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Direito Administrativo - FGV

@cafeetoga
(Material elaborado com base na resolução de questões de direito administrativo no site Qconcursos, dos
últimos concursos da magistratura, ministério público e de delegado realizados pela FGV. Peço que me
avisem se encontrarem erros (inclusive de português). Esse material é gratuito e confeccionado com o
intuito de revisão pessoal dos temas que caíram não ultimas provas).

- TEMAS COM MAIOR INCIDÊNCIA:


- Repercussão Geral (campeão de audiência)
- Responsabilidade Civil do Estado.
- Intervenção do Estado na propriedade privada.
- Lei do Tombamento.
- Lei de Improbidade Administrativa.
- Lei de Licitações.
- Ação Civil Pública.
- LINDB

- Art. 1º do DL 25/37 (Lei do Tombamento):


Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos
bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer
por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou
artístico.”
 O que se entende por tombamento e quais bens podem ser
atingidos? R: Tombamento é ato de reconhecimento do valor cultural
de um bem, que o transforma em patrimônio oficial, levando em conta
sua função social. Possui natureza jurídica de instrumento de
intervenção na propriedade, podendo atingir tanto bens móveis, como
imóveis, públicos ou privados. Assim, o tombamento pode recair sobre
quaisquer bens que reúnam as características de patrimônio cultural,
sejam bens materiais ou imateriais, móveis ou imóveis, públicos ou
privados, singulares ou coletivos.
 O tombamento retira a propriedade do titular? Ele gera direito de
indenização? R: Não. O tombamento não retira a propriedade do titular
e não tem a indenização como requisito de validade. Inclusive, nem
mesmo para os tombamentos que resultam em esvaziamento do
conteúdo econômico do direito de propriedade, a jurisprudência
reconhece o dever de indenizar o proprietário, pois não há transferência
do bem ao Estado.

- § 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também


sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e
paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que
tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana.

- Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos


Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem
pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os
necessários efeitos.

- Art. 14. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo,
sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do
Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

- O art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020 autoriza que os gestores
locais de saúde (secretarias estaduais e municipais, p. ex.), mesmo sem
autorização do Ministério da Saúde, façam a requisição de bens e serviços.
O STF afirmou que esses dispositivos são constitucionais.
Não se exige autorização do Ministério da Saúde para que os Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios decretem a requisição administrativa
prevista no art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020, no
exercício de suas competências constitucionais.
STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
2/9/2020 (Info 989).

- Intervenção do Estado na Propriedade Privada


1. Modalidades
1.1. Servidão administrativa/pública
“É ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular para
assegurar a realização e conservação de obras e serviços públicos ou de
utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados
pelo proprietário”.
a) A natureza jurídica é a de direito real;
b) Incide sobre bem imóvel;
c) Tem caráter de definitividade;
d) A indenização é prévia e condicionada (neste caso só se houver prejuízo);
e) Inexistência de auto-executoriedade: só se constitui mediante acordo ou
sentença judicial.

1.2. Requisição administrativa


“É a utilização coativa de bens ou serviços particulares pelo Poder Público por
ato de execução imediata e direta da autoridade requisitante e indenização
ulterior, para atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias.”
Segundo o art. 5º, XXV da CF:“XXV - no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano”.
a) É direito pessoal da Administração (a servidão é direito real);
b) Seu pressuposto é o perigo público iminente (na servidão inexiste essa
exigência, bastando a existência de interesse público);
c) Incide sobre bens móveis, imóveis e serviços (a servidão só incide sobre
bens imóveis);
d) Caracteriza-se pela transitoriedade (a servidão tem caráter de definitividade);
e) A indenização, somente devida se houver dano, é ulterior (na servidão, a
indenização, embora também condicionada à existência de prejuízo, é prévia).

1.3. Tombamento
O Estado interfere na propriedade privada para resguardar o patrimônio cultural
brasileiro (de ordem histórica, artística, arqueológica, cultural, científica,
turística e paisagística).
Diante do art. 216, § 1º da CF:§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da
comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio
de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras
formas de acautelamento e preservação.

1.4. Desapropriação
“A transferência compulsória de propriedade particular (ou pública de entidade
de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus delegados, por
utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante
prévia e justa indenização em dinheiro (CF, art. 5º, XXIV), salvo as exceções
constitucionais de pagamento em títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, no caso de área urbana não
edificada, subutilizada ou não utilizada (CF, art. 182 §4º, III), e de pagamento
em títulos da dívida agrária no caso de reforma agrária, por interesse social
(CF, art. 184)”.Conforme também art. 5º, XXIV da CF:XXIV - a lei estabelecerá
o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
Os bens que foram desapropriados unem-se ao patrimônio do indivíduo no qual
efetuou a desapropriação, sendo utilizado pelo próprio indivíduo expropriante,
incidirá a integração definitiva, pertencendo assim ao patrimônio do indivíduo
para o necessitado fim, quando a desapropriação ocorrer para fins de
exploração de terceiros, tem-se a integração provisória.

1.5. Limitação administrativa


“Toda imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora
do exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências de bem-
estar social”.
Provêm do poder da polícia da Administração e exteriorizam-se sob
modalidades, entre elas:
Positiva (o FAZER – fica obrigado a realizar o que a Administração impõe);
Negativa (o NÃO FAZER – abster-se do que lhe é vetado);
Permissiva (o PERMITIR FAZER – permitir algo em sua propriedade).
Em resumo:
a) São atos legislativos ou administrativos de caráter geral (todas as demais
formas interventivas decorrem de atos singulares, com indivíduos
determinados);
b) Têm caráter de definitividade (igual ao das servidões, mas diverso da
natureza da requisição e da ocupação temporária);
c) O motivo das limitações administrativas é vinculado a interesses públicos
abstratos (nas demais formas interventivas, o motivo é sempre a execução de
obras e serviços públicos específicos);
d) Ausência de indenização (nas outras formas, pode ocorrer indenização
quando há prejuízo para o proprietário).

1.6. Ocupação temporária/provisória


“É a utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares pelo
Poder Público, para a execução de obras, serviços ou atividades públicas ou
de interesse público.”
É o que, por exemplo, ocorre normalmente quando a Administração necessita
de ocupar terreno privado para fins de depositar equipamentos e materiais com
o objetivo de realizar obras públicas nas imediações.
Resume-se:
a) Cuida-se de direito de caráter não real (igual à requisição e diferente da
servidão);
b) Só incide sobre a propriedade imóvel (neste ponto é igual à servidão, mas se
distingue da requisição, que incide sobre móveis, imóveis e serviços);
c) Tem caráter de transitoriedade (o mesmo que a requisição; a servidão, ao
contrário, tem natureza de permanência);
d) A situação constitutiva da ocupação é a necessidade de realização de obras
e serviços públicos normais (a mesma situação que a servidão, mas diversa da
requisição, que exige situação de perigo público iminente);
e) A indenização varia de acordo com a modalidade de ocupação temporária:
se for vinculada à desapropriação, haverá dever indenizatório; se não for,
inexistirá em regra esse dever, a menos que haja prejuízos para o proprietário
(a requisição e a servidão podem ser, ou não, indenizáveis; sendo assim,
igualam-se, nesse aspecto, à ocupação temporária não vinculada à
desapropriação, mas se diferenciam da primeira modalidade, com
desapropriação, porque esta é sempre indenizável).

Resumindo:
Limitação administrativa
 Ocorre em bens móveis e imóveis;
 São atos gerais, abstratos, dirigidos a propriedades indeterminadas;
 Não gera indenização;
 Busca-se a função social da propriedade.
 Forma de exteriorização: lei ou ato administrativo normativo;
 Afeta o atributo absoluto.
Requisição administrativa
 É ato administrativo unilateral e autoexecutório (não depende de
apreciação judicial prévia);
 É instrumento do Estado em caso de perigo público iminente ou guerra;
 O Estado utiliza bens móveis, imóveis ou serviços particulares;
 Há indenização ulterior, SE houver dano;
 Afeta o atributo exclusivo.
Ocupação temporária
 Poder Pública usa TRANSITORIAMENTE imóveis privados, como meio
de apoio à execução de obras e serviços públicos; (obs: pra decorar,
lembrar da palavra que começam com "T": ocupação Temporária -
Transitório);
 É autoexecutório e só recai sobre bens IMÓVEIS;
 Só há indenização se houver dano;
 Afeta o atributo exclusivo.
Servidão administrativa
 É direito real público;
 Poder Público usa propriedade imóvel para permitir a execução de obras
e serviços de interesse coletivo;
 Características fundamentais: ônus real, bem particular (imóvel alheio) e
utilização pública;
 Pode ser por meio de acordo, sentença ou lei; (se for por meio de
acordo ou sentença, HÁ a necessidade de se declarar a
necessidade/utilidade pública; por meio de lei, NÃO há a necessidade).
 É inscrito no Registro de Imóveis;
 Indenização prévia e condicionada ao dano;
 INEXISTE autoexecutoriedade;
 Recai sobre IMÓVEIS apenas;
 Súmula 56 STJ: Na desapropriação para instituir servidão administrativa
são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da
propriedade;
 Afeta o atributo exclusivo.
Tombamento
 Poder Público protege o patrimônio cultural brasileiro;
 Pode ser bens móveis ou imóveis;
 Todos os entes podem realizar (o tombamento de bens pertencentes à
União, Estados e Municípios se fará DE OFÍCIO, mas o ente deverá ser
notificado);
 A União pode tombar bens pertencentes aos Estados e Municípios;
 O tombamento geral NÃO precisa individualizar os bens abarcados pelo
tombo;
 As características que levaram o bem a ser tombado DEVEM
ser MANTIDAS;
 Pode ser voluntário ou compulsório;
 O tombamento NÃO impede o proprietário de penhorar,
"anticresar", hipotecar ou locar;
 NÃO há indenização;
 O mesmo bem pode ser tombado MAIS DE 1X;
 O tombamento provisório equipara-se ao definitivo;
 A coisa tombada NÃO poderá sair do país, SENÃO POR CURTO
PRAZO, SEM transferência de domínio e para fim de intercâmbio
cultural;
 O bem tombado PODE ser alienado, cabendo ao adquirente faze-lo
constar do devido registro;
 As coisas tombadas NÃO poderão ser destruídas, demolidas ou
mutiladas, NEM SEM prévia autorização, ser reparadas, pintadas ou
restauradas;
 Afeta o atributo absoluto.

