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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Manaus - 20/02/2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CAROLINE SANTOS DA SILVA - 21950874

CESAR MARQUES JUNIOR - 21951876

DEONIR TASSO JUNIOR - 21950870

ERLI GOMES DA SILVA - 21951795

FABRÍCIO SANTOS - 21954311

MANOELA DE SOUZA BATISTA - 21954370

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Este trabalho foi solicitado para


obtenção de nota parcial na
disciplina FTH 065 - Engenharia
Ambiental, ofertada no período
2021/1.

Prof°. Mestre. Rômulo Mota Teixeira

Manaus - 20/02/2022
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Sumário

Introdução 3

Objetivos: 4
Objetivos Gerais: 4
Objetivos Específicos: 4

Recursos Hídricos 5

Gestão de Recursos Hídricos 6


Gestão eficiente de Recurso Hídricos 7

Engenharia dos Recursos Hídricos 9

Demandas de Recursos Hídricos 10

Aspectos Importantes do Gerenciamento dos Recursos Hídricos 12


Aspectos organizacionais 12
Aspectos Institucionais 13
Aspectos Operacionais 16

Conclusão 19

Referência Bibliográficas 20

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Introdução

A gestão de recursos hídricos é definida como ações que regularizam o uso, controlam
e protegem os recursos hídricos, de acordo com a legislação e normas pertinentes. Integra
projetos e atividades que visam a recuperação e preservação da qualidade e quantidade dos
recursos de bacias hidrográficas e atua na recuperação e preservação de mananciais, nascentes
e cursos d’água em locais urbanos. Podem-se abranger vários tópicos na gestão de recursos
hídricos, dentre eles: desassoreamento, controle de erosão, contenção de encostas,
reassentamento de população, uso e ocupação do solo para preservação de mananciais, entre
outros.

A Lei 9.433 de 8 de janeiro, se baseia nos fundamentos de que a água é recurso natural
escasso e de domínio público, com isso visa assegurar o acesso à água de boa qualidade e nas
quantidades demandadas às atuais e às futuras gerações. Para isso existe a necessidade de um
sistema entre os instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, como por exemplo,
modelos matemáticos e Sistemas de Suporte à Decisão (SSD). O serviço de gestão de
recursos hídricos tem por finalidade a otimização dos recursos hídricos contribuindo para o
meio ambiente e gerando mais economia para indústrias.

Objetivos:
Este seminário foi realizado com o intuito de alcançar alguns objetivos, dentre eles:

● Objetivos Gerais:

○ Aprender sobre e saber conceituar o que é a gestão de recursos hídricos

○ Estudar sobre impactos da gestão de recursos hídricos no meio ambiente

○ Entender como pôr em prática a gestão de recursos hídricos

● Objetivos Específicos:

○ Compreender sobre as formas de tratamento de efluentes

○ Ter dimensão do panorama nacional e global da gestão de recursos hídricos

○ Se atualizar sobre as novidades sobre os temas discorridos

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Recursos Hídricos

Devido ao uso da água em determinadas atividades ela é considerada um recurso


finito, escasso e de valor econômico, com isso a boa gestão desse recurso é essencial para o
desenvolvimento das sociedades. As características dos constituintes da água variam de
acordo com o ambiente de onde são originadas, sofrendo também com alterações no decorrer
do seu curso e do ciclo hidrológico, alterando assim suas propriedades.

Os aspectos de quantidade e qualidade são indissociáveis. O tratamento prévio dos


efluentes advindos das ações antrópicas é fundamental para a conservação dos tipos de
mananciais. A água também pode servir como veículo de transmissão de doenças, sendo
portanto, uma questão de saúde pública.

