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benefício da sociedade.

Uma gestão de águas eficiente deve ser


constituída por uma política, que estabeleça as directrizes gerais, um
modelo de gerenciamento, que estabeleça a organização legal e
institucional e um sistema de gerenciamento, que reúna os instrumentos
para o preparo e execução da planificação do uso, controle e protecção
das águas. Contudo, esta gestão tem impactos no uso, abastecimento e
qualidade dos recursos hídricos.

EXERCÍCIOS

________________________________________________________________________
 Quais são os factores que influenciam a composição da água?

 Quais são as condições e características mínimas de água


para o consumo humano?

 O que entendes por gestão de recursos hídricos?

 Fale dos preceitos da gestão de riscos.

 Quais são os aspectos que fundamentam a GRHidricos

Unidade V: GESTÃO INTEGRADA DE


RECURSOS HÍDRICOS
_________________________________________
Introdução

Nesta unidade iremos discutir os aspectos relacionados a gestão


integrada de recursos hídricos seus Conceitos, importância e
impactos.

Para o estudo de uma ciência é necessário que iniciemos logo da


antemão com os conhecimentos de base de modo que o estudante da
disciplina saiba o que lhe espera.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir a gestão integrada dos Recursos


Hídricos, gestão ambiental, gestão de recursos
naturais e desenvolvimento sustentável;
Objectivos
 Identificar a importância e áreas de incidência da
gestão integrada dos recursos naturais

 Analisar os impactos da gestão integrada dos


recursos hídricos

GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS

A gestão integrada de recursos hídricos é uma necessidade


originada pela complexidade das interacções entre as diversas
utilizações da água e as consequências sociais, económicas e
ambientais daí decorrentes. Segundo Cunha (1980), a gestão dos
recursos hídricos visa utilizar esses recursos para obter o máximo
benefício para a colectividade, assegurando paralelamente a
sustentabilidade da utilização.

A gestão da água ou dos recursos hídricos surge com bastante


ímpeto a partir da década de 60 do século passado nem
consequência da dificuldade sentida, quer nos paísesdesenvolvidos,
quer nos países em desenvolvimento, de balancear a procura
crescente, associada ao crescimento populacional e ao
desenvolvimento económico, com a disponibilidade de água. Por
outro lado, os recursos hídricos ficam também sobre pressão devido
a poluição dos rios, lagos e zonas costeiras, fruto de rejeição de
volumes crescentes de efluentes domésticos e industriais,
frequentemente com poucos ou nenhum tratamento, vide afigura
abaixo.

Figura IV: Gestão de água, manter o equilíbrio entre a procura e a


disponibilidade.

PRINCIPAIS FUNÇÕES DA GESTAO INTEGRADA DOD


RECURSOS HIDRICOS
GWP (2009) considera como principais funções da gestão integrada
dos recursos hídricos as seguintes:

 Monitoração dos recursos hídricos

 Controlo da poluição

 Atribuição de direitos de utilização de água

 Gestão de cheia e secas;

 Gestãoeconómica;

 Gestão da informação;
 Envolvimento das partes interessadas;

 Planeamento dos recursos hídricos.

A gestão integrada de recursos hídricos materializa-se através da


execução deste conjunto de funções essenciais. As funções
relacionam-se com objectivos a atingir e que decorrem da politica
de agua adoptada por cada pais. Os objectivos devem ter em
consideração os recursos humanos, materiais e financeiros
disponíveis e o quadro legal institucional em que a gestão dos
recursos hídricos se insere. A cada função, corresponde a um
conjunto de actividades que deverão poder ser controladas através
de indicadores adequados.

MONITORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS


A monitoração dos RH é o processo de recolha e processamento de
informação de varias componentes do ciclo hidrológico, incluindo a
qualidade da água, de modo a, por um lado, conhecer-se a situação
de disponibilidade de água no ano hidrológico em curso e, por outro
lado actualizar as estatísticas das variáveishidrológicas que
caracterizam a disponibilidade dos recursos hídricos no longo
prazo. Assim a monitorização dos recursos hídricos serve quer a sua
gestão operacional, quer o seu planeamento.

