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QUESTÕES – ADMINISTRATIVO 4

1- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do
comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico
de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais
ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo
particular.
II – A União tem responsabilidade pelos prejuízos supostamente causados à indústria de
brinquedos nacional pela redução do imposto de importação de brinquedos na década de 1990
III – A vítima somente poderá ajuizar a ação de indenização contra o Estado, se este for
condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: C
I – CORRETA - segundo a jurisprudência:
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 366 da repercussão geral, negou provimento
ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Ministro Alexandre de Moraes, Redator para o
acórdão, vencidos os Ministros Edson Fachin (Relator), Luiz Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello e
Dias Toffoli (Presidente). Em seguida, por maioria, fixou-se a seguinte tese: "Para que fique
caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de
artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá
quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular", vencido o
Ministro Marco Aurélio, que votou no sentido de não se estabelecer uma tese. O Ministro Dias
Toffoli, que também votou no sentido de não se estabelecer tese, vencido, acompanhou a tese
proposta. Proferiam voto em assentada anterior o Ministro Celso de Mello, ausente por motivo de
licença médica, e o Ministro Gilmar Mendes, que não participou, justificadamente, deste

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julgamento. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969).
II – INCORRETA – de acordo com a jurisprudência:
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALTERAÇÃO
DE ALÍQUOTAS. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
DEMONSTRAÇÃO. AUSÊNCIA. INDÚSTRIA NACIONAL. IMPACTO ECONÔMICO-FINANCEIRO. RISCO
DA ATIVIDADE. DIREITO À MANUTENÇÃO DO STATUS QUO ANTE. INEXISTÊNCIA. 1. É inviável o
conhecimento do recurso especial pela alínea "c" do permissivo constitucional quando a
divergência não é demonstrada nos termos exigidos pela legislação de regência.
2. Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do setor privado
decorrentes da alteração de política econômico-tributária, no caso de o ente público não ter se
comprometido, formal e previamente, por meio de determinado planejamento específico.
3. Com finalidade extrafiscal, a Portaria MF n. 492, de 14 de setembro de 1994, ao diminuir para
20% a alíquota do imposto de importação para os produtos nela relacionados, fê-lo em
conformidade com o art. 3º da Lei n. 3.244/1957 e com o DL n. 2.162/1984, razão pela qual não há
falar em quebra do princípio da confiança.
4. O impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias pelas
sociedades empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos decorre do risco da
atividade próprio da álea econômica de cada ramo produtivo.
5. Inexistência de direito subjetivo da recorrente, quanto à manutenção da alíquota do imposto de
importação (status quo ante), apto a ensejar o dever de indenizar.
6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido.
(REsp 1492832/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2018,
DJe 01/10/2018)
III – CORRETA – de acordo com a jurisprudência:
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral)
(Info 947).
RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO – RÉU AGENTE PÚBLICO – ARTIGO 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE – ADMISSÃO NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO –
PROVIMENTO.
(RE 1027633, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/08/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-268 DIVULG 05-12-2019 PUBLIC 06-12-2019)

2- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Se a Eletrobrás e a União foram condenadas a pagar valores decorrentes do empréstimo
compulsório sobre consumo de energia elétrica e a Eletrobrás quitou toda a dívida com o
particular, ela não poderá pedir o ressarcimento da União
II – São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu
em razão de perseguição política praticada na época da ditadura militar
III – A fixação do prazo prescricional de 5 anos para os pedidos de indenização por danos
causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviços públicos é constitucional.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito:
I – CORRETA - de acordo com a jurisprudência:
RECURSO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 2.
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART.
1.036, DO CPC/2015. IMPOSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO REGRESSIVA DA ELETROBRÁS CONTRA A
UNIÃO EM RAZÃO DAS CONDENAÇÕES À DEVOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS DE JUROS E CORREÇÃO
MONETÁRIA DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA SUBSIDIÁRIA DA UNIÃO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 4º, § 3º, DA LEI
Nº 4.156/62.
1. O presente recurso foi interposto na vigência do CPC/1973, o que atrai a incidência do
Enunciado Administrativo Nº 2: "Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973
(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça".
2. Ausente o prequestionamento do disposto no art. 11 da Medida Provisória n. 2.180/2001-35; e
nos arts. 2º, 128, 460, 583 e 586, do CPC/1973; não devendo o recurso especial ser conhecido
quanto aos pontos. Incidência da Súmula n. 282/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário,
quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada".
3. A Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - ELETROBRÁS foi criada pela UNIÃO em 1961, na forma de
sociedade de economia mista, como holding do setor elétrico, com o objetivo específico previsto
no art. 2º da Lei n. 3.890-A/61 de construir e operar usinas geradoras/produtoras e linhas de
transmissão e distribuição de energia elétrica. A idéia era superar a crise gerada pela
desproporção entre a demanda e a oferta de energia no país, ou seja, atuar em um setor
estratégico para o desenvolvimento nacional.