A utilização da água pode ser de caráter consultivo, quando somente parte da água
retorna ao curso natural dos rios, ou de caráter não consultivo, onde toda a água captada
retorna ao curso de origem com suas características alteradas. Os principais usos consuntivos
são: Abastecimento de água urbano e rural, onde se faz necessário diversos estudos para a
construção de um Sistema de Abastecimento de Água (SAA), estudos esses que buscam
garantir a capacidade de abastecimento do SAA para uma população em um horizonte de no
mínimo 20 anos, seguindo uma série de parâmetros sobre a qualidade e quantidade do
recurso. Abastecimento Industrial de diversos tipos, onde cada tipo tem um coeficiente de uso
e perdas dependendo do ramo e tecnologia empregado nos processos. Irrigação, prática para
complementar a necessidade de água para o crescimento de plantas, esse sendo uso de água de
maior consumo, que faz com que seja preciso um maior emprego de padrões e tecnologias
para aumentar a eficiência do uso da água. Já sobre os usos não consultivos é válido citar:
Geração de energia elétrica, navegação, recreação e pesca.

É previsto que a população mundial se estabilize por volta de 2050, entre 10 e 12 bilhões de
habitantes, o que significa um aumento significativo nas demandas por recursos hídricos, ao
mesmo tempo que a quantidade de água disponível será constante. A figura 1 demonstra a
distribuição de água na Terra e seus estoques.

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Figura 1 - Distribuição de água na Terra

Fonte - Introdução ao gerenciamento de recursos hídricos

Gestão de Recursos Hídricos

A gestão de recursos hídricos é um processo sistemático para desenvolvimento


sustentável, alocação e monitoramento de uso dos recursos hídricos no contexto de metas e
objetivos sociais, econômicos e ambientais. As condições de acesso aos recursos hídricos são
possíveis através de uma boa gestão e adequado processo político.

No contexto de recursos hídricos, o planejamento pode ser definido como um conjunto


de procedimentos organizados com o objetivo de atender as demandas relativas ao uso da

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água, tendo em vista o caráter escasso de recursos hídricos. A gestão de recursos hídricos se
realiza através de processos sistêmicos e integrados de planejamento e administração. Pode-se
citar alguns princípios do gerenciamento de recursos hídricos: acesso aos recursos hídricos
deve ser um direito de todos; a água deve ser considerada um bem econômico; bacia
hidrográfica deve ser adotada como unidade de planejamento; a disponibilidade da água deve
ser distribuída segundo critérios sociais, econômicos e ambientais; desenvolvimento
tecnológico e desenvolvimento de recursos humanos deve ser constante; educação ambiental
deve estar presente em toda ação programada.

Gestão eficiente de Recurso Hídricos

Situações de escassez hídrica recentemente ocorridas têm intensificado as discussões


sobre a necessidade de as empresas priorizarem a gestão de recursos hídricos motivadas pela
necessidade de gerenciamento de riscos ao seu negócio. Por isso, a adoção de um processo
estruturado de gerenciamento no uso de água pode reduzir as vulnerabilidades da empresa em
relação ao suprimento de água e os conflitos com as comunidades locais e os demais usuários.
Se uma gestão sustentável de recursos hídricos não pode ser assegurada, a crescente demanda
pela água certamente acarretará consequências. Para conter esse risco, as indústrias precisam
se tornar mais independentes do fornecimento de água para os seus processos de produção,
bem como aumentar a eficiência no uso do recurso. De acordo com o relatório da
Confederação Nacional da Indústria (CNI) “Água, Indústria e Sustentabilidade” de 2013:

O maior controle sobre os produtos e processos é uma tendência que coloca em


pauta novas exigências ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. Atender
à crescente demanda global com menor pressão sobre os recursos naturais,
entre os quais a água, já está na agenda dos negócios. As empresas que
responderem a esses desafios com maior agilidade e soluções inteligentes
estarão à frente no quesito competitividade. (CNI, 2013, p. 12).

Vale ressaltar que, à medida que as certificações ambientais avançaram e o conceito de


sustentabilidade começou a fazer parte da estratégia das empresas, a gestão eficiente de
recursos hídricos nas indústrias aumentou significativamente.

