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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

CAMPUS: DRA. JOSEFINA DEMES


CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO AMBIENTAL
PROFESSORA: LEILISE SANTOS
ESTUDANTE: NÁTYLA BEATRIZ GUIMARÃES ROCHA
FLORIANO, 01 DE AGOSTO O DE 2022.

POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS – LEI 9.433/1997

A lei da Política Nacional de Recursos Hídricos foi instituída em 08 de janeiro


de 1997, conhecida também como Lei das Águas, estabelece instrumentos para a gestão
dos recursos hídricos de domínio federal e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos (SINGREH), que são os maiores marcos da referida lei. Essa
política voltada aos recursos hídricos é muito importante para todos, uma vez que o
Brasil é o país com maior quantidade de recursos hídricos, correspondendo a 12% de
todo o mundo. Tem-se que recurso hídrico é toda água proveniente da superfície ou
subsuperfície da Terra e pode ser empregado em determinado uso ou atividade, podendo
passar a ser um bem econômico.
A água é declarada um bem de domínio público de interesse comum pela
Política Nacional de Recursos Hídricos, e que a reconhecendo como recurso natural
limitado, dotado de valor econômico, determina o necessário disciplinamento em
contextos de competição entre setores usuários diante de situações de qualidade ou de
escassez.
O sistema da Política Nacional de Recursos Hídricos, procura organizar este
setor no âmbito nacional, consolidando o conceito de gestão integrada e de visão
sistêmica da água, dessa forma, define papéis, funções e competências de cada um de
seus componentes, promovendo uma articulação do planejamento dos recursos hídricos
com os dos setores usuários, Poder Público e a sociedade como um todo. Todo o
conjunto de diretrizes para o desenvolvimento desta nova visão da administração da
água é prescrito pelo art. 1º da Lei 9.433/97, que consagra os seguintes fundamentos:

a) A água é um bem de domínio público


Por ir além da esfera de interesse individual de cada pessoa, faz-se necessária a
intervenção do Estado quando for feita a alocação do recurso, influenciando ser o
domínio público, o primeiro fundamento da Política Nacional de Recursos Hídricos. O
Estado tem a característica de elemento mediador nesta relação, garantindo a qualidade
e quantidade dos recursos hídricos, de modo a assegurar a melhor aplicação e o maior
acesso possível minimizando a incidência de conflitos.
b) A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico
Ao atribuir um valor econômico aos recursos hídricos, busca-se estabelecer critérios
para o seu uso, garantindo a perenidade em seu acesso para as presentes e futuras
gerações. Deste modo, a utilização do mecanismo de cobrança pelo uso dos recursos
hídricos, por parte do Poder Público, tem o objetivo de garantir a eficiência em sua
utilização, induzindo cada um que a usa a perceber e incorporar, em sua própria esfera
patrimonial, o encargo social que seu acesso impõe a sociedade.
c) Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais
Visa assegurar o preceito constitucional da dignidade da vida humana, pois, por ser uma
necessidade metabólica do corpo humano, seu consumo caracteriza-se como um direito
fundamental, sendo condição prévia para o exercício de outros direitos fundamentais do
homem.
d) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
Esse fundamento decorre da vasta cadeia de utilidades e de consumidores abrangidos
por este recurso, sendo considerado como usuário “toda pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, que faça uso de recursos hídricos que dependem ou
independem de outorga”. As distintas modalidades de uso dos recursos hídricos, podem
ser classificadas entre: uso consuntivo, considerado como aquele uso onde se retira a
água de sua fonte natural e uso não consuntivo, quando da sua utilização retorna
praticamente a totalidade de água usada à fonte de suprimento.
e) A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
O objetivo visado por este fundamento da Política Nacional de Recursos Hídricos, é
permitir a otimização dos usos e a garantia das múltiplas demandas pela água,
conhecendo de perto as necessidades e os possíveis conflitos a serem resolvidos, além
de permitir um acompanhamento e um monitoramento mais próximo junto ao corpo
hídrico. Decorre da adequação da legislação e da estrutura institucional às condições
físicoterritoriais do ambiente.
f) A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Permite aos cidadãos o exercício de sua cidadania, servindo como sustentáculo para a
criação de novos órgãos no sistema de gestão dos recursos hídricos, que servirão como
“parlamento” para os debates da comunidade a respeito da melhor forma de gerir o
recurso.
Esses fundamentos fornecem a base estrutural e a composição de valores que
formam a razão de ser da política da água no Brasil, exteriorizando disposições que
legitimam a intervenção do Estado e a aplicação de instrumentos para a gestão
qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos. Do mesmo modo, estes preceitos, que
servem de alicerce para o modelo brasileiro, são adotados no sentido de se permitir a
estruturação descentralizada do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos, contribuindo para a atuação de seus órgãos e da sociedade e orientando a
aplicação dos instrumentos previstos para a gestão da água no Brasil.
A Política Nacional de Recursos Hídricos também apresenta uma série de
objetivos que estão elencados no art. 2º da Lei n. 9.433/97, e possuem uma estreita
relação com a norma constitucional estatuída no art. 225. O caput do art. 225 da
CF/1988, dispõe que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Dessa forma, os usos e aproveitamentos dos recursos hídricos, devem respeitar o
equilíbrio ecológico de modo que possibilite atender as necessidades básicas dos seres
humanos, bem como o interesse dos demais setores usuários, como a geração de energia
elétrica, a irrigação, a dessedentação dos animais, a recreação e o transporte aquaviário.
Assim como objetivos, a lei 9.433/97 aponta também em seu art. 2º:

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária


disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,


incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos


de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos
recursos naturais.

IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o


aproveitamento de águas pluviais.

Os incisos I e II repetem os objetivos de quantidade/disponibilidade, e induz à


noção de padrões diferenciados de qualidade, em função dos distintos usos, reafirmando
em termos de desenvolvimento sustentável, já que alude aos direitos intergeracionais.
(CAUBET, 2004, p. 152).
Já o inciso III, permite perceber que sua referência é voltada para a prevenção e
o controle de eventos naturais, catastróficos, ou principalmente do uso inadequado dos
recursos, abrangendo desperdícios, poluições e nocividades.
Foi incluído no inciso IV o aproveitamento da água da chuva, que segundo
Gonçalves:
Águas pluviais são as águas que proveem das chuvas, que
são coletadas pelos sistemas urbanos de saneamento
básico nas chamadas galerias de águas pluviais ou esgotos
pluviais e que pode ter tubulações próprias (sendo
chamado, neste caso, de sistema separador absoluto, sendo
posteriormente lançadas nos cursos d'água, lagos, lagoas,
baías ou no mar). (GONÇALVES, 2006)

As diretrizes estão intimamente relacionadas com os fundamentos e objetivos da


Política Nacional de Recursos Hídricos, orientada basicamente para a necessidade de
assegurar às futuras gerações a disponibilidade dos recursos hídricos pela sua utilização
atual de forma racional. O princípio básico é de que a água é necessária em todos os
aspectos da vida, e que a escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da
poluição dos recursos hídricos exigem o planejamento e a gestão integrada desses
recursos, o que a Lei 9.433/97 procura consolidar. Assim, em seu art. 3º a lei da Política
Nacional de Recursos Hídricos apresenta as suas diretrizes gerais de ação:

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação


da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação


dos aspectos de quantidade e qualidade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades


físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais
das diversas regiões do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão


ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o


dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual
e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do


solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos


sistemas estuarinos e zonas costeiras.

Nesse sentido, colhe-se dos ensinamentos de Priscila Niederauer (2007, p. 16):

A política Nacional de Recursos Hídricos estabelece suas


diretrizes gerais no que diz respeito à gestão sistemática dos
recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e
qualidade; adequação da gestão de recursos hídricos às
diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais
e culturais das diversas regiões do país; integração da gestão de
recursos hídricos com a gestão ambiental; articulação do
planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e
com os planejamentos regional, estadual e nacional; articulação
da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo e
integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos
sistemas estuários e zonas costeiras.
Os instrumentos legais que se propõem ao desempenho dos fundamentos e ao
alcance dos objetivos estabelecidos pela Política Nacional de Recursos Hídricos estão
elencados na própria Lei 9.433, em seu art. 5º, abaixo transcrito:

Art. 5º. São instrumentos da Política Nacional de Recursos


Hídricos:

I – os Planos de Recursos Hídricos;