Na definição de rede de monitoração das principais variáveis


hidrológicas e da qualidade da água, é fundamental ter em conta os
recursos humanos e financeiros disponíveis. Particularmente em
países em desenvolvimento como Moçambique, é preferível dispor
de um número mais reduzido de estações de medição desde que
haja um controlo da qualidade dos dados destas estações. Porém
instalar-se estações provisórias com objectivos específicos, como,
por exemplo, medição para calibração de um modelo hidrológico.
PRINCIPAIS VARIÁVEIS HIDROLÓGICAS MENSURÁVEIS
As principais variáveis hidrológicas a medir são a precipitação, a
altura hidrométrica, o caudal, o nível piezométrico e o nível de
águas em albufeiras. Em geral onde não se dispõe de instrumento
para medição contínua, a precipitação, a evaporação, a altura
hidrométrica e o nível de água em albufeiras, são medidos uma vez
por dia. O caudal deve sê-loquinzenalmente para permitir a
recalibração da curva de vasão. O nívelpiezométrico pode ser
medido semanalmente. Em períodos de cheias, as alturas
hidrométricas e os níveis de água em albufeiras devem ser medidas
várias vezes por dia.

Os valores médios devem ser analisados em seguida para


determinar possíveis erros humanos ou de equipamento, sendo
depois arquivado em bases de dados e processados para posterior
disseminação. Para essa função de monitorização, podem
considerar-se diversos indicadores como o número de estações
operacionais, o número de medições realizadas e a disponibilização
da informação da informação aos utilizadores da água e outras
partes interessadasatravés de anuários ou da internet.

CONTROLO DA POLUIÇÃO
A má qualidade de água, reduz a disponibilidade de RH, o problema
tende a agravar-se com o crescimento da população e da sua
progressiva urbanização, com a industrialização e com a
intensificação da agricultura. No controlo da poluição, deve
procurar-se prevenir a ocorrência de poluição, vito que tal é mais
eficiente do que combatê-la a posteriori.

Os principais objectivos da função de controlo da poluição na


gestão de recursos hídricos, são o de conhecer a extensão dos
problemas da poluição, existentes ou potenciais, impor medidas
para sua prevenção e controlo e licenciar a rejeição de efluentes, de
modo a que a qualidade dos corpos de água receptores se
mantenham num nível aceitável.

ATRIBUIÇÃO DE DIREITOS DEUTILIZAÇÃO DE ÁGUA


A atribuição de direitos de utilização da água e a definição de
caudais ecológicos estão estreitamente relacionadas com o
planeamento de recursos hídricos e com os planos de gestão de
bacias hidrográficas que se referem de forma pormenorizada mais
adiante.

A utilização de água tem de ser regulada para garantir que ela é


consumida de maneira socialmente equitativa (todos devem ter
oportunidade razoáveis de acesso, utilização e controlo de RH),
sustentável no ponto de vista ambiental e eficiente numa
perspectiva económica.

As atribuições de água devem tomar em consideração as variações


temporais das disponibilidades de RH. O caudal de um rio é uma
variável estocástica afectada por ciclicidade anual e pelas flutuações
inter anuais. A elevada fiabilidade exigida para os diversos tipos de
consumo, variando entre 95 e 98%, para consumo urbano na região,
energia, turismo e entre 80 e 90%, para irrigação, significa que a
disponibilidade dos recursos hídricos para fins de atribuição de água
é muito inferior à correspondente aos valores médios dos caudais e
essencialmente condicionada pelos períodos secos dos registos
históricos.

As atribuições de água devem ser feitas através de um contrato


entre entidades gestora dos RH da bacia hidrográfica e o utilizador,
com base nas disposições legais do país. A autorização da utilização
deve definir claramente o volume anual de captação autorizado, os
volumes máximos autorizados durante os meses de estiagem, as
condições em que a autorização pode ser restringida (por exemplo,
em caso de seca grave) ou retirada, (por exemplo, para ser atribuída
para um uso prioritário).

Para a emissão de licenças ou concessões, a entidade emissora


devera dispor de ferramentas importantes designadamente
informaçãohidrológicafiável a partir de uma rede estratégica de
estacoes hidrométricas e da correspondente base de dados, modelos
hidrológicos, modelos de análise de sistemas com informação
referenciada tanto quanto possível no sistema de
informaçãogeográfica. É igualmente importante que a entidade
gestora faça a monitorização dos consumos reais devendo esta
monitorização ser uma actividade de rotina a par da recolha da
informaçãohidrológica.

GESTÃO DE SECAS E CHEIAS


Os objectivos principais em relação a gesta de cheias são os de
prevenir a perda de vidas humanas e minimizar os impactos
negativos sociais e económicosdas cheias como perda de bens,
prejuízo nas infra-estruturas públicas e privada e perturbação da
vida social e económica.

Para se comprarem esses objectivos é necessário conhecer as zonas


vulneráveis e os riscos de inundação associados a diversos períodos
de retorno, o que se consegue através de uma adequada modelação
da propagação do hidrograma da cheia, correspondente a cada
período de retorno no rio e a sua planície de inundação.