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Estudos Relevantes Sobre tratamento de Recursos Hídricos

Anaerobic submerged membrane bioreactor (AnSMBR) treating municipal wastewater


at ambient temperature: Operation and potential use for agricultural irrigation

Em um contexto atual de alto crescimento populacional e, consequentemente, um


aumento da demanda global por água potável e uma má gestão dos recursos disponíveis, a
necessidade de se buscar novas fontes de água vem ficando cada vez maior. Uma das formas
mais utilizadas para se obter água fresca é tratar águas residuais, sendo mais fácil realizar esse
procedimento em águas de baixo impacto ambiental, como as águas residuais domésticas.
Para esse fim, foi constatado que os tratamentos anaeróbios são bastante eficientes e
ainda são produtores de biogás rico em Metano que pode ser utilizado para gerar energia,
porém, mesmo com a combinação deles com a utilização de membranas, a sensibilidade à
variação de temperatura do efluente é algo que merece destaque, visto que à temperaturas
abaixo de 15°C, a sua eficiência diminui drasticamente e a produção de biogás reduz quase a
zero, tendo que ser operado dentro de um espectro de 25 a 20°C.
Após a obtenção do efluente tratado, é necessário constatar as suas condições
físico-químicas e verificar se elas atendem às normas estabelecidas pelas autoridades locais
para o uso idealizado. Devido às características do tratamento anaeróbio com membranas,
muitas vezes os efluentes resultantes apresentam condições adequadas para utilização em
irrigação de plantações, obtendo performances de 89% de remoção de demanda química de
oxigênio quando operado em temperaturas adequadas.
Esse tipo de utilização da água tratada em reatores anaeróbios com membranas é
benéfica para os vegetais visto que apresentam em suas composições amônia e ortofosfatos,
nutrientes excelentes para a saúde do solo, porém deve se prestar atenção à presença de
patógenos no efluente, os quais podem comprometer a qualidade da produção.

Enhancing anaerobic treatment of domestic wastewater: State of the art,


innovative technologies and future perspectives

Dentro da gestão dos recursos hídricos tem-se uma ampla gama de efluentes que
apresentam variados impactos ao ambiente após despejados de maneira incorreta sendo a
gravidade dos efeitos gerados relacionada com a origem de cada um. Ao contrário do saber
popular, até a água residual doméstica, que apresenta baixas concentrações de demanda

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química de Oxigênio e carga orgânica quando comparada com efluentes mais pesados, causa
um impacto significativo se não tratada de maneira correta antes de ser devolvida ao meio
ambiente.

Dentre algumas formas de se tratar águas residuais domésticas, algumas das mais
empregadas envolvem tratamento aeróbico e anaeróbico, o tratamento aeróbio entrega
efluentes de boa qualidade mas em contrapartida, tem uma demanda energética alta e exige
maiores custos de manutenção em detrimento da grande quantidade de lodo gerado, olhando
sob esse prisma, a utilização de tratamentos anaeróbios foi incentivada visto que eles
entregam bons resultados, uma demanda de energia mais baixa e uma menor quantidade de
lodo gerado.

Existem diversos fatores que devem ser considerados ao escolher a melhor forma de
tratar um resíduo, quando se tratam de águas residuais domésticas e dentro do universo dos
tratamentos anaeróbios, existem opções como reatores UASB, reatores EGSB, Filtros
anaeróbios, Reatores anaeróbios compartimentados, associações entre esses reatores,
metodologias de alta eficiência aplicadas a esses, entre outros. As questões levantadas na
escolha devem ser relacionadas à temperatura da água a ser tratada, espaço disponível para
instalação e orçamento.

Na américa latina, devido à temperatura ser mais alta, dos tratamentos mais utilizados,
o de tipo anaeróbio mais utilizado é o reator UASB, representando 17% do quadro de
tratamento de esgoto e no Brasil, representa cerca de 80% de todo o tratamento de esgoto
sendo que, o sucesso tão significativo desse modelo se deve principalmente ao baixo custo de
implantação.

