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Ambiente é tudo o que nos rodeia, o espaço onde todos nós estamos, o espaço físico,
psicológico, cultural, enfim o espaço natural e o espaço criado pelos seres humanos. Numa
visão sistémica, o ambiente é um sistema dinâmico, composto por um conjunto interactuante
de elementos naturais, sociais e culturais num momento e num lugar determinados, pelos
resultados das interacções entre todos estes elementos.
Ética ambiental é uma reflexão sobre os princípios que devem orientar a nossa acção nas
relações que estabelecemos com o mundo natural (ambiente em geral). Usando palavras do
Papa Francisco (LS, n.139), é a relação entre a natureza e a sociedade que a habita. É uma
tentativa de aplicação da ética social a questões de comportamento em relação ao ambiente. É
uma filosofia de vida, do respeito e do amor à vida, à natureza e aos semelhantes. Temos que
construí-la de maneira participativa, e sustentada por um conjunto de novos valores. Tem que
partir do ser humano e chegar à sociedade, à cultura, às acções humanas em todos os
contextos.
Um ser possui estatuto moral quando possui valor essencial, tem o direito de ser tratado com
consideração e respeito, é eticamente errado tratá-lo de certas maneiras e temos a obrigação
de ter em conta os seus interesses e os seus direitos sempre que tomamos uma decisão que o
possa afectar.
Um ser está destituído de estatuto moral quando possui apenas valor instrumental, não conta
do ponto de vista moral, não temos qualquer obrigação de ter em consideração o modo como
as nossas acções o podem afectar e podemos tratá-lo da maneira que quisermos sem que isso
levante qualquer problema ético.
Nas escolhas que nós como humanos fazemos, precisamos de analisar se o que nós buscamos
é a simples satisfação dos nossos interesses imediatos (sobretudo económicos), considerando-
nos a nós mesmos como os únicos eticamente relevantes, únicos com estatuto moral (ética
antropocêntrica), ou se consideramos o respeito pela preservação dos interesses do ambiente
natural, da vida em si, e, sobretudo, das gerações futuras (ética ambiental). Desta
consideração, temos a considerar quatro éticas diferentes: a ética antropocêntrica, a ética
biocêntrica, a ética ecocêntrica e a ética ecoteocêntrica.
A ética antropocêntrica é aquela que considera apenas o ser humano como o ser que tem
estatuto moral. Todos os outros seres têm valor instrumental. Ela manifesta-se quando aquilo
que buscamos é apenas para a simples satisfação dos nossos interesses imediatos (sobretudo
económicos). A ética antropocêntrica é uma ética:
A ética biocêntrica parte do princípio de que não podemos colocar em perigo a vida, bem
como provocar sofrimento prolongado, devido à fome e falta de abrigo, a muitos seres
sencientes não humanos (mamíferos, primatas, aves).
c) Cada ser vivo é um centro teleológico que tem um bem próprio a ser realizado;
d) Toda a entidade que possui um bem próprio merece ser tida em consideração por todos os
agentes morais e a realização dos seus interesses constitui para estes um dever.
A defesa da consideração ética por entidades holísticas e não apenas por organismos
individuais;
Os seres humanos não têm o direito de reduzir esta riqueza e diversidade excepto para
satisfazer necessidades vitais.
Por isso, contrariamente à ética antropocêntrica, podemos sustentar que a ética ecocêntrica é
uma ética:
A ética ecoteocêntrica é a ética que emerge da teologia ecológica. Ela caminha na linha da
ética ecocêntrica e constitui também um novo paradigma no pensamento ético-cristão. O que
a diferencia da ética ecocêntrica é o facto de esta ética estar impregnada de valores que
emanam das novas reflexões teológicas que se inspiram no livro de Gênesis (Deus entregou o
jardim ao homem para que o cuidasse e o cultivasse, Gn 2,15), passam pela teoriza da
cosmogénese (Chardin), pelas reflexões do panenteísmo (presença de Deus no mundo e o
mundo em Deus apesar de Deus ser muito mais e além do mundo), pelas reflexões do Cristo
Cósmico que possibilitam reconhecer a presença do Espírito Santo que recria a criação (de
Mathew Fox) e percorrem todo o ensinamento social da Igreja até ter a sua expressão máxima
na Laudato Si’ do Papa Francisco.