- O que a pessoa que teve seu bem desapropriado indiretamente poderá


fazer?
• Se o bem expropriado ainda não está sendo utilizado em nenhuma finalidade
pública: pode ser proposta uma ação possessória visando a manter ou retomar
a posse do bem.
• Se o bem expropriado já está afetado a uma finalidade pública:
considera-se que houve fato consumado e somente restará ao particular
ajuizar uma “ação de desapropriação indireta” a fim de ser indenizado.
Nesse sentido é o art. 35 do Decreto-Lei 3.365/41:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública,
não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade
do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente,
resolver-se-á em perdas e danos.
Ação de desapropriação indireta
Consiste, portanto, na ação proposta pelo prejudicado em face do Poder
Público, que se apossou do bem pertencente a particular sem observar as
formalidades legais da desapropriação.
Trata-se de uma ação condenatória, objetivando indenização por perdas e
danos.
Também é chamada de “ação expropriatória indireta” ou “ação de
ressarcimento de danos causados por apossamento administrativo”.

- Lei de Improbidade Administrativa

- Art. 2° Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente publico o agente


político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1° desta
Lei.
A FGV entende que o voluntário é considerado agente público (agente
necessário) e não “terceiro ou particular” (MPGO/2022): pode ser considerado
sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por ato ímprobo que
importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato necessário,
que exerce a função pública em situação de calamidade ou de emergência.
Agente de Fato divide-se em:
 Putativo: É aquela pessoa que se passa por servidor público, realizando
as atribuições do cargo.
 Necessário: É aquele que pratica atos e as executam em situações
excepcionais, como por exemplos: algum desastre natural, em que
voluntários aparecem para ajudar o poder público. Esses voluntários são
agente de fato necessário.

- De acordo com art. 37, § 1º: “§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.”
No mesmo sentido, é o art. 11, XII, da Lei 8.429/92:
“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por
uma das seguintes condutas:
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato
de publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição
Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e
personalização de atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas
dos órgãos públicos.”
Como se trata de ato de improbidade que atenta contra os princípios da
administração pública, as penalidades aplicáveis estão dispostas no art. 12, III,
da Lei 8.429/92. Veja:
“Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se
efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato
de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil de até 24 (vinte e
quatro) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;”.

- Art. 11:
- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições
e que deva permanecer em segredo (Antiga Redação), (" DESDE
QUE") propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou
colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;
- II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; ( REVOGADO)

- Sanções de Acordo com Lei de Improbidade


Enriquecimento ilícito:
1. Perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.
2. Perda da função pública
3. Suspensão dos direitos políticos até 14 anos
4. Pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial
5. Proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou
incentivos: por prazo não superior a 14 anos.

Lesão ao erário:
1. Perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
2. Perda da função pública
3. Suspensão dos direitos políticos até 12 anos
4. Pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano
5. Proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou
incentivos: por prazo não superior a 12 anos.

Que atenta contra os princípios da Administração:


1. Pagamento de multa civil de até 24X o valor da remuneração percebida
pelo agente.
2. Proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou
incentivos: por prazo não superior a 4 anos.

- Não existe mais a sanção de perda da função pública para os atos que
atentam contra os princípios!

- Art. 17, §7º: Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem no prazo
comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do art. 231 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
- A Lei Federal nº 14.230/21 extinguiu a modalidade culposa de
improbidade administrativa, com a retirada da expressão "culposa" do art. 10
da LIA e também passou a exigir o dolo específico, que é o ato eivado de má
fé, nos termos dos parágrafos 2º e 3º do art. 1º da LIA. O dano ao erário
apenas é elemento indispensável para a configuração dos atos de improbidade
que causam dano ao erário, elencados no art. 10 da LIA.
- Art. 23: A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve
em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de
infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência.
- Art. 17-D: A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter
sancionatório, destinada à aplicação de sanções de caráter pessoal previstas
nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado seu ajuizamento para o controle de
legalidade de políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos.

- A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça orienta-se no sentido de que,


"nos casos de improbidade administrativa, a responsabilidade é solidária
até, ao menos, a instrução final do feito em que se poderá delimitar a
quota de responsabilidade de cada agente para o
ressarcimento. Precedentes: MC 15.207/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 10/02/2012;

- O art. 17-C, §2º da Lei 8.429/1992 dispõe: § 2º Na hipótese de litisconsórcio


passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e dos benefícios
diretos, vedada qualquer solidariedade.

- O art. 16, caput, §3º:


Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser formulado, em
caráter antecedente ou incidente, pedido de indisponibilidade de bens dos réus,
a fim de garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial
resultante de enriquecimento ilícito.
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste
artigo apenas será deferido mediante a demonstração no caso concreto de
perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo,
desde que o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos
descritos na petição inicial com fundamento nos respectivos elementos de
instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.

- O art. 16, §§ 10 e 11 dispõem:


§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o
integral ressarcimento do dano ao erário, sem incidir sobre os valores a
serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo
patrimonial decorrente de atividade lícita.
§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via
terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semoventes, navios e
aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e empresárias, pedras e
metais preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas
bancárias, de forma a garantir a subsistência do acusado e a manutenção da
atividade empresária ao longo do processo.

- Improbidade por enriquecimento ilícito pode o réu sofrer:


I. Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
II. Perda da função pública
III. Suspensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos
IV. Pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 14 (catorze) anos;
LEI 8.249/92 (Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos
de improbidade administrativa):
Art. 18
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito)
parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débito resultante de
condenação pela prática de improbidade administrativa se o réu demonstrar
incapacidade financeira de saldá-lo de imediato.

- Indisponibilidade de Bens
- Tutela cautelar e não satisfativa.
Lei 8.429/92. Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indisponibilidade de
bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição do erário ou do
acréscimo patrimonial resultante de enriquecimento ilícito.

CPC. Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra
alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

Lei 8.429/92. Art. 16. § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa
à indisponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).

O juiz, ao tomar contato com a petição inicial, poderá deferir a medida


sem a prévia oitiva da parte ré.
Lei 8.429/92. Art. 16. § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada
sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder
comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência
ser presumida.

Lei 8.429/92. Art. 16. § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem


de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem
patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.

Lei 8.429/92. Art. 16. § 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa


de dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por caução
idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, a requerimento do
réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo.
- Ação judicial de Improbidade:
1. Rito ordinário, podendo ser proposta pelo MP ou pessoa interessada
2. Não existe mais o contraditório preliminar
3. Cita réu p/ contestar
4. Lei no 13.964/19 (Pacote Anticrime) introduziu o § 10-A ao art. 17,
permitindo que as partes possam requerer ao juiz a interrupção do prazo
para a contestação, por período não superior a 90 (noventa) dias, na
hipótese de possibilidade de solução consensual.
5. Pode desmembrar o processo/ pode julgar no estado em que se
encontra
6. O magistrado, se identificar a existência de ilegalidades ou de
irregularidades administrativas a serem sanadas sem que estejam
presentes todos os requisitos para a imposição das sanções aos
agentes incluídos no polo passivo da demanda, pode converter Aç
improb em acp.
7. Se condenação em indenização: em proveito da pj lesada
8. Se a pessoa jurídica prejudicada não der início ao procedimento de
liquidação do dano e ao cumprimento da sentença no prazo de 6 meses
após o trânsito em julgado, comete ao Ministério Público fazê-lo, sem
prejuízo de eventual responsabilização pela omissão verificada.
9. O juiz pode autorizar o parcelamento em até 48 parcelas do valor
atualizado do débito da condenação, se o réu demonstrar incapacidade
financeira.

- Das Disposições Penais


Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente
público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar
o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver
provocado.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só
se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do
agente público do exercício do cargo, do emprego ou da função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instrução
processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias,
prorrogáveis uma única vez por igual prazo, mediante decisão motivada.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de
ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 desta Lei;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo
Tribunal ou Conselho de Contas.
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo
juiz quando tiverem servido de fundamento para a conduta do agente público.
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes
decisões deverão ser consideradas na formação da convicção do juiz, sem
prejuízo da análise acerca do dolo na conduta do agente.
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de
improbidade quando concluírem pela inexistência da conduta ou pela negativa
da autoria.
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada
por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta Lei,
havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos
no (Código de Processo Penal).
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser
compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta Lei.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de
ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representação
formulada de acordo com o disposto no art. 14 desta Lei, poderá instaurar
inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a
instauração de inquérito policial.
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido
ao investigado a oportunidade de manifestação por escrito e de juntada de
documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na elucidação dos
fatos.

- Tema 1190 do STF:


1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação
dos atos de improbidade administrativa, exigindo-se - nos artigos 9º, 10 e 11 da
LIA - a presença do elemento subjetivo - DOLO; 2) A norma benéfica da Lei
14.230/2021 - revogação da modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa -, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI,
da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da
coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e
seus incidentes; 3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de
improbidade administrativa culposos praticados na vigência do texto
anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado, em virtude
da revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo competente analisar
eventual dolo por parte do agente; 4) O novo regime prescricional previsto na
Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos marcos temporais a
partir da publicação da lei.

RE 843.989/PR STF - As mudanças benéficas previstas na nova Lei de


Improbidade não retroagem para condenações transitadas em julgado.
Pet 3.240/DF STF - O presidente da república não responde por ato de
improbidade e não há foro por prerrogativa de função em relação a este tipo de
ação.
RE 1.608.855/PR STJ - É vedada ação de improbidade exclusivamente contra
o particular, sem a presença concomitante de agente público no polo passivo
da demanda.
RE 1.402.806/TO STJ - É viável ação de improbidade exclusivamente contra
particular quando há pretensão de responsabilizar agentes públicos pelos
mesmos fatos em outra demanda conexa.
RE 1.352.035/RS STJ - Estagiário pode ser responsabilizado por ato de
improbidade administrativa.
RE 922.872/DF STJ - Nas ações de improbidade, não há litisconsórcio passivo
necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato
ímprobo.

- O STF decidiu que os entes públicos que tenham sofrido prejuízos em


razão de atos de improbidade também estão autorizados a propor ação de
improbidade e a celebrar acordos de não persecução civil em relação a
esses atos.
Os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de atos de
improbidade também estão autorizados, de forma concorrente com o
Ministério Público, a propor ação e a celebrar acordos de não persecução
civil em relação a esses atos.
STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgados em 31/8/2022 (Info 1066).

- É possível, na ação de improbidade administrativa, que o juiz aplique a


cassação de aposentadoria como sanção por ato de improbidade?
Há uma divergência entre o STJ e o STF:
• STJ: NÃO
O servidor condenado por improbidade não pode ter aposentadoria cassada
em decisão judicial:
O magistrado não tem competência para aplicar a sanção de cassação de
aposentadoria a servidor condenado judicialmente por improbidade
administrativa. Apenas a autoridade administrativa possui poderes para decidir
sobre a cassação. STJ. 1ª Seção. EREsp 1496347/ES, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 24/02/2021.
• STF: SIM
Julgando ação rescisória, o Tribunal de origem manteve o acórdão
rescindendo, que determinou a conversão da pena de perda do cargo público
em cassação de aposentadoria, no âmbito da ação de improbidade
administrativa. Este entendimento mostra-se em harmonia com a jurisprudência
do STF, que reputa constitucional a pena de cassação da aposentadoria. STF.
1ª Turma. ARE 1321655 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/08/2021.
Não obstante o caráter contributivo do benefício previdenciário, é constitucional
e plenamente possível a pena de cassação da aposentadoria nos casos de
configuração de ato de improbidade administrativa. STF. 2ª Turma. ARE
1257379 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/11/2020.

