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Parte 1/4
Art. 519, CC - Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos,
caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
O CC/1916 também não garantia o direito de retomada. O art. 1.150 falava que o
Poder Público deveria oferecer o bem desapropriado que não recebeu qualquer destinação.
Entretanto, a pergunta que ficava no ar era “e se o Poder Público não oferecer o bem, como
será resolvido? O particular terá o direito de retomá-lo”?
Essa redação do art. 519, CC/02 em conjunto com o art. 35, DL 3.365/41 (o artigo
menciona que qualquer ação julgada procedente resolver-se-á em perdas e danos) leva a
conclusão de que não se está diante de um direito de natureza real.
Art. 35, DL 3.365/41 - Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser
objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer
ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
Nas ações de natureza obrigacional, a Fazenda responde por cinco anos, nos
termos do Decreto 20.910/32. Os autores que defendem a tese de que é direito de natureza
obrigacional, como José dos Santos Carvalho Filho, vão defender que o prazo da ação de
retrocessão é de 5 anos. Mas, para o STJ, o prazo será de 10 anos, que é o prazo do art. 205,
CC para as ações de natureza real. Então, esse entendimento do STJ de que responde por 10
anos nos casos de retrocessão corrobora a tese de que estamos diante de um direito de
natureza real.
Art. 205, CC - A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
A Lei 4.132/62 (que cuida da desapropriação por interesse social) prevê que o
Poder Público desapropriante tem o prazo de 2 anos para dar uma destinação ao bem. Já o
Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) estipula que na desapropriação por interesse social para
fins urbanísticos, o prazo será de 5 anos. No caso da reforma agrária, a legislação alusiva, LC
76, prevê o prazo de 3 anos para que se tenha uma destinação.
b) Indenização
Nesse ponto é preciso analisar quais parcelas devem ser pagas pelo
desapropriante ao proprietário do bem.
Entretanto, a súm. 23, STF precisa ser lida em conjunto com o art. 26, §1º, DL
3.365/41. Esse artigo estipula que, mesmo após a declaração de desapropriação, as
benfeitorias necessárias terão de ser indenizadas e as úteis serão indenizadas apenas se
tiverem sido autorizadas.
Súm. 23, STF - Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a
declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na
indenização, quando a desapropriação for efetivada.
Art. 26, §1º, DL 3.365/41 - Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação;
as úteis, quando feitas com autorização do expropriante.
o Terrenos de marinha
O art. 103, §2º, DL 9.760/46 menciona quanto a União deverá pagar ao particular
proprietário do domínio útil caso pretenda consolidar em suas mãos a propriedade plena do
terreno de marinha. Para que se torne a proprietária plena, a União deverá pagar ao titular
do domínio útil o valor do domínio pleno menos 17% do total, que corresponde ao domínio
direto. Logo, o domínio útil vale 83% do valor da propriedade plena.
Art. 103, § 2º, DL 9.760/46 - Na consolidação pela União do domínio pleno de terreno que haja
concedido em aforamento, deduzir-se-á do valor do mesmo domínio a importância equivalente a 17%
(dezessete por cento), correspondente ao valor do domínio direto. (Redação dada pela Lei
nº 9.636, de 1998)
O Código Civil de 1916 previa que se o enfiteuta quisesse consolidar nas suas mãos
o domínio pleno da propriedade concedida em regime enfiteutico, o enfiteuta deveria pagar
ao senhorio dez foros anuais e um laudêmio no valor correspondente ao valor de 2,5% da
propriedade. O laudêmio é um instituto que gera obrigação de pagamento pelo enfiteuta ao
senhorio, caso o senhorio não exerça o seu direito de preferência na aquisição do bem nas
hipóteses em que o enfiteuta pretender alienar o seu direito. Então, se um imóvel submetido
a enfiteuse for colocado à venda e se o senhorio não quiser comprar (e normalmente não
compra), ele terá o direito de receber o laudêmio de 2,5% do valor da propriedade. Para
consolidar a propriedade em suas mãos e resgatar a enfiteuse, o enfiteuta paga ao senhorio
10 foros anuais e um laudêmio.
o Desapropriação de jazida
Parte 2/4
Juros compensatórios
Súm. 69, STJ - Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada
imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.
Súm. 164, STF - No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada
imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.
Essa pergunta é cobrada nas provas de concurso e tende a ser uma pergunta
“quente” porque o STF mudou de entendimento.