Engenharia dos Recursos Hídricos

Uma gestão de águas eficiente deve ser constituída por uma política, que estabeleça as
diretrizes gerais, um modelo de gerenciamento, que estabeleça a organização legal e
institucional e um sistema de gerenciamento, que reúna os instrumentos para o preparo e
execução do planejamento do uso, controle e proteção das águas. Os estudos e o
aperfeiçoamento da gestão de águas decorrem de fatores como: desenvolvimento econômico,

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crescimento populacional, expansão da agricultura, pressões regionais, urbanização,
mudanças tecnológicas e sociais.

Com isso, a engenharia de recursos hídricos integra um processo de formação de


capital no qual o recurso natural básico é a água. Quando a distribuição dos locais, onde a
água é disponível, não está adequada com o padrão das demandas de consumo, a solução é a
procura em outros locais onde seja disponível, seja subterrânea ou superficialmente, em outras
localidades. De forma oposta, quando o problema se trata de cheias, a solução pode ser obtida
com a construção de canais, bueiros ou outras estruturas que desviem parte das águas para
locais onde possam ser acomodadas adequadamente.

Dessa forma, o padrão espacial de disponibilidade de água foi alterado para adequá-lo
ao padrão espacial das demandas. Outra possibilidade é a criação e exploração de reservas de
água, ou reservatórios, que visa a acumulação de água (ou formação de reservas) nos períodos
de cheia e uso das reservas previamente formadas no período de seca. Dessa maneira, o
padrão de disponibilidade da água pode ser alterado com o tempo, ao padrão das demandas.
Logo, as funções da engenharia de recursos hídricos são as adequações espaciais e temporais,
qualitativas e quantitativas dos padrões de disponibilidade aos padrões das demandas de água.

Demandas de Recursos Hídricos

Praticamente todas as atividades humanas requerem água, desde um simples trabalho


em um escritório até a produção dos diversos itens consumidos pelo homem, além da própria
vida. Com isso, a demanda de água é intensificada com o desenvolvimento econômico, tanto
no que se refere ao aumento da quantidade da demanda para determinado uso, quanto no que
se refere à variedade dessas utilizações.

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Figura 2 – Demanda consuntiva total (estimada e consumida) no Brasil

fonte: Manual de Gestão eficiente de Recursos Hídricos - 2016

O consumo de água por parte da indústria, apesar de não ser o mais significativo,
compete com o abastecimento urbano uma vez que a maior parte das indústrias está instalada
em regiões metropolitanas ou em áreas muito próximas a elas. Originalmente, a água era
usada principalmente para dessedentação e outros usos domésticos, criação de animais e
outros usos agrícolas a partir da chuva e, menos freqüentemente, com suprimento irrigado. À
medida que a civilização se desenvolveu, outros tipos de necessidades foram surgindo,
disputando águas muitas vezes escassas e estabelecendo conflitos entre usuários. E estão em
três classes: Infraestrutura social: a água é um bem de consumo final; Agricultura e
aquicultura: visando a criação e o desenvolvimento de espécies animais ou vegetais de
interesse para a sociedade; Industrial: demandas para atividades de processamento industrial e
energético.

Como citado anteriormente, quanto à natureza da utilização existem três


possibilidades: Consuntivo: refere-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural
diminuindo suas disponibilidades quantitativas, espacial e temporalmente; Não-consuntivo:
refere-se aos usos que retomam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água
utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade
quantitativa; Local: refere-se aos usos que aproveitam a disponibilidade de água em sua fonte
sem qualquer modificação relevante, temporal ou espacial, de disponibilidade quantitativa.

Os conflitos de uso das águas podem ser classificados como: Conflitos de destinação
de uso, ocorre quando a água é utilizada para destinações outras que não aquelas estabelecidas
por decisões políticas, fundamentadas ou não em anseios sociais; Conflitos de disponibilidade

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qualitativa,situação onde o consumo excessivo reduz a vazão de estiagem deteriorando a
qualidade das águas já comprometidas pelo lançamento de poluentes. Tal deterioração, por
sua vez, torna a água ainda mais inadequada para consumo; Conflitos de disponibilidade
quantitativa, situação decorrente do esgotamento da disponibilidade quantitativa devido ao
uso intensivo. Exemplo: uso intensivo de água para irrigação impedindo outro usuário de
captá-la, ocasionando, em alguns casos, esgotamento das reservas hídricas. Esse conflito pode
ocorrer também entre dois usos não-consuntivos: operação de hidrelétrica com
estabelecimento de flutuações nos níveis de água que acarretam prejuízos à navegação.