- Informativo nº 1089 de 14 de abril de 2023. STF.


No caso de vítima atingida por projétil de arma de fogo durante uma operação
policial, é dever do Estado, em decorrência de sua responsabilidade civil
objetiva, provar a exclusão do nexo causal entre o ato e o dano, pois ele é
presumido. STF. 2ª Turma. ARE 1.382.159 AgR/RJ, Rel. Min. Nunes Marques,
redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/03/2023.
Em suma, hipótese de “bala perdida em conflito”, a responsabilidade do Estado
é objetiva e ainda caberá ao próprio Estado comprovar a exclusão do nexo
causal, sendo assim desnecessário que a parte autora comprove a “origem da
bala”, de modo que o nexo causal – nessa situação – é presumido.

- Tema 362 STF: Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não
se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por
danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema
prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento
da fuga e a conduta praticada.

- A fuga de presidiário e o cometimento de crime, sem qualquer relação lógica


com sua evasão, extirpa o elemento normativo, segundo o qual a
responsabilidade civil só se estabelece em relação aos efeitos diretos e
imediatos causados pela conduta do agente (PCSP/2023).

- A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado


prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros
usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da
Constituição Federal (STF - RE: 591874 MS, Relator: RICARDO
LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 26/08/2009, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: 18/12/2009).

- Com efeito, ideia que fundamenta a atribuição ao Estado de responsabilidade


extracontratual objetiva é a de que a atividade administrativa envolve riscos
que são assumidos em benefício de todo o grupo social e de que, por essa
razão, os eventuais danos dela decorrentes devem ter o seu ônus estre todos
repartido. Essa lógica se aplica aos danos causados por atuação lícita e
por atos ilícitos dos agentes estatais, uma vez que, ao fim e ao cabo, a
atuação deles – legal ou ilegal – é imputada ao órgão ou à entidade a
cujos quadros pertencem. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, 31ª edição,
p. 902).
- O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as
pessoas jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado
que prestem serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela
reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos
agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas
comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla
garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação
indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito
privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente
certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra
garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde
administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro
funcional se vincular (STF - RE: 327904 SP, Relator: CARLOS BRITTO, Data
de Julgamento: 15/08/2006, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 08-09-
2006 PP-00043 EMENT VOL-02246-03 PP-00454 RNDJ v. 8, n. 86, 2007, p.
75-78).

- O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores


oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado
o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob
pena de improbidade administrativa (STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 - repercussão geral - Info 932).

- Lei de Licitações:

Art. 6º (...): XLII – diálogo competitivo: modalidade de licitação para


contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública
realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de
atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final
após o encerramento dos diálogos;

Dica: A nova lei excluiu as modalidades tomada de preços e convite e


incluiu diálogo competitivo e pregão.

- Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que


a Administração: I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica; b) impossibilidade de o órgão ou entidade
ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado; e c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
com precisão suficiente pela Administração; II - verifique a necessidade de
definir e identificar os meios e as alternativas que possam satisfazer suas
necessidades, com destaque para os seguintes aspectos: a) a solução técnica
mais adequada; b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já
definida; c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;” Portanto, como é
necessária uma inovação técnica (técnica customizada) par atender a
necessidades especiais, e o Município de RLT não consegue especificar, com
precisão, tal técnica, conclui-se que a modalidade mais adequada é o diálogo
competitivo.
- O Diálogo Competitivo é restrito a contratações mais complexas,
notadamente quando a Administração possui dificuldades para definir
previamente, com precisão, sua pretensão contratual.

- O credenciamento não é uma modalidade de licitação, mas sim um


procedimento auxiliar. De acordo com art. 78, I, da Lei 14.133/2021:
Art. 78. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas
por esta lei: I – credenciamento; II – pré-qualificação; III – procedimento de
manifestação de interesse; IV – sistema de registro de preços; V – registro
cadastral.
- Ademais, de acordo com art. 79 da Lei 14.133/2021, as hipóteses em que o
credenciamento é utilizado, são as seguintes:
“Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses de
contratação: I - paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa
para a Administração a realização de contratações simultâneas em condições
padronizadas; II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção
do contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação; III - em
mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do valor da prestação e
das condições de contratação inviabiliza a seleção de agente por meio de
processo de licitação.

- Art. 34, § 2º, da Lei 14.133/2021: “§ 2º O Julgamento Por Maior Desconto


terá como referência o preço global fixado no edital de licitação, e o desconto
será estendido aos eventuais termos aditivos.”

- Julgamento por Melhor Técnica ou Preço, conforme art. 37, I da Lei


14.133/2021: “Art. 37. O julgamento por melhor técnica ou por técnica e preço
deverá ser realizado por: I – verificação da capacitação e da experiência do
licitante, comprovadas por meio da apresentação de atestados de obras,
produtos ou serviços previamente realizados;”

- Julgamento por Técnica e Preço, conforme art. 36 da Lei 14.133/2021: “Art.


36. O julgamento por técnica e preço considerará a maior pontuação obtida a
partir da ponderação, segundo fatores objetivos previstos no edital, das notas
atribuídas aos aspectos de técnica e de preço da proposta.”

- Julgamento por Maior Retorno Econômico, conforme art. 39 da Lei


14.133/2021: “Art. 39. O julgamento por maior retorno econômico, utilizado
exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência, considerará a
maior economia para a Administração, e a remuneração deverá ser fixada em
percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida
na execução do contrato.”
(Maior retorno Econômico = utilizando exclusivamente em contrato
de Eficiência).

- TERMO DE PARCEIRA (3 SETOR) Lei 9790 Art. 9 Fica instituído o Termo


de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser firmado entre o
Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre
as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público.

- Art. 34, §§ 1º e 2º, da Lei 14.133/2021: “§ 1º Os custos indiretos, relacionados


com as despesas de manutenção, utilização, reposição, depreciação e impacto
ambiental do objeto licitado, entre outros fatores vinculados ao seu ciclo de
vida, poderão ser considerados para a definição do menor dispêndio, sempre
que objetivamente mensuráveis, conforme disposto em regulamento. § 2º O
julgamento por maior desconto terá como referência o preço global fixado no
edital de licitação, e o desconto será estendido aos eventuais termos aditivos.”.

- Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a expectativa


de consumo anual e observar o seguinte:
I - condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado;
II - processamento por meio de sistema de registro de preços, quando
pertinente;
III - determinação de unidades e quantidades a serem adquiridas em função de
consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que
possível, mediante adequadas técnicas quantitativas, admitido o fornecimento
contínuo;
IV - condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração
do material;
V - atendimento aos princípios:
a) da padronização, considerada a compatibilidade de especificações estéticas,
técnicas ou de desempenho;
b) do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economicamente
vantajoso;
c) da responsabilidade fiscal, mediante a comparação da despesa estimada
com a prevista no orçamento.

- Art. 51. Ressalvado o disposto no inciso V do caput do art. 74 desta Lei,


a locação de imóveis deverá ser precedida de licitação e avaliação prévia do
bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações e do prazo de
amortização dos investimentos necessários.

- Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos


casos de:
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de
serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de
empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e
laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de
obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem
no disposto neste inciso;
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de
localização tornem necessária sua escolha.
§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a Administração
deverá demonstrar a inviabilidade de competição mediante atestado de
exclusividade, contrato de exclusividade, declaração do fabricante ou outro
documento idôneo capaz de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado
por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a
preferência por marca específica.
§ 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se
empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua contrato,
declaração, carta ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e
contínua de representação, no País ou em Estado específico, do profissional
do setor artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por
inexigibilidade por meio de empresário com representação restrita a evento ou
local específico.
§ 3º Para fins do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se de
notória especialização o profissional ou a empresa cujo conceito no campo de
sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiência,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é
essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do objeto do
contrato.
§ 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput deste artigo, é
vedada a subcontratação de empresas ou a atuação de profissionais distintos
daqueles que tenham justificado a inexigibilidade.
§ 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do caput deste artigo,
devem ser observados os seguintes requisitos:
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de
adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, e do prazo
de amortização dos investimentos;
II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis que
atendam ao objeto;
III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser comprado ou
locado pela Administração e que evidenciem vantagem para ela.

- Inexigibilidade de Licitação: Mnemônico FACAS


Fornecedor exclusivo
Aquisição ou Aluguel de imóvel ideal
Credenciamento
Artista consagrado
Serviço especializado

- Art. 75. É dispensável a licitação:


I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil
reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de
manutenção de veículos automotores; (Vide Decreto nº 11.871, de
2023) Vigência
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais), no caso de outros serviços e compras; (Vide Decreto nº 11.871,
de 2023) Vigência
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de
licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela
licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas
válidas;
b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores
aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes;
IV - para contratação que tenha por objeto:
a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários
à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original
desses equipamentos durante o período de garantia técnica, quando essa
condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional
específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas
forem manifestamente vantajosas para a Administração;
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no caso
de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais); (Vide Decreto nº 11.871, de 2023) Vigência
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de
exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por instituição
científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência de fomento,
desde que demonstrada vantagem para a Administração;
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário
para a realização dos processos licitatórios correspondentes, hipótese em que
a contratação será realizada diretamente com base no preço do dia;
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam,
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso
pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais,
aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força
militar;
h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das forças
singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, hipótese
em que a contratação deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do
fornecedor ou executante e ratificada pelo comandante da força militar;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada eventual de
curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes,
por motivo de movimentação operacional ou de adestramento;
j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos
recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
realizados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente de
pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como
catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis
com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de
autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do órgão ou com
elas compatível;
l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos
destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos incisos II e V
do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver
necessidade justificada de manutenção de sigilo sobre a investigação;
m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de
doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde;
V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 3º-
A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os
princípios gerais de contratação constantes da referida Lei;
VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança
nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante
demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios;
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção
federal ou de grave perturbação da ordem;
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a segurança
de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento
da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços
que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data
de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos
respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no
disposto neste inciso;
IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens
produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a
Administração Pública e que tenham sido criados para esse fim específico,
desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços
ou normalizar o abastecimento;
XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo ou com
entidade de sua Administração Pública indireta que envolva prestação de
serviços públicos de forma associada nos termos autorizados em contrato de
consórcio público ou em convênio de cooperação;
XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos
estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em
ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses
produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis
com aqueles definidos no instrumento firmado para a transferência de
tecnologia;
XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação
de critérios de técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória
especialização;
XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiência, sem fins
lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da
Administração Pública, para a prestação de serviços, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado e os serviços
contratados sejam prestados exclusivamente por pessoas com deficiência;
XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por finalidade
estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
inclusive para gerir administrativa e financeiramente essas atividades, ou para
contratação de instituição dedicada à recuperação social da pessoa presa,
desde que o contratado tenha inquestionável reputação ética e profissional e
não tenha fins lucrativos;
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos
estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública
direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação,
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses
projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de
produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII deste caput, e que
tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado; (Redação dada pela Lei nº 14.628, de 2023)
XVII - para contratação de entidades privadas sem fins lucrativos para a
implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água
para consumo humano e produção de alimentos, a fim de beneficiar as famílias
rurais de baixa renda atingidas pela seca ou pela falta regular de água;
e (Incluído pela Lei nº 14.628, de 2023)
XVIII - para contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a
implementação do Programa Cozinha Solidária, que tem como finalidade
fornecer alimentação gratuita preferencialmente à população em situação de
vulnerabilidade e risco social, incluída a população em situação de rua, com
vistas à promoção de políticas de segurança alimentar e nutricional e de
assistência social e à efetivação de direitos sociais, dignidade humana, resgate
social e melhoria da qualidade de vida. (Incluído pela Lei nº 14.628, de
2023)
§ 1º Para fins de aferição dos valores que atendam aos limites referidos nos
incisos I e II do caput deste artigo, deverão ser observados:
I - o somatório do que for despendido no exercício financeiro pela respectiva
unidade gestora;
II - o somatório da despesa realizada com objetos de mesma natureza,
entendidos como tais aqueles relativos a contratações no mesmo ramo de
atividade.
§ 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão
duplicados para compras, obras e serviços contratados por consórcio público
ou por autarquia ou fundação qualificadas como agências executivas na forma
da lei.
§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão
preferencialmente precedidas de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial,
pelo prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto
pretendido e com a manifestação de interesse da Administração em obter
propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser selecionada a
proposta mais vantajosa.
§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão
preferencialmente pagas por meio de cartão de pagamento, cujo extrato deverá
ser divulgado e mantido à disposição do público no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP).
§ 5º A dispensa prevista na alínea “c” do inciso IV do caput deste artigo,
quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos
especiais instituídos em regulamentação específica.
§ 6º Para os fins do inciso VIII do caput deste artigo, considera-se emergencial
a contratação por dispensa com objetivo de manter a continuidade do serviço
público, e deverão ser observados os valores praticados pelo mercado na
forma do art. 23 desta Lei e adotadas as providências necessárias para a
conclusão do processo licitatório, sem prejuízo de apuração de
responsabilidade dos agentes públicos que deram causa à situação
emergencial.
§ 7º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo às contratações de até R$
8.000,00 (oito mil reais) de serviços de manutenção de veículos automotores
de propriedade do órgão ou entidade contratante, incluído o fornecimento de
peças.

- CRITÉRIOS DE DESEMPATE:
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão utilizados os
seguintes critérios de desempate, nesta ordem:
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar
nova proposta em ato contínuo à classificação;
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual
deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de
atesto de cumprimento de obrigações previstos nesta Lei;
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e
mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento;
IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme
orientações dos órgãos de controle.
§ 1º Em igualdade de condições, se não houver desempate, será assegurada
preferência, sucessivamente, aos bens e serviços produzidos ou prestados por:
I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do
órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou distrital licitante ou, no
caso de licitação realizada por órgão ou entidade de Município, no território do
Estado em que este se localize;
II - empresas brasileiras;
III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
tecnologia no País;
IV - empresas que comprovem a prática de mitigação.

- • O TCU e o STJ entendem o estabelecimento de critérios de classificação


para a escolha de licitantes em credenciamento é ilegal. O credenciamento é
considerado como uma espécie de inexigibilidade de licitação justamente pelo
fato de não ser possível, em tese, a competição entre os interessados. Logo, a
previsão de critérios de pontuação entre os interessados contraria a natureza
do processo de credenciamento. Assim, no credenciamento só se admite a
existência de requisitos mínimos. Se o interessado preencher, ele está
credenciado; se não atender, encontra-se eliminado. Os critérios permitidos
são, portanto, meramente eliminatórios (e não classificatórios). Precedente:
REsp 1747636- PR (Info 662).

- O leilão é a modalidade de licitação para alienação de bens,


independentemente do valor.
Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à
existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes às autarquias e às
fundações, exigirá autorização legislativa e dependerá de licitação na
modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de: (...)
II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na modalidade leilão,
dispensada a realização de licitação nos casos de: (...)
§ 1º A alienação de bens imóveis da Administração Pública cuja aquisição
tenha sido derivada de procedimentos judiciais ou de dação em
pagamento dispensará autorização legislativa e exigirá apenas avaliação
prévia e licitação na modalidade leilão.
Art. 77. Para a venda de bens imóveis, será concedido direito de preferência
ao licitante que, submetendo-se a todas as regras do edital, comprove a
ocupação do imóvel objeto da licitação.

- De acordo com art. 24 da LINDB: “Art. 24. A revisão, nas esferas


administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver
completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado
que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem
inválidas situações plenamente constituídas.” Portanto, a decisão do novo
Secretário é ilegal, pois a mudança de interpretação não pode gerar efeitos
retroativos para alcançar o alvará de localização e funcionamento da empresa
XLO Ltda., já que tal situação já estava plenamente constituída.

- Art. 2º, parágrafo único, XIII, L. 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo):


''Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de: XIII - interpretação da norma administrativa da forma
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.''.

- ADI 4736: “Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL Nº


5.810/1994 DO ESTADO DO PARÁ AUTORIZANDO A REDUÇÃO DE
VENCIMENTOS DE SERVIDORES PÚBLICOS PROCESSADOS
CRIMINALMENTE. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA, AMPLA DEFESA E IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS.
INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA. 1. A jurisprudência dessa Corte
é pacífica no sentido de que não é recepcionada pela Constituição Federal
norma legal que consigna a redução de vencimentos de servidores
públicos que respondam a processo criminal. 2. Ofensa aos arts. 5º, LIV,
LV e LVII, e 37, XV, da Constituição Federal, os quais abarcam os Princípios
da Presunção da Inocência, da Ampla Defesa e da Irredutibilidade de
Vencimentos. Precedentes: RE 482.006, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; ARE-
AgR 776.213, Rel. Min. Gilmar Mendes; ARE 1.084.386/SP, Rel. Min. Luiz Fux;
ARE 1.063.064/SP, Rel. Min. Marco Aurélio; ARE 1.017.991/SP, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski; ARE 1.089.248/SP, de minha relatoria. 3. Ação Direta
de Inconstitucionalidade procedente. ADI 4736, Relator(a): ROBERTO
BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 05/11/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-257 DIVULG 25-11-2019 PUBLIC 26-11-2019.”

- PAD - Processo Administrativo Disciplinar (8.112/90)


A- Noções Básicas: o processo administrativo disciplinar (PAD) é um
instrumento para apurar a prática de um ilícito administrativo disciplinar, que foi
praticada por um servidor público.
i- Autoridade: se tiver o conhecimento de infração administrativa é obrigada a
promover a apuração imediata, mediante sindicância ou PAD.
⇒ Conhecimento via denúncia: deverá conter a identificação + endereço do
denunciante + por escrito + confirmada a autenticidade.
 Não configura evidente infração disciplinar ou penal ? arquivada, por
falta de obje
ii- Infrações administrativas: quando praticadas no exercício das
atribuições do agente, ou que com estas tenha relação.
B- Sistemas de processamento disciplinar
i- Sistema hierárquico: o poder disciplinar é exercido exclusivamente pelo
hierarquicamente superior àquele que está sendo julgado. → “verdade sabida”.
 Verdade sabida: há o conhecimento pessoal e direto da infração
administrativa pela autoridade superior, que desde logo já aplica a pena.
(não respeita contraditório e ampla defesa.)
ii- Sistema da jurisdição completa: a falta do servidor e a pena a ele aplicada
são estritamente estabelecidas pela lei. → caberia apenas ao órgão de
jurisdição.
iii- Sistema misto (jurisdicionalização moderada): é o sistema adotado no
Brasil. A pena é aplicada pelo superior hierárquico, mas há intervenção de
órgãos / comissões por meio de pareceres, existindo um certo grau de
discricionariedade na pena.
C- Sindicância x PAD
i- Sindicância: é um procedimento disciplinar que serve para apurar a autoria
ou existência de uma irregularidade de menor gravidade, de modo mais célere.
Pode ser de duas modalidades.
 Sindicância preparatória: serve de base para instauração
de PAD. Art. 145. III
 Sindicância punitiva: por si só, enseja penalidades previstas em
lei. Art. 145.
ii- PAD: é um rito mais complexo, sendo destinado a apurar infrações mais
graves, sendo composta por comissão de 3 servidores estáveis.
D- Afastamento preventivo
⇒ Autoridade instauradora do processo poderá determinar ⇒ prazo será de 60
dias + 60, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o
processo.

 Medida cautelar → logo, sem prejuízo da remuneração.

- O Whistleblower (ou “soprador do apito”) refere-se à hipótese, por meio da


qual o cidadão, não envolvido na atividade criminosa, resolve auxiliar e
“denunciar” irregularidades administrativas e ilícitos criminais às autoridades
públicas, recebendo, em contrapartida, uma retribuição financeira intitulada
“recompensa” ou “prêmio”, embora não tenha nenhuma obrigação legal nesse
sentido.
É uma figura jurídica utilizada nos EUA e na Europa, tendo sido recomendado
pela ENCCLA como uma das formas de combate à corrupção, e
estando previsto no artigo 33 da Convenção da Nações Unidas para o
Combate à Corrupção, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 2003, in
verbis:
„Cada Estado Parte considerará a possibilidade de incorporar em seu
ordenamento jurídico interno medidas apropriadas para proporcionar proteção
contra todo trato injusto às pessoas que denunciem ante as autoridades
competentes, de boa-fé e com motivos razoáveis, quaisquer feitos relacionados
com os delitos qualificados de acordo com a presente Convenção‟.
Distingue-se do “colaborador” na “colaboração premiada”, porquanto
nesta o colaborador encontra-se envolvido na atividade criminosa, e, ao
tempo em que admite sua participação nos fatos, decide “delatar” os outros
envolvidos (partícipes e coautores) até então desconhecidos da organização ou
atividade criminosa.