4. Nesse contexto, o empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica instituído pela
Lei n. 4.156/62 foi uma forma de se verter recursos para a ELETROBRÁS intervir no setor de
energia elétrica subscrevendo ações, tomando obrigações e financiando as demais empresas
atuantes no setor das quais o Poder Público (Federal, Estadual ou Municipal) fosse acionista.
5. De relevo que: a) o emprego dos recursos provenientes da arrecadação do empréstimo
compulsório sobre o consumo de energia elétrica não o foi em exclusivo benefício da empresa,
mas sim na construção e realização de uma política pública estratégica e de âmbito nacional no
campo energético formulada pela própria UNIÃO; b) a criação da sociedade de economia mista se
fez com destaque do patrimônio do ente criador conferindo-lhe autonomia para realizar uma
missão específica de política pública tida por prioritária; e c) nem a lei e nem os recursos
representativos da controvérsia julgados por este Superior Tribunal de Justiça (REsp. n. 1.003.955 -
RS e REsp. n. 1.028.592 - RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, julgados em 12.08.2009)
trouxeram a definição de quotas de responsabilidade da dívida, situação base para a aplicação do
art.
283, do CC/2002 e do art. 80 do CPC/1973.
6. Nessa linha, somente é legítima uma interpretação do art. 4º, § 3º, da Lei nº 4.156/62 que
permita a incursão no patrimônio do ente criador em caso de insuficiência do patrimônio da
criatura, já que garantidor dessa atividade. Resta assim, configurada a situação de
responsabilidade solidária subsidiária da UNIÃO pelos valores a serem devolvidos na sistemática
do empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica.
7. Desse modo, firma-se para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "Não há direito de
regresso portanto não é cabível a execução regressiva proposta pela ELETROBRÁS contra a UNIÃO
em razão da condenação das mesmas ao pagamento das diferenças na devolução do empréstimo
compulsório sobre o consumo de energia elétrica ao PARTICULAR CONTRIBUINTE da exação".
8. Recurso especial da FAZENDA NACIONAL parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.
Acórdão submetido ao regime do art. 1.036 do CPC/2015 conjuntamente com o acórdão proferido
no REsp. n. 1.583.
323/PR.
(REsp 1576254/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
26/06/2019, DJe 04/09/2019)
II – CORRETA - de acordo com a jurisprudência:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973.
APLICABILIDADE. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. PRETENSÃO DE REINTEGRAÇÃO AO CARGO
PÚBLICO, CUJO AFASTAMENTO FOI MOTIVADO POR PERSEGUIÇÃO POLÍTICA. VIOLAÇÃO DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS. PRISÃO E TORTURA PERPETRADOS DURANTE O REGIME MILITAR.
IMPRESCRITIBILIDADE DA AÇÃO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime
recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim
sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 1973.
II - Trata-se, na origem, de ação ordinária proposta por ex-servidor da Assembleia Legislativa do
Paraná buscando sua reintegração ao cargo anteriormente ocupado, além dos efeitos financeiros
e funcionais, com fundamento no art. 8º do ADCT e na Lei n. 10.559/02, sob a alegação de que seu
desligamento ocorreu em razão de perseguição política, perpetrada na época da ditadura militar.
III - A Constituição da República não prevê lapso prescricional ao direito de agir quando se trata de
defender o direito inalienável à dignidade humana, sobretudo quando violada durante o período
do regime de exceção.
IV - Este Superior Tribunal de Justiça orienta-se no sentido de ser imprescritível a reparação de
danos, material e/ou moral, decorrentes de violação de direitos fundamentais perpetrada durante
o regime militar, período de supressão das liberdades públicas.
V - A 1ª Seção desta Corte, ao julgar EREsp 816.209/RJ, de Relatoria da Ministra Eliana Calmon,
afastou expressamente a tese de que a imprescritibilidade, nesse tipo de ação, alcançaria apenas
os pleitos por dano moral, invocando exatamente a natureza fundamental do direito protegido
para estender a imprescritibilidade também às ações por danos patrimoniais, o que deve ocorrer,
do mesmo modo, em relação aos pleitos de reintegração a cargo público.
VI - O retorno ao serviço público, nessa perspectiva, corresponde a reparação intimamente ligada
ao princípio da dignidade humana, porquanto o trabalho representa uma das expressões mais
relevantes do ser humano, sem o qual o indivíduo é privado do exercício amplo dos demais
direitos constitucionalmente garantidos.
VII - A imprescritibilidade da ação que visa reparar danos provocados pelos atos de exceção não
implica no afastamento da prescrição quinquenal sobre as parcelas eventualmente devidas ao
Autor. Não se deve confundir imprescritibilidade da ação de reintegração com imprescritibilidade
dos efeitos patrimoniais e funcionais dela decorrentes, sob pena de prestigiar a inércia do Autor, o
qual poderia ter buscado seu direito desde a publicação da Constituição da República.
VIII - Recurso especial provido.
