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e cidadania II
A capacidade de armazenamento de água da maioria dos reservatórios já foi
muito reduzida pelo assoreamento e falta de cuidado com as margens. Mas é só co-
meçar a chover que, aliviados com a abundância de água, deixamos de nos preocupar
com o controle dos desperdícios e dos excessos. E deixamos de sentir a falta que a
água faz nos ecossistemas, uma questão que se torna tanto mais crítica quanto maior a
disputa em torno dos múltiplos usos dos recursos hídricos em atividades humanas.
Liana John
O
aumento da população mundial tem como umas das consequências
mais diretas o aumento proporcional do consumo dos recursos natu-
rais. No caso da água, além do consumo crescente, a falta de cuidados
com os reservatórios, que muitas vezes também são usados para disposição final
dos efluentes domésticos, comerciais e industriais, têm sido os principais fatores
de degradação. A deterioração dos ecossistemas, principais geradores e mantene-
dores da qualidade da água, também tem causado a diminuição dos estoques de
água utilizável para consumo humano.
A percepção da necessidade de regulamentação do uso da água tem promo-
vido uma série de propostas de leis que disciplinam esse uso, em todos os níveis
de administração pública. Na década de 1990, a questão da água foi bastante dis-
cutida e instituiu-se a Lei de Recursos Hídricos, em 1997.
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Princípio do poluidor-pagador
O princípio do poluidor-pagador, também conhecido como usuário-paga-
dor, tem o objetivo de promover o uso racional dos recursos naturais, visando a
preservação desses recursos para as gerações futuras. Esse princípio prevê que os
responsáveis diretos ou indiretos pela degradação de qualquer ambiente deverão
pagar pelos prejuízos causados. Recursos como a água e o ar são bens públicos
e sua poluição acarretará em mais prejuízos para a população, além da perda de
qualidade desses recursos.
Esse princípio não serve para afirmar que quem paga pode poluir, mas sim
para evitar que pessoas ajam sem pensar nas consequências de seus atos. Dessa
maneira, o pagamento efetuado pelo poluidor não lhe dá o direito de poluir. A di-
ficuldade encontrada está no fato da quantificação de valores que devem ser pagos
para a recomposição ambiental e nos valores devidos em multas indenizatórias.
Na legislação brasileira, o princípio do poluidor-pagador é referenciado no
artigo 4.º, VII, combinado com o parágrafo 1.º do artigo 14, da Lei 6.938/81 – Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente – que diz que é obrigação do poluidor, culpado
ou não, indenizar ou reparar danos causados ao meio ambiente ou a terceiros afeta-
dos por sua atividade. Ele também é reforçado pela Constituição Federal de 1988, ar-
tigo 225, parágrafo 3.º, que afirma: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
No caso do uso da água, é responsabilidade do usuário-poluidor o custo de
despoluição da água por ele utilizada. Assim, uma empresa ou pessoa que utilize
água de um rio, deve retornar essa água ao rio com a mesma qualidade de quando
foi captada. A cobrança pelo uso e/ou poluição dos recursos hídricos é um ins-
trumento de gestão para induzir os usuários a serem mais racionais no uso desse
recurso e a preservarem o meio ambiente.
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Conclusão
Apesar da aparente abundância de água que temos em nosso país, sua dis-
tribuição é desigual, sendo que nas regiões em que há mais cidades, a água já está
se tornando escassa. O mesmo acontece no mundo. Países mais desenvolvidos
demandam mais água, mas neles a drenagem desse recurso nem sempre é boa.
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Alguns países já tratam esse recurso como não renovável e apresentam for-
mas de uso mais conscientes. Porém, a poluição da água ainda é uma realidade
triste na maioria das regiões do planeta. Ensinar as crianças sobre a importância
desse recurso é fundamental para evitar que ele se esgote.
Na legislação, nosso país já evoluiu, agora é necessário que os cidadãos to-
mem consciência e repensem seus hábitos.
O Aquífero Guarani
(MMA, 2011)
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1. Qual é a bacia que drena a região onde você mora? Quais os rios que fazem parte dessa bacia?
2. Existem problemas em relação ao abastecimento de água em sua cidade. Caso existam, quais
são eles?
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4. Com a turma toda, discuta quais as atitudes que os cidadãos podem tomar para melhorar a qua-
lidade de vida na cidade, em relação aos recursos hídricos. Formule um programa de Educação
Ambiental que vise informar os cidadãos sobre o caráter finito dos recursos hídricos e sobre a
importância da água para todos.
Uma em cada três pessoas no mundo - cerca de 2,4 bilhões de indivíduos - ainda não têm aces-
so a serviços de saneamento básico e água potável, concluiu um levantamento global da Unicef e da
World Health Organization (WHO), realizada em 2015.
BORGHETTI, Nadia Rita Boscardin; BORGHETTI, José Roberto; ROSA FILHO, Ernani Francisco
da. Aquífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul. 1. ed. Rio de Janeiro: Funda-
ção Roberto Marinho, 2004. v. 1, 214p.
Agregam-se nessa obra informações gerais sobre a disponibilidade e o uso da água no mundo,
além das informações mais importantes sobre o Aquífero Guarani, como extensão, características
geológicas e hidroquímicas, e as aplicações do seu geotermalismo na agropecuária, na indústria e
no turismo hidrotermal. Conceitos básicos de águas subterrâneas e aquíferos, além de um glossário,
objetivam facilitar a compreensão do assunto para aqueles leitores que não estão familiarizados com
o tema. Uma lista com os municípios localizados sobre o Guarani, e o mapa esquemático do mesmo
em lâminas de acetatos, também são apresentados.
O livro é ilustrado com gráficos e infográficos, mapas detalhados, cortes tridimensionais e
transparências em acetato. (Disponível em: <www.oaquiferoguarani.com.br>.)
Site da Agência Nacional das Águas (ANA): < www.ana.org.br>
Nesse site, encontram-se informações sobre a Lei de Recursos Hídricos, a Outorga de Direito
de Uso de Recursos Hídricos e informações sobre os Comitês de Bacias Hidrográficas, quais são e
como estão funcionando.
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