O whistleblower foi regulado pela Lei n.º 13.608/2018, que expressamente


previu, em prol do “denunciante” que revelar ilícitos administrativos e
criminais, o recebimento de “recompensa” ou “prêmio”, que pode,
inclusive, corresponder a pagamento em espécie, como forma de estimular
a efetivação de “denúncias”; ademais, estabeleceu o sigilo do
denunciante, com o intuito de resguardar sua integridade física e livrá-lo de
represálias (arts. 3º e 4º) Todavia, nem todo indivíduo que divulga informação
apta a elucidar desvios de condutas é um Whistleblower. Um dos elementos
importantes para que determinado disclosure seja essencialmente
Whistleblowing é a divulgação da informação à autoridade competente
para solucionar o caso. Para diferenciar aquilo que, de fato, é Whistleblowing
e daquilo que é apenas ventilação de informação, Maria Miceli, Janet Near e
Suelette Dreyfus propõem o termo bell ringer. Se um sujeito vai à mídia e
expõe um problema com, p.ex, uma empresa pública, será um bell ringer. A
mídia, portanto, deve ser vista como um canal que pode receber informações
de bell-ringers e, assim, comunicar a sociedade. A própria mídia em si pode ser
um bell-ringer, situação na qual cumpre o seu propósito informativo. Porém, se
a informação não for levada para a autoridade competente, dentro do
procedimento adequado, isto jamais será Whistleblowing, porém meramente
bell-ringing.
Outro elemento importante para essa diferenciação é que o whistleblower tem
como característica essencial o posicionamento interno dentro de uma
organização ou instituição, o que se chama de "insider". Por insider,
entende-se que o Whistleblower tenha de estar debaixo da
responsabilidade de uma organização ou instituição para que as
informações trazidas sejam aptas a produzir a solução esperada. Sem
esse vínculo interno, trata-se de um caso de bell-ringing, sem os incentivos do
mecanismo de Whistleblowing.
A condição de insider, entretanto, não precisa ser formal. O Whistleblower, de
alguma forma, tem de estar debaixo da hierarquia de autoridade da
organização, porém não necessita de ser formalmente um empregado ou
membro da instituição. Nesse ponto, contudo, começa a zona cinzenta onde
fica difícil a delimitação.
Diferentemente do bell-ringer que assume as claras, como o alto sonido de um
sino, para que todos vejam determinado acontecimento, o Whistleblower é algo
mais discreto e normalmente envolvendo elementos éticos, morais e
fraudulentos de extrema relevância. A posição do Whistleblower como um
insider faz com que seja visto como uma espécie de traidor, ou dedo-duro, e
por isso o desejo de vingança, represálias ou qualquer espécie sanção para ele
seja tão comum. Por isso, a necessidade de maior proteção e incentivo.
Normalmente o bell-ringer não tem mais nada a perder na atitude de chamar a
atenção, porém o Whistleblower, até pela sua posição de insider, está em
vulnerabilidade e precisa ser visto diferenciadamente.
Lei 13.608/2018: disk-denúncia e WHISTLEBLOWER (OU “SOPRADOR DO
APITO”)
Pode-se dizer que Lei no 13.608/2018 tem como objetivo regulamentar e
incentivar a figura do “informante” que, em outros países, é chamada de
“whistleblower”.
“O Whistleblower ( ou soprador de apito) refere-se à hipótese, por meio da
qual o cidadão, não envolvido na atividade criminosa, resolve auxiliar e
„denunciar irregularidades administrativas e ilícitos criminais às
autoridades públicas, recebendo, em contrapartida, uma retribuição
financeira intitulada „recompensa‟ ou „prêmio‟.” (NUNES, Leandro Bastos. A
Lei n.o 13.608, de 10 de Janeiro de 2018, prevê o instituto do whistleblower?.
Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5331, 4 fev.
2018.
 “Whistleblower” (reportante do bem): não estava envolvido na atividade
criminosa. Chamado por alguns autores de “delator externo”.
 Colaborador: era um dos participantes do esquema criminoso, de forma que
confessa os delitos que praticou e colabora com as autoridades fornecendo
provas úteis contra os demais autores dos delitos ou para a recuperação do
produto ou proveito dos crimes.
Whistleblower não é o mesmo que denúncia anônima
Na denúncia anônima (apócrifa) nem mesmo as autoridades sabem quem foi o
autor do relato. A notícia sobre o ilícito chega sem autoria certa. Já na figura do
whistleblower, as autoridades sabem quem é o autor das informações, tanto
que ele poderá ser, inclusive, recompensado por isso. Vale ressaltar, no
entanto, que, apesar de as autoridades saberem quem é o whistleblower, se
este assim desejar, terá assegurado o sigilo dos seus dados.

- Tema 1094 STJ: O candidato aprovado em concurso público pode assumir


cargo que, segundo o edital, exige título de Ensino Médio profissionalizante ou
completo com curso técnico em área específica, caso não seja portador desse
título, mas detenha diploma de nível superior na mesma área profissional.
- É possível o ajuizamento de ACP alegando que o particular que recebeu a
indenização na desapropriação não era o seu real proprietário mesmo que já
tenham se passado 2 anos do trânsito em julgado da ação de desapropriação.
I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação
desapropriatória não obsta a propositura de Ação Civil Pública em defesa do
patrimônio público para discutir a dominialidade do bem expropriado, ainda que
já se tenha expirado o prazo para a Ação Rescisória;
II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só
serão devidos caso haja devido pagamento da indenização aos expropriados.
STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/5/2021 (Repercussão Geral – Tema
858) (Info 1019).

- Na hipótese de desistência da ação de desapropriação por utilidade


pública, em face da inexistência de condenação e de proveito econômico, os
honorários advocatícios sucumbenciais observam o valor atualizado da causa,
assim como os limites da Lei das Desapropriações. STJ. 2ª Turma. REsp
1.834.024-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/05/2022
(Info 736).
Art. 27, § 1º, da Lei de Desapropriação: A sentença que fixar o valor da
indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o
desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre
meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no §4º
do art. 20 do CPC.

- Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos


decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a
violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for
concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for
de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo
particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral –
Tema 366) (Info 969).

- No caso em que o município promove queima de fogos nas festividades de


ano novo e deixa, nas proximidades do local onde ocorreu o evento, restos de
explosivos sem qualquer proteção, não há falar em culpa concorrente dos pais
pelos danos causados ao seu filho.
Nesta situação, não se pode imputar aos pais responsabilidade por ter
permitido que o filho brincasse em logradouro público, especialmente naquele
onde ocorreu as festividades de ano novo. Não havia nenhum elemento
indicativo de que era proibido o acesso ao local do acidente ou que o município
tenha prevenido o acesso à área pública.
Assim, não há culpa concorrente dos pais, tendo sido a conduta do município
causa exclusiva para a ocorrência do dano.
STJ. 2ª Turma. REsp 1837378/RO, Rel. Min Herman Benjamin, julgado em
10/12/2019.

- Para a caracterização da responsabilidade objetiva do Estado, segundo a


Teoria do Risco Administrativo, basta a concorrência dos ss.
elementos/requisitos: a) Conduta: é necessário que o dano tenha sido causado
por agente público agindo nessa qualidade. Ainda sobre a conduta, importante
observar que o Estado responde tanto por atos lícitos quanto por atos ilícitos,
consoante entendimento firme do STF. b) Dano: De acordo com a doutrina, o
dano indenizável é aquele certo (não imaginário, suposto), anormal (além das
intempéries normais da vida em sociedade) e específico (que atinja uma ou
algumas pessoas determinadas). c) Nexo de causalidade: relação de causa e
efeito entre a conduta do agente estatal e o dano. Segundo a doutrina, o Brasil
adotou como regra a “Teoria da Causalidade Adequada”, de acordo com a qual
o Estado responde desde que a conduta tenha sido determinante para a
causação do dano. Essa teoria, portanto, admite a interrupção do nexo causal
quando fatos ou atos concomitantes/posteriores alheios ao Estado causem o
dano por si sós. Assim, aplicam-se as causas excludentes da responsabilidade,
tais como a culpa exclusiva da vítima, caso fortuito, força maior e fato de
terceiro (STJ, REsp 866.450).

- Afasta-se o dever de indenizar o Estado apenas no caso de culpa exclusiva


da vítima, que gera um rompimento do nexo causal, sendo causa de
excludente de responsabilidade do Estado. Por outro lado, verificada a culpa
concorrente entre a vítima e o Estado, haverá responsabilização na proporção
de sua contribuição para o evento lesivo (atenua o dever de reparar).

- Em caso de omissão do Estado, entende-se que a responsabilidade subjetiva,


sendo necessária a comprovação da culpa administrativa, sendo o caso de
responsabilidade subjetiva. Trata-se de aplicação da teoria da culpa do serviço
ou culpa anônima ou “faute du servisse”, pois a responsabilidade surge diante
da falta ou falha na prestação do serviço, não sendo necessário identificar o
agente ou a culpa específica (STJ, AgRg no Resp 1345620/RS, j. em
24/11/2015).

- Responsabilidade civil do Estado pela morte de detento: “Em caso de


inobservância de seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de
detento. INCLUSIVE suicídio. Exceção: se houver comprovação de que a
morte não poderia ser evitada, que aconteceria mesmo que o indivíduo
estivesse em liberdade, havendo o rompimento do nexo causal, o estado não
seria responsabilizado.
- O STF fixou a seguinte tese: “As hipóteses excepcionais autorizadoras de
acumulação de cargos públicos previstas na Constituição Federal sujeitam-
se, unicamente, a existência de compatibilidade de horários, verificada no caso
concreto, ainda que haja norma infraconstitucional que limite a jornada
semanal.”

- O STJ também se posicionou sobre o tema afirmando que o limite semanal de


60 horas para acúmulo de cargos públicos não se aplica aos profissionais da
área de saúde, que só precisam comprovar a compatibilidade de horários. A
decisão é da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, que adequou seu
entendimento à posição do Supremo Tribunal Federal. (STJ. 1ª Seção. REsp
1767955/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/03/2019 (Info 646)).