O STF, em 2001, julgou em plenário uma cautelar na ADI 2.332 (essa ADI é muito
importante), decidiu que era inconstitucional a previsão contida no art. 15-A do DL 3.365/41
no sentido de que os juros compensatórios só incidiriam se a propriedade fosse produtiva.
Isso foi aplaudido na época, porque a doutrina toda dizia que os juros representam um olhar
para o futuro, não importando se hoje a propriedade é improdutiva. O sujeito foi retirado da
posse, ele não recebeu tudo o que deveria receber e tem direito de receber uma indenização
computando os juros compensatórios. Ao julgar o mérito da ADI 2.332, o STF reconheceu a
seguinte tese:
Essas normas estão no art. 15-A, §§1º e 2º, DL 3.365/41, que dizem basicamente
que só incidirão se o grau de produtividade não for igual a zero.
§2º Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e
de eficiência na exploração iguais a zero. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56,
de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
Art. 33, § 2º, DL 3.365/41 - O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou
do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim
Nesse caso em que ele só levantou 80%, a diferença entre o que ele não recebeu
e o que seria devido (R$1.000.000,00 – R$480.000,00) é de R$520.000,00.
O STF também entendeu na ADI 2.332 que os juros compensatórios são devidos
pela diferença do valor fixado na sentença e de 80% do valor depositado para os fins de
imissão (no caso do exemplo, incidiriam sobre R$520.000,00).
ADI 2332 - I - É constitucional o percentual de juros compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano para
a remuneração pela imissão provisória na posse de bem objeto de desapropriação; II - A base de
cálculo dos juros compensatórios em desapropriações corresponde à diferença entre 80% do preço
ofertado pelo ente público e o valor fixado na sentença; III - São constitucionais as normas que
condicionam a incidência de juros compensatórios à produtividade da propriedade; IV - É
constitucional a estipulação de parâmetros mínimo e máximo para a concessão de honorários
advocatícios em desapropriações, sendo, contudo, vedada a fixação de um valor nominal máximo de
honorários.
§ 1º A concordância escrita do expropriado não implica renúncia ao seu direito de questionar o preço
ofertado em juízo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
§ 2º Na hipótese deste artigo, o expropriado poderá levantar 100% (cem por cento) do depósito de
que trata o art. 33 deste Decreto-Lei. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
§ 3º Do valor a ser levantado pelo expropriado devem ser deduzidos os valores dispostos nos §§ 1o e
2o do art. 32 deste Decreto-Lei, bem como, a critério do juiz, aqueles tidos como necessários para o
custeio das despesas processuais. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
No art. 15-A há menção de até 6% ao ano. Em 2001, o STF entendeu que isso era
inconstitucional e que os juros deveriam ser de 12% ao ano. Há a súm. 618, STF no sentido de
que são de 12% ao ano. A decisão de 2001 foi com efeito ex nunc, o que fez com que o STJ
editasse a súm. 408.
Súm. 618, STF - Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze
por cento) ao ano.
Súm. 408, STJ - Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida
Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de
então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.
ADI 2332 - I - É constitucional o percentual de juros compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano
para a remuneração pela imissão provisória na posse de bem objeto de desapropriação; II - A base
de cálculo dos juros compensatórios em desapropriações corresponde à diferença entre 80% do preço
ofertado pelo ente público e o valor fixado na sentença; III - São constitucionais as normas que
condicionam a incidência de juros compensatórios à produtividade da propriedade; IV - É
constitucional a estipulação de parâmetros mínimo e máximo para a concessão de honorários
advocatícios em desapropriações, sendo, contudo, vedada a fixação de um valor nominal máximo de
honorários.
Juros moratórios
Súm. 70, STJ - Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito
em julgado da sentença.
Art. 15-B, DL 3.365/41 - Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a
recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final
de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do
exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da
Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
O art. 15-B, à semelhança do art. 15-A fala “até 6% ao ano”. No caso de juros
compensatórios, o STF disse que é “de 6% ao ano”. Aqui fica a dúvida. Em alguns livros, como
de José dos Santos Carvalho Filho e Celso Antônio, a menção de que como está previsto “até”
e não “de”, e como a lei não previu um percentual específico, deve-se aplicar o art. 406, CC,
que prevê que quando a lei não tiver escolhido um percentual, eles serão devidos no mesmo
percentual aplicável aos créditos tributários da Fazenda Pública. E, como a Fazenda Pública é
remunerada pela taxa Selic, há essa tese de que os juros moratórios seriam pagos com base
na taxa Selic. A Selic compreende correção monetária. Então, adotando essa tese de que os
juros moratórios na desapropriação seguem a lógica da Selic, isso compreende, além dos juros
de mora, a correção monetária.
