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Discente: Iury Torres

Docente: Profa. Dra. Isabella Caroline Januário

FRAMPTON, Kenneth. “Transformações culturais: a arquitetura neoclássica”. História crítica da


arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 3-12.

Fichamento 1

A Evolução do Neoclassicismo na Arquitetura

Em meados do século XVII, a arquitetura do neoclassicismo teria surgido a partir de duas


revoluções. Essas revoluções têm como base a capacidade humana de exercer controle sobre a
natureza do ambiente em que está envolvido e da consciência humana. Essas revoluções
surgem no contexto de transformações sociais e tecnológicas e vão trazer um questionamento
identitário da sociedade. Nesse período a burguesia começa a ascender e com ela o
desenvolvimento das ciências e dos pensamentos iluministas, e como consequência o
desenvolvimento de obras de infraestrutura para gerar lucro assim como o surgimento de
disciplinas humanistas como sociologia, estética, história e arqueologia.

É nesse período que começam a surgir as primeiras críticas sobre o pensamento barroco, o
tratado de Cordemoy [Novo tratado de toda arquitetura] (1706) vai expressar as primeiras
críticas aos tributos vitruvianos e sugerir uma adequação de seus princípios. Ordem,
Distribuição e Conveniência, trazendo noção de adequação, passariam a ser mais interessantes
que Utilidade, Solidez e Beleza que são elencados nas obras vitruvianas. As maiores
preocupações para Cordemoy, estava na pureza geométrica, e os ornamentos tinham que ser
submetidos à adequação da forma. Claude-Nicolas Ledoux foi um dos arquitetos visionários a
integrar a teoria de Cordemoy à tradição acadêmica francesa. Ledoux ampliou a ideia de uma
arquitetura voltada à aparência e passou a introduzir também uma intenção social em suas
formas, formas que ficariam abstrata a olho nu.

Depois da revolução francesa o neoclassicismo também fez parte da necessidade de agregar


novas instituições burguesas i representar o estado republicano. O estilo Império Napoleônico
fez uso eclético de arquiteturas antigas e se caracterizou principalmente para os seus interiores
decorados e nos ornamentos romanos da capital. Mas o século XVIII parece ser um período de
exploração das ideias neoclássicas com arquitetos trazendo suas impressões individuais da
arquitetura clássica, muito influenciados pelo idealismo político e orgulho militar.

Henri Labroust foi responsável por reavivar as características neoclássicas de Blondel nos
meados do século XIX. Sua principal obra foi a Biblioteca Nacional de Paris de 1860, nela se
destaca o salão de leitura coberto por um teto de ferro e vidro apoiado em 16 colunas de ferro
fundido. Nessa obra, Labroust faz uso de poucas referências históricas, trazendo assim uma
nova estética cujo potencial só era possível ser realizado com as técnicas construtivas do século
XX.

Na metade do século XIX, surge 2 linhas de desenvolvimento do pensamento neoclássico: o


classicismo estrutural de Labroust e o classicismo romântico de Schinkel. Ambas promulgavam
o desenvolvimento de novas instituições e criar tipos de edifícios, mas se diferenciavam muito
da forma te fazê-los. O classicismo estrutural tendia a dar ênfase a estrutura enquanto o
classicismo romântico tende a ressaltar o caráter fisionômico da forma.

Comentário final:

O texto fornece uma visão interessante sobre a evolução da arquitetura durante o período do
neoclassicismo, particularmente no século XVIII e meados do século XIX. Destaca-se a
influência das revoluções sociais, tecnológicas e intelectuais na arquitetura, incluindo o papel
da burguesia ascendente e o desenvolvimento das ciências e do pensamento iluminista.

No geral, o texto oferece uma visão abrangente e informativa do neoclassicismo na arquitetura,


destacando sua evolução, influências e diferentes correntes de pensamento dentro desse
movimento.

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Fichamento 2

WOLFFLIN, Heinrich. “Barroco e renascença” A natureza da transformação helenística.

Do Pitoresco ao Movimento: O Estilo Barroco na Arquitetura e na Arte.

Wolfflin inicia com o conceito de “pitoresco” na arquitetura e na arte. Destaca que a


arquitetura barroca adota um caráter pitoresco, que está relacionado à impressão de
movimento e à busca por efeitos visuais inspirados na pintura. Estabelece-se uma diferença
entre a arquitetura rigorosa e a pitoresca, onde a primeira aposta na forma e na composição
ordenada, enquanto a segunda procura a impressão de movimento e utiliza massas de luz e
sombra. Além disso, são mencionadas as mudanças na técnica artística e a evolução para o
estilo pitoresco, que utiliza diferentes suportes, como carvão e pincéis largos. Este estilo
também se caracteriza pela dissolução de regras, pelo arranjo rítmico e pela orientação oblíqua
dos elementos em relação ao espectador, criando uma sensação de movimento e liberdade na
composição. Ressalta a importância da impressão de movimento e da busca por efeitos visuais
neste estilo. A “desordem pitoresca” implica que a representação dos objetos não é
totalmente clara, com partes obscurecidas para estimular a imaginação. A ideia do ilimitado e
do infinito ganha destaque no estilo pitoresco, onde a composição se baseia em massas de luz
e sombra, e o olhar se perde em profundezas insondáveis. Além disso, menciona-se que a cor
não é essencial neste estilo e que está subordinada ao jogo do claro-escuro. Por fim, levanta-
se a dificuldade de definir o Barroco apenas em termos do pitoresco e sugere-se a necessidade
de compará-lo com o Renascimento para compreender as suas características específicas.
Destacando que o Renascimento centra-se na beleza pacífica e na sensação de bem-estar,
enquanto o Barroco procura um efeito emocional mais direto e avassalador. O barroco
caracteriza-se pela ênfase no tratamento da forma, incluindo o efeito de massa e movimento.

O “grande estilo” do Barroco manifesta-se na procura de maiores dimensões absolutas e na


simplificação e unificação das composições. As obras tendem a ser mais colossais e uniformes,
afastando-se da divisão de pequenos elementos. São mencionados exemplos de construções
em Roma, Veneza e norte da Itália que mostram a influência dessas tendências.

Destaca a importância do movimento e do dinamismo na arquitetura barroca, em contraste


com a permanência e a imobilidade do Renascimento. No Barroco enfatiza-se o efeito de
massa e a expressão do movimento na arquitetura. O estilo busca subir verticalmente e
acentuar a altura. Uma progressão em direção ao centro é evidente nas composições, e uma
sensação de instabilidade, movimento e tensão é introduzida na arquitetura.

O estilo barroco caracteriza-se pela aversão a qualquer delimitação, o que dá origem a criações
inacabadas e ricas em decoração. O espaço desfoca-se e dirige-se para o infinito, com
destaque para os efeitos de iluminação e a magia da luz nos interiores das igrejas. Busca-se o
pitoresco e o incompreensível, gerando uma impressão de movimento constante e uma
riqueza na arquitetura.

Comentário final: O texto fornece uma análise detalhada sobre a transição da arquitetura do
Renascimento para o estilo Barroco. Wolfflin destaca de forma clara as principais características
do Barroco, como o uso do pitoresco, a ênfase no movimento e na busca por efeitos visuais,
além da importância do dinamismo e do aumento da escala nas construções. A ênfase na
aversão a qualquer delimitação e a criação de ambientes inacabados ricos em decoração
também são aspectos intrigantes abordados no texto. Além disso, a comparação entre o
Renascimento e o Barroco, destacando o desejo do Barroco por um efeito emocional mais
direto e avassalador, é esclarecedora para entender as características distintivas desse período
na história da arquitetura.

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