- Terço Constitucional de Férias: incidência sobre a remuneração relativa à


totalidade do período de duração do descanso previsto em lei - RE
1.400.787/CE (Tema 1.241 RG)
TESE FIXADA: “O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da
Constituição Federal incide sobre a remuneração relativa a todo período
de férias.”
RESUMO: O art. 7º, XVII, da CF/1988 assegura ao trabalhador o gozo de férias
anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal, sem limitar o tempo da sua duração, razão pela qual esse adicional
deve incidir sobre todo o tempo de descanso previsto em lei. Esse direito
também se estende ao servidor público por força do art. 39, § 3º, da CF/1988.
Nesse contexto, como a legislação do Município de Boa Viagem/CE garante 45
(quarenta e cinco) dias de férias anuais para os respectivos professores, o
acréscimo de 1/3 há de incidir sobre o valor pecuniário a ele correspondente,
sendo incabível sua restrição ao período de apenas 30 (trinta) dias, em respeito
ao princípio da legalidade (CF/1988, art. 37, caput). Com base nesse
entendimento, o Plenário, por unanimidade, reconheceu a existência de
repercussão geral da questão constitucional suscitada (Tema 1.241 RG) e, no
mérito, também por unanimidade, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a
matéria (1) para negar provimento ao recurso extraordinário.
- Pegadinha recorrente em prova é dizer que a Constituição Federal prevê 30
DIAS DE FÉRIAS, o que é FALSO, ela prevê o gozo de férias anuais
remuneradas, sem especificar a quantidade de dias!
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal.

- Art. 39, § 9º, CF/88 (incluído pela EC nº 103/2019): “é vedada a incorporação


de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de
confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.”.
(Gratificações temporárias não incorporam).

- Art. 37, XV, CF/88: “o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e


empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV
deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.”.
- Conforme entendimento do STF (RE nº 650.898 – Tema 484), “o artigo 39,
parágrafo 4.º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de
terço de férias e décimo terceiro salário...”. (art. 39, § 4º O membro de Poder, o
detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.).
- Art. 37, caput, X, CF/88: “a remuneração dos servidores públicos e o
subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
índices”.

- Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do


mesmo quadro, com ou sem mudança de sede e não constitui hipótese de
provimento. De acordo com o art. 8º da Lei nº 8.112/90, são formas de
provimento de cargo público: a nomeação; promoção; readaptação; reversão;
aproveitamento; reintegração; e recondução.

- O STF não admite a aplicação da chamada “teoria do fato consumado” para


consolidar nomeações a cargos públicos feitas ao arrepio do Direito. Segundo
o Supremo, o decurso do tempo não possui o condão de assegurar a
permanência no cargo público, não ensejando estabilidade ou efetividade (RE
608.482/RN). Por oportuno, destaque-se a diferença entre esses dois
conceitos, conforme didático julgado do STF: a estabilidade é o direito de
permanência no serviço público no cargo em que fora admitido, sendo
impossível sua demissão fora das hipóteses constitucionais, existindo de forma
excepcional para quem atender aos requisitos do art. 19 do ADCT; por outro
lado, a efetividade somente é adquirida por concurso público, incorporando o
servidor à carreira, com direito aos benefícios privativos de seus integrantes e à
progressão funcional, inclusive com filiação ao RPPS (ADI 114 e ARE
1.069.876 AgR).

- Nos termos do art. 37, no caso de extinção de cargo público, o servidor será
redistribuído para outro cargo de provimento efetivo que deverá, entre outros
requisitos, possuir a mesma essência das atribuições do cargo. Caso o servidor
estável não seja redistribuído, será colocado em disponibilidade até seu
aproveitamento.
- Art. 37, inciso II, da CF88: “a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.

- Compete, com exclusividade, ao chefe do Poder Executivo examinar a


conveniência e a oportunidade para desempenho das atividades legislativas e
regulamentares que lhe são inerentes.
Assim, qualquer norma que imponha prazo certo para a prática de tais atos
configura indevida interferência do Poder Legislativo em atividade própria do
Poder Executivo e caracteriza intervenção na condução superior da
Administração Pública.
Diante disso, o STF decidiu que: Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição
Federal norma de legislação estadual que estabelece prazo para o chefe
do Poder Executivo apresentar a regulamentação de disposições legais.
STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021
(Info 1037).

- O STF, ao analisar o Tema 1010, afirmou que a criação de cargos em


comissão é exceção à regra de ingresso no serviço público mediante concurso
público de provas ou provas e títulos e somente se justifica quando presentes
os pressupostos constitucionais para sua instituição. Na oportunidade, foram
fixadas as seguintes teses:
a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de
funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao
desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a
autoridade nomeante e o servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade
com a necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores
ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma
clara e objetiva, na própria lei que os instituir.
Caso não se respeite esses requisitos, a criação dos cargos em comissão será
considerada inconstitucional.
STF. Plenário. ADI 6655/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/5/2022 (Info
1053).

- TEMA 1207 STF: “A promoção do servidor a classe posterior dentro do


mesmo cargo não caracteriza provimento originário, mas sim
derivado, sendo incabível a exigência de exercício efetivo no cargo de
aposentadoria por cinco anos para cálculo de proventos de
aposentadoria não encontra respaldo no art. 40, § 1º, III, CF".
- Em que pese às exigências do artigo 40, §1, III CF e leis que a
complementam: A classe a ser considerada para o cálculo do benefício
previdenciário será aquela desempenhada pelo servidor no momento em que
aposentar.
Portanto, os 05 anos como prazo mínimo serão observados somente em
relação ao exercício do cargo e não a classe em si.

- É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico


celetista incide sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de
fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas
à prestação de serviços de saúde. STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info 997).

-· FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PÚBLICO:


o SINÔNIMOS: Autarquias Fundacionais ou Fundações Autárquicas;
o CRIAÇÃO: criadas por lei (regime jurídico de direito público igual o da
autarquia);
o DIFERENÇA COM AUTARQUIA: é meramente conceitual. A AUTARQUIA
é um serviço público personificado, em regra, típico de Estado. A
FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PÚBLICO é um patrimônio público
personificado destinado a uma finalidade específica, usualmente de interesse
social.
o SUA CRIAÇÃO COMO DE DIREITO PÚBLICO É EXCEÇÃO;
o Podem exercer as atividades típicas da administração, inclusive aquelas
relacionadas ao exercício do poder de polícia;
o POSSUI PRERROGATIVAS PROCESSUAIS;
o FAZ JUS À ISENÇÃO DAS CUSTAS PROCESSUAIS;
o SUJEITA AO REGIME DE PRECATÓRIOS;
o BENS PÚBLICOS;
o REGIME JURÍDICO ÚNICO: cargo público (estatutário);
o FORO COMPETENTE: Justiça Federal (se for instituída pela União) ou
Justiça Estadual (se for instituída pelo Estado ou Município).

· FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PRIVADO:

o CRIAÇÃO: Lei autoriza a fundação pública de direito privado, mas somente


com o registro que ela possuirá personalidade jurídica (nascerá);
o REGIME JURÍDICO HÍBRIDO: predominantemente privado, derrogadas em
partes pelo regime jurídico de direito público;
o SEUS CONTRATOS: SÃO “CONTRATOS ADMINISTRATIVOS;”
o BENS PRIVADOS: (porém quando estiverem afetados diretamente na
prestação de serviço público serão equiparados a bens públicos);
o REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES: CLT (emprego público), conforme
doutrina de J. S. C. Filho, sendo o que vem prevalecendo na legislação.
o NÃO POSSUI PRERROGATIVAS PROCESSUAIS;
o NÃO FAZ JUS À ISENÇÃO DAS CUSTAS PROCESSUAIS;
o NÃO SE SUJEITA AO REGIME DE PRECATÓRIOS;
o FORO COMPETENTE: o STJ confirmou este posicionamento no CC
16.397/RJ26, concluindo que em fundações públicas de
direito privado equiparam-se às empresas públicas no que se refere ao
juízo competente. Conforme consta no art. 109, I, da Constituição
Federal, compete à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar as causas
envolvendo empresa pública federal.
§ OBS: A doutrina de Carvalho Filho, entende que era a Justiça Estadual.

- O proprietário do veículo apreendido em razão de infração de transporte


irregular de madeira NÃO titulariza direito público subjetivo de ser
nomeado fiel depositário do bem.
A administração deverá avaliar eventual pedido nesse sentido, tomando as
providências dos arts. 105 e 106 do Decreto Federal nº 6.514/2008, em
fundamentado juízo de oportunidade e de conveniência.
STJ. 1ª Seção. REsp 1805706/CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 10/02/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1043).

- É inconstitucional lei que equipara, vincula ou referencia espécies


remuneratórias devidas a cargos e carreiras distintos, especialmente quando
pretendida a vinculação ou a equiparação entre servidores de Poderes e níveis
federativos diferentes. STF. Plenário. ADI 6436/DF, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 27/11/2020 (Info 1000).
- A remuneração dos servidores estaduais não pode exceder o subsídio mensal
do GOVERNADOR, isso no âmbito do PODER EXECUTIVO, que é o caso da
Polícia Civil.

- Súmula 473/STF preceitua: “A administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial”.

- A Lei 9.784, disciplinou em seu art. 54: “O direito da Administração


de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé”. Portanto, não é a qualquer tempo.

- Sobre a portaria de instauração do PAD, leciona Ivan Barbosa Rigolin que “O


ato publicado deve indicar os membros da comissão, e já então seu presidente.
Esse ato deverá também indicar sucintamente dados essenciais ao processo,
como o seu número, eventualmente o servidor envolvido, a acusação que se
lhe faz e o seu enquadramento legal, o nome da repartição, a data e a
assinatura da autoridade responsável.” (RIGOLIN, Ivan Barbosa. Comentários
ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 379). Nada obstante, embora seja necessária a indicação da
acusação, a configurar justamente os motivos da abertura do PAD, a portaria
de instauração não precisa descrever detalhadamente os fatos imputados, que
somente serão efetivamente conhecidos após a instrução probatória e exigidos
quando da etapa do indiciamento. Nesse sentido, o Enunciado nº 641 da
Súmula do STJ: “A portaria de instauração do processo administrativo
disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados.
- Art. 149, Lei Federal nº 8.112/1990: “O processo disciplinar será conduzido
por comissão composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre
eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou
de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
indiciado.”.

- Enunciado nº 592 da Súmula do STJ: “O excesso de prazo para a conclusão


do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver
demonstração de prejuízo à defesa.”.

- O § 1º do art. 41 da CF/88 enumera as hipóteses em que o servidor público


estável poderá perder o cargo: Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998) § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - em virtude de sentença judicial
transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II -
mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - mediante
procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998).