Nas zonas mais vulneráveis, importa dispor de sistemas de avisos


de cheia em ligação com a protecção civil. Devem envolver-se as
comunidades, as instituições, as empresas e as pessoas afectadas no
planeamento das medidas de protecção e na sua implementação,
incluindo campanha regulares de sensibilização e educação das
populações.
O bom funcionamento de sistemas de avisos de cheias, implica
priorizar as estacoes pluviométricas e hidrométricas que são parte
desse sistema. No caso das bacias hidrográficas partilhadas, como
as de Moçambique, é necessário garantir uma boa coordenação com
os paísesdos montantes em termos de obtenção de
informaçãohidrológica em tempo real.

As grandes albufeiras podem ter um papel importante na mitigação


das pontas de cheia. Importa por isso garantir que a mitigação de
cheia é devidamente considerada nas regras de exploração de
barragens. Também a protecção de zonas vulneráveis com diques
de defesa e a manutenção de diques existentes são medidas
importantes para se alcançarem os objectivos colocados em relação
a gestão de cheias.

No que respeita as secas, os objectivos principais da gestão dos RH


são os de prevenirsituações de fome e falta de água potável nas
áreasrurais dos países menos desenvolvidos e minimizar os
impactos da seca no abastecimento de águas às zonas urbanas
agricultura e gado.

A mitigação dos impactos negativos das secas é mais complicadado


que as nos casos das cheias. O planeamento é fundamental para que
as medidas de mitigação sejam efectivas.

É importante ter regras objectivas definidas a nível nacional para


decretar que o pais ou uma região esta em situação de seca e sua
gravidade, para que as medidas de mitigação previstas possam ser
gradualmente introduzidas através da monitorização da progressão
da seca, da sua extensão e intensidade.
GESTÃO ECONÓMICA
Constituem objectivos da gestãoeconómica a utilização de
instrumentos económicos e financeiros para garantir o
funcionamento das entidades gestoras dos recursos hídricos, para
aumentar a eficiência do uso de água e para reduzir a poluição.

Esses objectivos são justificados pela crescente escassez relativa


uma vez que o crescimento da população provoca a redução da
capitação dos RH e consequentemente o valor do recurso água. A
água é um recurso utilizado em actividades económicas lucrativas.
A disponibilização de água com qualidade e elevada fiabilidade
implica grandes investimentos em barragens redes de distribuição,
estacoes de bombagens e outras infra-estruturas.

O princípio a seguir é que o preço da água bruta deve cobrir os


custos de financiamento das entidades gestoras de operação das
redes hidrometeorológicas de monitorização dos consumos e de
manutenção das infra-estruturas. Os investimentos em grandes
infra-estruturas nãosãoincluídos neste nível de recuperação de
custos. Por outro lado a ênfase na gestão de água necessita de
instrumentos económicos e financeiros para promover a
eficiênciaeconómica e a melhoria da qualidade da água. A tendência
para uma maior eficiênciaeconómica no uso de água tem levado
nãosó à diminuição de perdas no sistema de abastecimento urbano e
em regadios, mas ate mesmo a passagem de concessões de água da
agricultura para indústria.

O controlo da rejeição de efluentes será em princípio baseado nas


normas em vigor que visa a preservação da saúdepública e
conservação ambiental. As licenças paramrejeição de efluentes
deveria ser taxadas em função da carga poluente e da capacidade do
meio receptor.
GESTÃO DE INFORMAÇÃO
A gestão da informação é o processo organizado de recolha de
dados e outas informação de diferentes fontes do seu processamento
e armazenamento e da sua disseminação para diversos destinatários.
As políticas de águas de Moçambique considera que “ a
disseminação da informaçãodisponível é essencial para promover
uma gestão participativa da água e para capacitar as partes
interessadas, devendo ser promovida activamente pelas várias
instituições que recolhem e processam os dados, usando meios
como internet e incluindo a publicação anual da informação
processada em papel e em suporte digital”.

A disseminação da informação permite processos de decisão mais


transparentes, ajuda a criar consensos e promove empenho e apoio
as decisões tomadas. Parte da informação é permanente, como os
nomes dos rios ou as características das bacias hidrográficas. A
maior parte da informação relevante tem no entanto, caracter
dinâmico, sobretudo a informaçãohidrológica. A informação obtida
directamente de equipamentos de medição ou de levantamento de
campo é informação bruta que tem de ser analisada e eventualmente
corrida, sendo essa informação processada e armazenada de
maneira segura.