Aspectos Importantes do Gerenciamento dos Recursos Hídricos

Os aspectos mais importantes para o gerenciamento dos recursos hídricos, são os


aspectos organizacionais, institucionais e operacionais, que serão explicados a seguir.

Aspectos organizacionais

O gerenciamento de um recurso ambiental escasso e que é importante para várias


funções, deve ser realizado por um sistema estruturado na qual uma das dimensões trata do
gerenciamento de seus múltiplos usos e a outra do gerenciamento de sua oferta, das
intervenções e do interinstitucional .

O Gerenciamento do uso setorial dos recursos hídricos, está relacionado com as


medidas que visam o atendimento das demandas setoriais de uso da água. Esse gerenciamento
é levado a efeito por meio de planos setoriais e ações de instituições públicas e privadas
ligadas a cada uso específico das águas: abastecimento público e industrial, esgotamento
sanitário, irrigação, navegação, geração de energia, recreação, e outros usos.

O Gerenciamento da oferta de águas é a função deliberativa e executiva de


compatibilização dos planos multissetoriais de uso dos recursos hídricos, propostos pelas
entidades que executam o gerenciamento das intervenções na bacia hidrográfica, adiante
definido, com os planos e diretrizes globais de planejamento estabelecidos pelo poder público
que, constitucionalmente, tem o domínio das águas. Deve ser adotado o instrumento de
planejamento estratégico por bacia hidrográfica, monitoramento, outorga e administração das

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medidas indutoras do cumprimento das diretrizes estabelecidas pela negociação social
efetivada. O Gerenciamento das intervenções na bacia hidrográfica Trata da projeção espacial
das duas funções anteriores no âmbito específico de cada bacia hidrográfica, visando a:
compatibilização dos planos setoriais elaborados pelas entidades que executam o
gerenciamento dos usos setoriais das águas na bacia com os planos multissetoriais de uso dos
recursos hídricos. Cabe ao poder público zelar pela sua compatibilização de forma que seu
uso implique o máximo de benefícios para a sociedade.

O Gerenciamento interinstitucional é a função que visa a integração das demais


funções gerenciais entre si, dos órgãos e instituições ligados à água, com especial ênfase à
questão desenvolvimento (crescimento econômico, eqüidade social e proteção ambiental) e do
sistema de gerenciamento das águas ao sistema global de coordenação e planejamento do
Estado.

De maneira geral, pode dizer-se que a organização institucional da gestão das águas
tem evoluído de modo semelhante em diferentes países. Tendo em vista que onde a água é
abundante e não ocorrem problemas graves de poluição, convém harmonia entre as
autoridades administrativas responsáveis. Entretanto, onde a água é mais escassa, setores da
administração interessados na gestão das águas vão entrando cada vez mais em conflito,
ocorrendo frequentemente sobreposições e perdas de eficiência. Por isso, Uma estrutura
orgânica de gestão dos recursos hídricos tem por finalidade assegurar a execução da política
adotada, com vista a satisfazer os objetivos fixados de acordo com os princípios orientadores
da gestão dos recursos hídricos e por meio do desenvolvimento de um certo número de ações,
implicando a intervenção paralela e coordenada de vários órgãos e organismos com jurisdição
nos diversos domínios relacionados com a água e que se podem agrupar nas seguintes
categorias: órgãos e organismos que têm a seu cargo a gestão dos recursos hídricos; o
planejamento do desenvolvimento econômico social e órgãos e organismos com jurisdição em
domínios relacionados com a água.