- Recurso extraordinário. 2. Constitucional. Administrativo. Cultivo ilegal de


plantas psicotrópicas. Expropriação. Art. 243 da CF/88. Regime de
responsabilidade. 3. Emenda Constitucional 81/2014. Inexistência de mudança
substancial na responsabilidade do proprietário. 4. Expropriação de caráter
sancionatório. Confisco constitucional. Responsabilidade subjetiva, com
inversão de ônus da prova. 5. Fixada a tese: “A expropriação prevista no art.
243 da CF pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não
incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo”. 6.
Responsabilidade subjetiva dos proprietários assentada pelo Tribunal Regional.
7. Negado provimento ao recurso extraordinário.(RE 635336, Relator(a):
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/12/2016, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-209 DIVULG 14-09-
2017 PUBLIC 15-09-2017)
CF/88, Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País
onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a
exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e
destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem
qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
OBS: A competência para propor a ação expropriatória é privativa da União
podendo essa atribuição ser delegada a pessoa jurídica da administração
indireta (autarquia, fundação pública ou sociedade de economia mista).
Nesta hipótese de desapropriação, a expropriação irá recair sobre a totalidade
do imóvel, ainda que o cultivo ilegal ou a utilização de trabalho escravo tenham
ocorrido em apenas parte dele. (STF, RE 543974, Rel. Min. Eros Grau, julgado
em 26/03/2009).

- É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei a pessoas


jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública
indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).

- Mnemônico:
Ciclo de Polícia
Luiz Comeu Farofa Salgada
Legislação
Consentimento
Fiscalização
Sanção
* O STF permitiu a delegação das fases CFS para pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta, desde
que atendidas algumas condições:
- Realizada por meio de lei
- Capital majoritariamente público
- Regime não-concorrencial
- Prestem serviço público de atuação própria do Estado.

- "AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO


ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CONSONÂNCIA DO ACÓRDÃO
RECORRIDO COM ENTENDIMENTO FIXADO PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL NO JULGAMENTO DO RE 837.311-RG (TEMA 784). 1. O Plenário
do Supremo Tribunal Federal, ao resolver questão de ordem suscitada no RE
837.311-RG (TEMA 784), fixou a seguinte tese: O surgimento de novas vagas
ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação
dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as
hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração,
caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz
de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o
período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo
candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado
em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: I- Quando a
aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; II -
Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem
de classificação; III- Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição
de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração
nos termos acima. 2. A ausência de nomeação do candidato nessas
circunstâncias configura preterição arbitrária e imotivada por parte da
Administração, conforme assentado no julgamento da questão de ordem do RE
837.311 (Tema 784). 3. Agravo Interno a que se nega provimento. Não se
aplica o art. 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, tendo em vista que
não houve fixação de honorários advocatícios nas instâncias de origem." (STF,
RE 1072878 AgR, J. 20/02.2018).

- SOBRE O DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO DO CANDIDATO


APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS:
REGRA: o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o
mesmo cargo durante o prazo de validade do certame anterior não gera
automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das
vagas previstas no edital.
EXCEÇÃO: Haverá direito à nomeação se o candidato conseguir demonstrar,
de forma cabal:
• que existe inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o
período de validade do certame; e
• que está havendo preterição arbitrária e imotivada por parte da administração
ao não nomear os aprovados. Fonte: Dizer o Direito - INFO 811-STF.

- Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo,


manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º,
da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE
580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).

- Informativo nº 666 do STJ de 27 de março de 2020:


"A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público,
pelo critério da heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela
aferição do fenótipo ou por qualquer outro fundamento, exige o franqueamento
do contraditório e da ampla defesa." RMS 62040/MG.

- O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de


segurança, na hipótese de exclusão do candidato do concurso público, é o ato
administrativo de efeitos concretos e não a publicação do edital, ainda que a
causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.

- O Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o
objetivo de anular concurso realizado sem a observância dos princípios
estabelecidos na Constituição Federal.

- A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera


direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido
pela própria Administração Pública.
(STF, Plenário, RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868)

- Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o


servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido
investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante
(STF, Plenário, RE 724347/DF, Rel. orig. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775).

- É pacífico o entendimento no âmbito do Supremo Tribunal Federal e do


Superior Tribunal de Justiça de que o mandado de segurança não é a via
adequada para o exame da suficiência do conjunto fático-probatório
constante do Processo Administrativo Disciplinar - PAD, a fim de verificar
se o impetrante praticou ou não os atos que lhe foram imputados e que
serviram de base para a imposição de penalidade administrativa, porquanto o
rito do mandado de segurança exige prova pré-constituída e inequívoca do
direito líquido e certo invocado. Nesse sentido: MS 21.544/DF, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2017,
DJe 07/03/2017; MS 21.985/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/05/2017, DJe 19/05/2017.

- Admite-se, na via do mandado de segurança, valorar a congruência entre a


conduta apurada no procedimento disciplinar e a capitulação legal utilizada
pela autoridade julgadora para aplicar a pena de demissão - na espécie, art.
132, IV, da Lei n. 8.112/90, combinado com art. 11, inciso I, da Lei n. 8.429/92 -
, buscando, dessa forma, preservar a correta aplicação do princípio da
legalidade. (MS 17.151/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/02/2019, DJe 11/03/2019).

- À semelhança do que acontece no processo penal, no PAD, a alteração da


capitulação legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma vez que o
indiciado se defende dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos
legais.
 O indiciado se defende dos fatos que lhe são imputados e não de sua
classificação legal, de sorte que a posterior alteração da capitulação legal
da conduta, não tem o condão de inquinar de nulidade o Processo
Administrativo Disciplinar; a descrição dos fatos ocorridos, desde que feita de
modo a viabilizar a defesa do acusado, afasta a alegação de ofensa ao
princípio da ampla defesa. STJ. 1ª Seção. MS 19.726/DF, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2017.

- Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em


investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-
dever de autotutela imposto à Administração.

- Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo


administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

- Em ação de despejo e cobrança de alugueis, a 3ª Turma do STJ assentou ser


“possível ao juiz adotar meios executivos atípicos desde que, verificando-se a
existência de indícios de que o devedor possua patrimônio apto a cumprir a
obrigação a ele imposta, tais medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por
meio de decisão que contenha fundamentação adequada às especificidades da
hipótese concreta, com observância do contraditório substancial e do postulado
da proporcionalidade" (REsp 1.854.289/PB, Re. Min. Nancy Andrighi, j. em
20/02/2020).

- Em 01/07/2021, por ocasião do julgamento do REsp nº 1.929.230/MT, agora


em ação de improbidade administrativa, a 2ª Turma concluiu que, diante da
tutela da moralidade e do patrimônio público, “os parâmetros construídos pela
Terceira Turma para a aplicação das medidas executivas atípicas encontram
largo amparo na doutrina e se revelam adequados também ao cumprimento de
sentença proferida em Ação de Improbidade.”, sendo possíveis, enquanto meio
executivo atípico, a determinação de suspensão de CNH e de apreensão de
passaporte, mas desde que medidas subsidiárias, que devem ser
fundamentadas e adequadas ao caso concreto, sempre se primando pelos
princípios do contraditório e da proporcionalidade.

- O Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência firme no sentido de ser


inconstitucional lei municipal versando sobre subsídio vitalício considerando o
exercício de mandatos de vereador, por ofensa aos princípios da igualdade,
moralidade e impessoalidade, bem como à submissão obrigatória ao RGPS de
todos os ocupantes de cargos temporários, inclusive eletivos (RE nº
638.307/MT, Plenário, Rel. Min. Marco Aurélio, j. em 19/12/2019). Destaque-se
que, agora em 2021, por ocasião do julgamento da ADPF nº 764/CE (Rel. Min.
Gilmar Mendes, j. em 30/08/2021), o Plenário do STF reiterou sua
jurisprudência, reafirmando se tratar de tratamento diferenciado que ofende os
princípios republicano e da igualdade.

- CADUCIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO:


A caducidade acontece quando um ato administrativo já não tem mais
validade, devido a alguma normativa que interfira na sua compatibilidade com
a legislação vigente. Se uma nova lei, por exemplo, for aprovada e
tornar incompatível um ato administrativo anterior a ela, então este ato irá
“caducar”.
CADUCIDADE DA CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO:
Refere-se à extinção decorrente da inexecução total ou parcial do contrato
de concessão (art. 38 da Lei 8.987/1995). A caducidade deve ser precedida de
processo administrativo, em que seja assegurado o direito de ampla defesa.
Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a
caducidade será declarada por decreto do poder
concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no
decurso do processo.
- RECURSO EXTRAORDINÁRIO 842.846 SANTA CATARINA
4. O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e
registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a
terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. Precedentes: RE
209.354 AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, DJe de 16/4/1999; RE
518.894 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, DJe de 22/9/2011; RE
551.156 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe de 10/3/2009; AI
846.317 AgR, Relª. Minª. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 28/11/13 e
RE 788.009 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em
19/08/2014, DJe 13/10/2014.
- Há duas possibilidades em relação à ação de indenização proposta por
pessoa que sofreu dano em razão de ato de notário ou registrador:
1) Se for proposta contra o Estado:
 Responsabilidade objetiva.
 Prazo prescricional: 5 anos.
 Receberá por precatório ou RPV.
2) Se for proposta contra o tabelião ou registrador:
 Responsabilidade subjetiva
 Prazo prescricional: 3 anos
 Receberá por execução comum.

- Súmula vinculante 44 STF: Só por lei se pode sujeitar a exame


psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. O STF afirma que é
admitida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos, desde
que a lei da carreira preveja expressamente esse teste como um
dos requisitos para acesso ao cargo.
- A questão refere-se à Constituição do Estado do Epítrito Santo que prevê, em
seu art. 32, VI, que é "vedado ao servidor público servir sob a direção imediata
de cônjuge ou parente até o segundo grau civil"
Foi ropposta uma ADI contra esta norma.
O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação conforme à
CF/88, no sentido de ser válido somente quando incidir sobre cargos de
provimento em comissão, função gratificada, cargos de direção e
assessoramento. Em outras palavras, o STF afirmou que essa vedação não
pode alcançar os servidores admitidos mediante prévia aprovação em
concurso público, ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista
que isso poderia inibir o próprio provimento desses cargos, violando,
dessa forma, o art. 37, I e II da CF/88, que garante o livre acesso aos
cargos, funções e empregos públicos aos aprovados em concurso
público. (VADE MECUM de jurisprudência: Dizer o Direito / Márcio André
Lopes - Salvador: Editora JusPodvim, 8ª ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed.
JusPodvim, 2020).
- A previsão é inconstitucional em relação aos ocupantes de cargos efetivos eis
que normas inibitórias do nepotismo não têm como campo próprio de
incidência os cargos efetivos sob pena de violação ao concurso público.

- Lei 9.784/1999 Mapeado


Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I – a edição de atos de caráter normativo;
II – a decisão de recursos administrativos;
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Delegação
⮩ é a extensão de competência para um outro agente de mesma hierarquia ou
inferior
 A delegação também é possível mesmo que não haja subordinação
hierárquica (a avocação não)
 Deve ser apenas de partes das competências do órgão ou agente
 Deve ser feita por prazo determinado
 O ato de delegação é discricionário e revogável a qualquer tempo
 O ato de delegação e sua revogação devem ser publicados em meio
oficial
 Quem responde pelo ato é o agente que efetivamente o praticou (ainda
que por delegação)

Não podem ser objeto de delegação (CE-NO-RA)


 Competência Exclusiva
 Ato NOrmativo
 Recurso Administrativo

- O Código Civil brasileiro regula, em sua Parte Geral, dentre outras matérias,
os bens públicos, procurando identificá-los como bens de uso comum, bens de
uso especial e bens dominicais.
- O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
- Art. 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.
- SÚMULA Nº 340 STF: Desde a vigência do código civil, os BENS
DOMINICAIS, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por
usucapião.