II – o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água;
III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; (grifo)
IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos; (grifo).
V – a compensação a municípios;
VI – o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
Abordar-se-á cada instrumento separadamente com suas especificidades:

a) Planos de Recursos Hídricos


Estão localizados no artigo 6º da Lei 9.433/97: os Planos de Recursos Hídricos
são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. Dessa forma,
tem como objetivo fundamentar e orientar a implementação da política e o
gerenciamento dos recursos hídricos.
Existem ainda os planos “de longo prazo”, que estão elencados no artigo 7º da
referida lei, esses planos são para quando não havendo obrigatoriedade, em relação ao
cumprimento de seu conteúdo ou de seus prazos, sendo ainda, considerados
instrumentos flexíveis de intervenção, podem ser adaptados. Logo, deve conter no
plano, prioridades para outorga de direito de uso, diretrizes e critérios para cobrança e
propostas para criação de áreas com usos restritos a fim de proteger os corpos d’água.
b) Enquadramento dos Corpos Hídricos em Classes
Tem como finalidade estabelecer padrões de qualidade aptos a garantirem a
saúde pública, o bem-estar da população e a possibilidade de se praticar todos os usos,
em função das necessidades locais e das prioridades definidas nos termos da lei.

O enquadramento dos corpos consiste em definir parâmetros de


qualidade para a água, indicando o teor de substâncias que
podem, ou não devem, nela ser encontradas, em função dos
usos previstos para a água. (CAUBET, 2004)

Dessa forma, um dos principais benefícios desse instrumento é a saúde pública.


c) Outorga dos Direitos de Uso de Recursos Hídricos
É um ato administrativo, em que o poder público outorgante (União, Estado ou
Distrito Federal) faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recursos hídricos,
por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato.

Outorgar significa aprovar, conferir, conceder. Se alguém


concede algo a outrem é porque possui a tutela sobre
determinado bem, como visto quando 39 da abordagem de que
os recursos hídricos são bens de domínio público de uso
comum. Então, cabe ao Poder Público, União7 e Estados8 , o
direito de conceder essa utilização a terceiros, sem que essa
utilização contrarie a indisponibilidade, que é própria dos bens
públicos de uso comum (artigo 18 da Lei 9.433/97).
(OLIVEIRA,2005)

A outorga não deve ocorrer para uma única pessoa, o Poder Público estabelece
normas de distribuição entre todos os que necessitarem, respeitando sempre a
disponibilidade hídrica daquele corpo d’água.
d) Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos
Para a fixação dos valores a serem cobrados, serão observadas as possibilidades
contidas no artigo 21 da lei:
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos
recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume
retirado e seu regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou
gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as
características físicoquímicas, biológicas e de toxidade do
afluente. (BRASIL, 1997)
Ainda na Lei 9.433/97, em seu artigo 22, fala sobre a destinação dos valores
arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, in verbis:
Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de
recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia
hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:
I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras
incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;
II - no pagamento de despesas de implantação e custeio
administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. (BRASIL,
1997)
Dessa forma, espera-se que tudo aconteça como está na lei.
e) Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos
Os artigos 25 ao 27 disciplinam esse Sistema de informações. Apresentados a
seguir:
Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é
um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação
de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes
em sua gestão. 43 Parágrafo único. Os dados gerados pelos
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos. (BRASIL, 1997)

Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do


Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos: I -
descentralização da obtenção e produção de dados e
informações; II - coordenação unificada do sistema; III - acesso
aos dados e informações garantido à toda a sociedade.
(BRASIL, 1997).

Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações


sobre Recursos Hídricos: I - reunir, dar consistência e divulgar
os dados e informações sobre a situação qualitativa e
quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II - atualizar
permanentemente as informações sobre disponibilidade e
demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III -
fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos
Hídricos.