(REsp 1565166/PR, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
26/06/2018, DJe 02/08/2018)
III – CORRETA - segundo a jurisprudência:
Ementa: CONSTITUCIONAL. LEGITIMIDADE DAS NORMAS ESTABELECENDO PRAZO DE TRINTA DIAS
PARA EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA (ART. 1º-B DA LEI 9.494/97) E PRAZO
PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS PARA AÇÕES DE INDENIZAÇÃO CONTRA PESSOAS DE DIREITO
PÚBLICO E PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS (ART. 1º-C DA LEI 9.494/97). LEGITIMIDADE DA
NORMA PROCESSUAL QUE INSTITUI HIPÓTESE DE INEXIGIBILIDADE DE TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL EIVADO DE INCONSTITUCIONALIDADE QUALIFICADA (ART. 741, PARÁGRAFO ÚNICO E
ART. 475-L, § 1º DO CPC/73; ART. 525, § 1º, III E §§ 12 E 14 E ART. 535, III, § 5º DO CPC/15). 1. É
constitucional a norma decorrente do art. 1º-B da Lei 9.494/97, que fixa em trinta dias o prazo
para a propositura de embargos à execução de título judicial contra a Fazenda Pública. 2. É
constitucional a norma decorrente do art. 1º-C da Lei 9.494/97, que fixa em cinco anos o prazo
prescricional para as ações de indenização por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de
direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos,
reproduzindo a regra já estabelecida, para a União, os Estados e os Municípios, no art. 1º do
Decreto 20.910/32. 3. São constitucionais as disposições normativas do parágrafo único do art.
741 do CPC, do § 1º do art. 475-L, ambos do CPC/73, bem como os correspondentes dispositivos
do CPC/15, o art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º. São dispositivos que, buscando
harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, vieram agregar ao sistema
processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de
inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que (a) a sentença
exequenda esteja fundada em norma reconhecidamente inconstitucional – seja por aplicar norma
inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com um sentido inconstitucionais; ou (b) a
sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente constitucional; e (c)
desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade tenha decorrido de julgamento do STF realizado em data anterior ao
trânsito em julgado da sentença exequenda. 4. Ação julgada improcedente.
(ADI 2418, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2016, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 16-11-2016 PUBLIC 17-11-2016)
3- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e
oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
II – A União tem o dever de indenizar indústrias nacionais prejudicadas com a redução das
alíquotas do imposto de importação.
III – A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade
civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos
termos da Constituição Federal.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: C
I – CORRETA - Em consonância com a decisão do STF em repercussão geral (info 932):
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 777 da repercussão geral, negou provimento
ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos, em parte, nos termos e
limites de seus votos, os Ministros Edson Fachin e Roberto Barroso, e, integralmente, o Ministro
Marco Aurélio. Em seguida, por maioria, fixou-se a seguinte tese: "O Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções,
causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo
ou culpa, sob pena de improbidade administrativa", vencido o Ministro Marco Aurélio. Não
participou da votação da tese o Ministro Gilmar Mendes. Presidência do Ministro Dias Toffoli.
Plenário, 27.2.2019. STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019.
II – INCORRETA – segundo decisão do STJ:
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALTERAÇÃO
DE ALÍQUOTAS. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. DEMONSTRAÇÃO. AUSÊNCIA. INDÚSTRIA
NACIONAL. IMPACTO ECONÔMICO-FINANCEIRO. RISCO DA ATIVIDADE. DIREITO À MANUTENÇÃO
DO STATUS QUO ANTE. INEXISTÊNCIA. 1. (...) 2. Não se verifica o dever do Estado de indenizar
eventuais prejuízos financeiros do setor privado decorrentes da alteração de política econômico-
tributária, no caso de o ente público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de
determinado planejamento específico. 3. Com finalidade extrafiscal, a Portaria MF n. 492, de 14 de
setembro de 1994, ao diminuir para 20% a alíquota do imposto de importação para os produtos
nela relacionados, fê-lo em conformidade com o art. 3º da Lei n. 3.244/1957 e com o DL n.
2.162/1984, razão pela qual não há falar em quebra do princípio da confiança. 4. O impacto
econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias pelas sociedades
empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos decorre do risco da atividade próprio
da álea econômica de cada ramo produtivo. 5. Inexistência de direito subjetivo da recorrente,
quanto à manutenção da alíquota do imposto de importação (status quo ante), apto a ensejar o
dever de indenizar. 6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido. (REsp
1492832/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2018, DJe
01/10/2018)
III – CORRETA – de acordo com a jurisprudência do STF:
RESPONSABILIDADE CIVIL – SERVIÇO PÚBLICO – FURTO – POSTO DE PESAGEM – VEÍCULO. A teor
do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, há responsabilidade civil de pessoa jurídica
prestadora de serviço público em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em posto
de pesagem, considerada a omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do
serviço. (RE 598356, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 08/05/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-153 DIVULG 31-07-2018 PUBLIC 01-08-2018)

4- Assinale a alternativa INCORRETA, de acordo com o entendimento jurisprudencial a respeito


da Responsabilidade Civil do Estado.
a) A responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento somente ocorre quando
houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da
Constituição Federal.
b) A demora, mesmo que injustificada da Administração em analisar o pedido de aposentadoria do
servidor público não gera o dever de indenizá-lo.
c) O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei de
Anistia não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização por danos morais pelo
mesmo episódio político.
d) Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos nas dependências de
estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários.