O professor Valter, como juiz federal, aplica 6% ao ano e é o que tem prevalecido
na literatura e na prática judicial. Assim, é mais prudente considerar esse valor.
Correção monetária
Honorários advocatícios
Art. 27, § 1º, DL 3.365/41 - A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao
preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre
meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de
Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil
reais). (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
ADI 2332 - I - É constitucional o percentual de juros compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano para
a remuneração pela imissão provisória na posse de bem objeto de desapropriação; II - A base de cálculo
dos juros compensatórios em desapropriações corresponde à diferença entre 80% do preço ofertado
pelo ente público e o valor fixado na sentença; III - São constitucionais as normas que condicionam a
incidência de juros compensatórios à produtividade da propriedade; IV - É constitucional a estipulação
de parâmetros mínimo e máximo para a concessão de honorários advocatícios em desapropriações,
sendo, contudo, vedada a fixação de um valor nominal máximo de honorários.
Art. 25, parágrafo único, DL 3.365/41 - O juiz poderá arbitrar quantia módica para desmonte e
transporte de maquinismos instalados e em funcionamento.
Parte 3/4
2) Poder de Polícia
O CTN traz uma definição de poder de polícia no art. 78. Muitas vezes é cobrada
a literalidade do artigo nas provas.
Art. 78, CTN - Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Há casos em que o poder de polícia poderá ser exercido por todos os entes da
federação e há casos em que a competência é de apenas um dos entes da federação. Isso
ficou muito claro na Pandemia da COVID-19, pois houve certa disputa de competências. O
STF, com relação a isolamento e atividades essenciais, colocou que a União pode estabelecer
quais são as atividades essenciais (aquelas que, a princípio, não poderiam ser interrompidas),
mas que cabe ao poder local e, em razão do princípio da subsidiariedade, em primeiro lugar
ao Município, definir como será feito o fechamento ou a abertura dos estabelecimentos.
Então, na prática, em relação à COVID-19, o que se prestigiou foi a predominância do
interesse local e, quando a competência é comum, é a predominância do interesse que tem
sido determinante para a identificação de quem deve agir. A União edita um decreto dizendo
quais atividades são essenciais, mas isso não impede que o Município, no exercício do poder
Como regra, poder de polícia é exercido de modo discricionário. Isso significa que
incumbe ao administrador avaliar de que forma irá delimitar a liberdade do administrado. Ex:
se vai fazer fiscalização semanal, mensal ou anual; se vai determinar o fechamento dos
estabelecimentos a partir das 20h, das 19h, etc. Cabe ao administrador, como gestor da coisa
pública, avaliar o modo como o poder de polícia será exercido.
O poder de polícia não é uma fase estática, mas dinâmica, um ciclo, que
contempla 4 fases, segundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto: ordem de polícia,
consentimento de polícia, fiscalização e sanção.
Já a negativa relativa comporta anuência do Estado. Ex: a pessoa quer abrir uma
farmácia para explorar essa atividade econômica. Ele não pode abrir em uma sala e vender;
Esses nomes variam muito nos livros e aqui estão colocados conforme Diogo de
Figueiredo coloca em seu livro.
Parte 4/4
O fato é que se deu esse passo e o exemplo usado por Diogo de Figueiredo foi o
da Lei 9.649/98, que tinha previsto em seu art. 58 que os conselhos de fiscalização profissional
eram particulares. Ele dizia que tanto é verdade que essas etapas (consentimento e
fiscalização) podem ser delegadas a particulares que a Lei 9.649/98, em seu art. 58, dá aos
conselhos de fiscalização profissional, que fiscalizam e, eventualmente, consentem com a
prática de atividades pelos fiscalizados, são considerados particulares e exercem poder de
polícia.
O problema é que, após o artigo ter sido publicado, o STF, ao julgar a ADI 1.717,
declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos do art. 58, que davam aos conselhos de
fiscalização profissional a natureza de entidade privada. Eles deixaram de ser particulares e
passaram, a partir do julgamento da ADI 1.717 a serem considerados entidades autárquicas.
