em oposição à ideia estática dos prédios

 As igrejas do período barroco são marcadas por abóbadas, arcos e


contrafortes

 Tentativa de levar o observador a se imaginar no infinito

 Efeitos cenográficos teatrais

 Manipulação da luz
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
Escultor e arquiteto italiano considerado
a maior expressão do barroco. Grande
parte de sua obra está espalhada nas
cidades de Roma e do Vaticano.
Seguindo o movimento barroco, a
principal característica de sua obra era
transportar o observador à intensidade
da experiência religiosa.
Colunata Jônica da
praça de São Pedro -
Roma
Baldaquino da Basílica moderna de São Pedro –
Vaticano
Camilo-Guarino Guarini (1624-1683)
Arquiteto do Barroco italiano, ativo não
só em Turim como também em outros
locais como a Sicília, França e Portugal.
Foi também escritor e matemático, além
de monge.
É considerado um dos arquitetos mais
originais do período barroco. Projetou a
construção de várias igrejas, sendo uma
delas a de Santa Maria da Divina
Providência, em Lisboa, que foi destruída
pelo terramoto de 1755.
Santa Maria da Divina Providência-
Lisboa, Portugal
Santa Maria da Divina Providência-
Lisboa, Portugal
Palazzo Carignano -
Turim, Itália
Igreja de São Lorenzo –
Turim, Itália
ROCOCÓ
 Rococó, do francês rocaille que significa concha

 É a fase do Barroco compreendida entre 1710 e 1780, quando os


valores decorativistas e ornamentais são exaltados tanto pelos
artistas quanto pelos apreciadores da arte.

 Houve a expressão de sentimentos agradáveis e a procura do


domínio da técnica de uma execução perfeita. Teve início na França,
no século XVIII e difundiu-se a seguir por toda a Europa.
Muitos artistas procuravam na arte, amenizar as situações conflitantes
do dia a dia. Eles a faziam para a sociedade rica da época, que se
preocupavam muito com a ornamentação dos espaços. Assim, entre
este estilo e o Barroco, observam-se algumas diferenças:

 As cores fortes no Barroco são agora suaves e de tom pastel;

 As linhas retorcidas ficam de lado e há a busca de formas mais leves


e delicadas.
 Manifestou-se principalmente na decoração dos espaços interiores.
Essa decoração era detalhada e bem ornamentada e um exemplo são
suas salas e os salões.

 Os artistas procuravam fazer uma arquitetura diferenciada nessas


áreas, com formato oval, paredes com pinturas luminosas e suaves,
espelhos, florais, etc.

 Já por fora dos edifícios, eles amenizavam na decoração. Exemplos:


Hotel de Soubise, construído por Germain Boffrand e decorado por
Nicolas Píneau, o Petit Trianon.
Hotel de Soubise – Paris, França
Petit Trianon – Versalhes, França
NEOCLÁSSICO
 O neoclassicismo é um movimento artístico que, a partir do final do
século XVIII, reagiu ao barroco e ao rococó, e reviveu os princípios
estéticos da antigüidade clássica, atingindo sua máxima expressão
por volta de 1830.

 Não foi apenas um movimento artístico, mas cultural, refletindo as


mudanças que ocorrem no período, marcada pela ascensão da
burguesia. Essas mudanças estão relacionadas ao racionalismo de
origem iluminista, a formação de uma cultura cosmopolita e
profana: a pregação da tolerância; a reação contra a aristocracia e a
Revolução Industrial inglesa
 Entre as mudanças filosóficas, ocorridas com o iluminismo, e as
sociais, com a revolução francesa, a arte deveria tornar-se eco dos
novos ideais da época: subjetivismo, liberalismo, ateísmo e
democracia. Esses foram os elementos utilizados para reelaborar a
cultura da antiguidade clássica, greco-romana.
A Arquitetura neoclássica foi produto da reação anti-barroco e anti-
rococó, levada a cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII.
Os Arquitetos formados no clima cultural do racionalismo iluminista e
educados no entusiasmo crescente pela Civilização Clássica, cada vez
mais conhecida e estudada devido aos progressos da Arqueologia e da
História.
 materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras);

 linhas ortogonais;

 formas regulares, geométricas e simétricas;

 volumes maciços, bem definidos por planos murais lisos;

 uso de abóbada de berço ou de aresta;

 uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade;

 espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e


formais de grande racionalidade;

 pórticos colunados;
 frontões triangulares;

 a decoração recorreu a elementos estruturais com formas clássicas,


à pintura rural e ao relevo em estuque;

 valorizou a intimidade e o conforto nas mansões familiares;

 decoração de caráter estrutural


Museu Britânico – Londres, Inglaterra
Capitólio do Estados Unidos –
Washington, EUA
Jacques Germain Soufflot (1713-1780)
Arquiteto francês, precursor da
Arquitetura neoclássica. Em 1738,
retornou a França e projetou suas
primeira obras de grande importância: o
Hôtel Dieu (1741), em Lyon, cuja cúpula
provocava ilusões de perspectiva e o
Panteão de Paris (1789-90).
Hôtel Dieu – Lyon, França
Pantheon de Paris – França
GOMBRICH, E. H. A. História da Arte. 16ªed. Rio de Janeiro: LTC, 1995

 BAYLE. F. Louvre, guia de visita. Paris: Artlys. 2006.

 CONTI, F. Como reconhecer a Arte do Renascimento. Lisboa, Ediçoes 70, 1988.

 JANSON, H. W; JANSON A. Iniciação à História da Arte.

 PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo, Ática, 1994.

SITES CONSULTADOS:
https://arquiteturaeurbanismosite.files.wordpress.com
https://fundamentosarqeurb.files.wordpress.com/2011/05/aula-02-hist-da-
arquitetura.pdf
Power Point elaborado pela aluna de Arquitetura e Urbanismo - UFMT e monitora
da disciplina de História da Arte, Ana Claudia F. C. da Silveira.

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