Gabarito: B
a) Correta - PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 841.526/RS. REPERCUSSÃO
GERAL. TEMA N.º 592. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RESPONSABILIZAÇÃO CONDICIONADA À
INOBSERVÂNCIA DO DEVER ESPECÍFICO DE PROTEÇÃO PREVISTO NO ART. 5º, XLIX, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM DE CAUSA IMPEDITIVA
DA ATUAÇÃO ESTATAL PROTETIVA DO DETENTO. SUICÍDIO. ROMPIMENTO DO NEXO DE
CAUSALIDADE. RETRATAÇÃO. 1. Retornam estes autos para novo julgamento, por força do inciso II
do art. 1.030 do Código de Processo Civil de 2015. 2. A decisão monocrática deu provimento ao
apelo nobre para reconhecer a responsabilidade civil do ente estatal pelo suicídio de detento em
estabelecimento prisional, sob o argumento de que esta Corte Superior possui jurisprudência
consolidada no sentido de que seria aplicável a teoria da responsabilização objetiva ao caso. 3. O
acórdão da repercussão geral é claro ao afirmar que a responsabilização objetiva do Estado em
caso de morte de detento somente ocorre quando houver inobservância do dever específico de
proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal. 4. O Tribunal de origem decidiu
de forma fundamentada pela improcedência da pretensão recursal, uma vez que não se conseguiu
comprovar que a morte do detento foi decorrente da omissão do Estado que não poderia montar
vigilância a fim de impedir que ceifasse sua própria vida, atitude que só a ele competia. 5. Tendo o
acórdão recorrido consignado expressamente que ficou comprovada causa impeditiva da atuação
estatal protetiva do detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão do Poder
Público e o resultado danoso. Com efeito, o Tribunal de origem assentou que ocorreu a
comprovação de suicídio do detento, ficando escorreita a decisão que afastou a responsabilidade
civil do Estado de Santa Catarina. 6. Em juízo de retratação, nos termos do art. 1.030, inciso II, do
CPC/2015, nego provimento ao recurso especial. (REsp 1305259/SC, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 21/02/2018)
b) INCORRETA - ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DEMORA INJUSTIFICADA NA CONCESSÃO DA
APOSENTADORIA. DEVER DE INDENIZAR O SERVIDOR. PRECEDENTES DO STJ. AFASTAMENTO DAS
ATIVIDADES. LEI LOCAL. SÚMULA 280/STF. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. I. O Superior
Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a demora injustificada da
Administração em analisar o requerimento de aposentadoria - no caso, mais de 1 (um) ano - gera
o dever de indenizar o servidor, que foi obrigado a permanecer no exercício de suas atividades.
Precedentes: STJ, REsp 968.978/MS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, DJe de 29/03/2011; AgRg no REsp 1.260.985/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA
TURMA, DJe de 03/08/2012; REsp 1.117.751/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA
TURMA, DJe de 05/10/2009. II. Quanto à alegação de que teria sido facultado ao servidor o
afastamento das atividades, durante a apreciação do pedido de aposentadoria, com fundamento
na legislação estadual, tem-se que o exame de normas de caráter local é inviável, na via do
recurso especial, em virtude da vedação prevista na Súmula 280 do STF, por analogia, segundo a
qual "por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário". III. De qualquer sorte, o autor
requereu a aposentadoria em 09/04/2007, cuja concessão foi publicada em 13/06/2008, de modo
que não poderia ser alcançado pela posterior Lei Complementar Estadual 470/2009, que veio a
facultar o afastamento do trabalho, em caso de atraso na concessão do benefício. IV. Agravo
Regimental improvido. (AgRg no REsp 1469301/SC, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 03/11/2014)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DEMORA INJUSTIFICADA NA CONCESSÃO DA
APOSENTADORIA. DEVER DE INDENIZAR 1. A demora injustificada da Administração em analisar o
pedido de aposentadoria gera o dever de indenizar o servidor, que foi obrigado a continuar
exercendo suas funções de maneira compulsória. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp n.
1.540.866/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 12/2/2016; AgRg
no REsp 1.469.301/SC, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe de 3/11/2014). 2.
No caso, a Administração concedeu a aposentadoria pleiteada somente 03 (três) anos, 03 (três)
meses e 09 (nove) dias após o protocolo do pedido, configurando manifesta demora injustificada a
respaldar o dever de indenizar. 3. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 483.398/PR, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/10/2016, DJe 25/10/2016)
c) Correta - ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ANISTIADO POLÍTICO.
OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA OCORRIDA DURANTE O REGIME MILITAR INSTAURADO EM 1964. PRAZO
PRESCRICIONAL. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO 20.910/32. VIOLAÇÃO DE DIREITOS
HUMANOS FUNDAMENTAIS. IMPRESCRITIBILIDADE. PRECEDENTES. ART. 16 DA LEI Nº 10.559/02.
REPARAÇÃO ECONÔMICA NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO QUE NÃO INIBE A REIVINDICAÇÃO DE
DANOS MORAIS PELO ANISTIADO NA VIA JUDICIAL. JUROS E CORREÇÃO INCIDENTES SOBRE O
VALOR DA CONDENAÇÃO. APLICABILIDADE DO ART. 1º- F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO
DADA PELA LEI Nº 11.960/09. RECURSO DA UNIÃO PARCIALMENTE ACOLHIDO. 1. Não ocorre
ofensa ao art. 535 do CPC, quando a Corte de origem dirime, fundamentadamente, as questões
que lhe são submetidas, apreciando integralmente a controvérsia posta nos autos 2. Conforme
jurisprudência do STJ, "a prescrição quinquenal, disposta no art. 1º do Decreto 20.910/1932, não
se aplica aos danos decorrentes de violação de direitos fundamentais, os quais são imprescritíveis,
principalmente quando ocorreram durante o Regime Militar, época em que os jurisdicionados não
podiam deduzir a contento suas pretensões" (AgRg no AREsp 302.979/PR, Rel. Ministro Castro
Meira, Segunda Turma, DJe 5/6/2013). 3. Mesmo tendo conquistado na via administrativa a
reparação econômica de que trata a Lei nº 10.559/02, e nada obstante a pontual restrição posta
em seu art. 16 (dirigida, antes e unicamente, à Administração e não à Jurisdição), inexistirá óbice a
que o anistiado, embora com base no mesmo episódio político mas porque simultaneamente
lesivo à sua personalidade, possa reivindicar e alcançar, na esfera judicial, a condenação da União
também à compensação pecuniária por danos morais. 4. Nas hipóteses de condenação imposta à
Fazenda Pública, como regra geral, a atualização monetária e a compensação da mora devem
observar os critérios previstos no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.º
11.960/09. Acolhimento, nesse específico ponto, da insurgência da União. 5. Recurso especial a
que se dá parcial provimento. (REsp 1485260/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 05/04/2016, DJe 19/04/2016).
d) Correta - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE
RODOVIA. ROUBO E SEQUESTRO OCORRIDOS EM DEPENDÊNCIA DE SUPORTE AO USUÁRIO,
MANTIDO PELA CONCESSIONÁRIA. FORTUITO EXTERNO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. 1.
Ação ajuizada em 20/09/2011. Recurso especial interposto em 16/09/2016 e distribuído ao
Gabinete em 04/04/2018. 2. O propósito recursal consiste em definir se a concessionária de
rodovia deve ser responsabilizada por roubo e sequestro ocorridos nas dependências de
estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários (Serviço de Atendimento ao
Usuário). 3. "A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano
causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a
responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado" (STF. RE 591874, Repercussão
Geral). 4. O fato de terceiro pode romper o nexo de causalidade, exceto nas circunstâncias que
guardar conexidade com as atividades desenvolvidas pela concessionária de serviço público. 5. Na
hipótese dos autos, é impossível afirmar que a ocorrência do dano sofrido pelos recorridos guarda
conexidade com as atividades desenvolvidas pela recorrente. 6. A ocorrência de roubo e sequestro,
com emprego de arma de fogo, é evento capaz e suficiente para romper com a existência de nexo
causal, afastando-se, assim, a responsabilidade da recorrente. 7. Recurso especial provido. (REsp
1749941/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2018, DJe
07/12/2018)

5- A respeito da Responsabilidade Civil do Estado, assinale a alternativa INCORRETA.


a) A responsabilidade objetiva do Estado tem como fundamento a teoria do risco administrativo.
b) O abandono da teoria da irresponsabilidade do Estado marcou o aparecimento da doutrina da
responsabilidade estatal no caso de ação culposa de seu agente, passando- se a adotar a teoria da
culpa administrativa.
c) Não há dúvida de que a responsabilidade objetiva resultou de acentuado processo evolutivo,
passando a conferir maior benefício ao lesado, por estar dispensado de provar alguns elementos
que dificultam o surgimento do direito à reparação dos prejuízos.
d) Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no mundo ocidental era a de que o Estado não
tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes.
e) A falta do serviço ou culpa anônima podia consumar-se de três maneiras: a inexistência do
serviço, o mau funcionamento do serviço ou o retardamento do serviço.

Gabarito: B
a) CORRETA - segundo a doutrina de Carvalho Filho:
Foi com lastro em fundamentos de ordem política e jurídica que os Estados modernos passaram a
adotar a teoria da responsabilidade objetiva no direito público.