Essa ADI é lembrada como a decisão em que o STF reconheceu que particular não pode
exercer poder de polícia, tanto é que, para que possam exercer poder de polícia, os conselhos
de fiscalização foram equiparados a entidades autárquicas.
O STF tem uma jurisprudência consolidada que agrupa essas entidades em dois
grandes grupos. De um lado, estão as que exploram atividade econômica em regime de
Muitas vezes, uma estatal é criada para desempenhar o que, na verdade, seria
papel de uma autarquia. No Brasil não há muito esse rigor. A Lei das Estatais procurou
melhorar isso, mas há estatais antigas. Havia autarquia que era banco e há estatal que faz
papel de autarquia.
Quando foi juiz auxiliar do Min. Fux, entre 2011 e 2014, o professor Valter teve
contato com o processo da BH Trans e participou de reuniões com os diretores, pois eles
estavam tendo muita insegurança jurídica, na medida em que multavam e vinha uma decisão
dizendo que não podiam mais multar. Esse caso foi levado a repercussão geral, tema 532, rel.
Min. Luiz Fux, em que o STF terá que decidir se a BH Trans pode ou não fiscalizar o trânsito e
aplicar multa de trânsito, o que é manifestação do poder de polícia. Atualmente, o caso
corresponde ao RE 633.782 (já houve mudança no RE do leading case), que está para ser
julgado.
Por outro lado, se a estatal não concorre e está em regime de monopólio, não há
problema dela exercer poder de polícia.
No momento atual, não faz sentido aceitar que, eventualmente o IRB, possa
exercer poder de polícia, pois ele concorre com outros particulares. A mesma pessoa jurídica,
em um determinado momento exercia poder de polícia e ninguém questionava e, em outro,
com a livre concorrência, não pode e, se tiver que exercer, será questionada.
Não há necessidade de que o poder de polícia de trânsito seja exercido por órgãos
de segurança pública, pois a Guarda Municipal também pode exercer, multar e fiscalizar. Um
dos aspectos considerados foi de que seria impossível que apenas os órgãos de segurança
pública cuidassem de todo o trânsito brasileiro. Isso não é aceitável e, aí, ampliaram para a
guarda municipal como pessoa de direito público.
Ainda não foi decidido pelo STF a questão do exercício do poder de polícia por
estatal e se há, eventualmente, algum Município em que a Guarda Municipal, como empresa
pública ou como sociedade de economia mista (seria mais raro, mas pode acontecer), fica a
depender do julgamento da tese 532 pelo STF.
Pode haver uma situação em que demande atuação da União, por exemplo, para
se criar uma política de uniformização da matéria no âmbito nacional, inclusive quanto a
horário de funcionamento.
3) Bens públicos
a) Classificações
Quanto a titularidade
A Constituição tem dois artigos importantes sobre o tema: art. 20 e 26. O art. 20,
CRFB/88 enumera exemplos de bens de propriedade da União, enquanto que o art. 26 lista
exemplos de bens dos Estados.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a
participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de
geração de energia elétric a e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma
continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Há bens que decorrem de previsão legal. Ex: Lei 6.766/75 prevê em seu art. 22
que as áreas de uso comum em um loteamento passarão ao domínio do Município a partir
do registro do loteamento no Cartório de Registro de Imóveis. Ex: o particular possui uma
grande propriedade e resolve nela fazer um loteamento, que terá áreas de acesso comum
para os lotes. Ao registrar o loteamento no Cartório de Registro de Imóveis, isso faz com que
aquelas áreas de uso comum se tornem logradouros públicos.
Art. 22, Lei 6.766/75 - Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o domínio do
Município as vias e praças, os espaços livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros
equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo.
Parágrafo único. Na hipótese de parcelamento do solo implantado e não registrado, o Município
poderá requerer, por meio da apresentação de planta de parcelamento elaborada pelo loteador ou
aprovada pelo Município e de declaração de que o parcelamento se encontra implantado, o registro
das áreas destinadas a uso público, que passarão dessa forma a integrar o seu
domínio. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Assim, existem formas de aquisição da propriedade pública além das hipóteses
previstas na Constituição. O mais comum é perguntarem em prova sobre os art. 20 e 26,
CRFB/88 no que diz respeito à classificação dos bens quanto à titularidade.