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PUC MINAS

DIREITO ADMINISTRATIVO III


10º PERÍODO
ALUNAS: Andrezza Godinho, Ana Paula Pontes, Laura Dias, Mariana Bizarria.

QUESTÕES

1- Considerando que o tombamento é forma de intervenção do Estado na propriedade privada, que


tem por objetivo a proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural, apresente 3 efeitos ou
obrigações do tombamento que limitam a utilização e/ou a disposição dos bens tombados pelo
particular?

De acordo com o Decreto Lei nº25/1937, os efeitos do tombamento são: alienação, deslocamento,
transformações, imóveis vizinhos, conservação e fiscalização. Esses efeitos vão gerar ao proprietário à
obrigação de alguns atos positivos, negativos ou de suportar. Portanto, a utilização e/ou disposição dos
bens tombados pelo particular, gera como obrigação:

1. a proteção do bem tombado;


2. a conservação do bem tombado;
3. a notificação do Poder Público em caso de furto ou extravio.

A exemplo dos efeitos, acima citados, observa-se os seguintes artigos. No que diz respeito ao item
1 dispõe o artigo 17 do Decreto Lei nº25/1937: “As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum
ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de
multa de cinquenta por cento do dano causado”. Ademais, sobre o item 2, diz o Art. 19 do
mesmo Decreto: “O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder
às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de
multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma
coisa”. Por fim, no que diz respeito ao item 3, observa-se o Art. 16, §1º: “No caso de extravio ou
furto de qualquer objeto tombado, o respectivo proprietário deverá dar conhecimento do fato ao
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de
multa de dez por cento sobre o valor da coisa”. Ficando, portanto, demostrando, os efeitos e
obrigações do tombamento que limitam a utilização dos bens tombados pelo particular.

2- O Município de Santa Cruz do Riachinho, preocupado com o grande número de veículos em


circulação, comprometendo o trânsito da cidade, instituiu, por meio da Lei Municipal nº 1001, do
ano de 2021, a obrigatoriedade de que cada unidade residencial a ser construída (seja casa ou
apartamento) somente terá o devido alvará para construção liberado, se observar, no projeto, o
limite de apenas uma vaga de garagem, independentemente do tamanho da área construída ou
do número de cômodos. Comente sobre o instituto de intervenção abordado, caracterizando-o,
e explique se considera a hipótese como ofensiva ao direito de propriedade.

O ordenamento jurídico prevê mecanismos que possibilitam ao Estado intervir na propriedade. De


acordo com os ensinamentos de José dos Santos Carvalho Filho (2012), pode-se admitir duas formas
básicas de intervenção estatal na propriedade privada, e uma delas é a intervenção restritiva;
Na Intervenção restritiva o Estado impõe restrições e condições ao uso da propriedade sem retirá-
la de seu dono. O que parece ser o caso em tela. Acreditamos que se trata do instituto de Limitação
Administrativa, ou seja, são restrições gerais por meio das quais a administração pública impõe a
proprietários determinadas obrigações de fazer ou não fazer com o objetivo de garantir que a
propriedade atenda sua função social.
Como a expedição do Alvará de Construção fica condicionada à aprovação do projeto
arquitetônico, o Município de Santa Cruz do Riachinho, pode condicionar a entrega de alvará de
construção a quantidade de vagas disponíveis em cada propriedade de acordo com a orientação
disposta na Lei Municipal nº 1001, do ano de 2021.
Contudo, na nossa opinião, essa hipótese é em partes abusivas, pois a necessidade de vagas
pode ser relativa de família para família. A regra não deveria ser uníssona, mas, deveria atender de
maneira individual, ou até mesmo em conformidade com o metro construído.

3- O mercenário Tio Patinhas procura o seu escritório de advocacia comentando que teve um de
seus imóveis, localizado no município de Belo Horizonte-MG, tombado pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Agora, ele quer pleitear indenização porque,
além de ter que conservar o imóvel, não pode fazer qualquer modificação, alegando que, na
verdade, houve desapropriação de seu imóvel. Comente os pontos assinalados.

O tombamento é um dos dispositivos legais que o poder público, seja estadual ou municipal, possui
como forma de preservar a cultura, bem como a história.
Quando realizado sobre bem imóvel, é necessário que o mesmo mantenha as características que
possuía quando da data de seu tombamento. No caso narrado acima, o mercenário Tio Patinhas terá
que conservar o imóvel. Porém poderá realizar modificação, desde que aprovada previamente pelo órgão
que efetuou o tombamento, sendo a aprovação relativa a verificar se tal reforma ou modificação
preservou as características que justificaram o tombamento.
Em relação a desapropriação, não será necessária, mas quando houver, será precedida de
indenização justa e em dinheiro de acordo com o art 5º XXIV, da CF 88 c/c art 33 do decreto
nº3.365/1941. Porém, se for constatada deterioração do bem, o valor da indenização devida pelo
expropriante, considera as somas já gastas, bem como aquelas a serem despendidas pelo Estado com a
recuperação do imóvel tombado, até porque este, como adquirente, assumirá o ônus de arcar com o
custo da recomposição ou da reparação dos danos (obrigação propter rem).

4- Apresente os aspectos caracterizadores do instituto da Requisição Administrativa e,


posteriormente, responda: É lícito ao Estado pagar indenização a um particular pelo ato de
requisição de bens e serviços deste, o que foi praticado para atender a situação de perigo público
iminente?

A Requisição Administrativa é uma medida auto executória, temporária e precária. Caracteriza-se


como auto executória, pois independe de qualquer autorização prévia do Poder Judiciário. Considera-se
precária e temporária, uma vez que, é sanada a necessidade e o interesse público, o bem ou serviço é
reestabelecido ao particular. Dessa forma, entende-se que a Requisição ocorre, no exercício da
supremacia do interesse público perante os particulares.
O instituto da Requisição Administrativa é utilizado quando existem situações de perigo público
iminente, nas quais, o estado pode intervir na propriedade privada para o atendimento das necessidades
públicas urgente. O Estado somente pagará indenização a um particular posteriormente ao uso de bens
e serviços deste se houver dano.

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