Esses fundamentos vieram à tona na medida em que se tornou plenamente perceptível que o
Estado tem maior poder e mais sensíveis prerrogativas do que o administrado. É realmente o
sujeito jurídica, política e economicamente mais poderoso. O indivíduo, ao contrário, tem posição
de subordinação, mesmo que protegido por inúmeras normas do ordenamento jurídico. Sendo
assim, não seria justo que, diante de prejuízos oriundos da atividade estatal, tivesse ele que se
empenhar demasiadamente para conquistar o direito à reparação dos danos.
Diante disso, passou-se a considerar que, por ser mais poderoso, o Estado teria que arcar com um
risco natural decorrente de suas numerosas atividades: à maior quantidade de poderes haveria de
corresponder um risco maior. Surge, então, a teoria do risco administrativo, como fundamento da
responsabilidade objetiva do Estado.
b) INCORRETA - trata-se, na verdade, da chamada teoria da responsabilidade com culpa. Segundo
os ensinamentos doutrinários:
O abandono da teoria da irresponsabilidade do Estado marcou o aparecimento da doutrina da
responsabilidade estatal no caso de ação culposa de seu agente. Passava a adotar-se, desse modo,
a doutrina civilista da culpa.
Entretanto, procurava distinguir-se, para esse fim, dois tipos de atitude estatal: os atos de império
e os atos de gestão. Aqueles seriam coercitivos porque decorrem do poder soberano do Estado, ao
passo que estes mais se aproximariam com os atos de direito privado. Se o Estado produzisse um
ato de gestão, poderia ser civilmente responsabilizado, mas se fosse a hipótese de ato de império
não haveria responsabilização, pois que o fato seria regido pelas normas tradicionais de direito
público, sempre protetivas da figura estatal.
Essa forma de atenuação da antiga teoria da irresponsabilidade do Estado provocou grande
inconformismo entre as vítimas de atos estatais, porque na prática nem sempre era fácil distinguir
se o ato era de império ou de gestão. Ao mesmo tempo, a jurisprudência procurava distinguir, de
um lado, as faltas do agente atreladas à função pública e, de outro, as faltas dissociadas de sua
atividade. Logicamente, tais critérios tinham mesmo que proporcionar um sem-número de dúvidas
e confusões.
c) CORRETA - segundo leciona Carvalho Filho:
Das doutrinas civilistas e após a teoria da culpa no serviço, o direito dos povos modernos passou a
consagrar a teoria da responsabilidade objetiva do Estado.
Essa forma de responsabilidade dispensa a verificação do fator culpa em relação ao fato danoso.
Por isso, ela incide em decorrência de fatos lícitos ou ilícitos, bastando que o interessado comprove
a relação causal entre o fato e o dano.
Não há dúvida de que a responsabilidade objetiva resultou de acentuado processo evolutivo,
passando a conferir maior benefício ao lesado, por estar dispensado de provar alguns elementos
que dificultam o surgimento do direito à reparação dos prejuízos, como, por exemplo, a
identificação do agente, a culpa deste na conduta administrativa, a falta do serviço etc.
d) CORRETA - de acordo com Carvalho Filho:
Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no mundo ocidental era a de que o Estado não
tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes. A solução era muito
rigorosa para com os particulares em geral, mas obedecia às reais condições políticas da época. O
denominado Estado Liberal tinha limitada atuação, raramente intervindo nas relações entre
particulares, de modo que a doutrina de sua irresponsabilidade constituía mero corolário da
figuração política de afastamento e da equivocada isenção que o Poder Público assumia àquela
época. Essa teoria não prevaleceu por muito tempo em vários países. A noção de que o Estado era
o ente todo-poderoso confundida com a velha teoria da intangibilidade do soberano e que o
tornava insuscetível de causar danos e ser responsável foi substituída pela do Estado de Direito,
segundo a qual deveriam ser a ele atribuídos os direitos e deveres comuns às pessoas jurídicas.
e) CORRETA - segundo a doutrina:
O reconhecimento subsequente da culpa administrativa passou a representar um estágio evolutivo
da responsabilidade do Estado, eis que não mais era necessária a distinção acima apontada,
causadora de tantas incertezas.
A teoria foi consagrada pela clássica doutrina de PAUL DUEZ, segundo a qual o lesado não
precisaria identificar o agente estatal causador do dano. Bastava-lhe comprovar o mau
funcionamento do serviço público, mesmo que fosse impossível apontar o agente que o provocou.
A doutrina, então, cognominou o fato como culpa anônima ou falta do serviço.
A falta do serviço podia consumar-se de três maneiras: a inexistência do serviço, o mau
funcionamento do serviço ou o retardamento do serviço. Em qualquer dessas formas, a falta do
serviço implicava o reconhecimento da existência de culpa, ainda que atribuída ao serviço da
Administração. Por esse motivo, para que o lesado pudesse exercer seu direito à reparação dos
prejuízos, era necessário que comprovasse que o fato danoso se originava do mau funcionamento
do serviço e que, em consequência, teria o Estado atuado culposamente. Cabia-lhe, ainda, o ônus
de provar o elemento culpa.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo – 32. ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Atlas, 2018, p. 668/670.

6- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX,
da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento.
II – É de 3 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha
ação de indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo.
III – Segundo entendimento fixado pelo STF a União deve indenizar companhia aérea que
explorava os serviços de aviação sob o regime de concessão, pelos prejuízos causados
decorrentes de plano econômico que determinou o congelamento das tarifas de aviação.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: C
I – CORRETA – segundo decisão do STF em repercussão geral:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A
responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º,
subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto
paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo
de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta
o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do
Estado e direito subjetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada,
garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade
física e moral (artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de
proteção ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da
responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad
impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar
a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo
de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra
legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte
do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte
natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as
precauções exigíveis. 7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o
Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo
de causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucional que
assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no
artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. 9. In
casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem outra
causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, restando
escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extraordinário
DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-159 DIVULG 29-07-2016 PUBLIC 01-
08-2016)
II – INCORRETA – de acordo com o STJ o prazo é de 05 anos, vejamos:
RESPONSABILIDADE CIVIL. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO PRESTADORA DE SERVIÇO DE
TRANSPORTE. PRAZO PRESCRICIONAL. REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA. ART. 1º-C DA LEI N.
9.494/97. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. ART. 97 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E SÚMULA
VINCULANTE N. 10/STF. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. O prazo de prescrição das ações
indenizatórias movidas em desfavor de pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços
públicos de transporte é quinquenal, consoante o disposto no art. 1º-C da Lei n. 9.494/97. 2.
Entendimento consagrado a partir da aplicação da regra da especialidade do disposto no art. 97 da
Constituição Federal, que prevê a cláusula de reserva de plenário, bem como da Súmula
Vinculante n. 10 do STF, que vedam ao julgador negar a aplicação de norma que não foi declarada
inconstitucional. 3. Recurso especial provido. (REsp 1277724/PR, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 10/06/2015)
III – CORRETA – de acordo com a jurisprudência do Supremo:
EMENTA: RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO POR DANOS CAUSADOS
À CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO DE TRANSPORTE AÉREO (VARIG S/A). RUPTURA DO EQUILÍBRIO
ECONÔMICO-FINANCEIRO DO CONTRATO DECORRENTE DOS EFEITOS DOS PLANOS “FUNARO” E
“CRUZADO”. DEVER DE INDENIZAR. RESPONSABILIDADE POR ATOS LÍCITOS QUANDO DELES
DECORREREM PREJUÍZOS PARA OS PARTICULARES EM CONDIÇÕES DE DESIGUALDADE COM OS
DEMAIS. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, DO DIREITO ADQUIRIDO E DO ATO
JURÍDICO PERFEITO. 1. Recurso extraordinário da União contra acórdão em embargos infringentes.
Intervenção do Ministério Público na ação. Legitimidade do Ministério Público para interpor
recurso extraordinário, como custos legis (§ 2º do art. 499 do Código de Processo Civil),
harmoniza-se com as funções institucionais previstas nos arts. 127 e 129 da Constituição da
República. 2. Recurso do Ministério Público não conhecido na parte relativa aos arts. 21, inc. XII,
alínea e, 170, parágrafo único, 173 e 174 da Constituição da República. Ausência de
prequestionamento. 3. Recurso da União não conhecido quanto à alegada carência de elementos
para a comprovação da quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Impossibilidade
de reexame do conjunto fático-probatório em recurso extraordinário (Súmula n. 279 do Supremo
Tribunal Federal). 4. Responsabilidade da União em indenizar prejuízos sofridos pela
concessionária de serviço público, decorrentes de política econômica implementada pelo Governo,
comprovados nos termos do acórdão recorrido. Precedentes: RE 183.180, Relator o Ministro
Octavio Gallotti, Primeira Turma, DJ 1.8.1997. 5. A estabilidade econômico-financeira do contrato
administrativo é expressão jurídica do princípio da segurança jurídica, pelo qual se busca conferir
estabilidade àquele ajuste, inerente ao contrato de concessão, no qual se garante à concessionária
viabilidade para a execução dos serviços, nos moldes licitados. 6. A manutenção da qualidade na
prestação dos serviços concedidos (exploração de transporte aéreo) impõe a adoção de medidas
garantidoras do reequilíbrio da equação econômico-financeira do contrato administrativo, seja
pela repactuação, reajuste, revisão ou indenização dos prejuízos. 7. Instituição de nova moeda
(Cruzado) e implementação, pelo Poder Público, dos planos de combate à inflação denominados