Aspectos Institucionais

Em Salvador - BA, 1987, iniciava na Associação Brasileira de Recursos Hídricos -


ABRH, as discussões sobre o sistema de gerenciamento de recursos hídricos. Seus resultados,
então, constariam em cartas aprovadas nas assembléias gerais que constatam a evolução dos
debates sobre os aspectos institucionais do gerenciamento de recursos hídricos. Temos como
exemplos a introdução de temas institucionais para discussão interna na ABRH na Carta de
13
Salvador, os princípios básicos, desde o reconhecimento do valor econômico da água até a
cobrança pelo seu uso, na Carta de Foz do Iguaçu e a priorização da reversão da dramática
poluição das águas e outros aspectos na Carta do Rio de Janeiro.

A Lei Federal n. 9.433, de 08/01/1997, institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e dá outras providências. É caracterizada pela
proclamação de princípios básicos praticados nos dias atuais em todos os países que avançam
nessa gestão como: usos múltiplos da água, reconhecimento da água para bens vulneráveis,
gestão participativa e adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento. Nesta Lei
ainda são considerados 5 aspectos relevantes e essenciais para a boa gestão do uso da água:
Plano Nacional de Recursos Hídricos, outorga de direito de uso dos recursos hídricos,
cobrança pelo uso da água, enquadramento dos corpos de água em classes de uso e Sistema
Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.

Vários estados possuem e aprovaram suas respectivas leis de organização


administrativa para o setor de recursos hídricos, totalizando 19 estados. Têm-se constatado
que algumas leis não se adequaram às condições locais, passando por revisões e ajustes. Em
1976 um marco importante aconteceu para o gerenciamento de gestão de recursos hídricos.
Um Acordo entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Governo do Estado de São
Paulo (GESP) ocasionou a melhoria nas condições sanitárias nas bacias dos rios Tietê e
Cubatão, além de proporcionar o abastecimento de água e tratamento e disposição de esgotos.
Assim, foi criado o Comitê Especial e o Comitê Executivo, e alguns subcomitês técnicos.
Além do mais, entre 1976 e 1983, houve uma fase do comitê que o levou a tomar importantes
decisões como a reforma da barragem de Guarapiranga após uma enchente.

Com o Acordo MME/GESP, por meio da Portaria Interministerial n. 90 de


29/03/1978, um novo comitê foi criado com objetivo de ter um estudo integrado com
acompanhamento da utilização racional dos recursos hídricos e de obter as classificações dos
cursos de água da União, chamado Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias
Hidrográficas - CEEIBH. Em diversas bacias hidrográficas de rios de domínio federal foram
criados comitês vinculados ao CEEIBH, obtendo o impulso inicial com o apoio do DNAEE
no processo e gerando bom funcionamento devido aos apoios de entidades estaduais. Além
disso, seu adequado funcionamento está ligado também às suas dimensões políticas, seus
aspectos jurídicos e institucionais.

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O DNAEE promoveu a criação do Comitê Executivo de Estudos Integrados do Rio
Guaíba - CEEIG devido a falta de entidades estatais executivas de recursos hídricos e por
causa da importância do rio Guaíba, diferenciando-se dos demais comitês por falta de força
política. Surgiu também os comitês de bacias dos Sinos e do Gravataí, ambos afluentes do
Guaíba, em 1988. Assim cabe citar sobre a importância dos modelos composto pelos comitês
de bacias, bem como suas agências de água e cobrança pelo uso, bem como sua implantação
que implica em mudanças importantes nas leis preexistentes, na postura e comportamento dos
administradores públicos.

A implantação do gerenciamento de recursos hídricos precisa ser vista como um


processo político, progressivo, em etapas sucessivas de aperfeiçoamento e que respeitam as
peculiaridades de cada bacia ou região brasileira. As leis nacionais devem permitir soluções
diversificadas e progressivas sem obrigar a adoção de soluções incompatíveis com as
condições econômicas, políticas e sociais de cada região ou estado. A Medida Provisória n.
2.123-27, de 27/12/2000 altera dispositivos da Lei n. 9.649, de 27.05/1998, que dispõe sobre a
organização da Presidência da República e dos Ministérios e que define para a área de
recursos hídricos as competências: Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Integração
Nacional, Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Ministério de Minas e Energia,
Ministério dos Transportes, Ministério da Defesa, Ministério da Saúde, Ministério da Ciência
e Tecnologia, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e Ministério das Relações
Exteriores.