- A proteção da confiança, desdobramento do princípio da segurança jurídica,


impede a administração de adotar posturas manifestamente contraditórias, ou
seja, externando posicionamento em determinado sentido, para, em seguida,
ignorá-lo, frustrando a expectativa dos cidadãos de boa-fé.
O princípio da segurança jurídica pode ser estudado sob dois prismas:
- Objetivo: refere-se à irretroatividade das normas e à proteção dos atos
perfeitamente realizados contra as modificações legislativas posteriores e;
- Subjetivo: trata justamente da preservação das expectativas legítimas da
sociedade com a produção de harmonia das relações jurídicas (princípio da
proteção da confiança).

- Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da


proteção da confiança dos administrados constitui a face subjetiva do
princípio da segurança jurídica. Essa face subjetiva relaciona-se com o
caráter psicológico daquele que acreditou estar atuando conforme o
direito. Assim, a caracterização da confiança legítima do administrado
para com a administração depende necessariamente da boa-fé do
administrado, que acreditou nas expectativas geradas pela atuação
estatal. Logo, não se admite a invocação do princípio da proteção da
confiança quando o administrado atua de má-fé perante a administração.
Tampouco se admite a invocação do princípio em comento nos casos em
que o particular sabe que está albergado por medida judicial precária,
como nos casos de posse precária em cargo público via decisão
liminar. Ainda nesse cenário de confiança e expectativa entre administração e
administrado, os tribunais superiores vem admitindo a aplicação do venire
contra factum proprium (proibição do comportamento contraditório) no
âmbito do direito administrativo. Ora, se existe todo um aparato
principiológico regulando essa relação entre particular e Estado, não haveria
motivo para se negar a aplicação deste consectário do princípio da boa-fé e
do respeito aos deveres anexos de lealdade, cooperação e informação da
Administração Pública perante os seus administrados, atuando de modo a não
os surpreender. ATENÇÃO!! A jurisprudência dos Tribunais Superiores
não admite a aplicação deste princípio no caso de situações
flagrantemente inconstitucionais.

- Segundo o STJ, mesmo que seja nulo o contrato realizado com a


Administração Pública, por ausência de prévia licitação, é devido o
pagamento pelos serviços prestados, desde que comprovados, nos
termos do art. 59, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 [art. 149 da Lei n.
14.133/21], sob pena de enriquecimento ilícito da Administração. O STJ
reconhece que, ainda que ausente boa-fé do contratado e que tenha ele
concorrido para a nulidade, é devida indenização pelo custo básico do serviço,
sem qualquer margem de lucro.
 “A inexistência de autorização da Administração para
subcontratação é insuficiente para afastar o dever de indenização,
no caso dos autos, porque a própria contratação foi irregular, haja
vista que não houve licitação e o contrato foi verbal. Assim, desde
que provada a existência de subcontratação e a efetiva prestação
de serviços, ainda que por terceiros, e que tais serviços se
reverteram em benefício da Administração, será devida a
indenização dos respectivos valores. Na mesma linha: REsp n.
468.189/SP, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em
18/3/2003, DJ de 12/5/2003, p. 221.”(REsp. 2.045.450/RS, Rel. Min.
Herman Benjamin, DJe 21.09.2023).

- Não há que se falar em acréscimo de margem de lucro. Ao contrário, a teoria


"disgorgement", também chamada teoria do lucro ilegítimo ou indevido,
determina a restituição dos lucros ilegítimos eventualmente obtidos pelo
beneficiado com a contratação irregular, com base no princípio da vedação do
enriquecimento sem causa (Enunciado 620 da VIII Jornada de D. Civil), no
princípio de que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, bem como nos
efeitos retroativos da declaração de nulidade, que determina o retorno ao
"status quo ante" (art. 884 do CC; art. 59 da Lei n. 8.666/93; e arts. 148 e 149
da Lei n. 14.133/21).

- LINDB:
- Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou
opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
- Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por
autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser
precedida de consulta pública para manifestação de interessados,
preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na
decisão.
- Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança
jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de
regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão
caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até
ulterior revisão.
- Os novos dispositivos da LINDB trazem, cada vez mais, a busca pelo
interesse geral, superando a centralidade da supremacia do interesse público
no regime administrativo brasileiro. Como exemplo, cite-se os arts. 21,
parágrafo único, 23 e 26, § 1º, da LINDB: “Art. 21. (…) Parágrafo único. A
decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar
as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e
equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos
sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso,
sejam anormais ou excessivos.”. (FONTE: ESTRATÉGIA CONCURSOS).
- Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer
interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo
indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de
direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o
novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional,
equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.”

- É possível a utilização da colaboração premiada, instituto de natureza


penal, no âmbito da ação civil pública por ato de improbidade
administrativa (Lei nº 8.429/92)?
É constitucional a utilização da colaboração premiada, nos termos da Lei nº
12.850/2013, no âmbito civil, em ação civil pública por ato de improbidade
administrativa movida pelo Ministério Público, observando-se as seguintes
diretrizes:
(1) Realizado o acordo de colaboração premiada, serão remetidos ao juiz, para
análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da
investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado
de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na
homologação: regularidade, legalidade e voluntariedade da manifestação de
vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob
efeito de medidas cautelares, nos termos dos §§ 6º e 7º do artigo 4º da referida
Lei nº 12.850/2013;
(2) As declarações do agente colaborador, desacompanhadas de outros
elementos de prova, são insuficientes para o início da ação civil por ato de
improbidade;
(3) A obrigação de ressarcimento do dano causado ao erário pelo agente
colaborador deve ser integral, não podendo ser objeto de transação ou acordo,
sendo válida a negociação em torno do modo e das condições para a
indenização;
(4) O acordo de colaboração deve ser celebrado pelo Ministério Público, com a
interveniência da pessoa jurídica interessada e devidamente homologado pela
autoridade judicial;
(5) Os acordos já firmados somente pelo Ministério Público ficam preservados
até a data deste julgamento, desde que haja previsão de total ressarcimento do
dano, tenham sido devidamente homologados em Juízo e regularmente
cumpridos pelo beneficiado. STF. Plenário. ARE 1.175.650/PR, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 01/7/2023 (Repercussão Geral – Tema 1043)
(Info 1101).

- Entendimentos mais recentes sobre a colaboração premiada:


1) O delatado pode apresentar alegações finais só depois do corréu
colaborador, quando as alegações deste tiverem carga acusatória (STF. HC
166.373; e STJ. RHC 119.520).
2) Ao rejeitar o acordo o Magistrado não pode emitir juízo de valor, devendo se
limitar à análise de legalidade, voluntariedade e de regularidade do negócio
jurídico personalíssimo (STJ. HC 354.800).
3) A decisão que não homologa a colaboração premiada é impugnada
mediante recurso de apelação, tendo em vista que a decisão de rejeição do
acordo possui conteúdo decisório (STJ. REsp. 1.834.215).
4) A pessoa jurídica não tem capacidade para celebrar acordo de colaboração
premiada previsto na Lei n. 12.850/13. “Acordo de leniência não é acordo de
colaboração premiada!” (STJ. RHC 154.979).
5) É possível fixar sanções penais atípicas em acordo de colaboração
premiada (ex. aplicação de pena privativa de liberdade com regime mais
brando), desde que não haja violação à CF, ao ordenamento jurídico, bem
como à moral e à ordem pública (STJ. AgRg nos EDcl na Pet 13974/DF).
6) É possível a utilização da colaboração premiada prevista na Lei n. 12.850/13
no âmbito da ação civil pública por ato de improbidade administrativa; porém,
em face da indisponibilidade do interesse público, a obrigação de
ressarcimento do dano ao erário deve ser integral, admitindo-se transação
apenas em torno do modo e condições de cumprimento da indenização (Tema
1043-STF).
- A decisão administrativa tomada com base no princípio da supremacia do
interesse público sobre o interesse privado deve levar em consideração as
suas consequências práticas e a sua motivação comprovar a observância do
princípio da proporcionalidade.

- Princípios magnos “PEDRAS DE TOQUE”: Celso Antônio Bandeira de


Mello sugere que o regime jurídico administrativo é formado por PRINCÍPIOS
MAGNOS, quais sejam: SUPREMACIA DO INTERESSE
PÚBLICO e INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. Para o
doutrinador os demais princípios se assentam sobre esses.

- De acordo com Enunciado 2 da I Jornada de Direito Administrativo – CJF:


“Enunciado 2. O administrador público está autorizado por lei a valer-se do
desforço imediato sem necessidade de autorização judicial, solicitando,
se necessário, força policial, contanto que o faça preventivamente ou
logo após a invasão ou ocupação de imóvel público de uso especial,
comum ou dominical, e não vá além do indispensável à manutenção ou
restituição da posse (art. 37 da Constituição Federal; art. 1.210, § 1, do
Código Civil; art. 79, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.760/1946; e art. 11 da Lei n.
9.636/1998).”

- Classificações BENS PÚBLICOS


A- De uso comum: destinados ao uso da coletividade, não havendo distinção
de usuários. Ex.: rios, praças, estradas, mares, ruas.
 O uso pode ser a título gratuito ou oneroso / retribuído. (*ex: pedágio e
estradas)
B- De uso especial: bens utilizados pelo próprio poder público para o
desempenho dos serviços públicos. São edifícios ou terrenos destinados
(afetados) a serviço ou estabelecimento da administração.
 Podem ser utilizados também por um particular, por meio de um ato
unilateral ou bilateral, da administração. Ex.: permissão do uso,
concessão.
 A e B, enquanto conservarem a sua qualificação, são inalienáveis.
C- Dominicais: integram o patrimônio disponível estatal, pois não tem afetação
pública; constituem o patrimônio das PJ de direito público, como objeto de
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
 Não dispondo a lei em contrário, consideram-
se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
 Podem ser alienados, desde que observadas as exigências legais.
(autorização legislativa, avaliação e licitação)
*ex: terras devolutas, os terrenos de marinha, os prédios públicos desativados
etc.
.
-STJ em Teses 124: Construção ou atividade irregular em bem de uso comum
do povo revela dano presumido à coletividade, dispensada prova de prejuízo
em concreto.
-STJ Súmula 619: A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por
acessões e benfeitorias.

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