Para que o sistema exista e sirva de apoio é necessária uma abrangência de


território nacional, sem que signifique uma padronização ritual de todos os elementos
conjuntos, juntamente com os princípios são elementares e indispensáveis ao perfeito
funcionamento do sistema e com os objetivos do sistema que é o que trata o artigo 27.
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criado pela Lei nº
9.433/97, possui atribuição de planejamento e também de controle administrativo,
quanto aos órgãos e entidades da Administração Pública, responsáveis pelo exercício do
poder de polícia das águas, além de constituir o destinatário fundamental da Lei das
Águas, pois a ele cabe implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos.
A estruturação do sistema nacional de gerenciamento dos
recursos hídricos é, verdadeiramente, uma das necessidades que
se configuram mais prioritárias e urgentes para a coletividade
brasileira, na era atual. Trata-se de assegurar aos cidadãos,
mediante um conjunto eficiente de instrumentos legislativos e
de ações gerenciadoras e fiscalizadoras sintonizadas, a garantia
de que a água, recurso natural essencial à vida, ao
desenvolvimento econômico e ao progresso social, se torne
acessível a todos, em níveis satisfatórios de quantidade e de
qualidade. (BORGES, 1998)
Ficou estabelecido no artigo 32 da Lei das Águas – Lei nº 9.433/97, a definição
de condições operacionais para a Política Nacional de Recursos Hídricos.
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
I- coordenar a gestão integrada das águas;
II- arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com
os recursos hídricos;
III- implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
IV- planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a
recuperação dos recursos hídricos;
V- promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
(BRASIL, 1997).
O artigo citado acima, institui os objetivos específicos do Sistema Nacional de
Recursos Hídricos, que deve ser entendido como norma de conduta para o próprio
Sistema para o desenvolvimento e execução das varias atribuições relativas ao
gerenciamento dos recursos hídricos.
Em seu artigo 33 a Lei das Águas, aborda os órgãos que integram o Sistema
Nacional de Recursos Hídricos.
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos: I – o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos; I-A. – a Agência Nacional de Águas; (Incluído pela
Lei 9.984, de 2000) II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos
Estados e do Distrito Federal; III – os Comitês de Bacia
Hidrográfica; IV – os órgãos dos poderes públicos federal,
estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências
se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V – as
Agências de Água. (BRASIL, 1997).
I. Conselho Nacional de Recursos Hídricos
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) é o órgão mais expressivo
da hierarquia do SINGREH, possuindo caráter normativo e deliberativo. Está com a sua
redação localizada no artigo 35 da Lei das Águas, in verbis:
Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: I
- promover a articulação do planejamento de recursos hídricos
com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos
setores usuários; II - arbitrar, em última instância
administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos; III - deliberar sobre os projetos
de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões
extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; IV
- deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas
pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos
Comitês de Bacia Hidrográfica; V - analisar propostas de
alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política
Nacional de Recursos Hídricos; VI - estabelecer diretrizes
complementares para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII
- aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia
Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de
seus regimentos; IX – acompanhar a execução e aprovar o
Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas; X -
estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de
recursos hídricos e para a cobrança por seu uso; [...] (BRASIL,
1997)

O CNRH é composto por representantes de Ministérios e Secretarias da


Presidência da República; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos recursos hídricos e, representantes
das organizações civis de recursos hídricos. O número de representantes do poder
executivo federal não pode exceder à metade mais um do total dos membros do CNRH.
II. Agência Nacional de Águas
A ANA será a autoridade responsável, no âmbito federal, pela autorização de
outorgas de direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União,
como também pela fiscalização do uso da água. É uma autarquia de regime especial
com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente,
com a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de
Recursos Hídricos, integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, nos termos do artigo 3º da Lei nº 9.984/00.
III. Conselhos de Recursos Hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica
Os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos possuem uma composição
especifica, em que se determina a proporção da participação do Poder Público da
sociedade. Já os Comitês de Bacia Hidrográficas – CBH, são órgãos colegiados com
atribuições normativas, deliberativas e consultivas a serem exercidas nas bacias
hidrográficas de sua área de atuação. Os Comitês são compostos por representantes de
diversos setores da sociedade e do Poder Público, seguindo a norma constitucional
encontrada no caput do artigo 225 da Constituição Federal.
IV. Órgãos dos Poderes Públicos
Para que haja a adequada aplicabilidade da Política Nacional de Recursos
Hídricos, é de grande importância a participação de todos os órgãos da Administração
Pública para a efetiva gestão de seus recursos.
V. Agências de Águas
As agências de águas estão reguladas no artigo 42 da Lei das Águas, in verbis:
Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de
um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. Parágrafo único. A
criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês
de Bacia Hidrográfica. (BRASIL, 1997).
Tem como finalidade exercer a função de secretaria executiva dos respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica, a criação de uma Agência de Água é condicionada ao
atendimento de dois requisitos, como a prévia existência do respectivo ou respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica; e a viabilidade financeira assegurada pela cobrança do
uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
Portanto, o presente trabalho buscou fazer uma análise da Lei nº 9.433/97 que
regulamenta a Política Nacional de Recursos Hídricos. A falta de água é um problema
mundial, e daí surge a necessidade de regulamentar o seu uso, uma vez que o seu uso
irregular causaria a sua extinção. Assim, surge a necessidade não só de dizer que a água
é material suscetível de valoração, mas, também, impor para sua utilização, restrições,
como é o caso da outorga pelo uso dos recursos hídricos.
Embora haja um pouco de descaso do Poder Público e da coletividade, ao
cumprimento do artigo 225 da Constituição Federal, ainda assim, com o advento de
todas essas leis e institutos regulamentadores, a sua proteção foi significantemente
melhorada.

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