O Ministério do Meio Ambiente é formado por políticas de preservação, conservação


e utilização sustentável de ecossistemas, políticas para integração de meio ambiente e
produção, programas ambientais para Amazônia Legal, zoneamento ecológico-econômico,
entre outras políticas e programas. O Ministério da Integração Nacional é constituído pela
defesa civil, ordenação territorial, obras públicas em faixas de fronteiras, por formulações e
alguns acompanhamentos e avaliações dos programas integrados. O Ministério da Agricultura
e do Abastecimento é responsável pela proteção, conservação e manejo do solo e da água,
voltados para o processo produtivo agrícola e pecuário.

O Ministério de Minas e Energia é voltado para geologia, aproveitamento da energia


hidráulica, mineração, metalurgia, combustível e energia elétrica. O de Transportes, política
nacional de transportes, sejam eles do tipo ferroviário, rodoviário ou hidroviário, marinha
mercante, portos e vias navegáveis. O Ministério da Defesa é constituído pela política

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marítima nacional, infraestrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária, além da segurança
de navegação aérea e de tráfego hidroviário. O Ministério da Saúde, por sua vez, se
responsabiliza pela saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde
individual e coletiva, além de oferecer a ação preventiva como vigilância e controle sanitário
de fronteiras e portos.

O Ministério da Ciência e Tecnologia planeja, coordena, supervisiona e controla as


atividades de ciência e tecnologia. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão realiza
estudos e pesquisas. O das Relações Exteriores é dirigido à participação de negociações
comerciais, econômicas, técnicas e culturais. Além disso, constitui-se por programas de
cooperação internacional e oferece apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras.

Aspectos Operacionais

A implementação de uma política de gestão dos recursos hídricos é concretizada por


um conjunto de ações. No planejamento ocorre o desenvolvimento de alternativas para atingir
um determinado fim. Assim, é considerado a formulação de objetos, diagnósticos,
levantamentos de dados, elaboração de planos alternativos e comparações entre eles, gerando
no final uma decisão, programação, implementação e controle. Para que o processo seja
eficiente é importante levar em conta a troca de ideias, propostas e contrapropostas
mencionadas. Cabe citar o planejamento econômico-social, imposto para orientar as
atividades nos âmbitos global, setorial e regional e organizar o aproveitamento de recursos
existentes. Os recursos hídricos no processo de planejamento econômico-social fazem-se
através do planejamento transversal, este levado a cabo em sobreposição coordenada com o
planejamento setorial e regional.

O planejamento setorial tem por objetivo elaborar planos que visam atingir objetivos
setoriais estabelecidos. O planejamento regional, por sua vez, procura definir uma estratégia
para o ordenamento físico do território nacional, aponta critérios para a utilização do solo e
recursos naturais, as redes de comunicações, a rede energética, etc. E por fim, o planejamento
transversal, que visa a atribuição correta dos recursos cuja disponibilidade não pode aumentar
significativamente, como recursos humanos e naturais (água, solo, florestas e ar). O
planejamento da utilização dos recursos hídricos é um caso típico de planejamento transversal
que resulta do conhecimento da água como um recurso indispensável a setores que
impulsionam o desenvolvimento econômico-social.

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A primeira etapa para começar o planejamento dos recursos hídricos corresponde à
definição das necessidades sociais relacionadas com problemas de recursos hídricos. A partir
disso, os objetivos sociais passam a ser objetivos técnicos e são definidas as necessidades de
abastecimento de água em qualidade e quantidade. Logo após, é feito o levantamento e
análise de dados em relação às características climáticas, fisiológicas, hidrológicas,
demográficas, econômicas e outras da região estudada. É na quinta etapa que são
identificadas as soluções possíveis formalizadas através da elaboração de planos alternativos.
Também é nessa etapa que estudos prévios e de estimativas de custo são elaborados.