A informação a disseminar para os utilizadores e para publico em


geral antraz de relatórios, boletins ou da internet, é informação
tratada, devendo ser apoiada em mapas e gráficos de modo a ser
facilmente perceptível para os seus destinatários. Na informação a
disseminar, assume particular relevo a produzida em situações de
cheia ou seca e na ocorrência de caso despoluição.

A informação a divulgar, pode ser dos mais diversos tipos, desde


anuáriohidrológico, contendo um sumario da informação recolhida
e uma analise comparativa com as series históricas, até uma lista de
concessionários de agua, comos respectivos volumes contratados e
efectivamente utilizados, passado por boletins informativos sobre
situações de cheias ou problemas se poluição ocorridos.

PLANEAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS


Objectivos e conteúdos do Plano dos Rh.
Uma boa gestão implica necessariamente um adequado
planeamento para que todas as intervençõesnecessárias sejam
suficientemente analisadas e debatidas pelas partes interessadas e
acordadas na maior base consensual possível e em tempo útil.

Dentre os instrumentos considerados para o planeamento dos RH,


figuraram os planos de gestão de bacias hidrográficas. A bacia
hidrográfica é a unidade básica de gestão de recurso hídricos, uma
vez que é a nível dessa unidade geográfica que se verifica a maior
interdependência entre as diversas formas de ocorrência e de
utilização de agua (CUNHA at al, 1980) .

A política de águas em Moçambique aprovada em 2007, diz a


respeito: “ o crescimento das necessidades de água para diversos
fins é uma fonte potência de conflitos e o estado tem a
responsabilidade de os prever e definir soluções justas adequadas. O
planeamento a nível da bacia hidrográfica é o principal instrumento
para preparar e implementar em avanço as medidas necessárias.

O plano de gestão e bacias hidrográficasperspectiva a gestão e o


desenvolvimento dos recursos hídricos da bacia, integrando as
componentes hidrológicas, ecológicas, social e económica no
contesto das realidades da bacia hidrográfica. Este plano orienta as
actividades das entidades gestoras dos recursos hídricos a nível da
bacia hidrográfica e permite as partes interessadas monitorizarem o
modo como se gerem os recursos hídricos da bacia.

O plano de bacia deve tomar em consideração a disponibilidade de


recursos hídricos, o contesto socioeconómico em que a bacia se
encontra inserida e as actividades e projectos que necessitam de
águaou influenciamos recursoshídricos, como o abastecimento de
água e o saneamento, os caudais ecológicos, a irrigação, a floresta
plantada, a energia hidroeléctrica, o consumo industrial, o turismo,
navegação, rejeição de efluentes de indústrias mineira e outros usos.

No ciclo de planeamento, deve ser a entidade gestora dos RH da


bacia e iniciar o processo de preparação do plano da bacia, com
base em documentos legais e de políticas do sector de águas
garantindo o necessário apoio institucional e o envolvimento de
partes interessadas.

A elaboração do plano da bacia exige um bom conhecimento sobre


a situação da bacia, incluindo aspectos como:

Demografia e caracterização socio económica;

 Ocupação dos solos;

 Actividades económicas;

 Potencial de desenvolvimento;

 Caracterizaçãofisiográfica-geometria, relevo, hidrografia,


geologia, solos, cobertura vegetal;

 Avaliação dos recursos hídricos- precipitação, evaporação,


alturas e caudais, águasubterrâneas, cheias;

 Qualidade de água e fontes de poluição

 Infra-estruturas hidráulicas;

 Biodiversidade e estado de conservação ambiental;


figura 6: Estrutura da gestão integrada.

Metas dos serviços: conservação do meio ambiente urbano e


qualidade de vida, nas quais estão Incluídas a redução de cheias e a
eliminação de doenças de veiculação hídrica.

Institucional: baseia-se no gerenciamento dos serviços, na


legislação, na capacitação e no monitoramentode forma geral.

A gestão da cidade relacionada com a infra-estrutura da água


envolve: (a) uso do solo (agenteexterno ao sistema de águas); (b)
serviços da cidade(abastecimento, esgoto, drenagem eresíduos
sólidos); e (c) metas (meio ambiente: conservação do ambiente
urbano e saúde dapopulação) (fi g. 6).

Os Serviços

Os serviços da cidade prevista na Política Nacional de Saneamento


são os seguintes:

Abastecimento de água: envolve a entrega de água segura para a


população e envolve osseguintes componentes: conservação dos
mananciais, regularização, adução, tratamento da água e
distribuição.

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