Uma vez elaborados os planos alternativos, há a avaliação em função dos objetivos


técnicos, de forma a fornecer todos os elementos necessários para a escolha do plano mais
conveniente. E é na última etapa em que há a intervenção política e realização da escolha do
plano que melhor satisfaça os objetivos citados e fixados. Assim, o processo de planejamento
é o resultado da conjugação de intervenções técnicas e políticas. Depois da conclusão da fase
de formulação do planejamento, segue-se para as etapas finais correspondentes à
programação, implementação e controle do plano escolhido.

No planejamento dos recursos hídricos visam-se três escalões considerados em


qualquer processo de planejamento, que correspondem ao longo, médio e curto prazo. O de
longo prazo visa a definição das linhas gerais de desenvolvimento da política de gestão das
águas e o estabelecimento de programas de execução. Em contrapartida, o planejamento a
médio prazo procura definir o desenvolvimento da política de gestão das águas, as relações
entre água e setores de economia, as necessidades de água em quantidade e qualidade e as
disponibilidades de meios técnicos e financeiros para satisfazer essas necessidades. O
planejamento de curto prazo procura concretizar a realização dos objetivos do planejamento a
médio prazo.

Para uma adequada gestão de águas é necessário o estabelecimento do balanço de


recursos e necessidades de água em cada uma e no conjunto das bacias hidrográficas de um
país ou região que abrange um conjunto de países, e a realização e permanente atualização de
inventários. Por meio disso, os recursos hídricos podem ser avaliados sob duas perspectivas: a
das potencialidades e a das disponibilidades. Para realizar o inventário das necessidades de
água é fundamental definir métodos de previsão ou de projetos da procura de água.

Um método muito usado de projeção é o da extrapolação da procura de água a partir


do conhecimento da sua evolução, porém apresenta resultados pouco aceitáveis
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principalmente quando se trata de extrapolações a longo prazo, pois não considera as
modificações dos fatores sociais e econômicos. A definição de métodos adequados para a
projeção das necessidades de água é um dos aspectos essenciais de uma política de gestão dos
recursos hídricos. São elas: necessidades de água para abastecimento urbano, para a
agricultura, para pesca, indústrias, navegação, produção de energia e para utilizações culturais
e recreativas.

Entre as obras que dependem das entidades encarregadas da gestão das águas, as mais
importantes são:
- barragens e outras obras que visam o aproveitamento dos recursos hídricos e ainda
obras para transferência de água entre bacias hidrográficas;
- diques, canais, açudes, eclusas e outros tipos de obras hidráulicas para controle de
cheias, regularização fluvial e navegação;
- captações e grandes aduções regionais de água de abastecimento;
- grandes emissários e executores coletivos de águas residuais;
- instalações coletivas de depuração de águas residuais.

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Conclusão

Atualmente, sabe-se que a água é um recurso escasso e, ao mesmo tempo,


imprescindível para a vida humana. Com a dinâmica do crescimento populacional e o
desenvolvimento econômico das sociedades, a demanda por esse recurso é cada vez mais alta
e, por conseguinte, o volume de água disponível também têm que acompanhar essa tendência.
Dentro desse prisma, faz-se necessário a implantação de práticas que atuem nessa
problemática, assim surgindo a gestão de recursos hídricos, conceituada como um conjunto de
práticas que visam garantir a oferta de água potável a gerações atuais e futuras de maneira
eficiente e sustentável.
Outros pontos que a gestão de recursos hídricos trata são as condições necessárias que
o efluente tratado deve apresentar para ser devolvido ao ambiente ou reutilizado, sendo os
requisitos correspondentes à cada atividade de reuso e os impactos que a devolução de
maneira incorreta desses efluentes causaria ao meio ambiente. Também aborda a distribuição
espacial da água no território nacional e questões como volume excessivo em alguns locais,
causando cheias e enchentes e uma ausência de disponibilidade em outros, causando seca.

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Referência Bibliográficas

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