‘Plano Funaro’ ou ‘Plano Cruzado’, que congelaram os preços e as tarifas aéreas nos valores
prevalecentes em 27.2.1986 (art. 5º do Decreto n. 91.149, de 15.3.1985). 8. Comprovação nos
autos de que os reajustes efetivados, no período do controle de preços, foram insuficientes para
cobrir a variação dos custos suportados pela concessionária. 9. Indenização que se impõe: teoria
da responsabilidade objetiva do Estado com base no risco administrativo. Dano e nexo de
causalidade comprovados, nos termos do acórdão recorrido. 10. O Estado responde juridicamente
também pela prática de atos lícitos, quando deles decorrerem prejuízos para os particulares em
condições de desigualdade com os demais. Impossibilidade de a concessionária cumprir as
exigências contratuais com o público, sem prejuízos extensivos aos seus funcionários, aposentados
e pensionistas, cujos direitos não puderam ser honrados. 11. Apesar de toda a sociedade ter sido
submetida aos planos econômicos, impuseram-se à concessionária prejuízos especiais, pela sua
condição de concessionária de serviço, vinculada às inovações contratuais ditadas pelo poder
concedente, sem poder atuar para evitar o colapso econômico-financeiro. Não é juridicamente
aceitável sujeitar-se determinado grupo de pessoas – funcionários, aposentados, pensionistas e a
própria concessionária – às específicas condições com ônus insuportáveis e desigualados dos
demais, decorrentes das políticas adotadas, sem contrapartida indenizatória objetiva, para
minimizar os prejuízos sofridos, segundo determina a Constituição. Precedente: RE 422.941,
Relator o Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ 24.3.2006. 12. Não conhecimento do recurso
extraordinário da União interposto contra o acórdão proferido no julgamento dos embargos
infringentes. 13. Conhecimento parcial do recurso extraordinário da União, e na parte conhecida,
provimento negado. 14. Conhecimento parcial do recurso extraordinário do Ministério Público
Federal e, na parte conhecida, desprovido, mantendo-se a decisão do Superior Tribunal de Justiça,
conclusivo quanto à responsabilidade da União pelos prejuízos suportados pela Recorrida,
decorrentes dos planos econômicos. (RE 571969, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,
julgado em 12/03/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-181 DIVULG 17-09-2014 PUBLIC 18-09-2014)
7- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois cargos
públicos em razão de interpretação equivocada da Administração Pública, o Estado deverá ser
condenado e, na fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à
teoria da perda da chance, e sim o da efetiva extensão do dano causado, conforme o Código
Civil.
II – Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua
responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos,
inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento.
III – Comprovada a existência de um cadáver humano em decomposição em um dos
reservatórios de água que abastece uma cidade, resta configurada a responsabilidade subjetiva
por omissão da concessionária decorrente de falha do dever de efetiva vigilância do reservatório
de água.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: A
I – CORRETA – em consonância com a jurisprudência do STJ:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUE EQUIVOCADAMENTE CONCLUIU PELA
INACUMULABILIDADE DOS CARGOS JÁ EXERCIDOS. NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE
UMA CHANCE. HIPÓTESE EM QUE OS CARGOS PÚBLICOS JÁ ESTAVAM OCUPADOS PELOS
RECORRENTES. EVENTO CERTO SOBRE O QUAL NÃO RESTA DÚVIDAS. NOVA MENSURAÇÃO DO
DANO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO. RETORNO DOS
AUTOS AO TRIBUNAL A QUO. 1. A teoria da perda de uma chance tem sido admitida no
ordenamento jurídico brasileiro como sendo uma das modalidades possíveis de mensuração do
dano em sede de responsabilidade civil. Esta modalidade de reparação do dano tem como
fundamento a probabilidade e uma certeza, que a chance seria realizada e que a vantagem
perdida resultaria em prejuízo. Precedente do STJ. 2. Essencialmente, esta construção teórica
implica num novo critério de mensuração do dano causado. Isso porque o objeto da reparação é a
perda da possibilidade de obter um ganho como provável, sendo que "há que se fazer a distinção
entre o resultado perdido e a possibilidade de consegui-lo. A chance de vitória terá sempre valor
menor que a vitória futura, o que refletirá no montante da indenização. 3. Esta teoria tem sido
admitida não só no âmbito das relações privadas stricto sensu, mas também em sede de
responsabilidade civil do Estado. Isso porque, embora haja delineamentos específicos no que
tange à interpretação do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, é certo que o ente público também
está obrigado à reparação quando, por sua conduta ou omissão, provoca a perda de uma chance
do cidadão de gozar de determinado benefício. 4. No caso em tela, conforme excerto retirado do
acórdão, o Tribunal a quo entendeu pela aplicação deste fundamento sob o argumento de que a
parte ora recorrente perdeu a chance de continuarem exercendo um cargo público tendo em vista
a interpretação equivocada por parte da Administração Pública quanto à impossibilidade de
acumulação de ambos. 5. Ocorre que o dano sofrido pela parte ora recorrente de ordem material
não advém da perda de uma chance. Isso porque, no caso dos autos, os recorrentes já exerciam
ambos os cargos de profissionais de saúde de forma regular, sendo este um evento certo sobre o
qual não resta dúvidas. Não se trata de perda de uma chance de exercício de ambos os cargos
públicos porque isso já ocorria, sendo que o ato ilícito imputado ao ente estatal implicou
efetivamente em prejuízo de ordem certa e determinada. A questão assim deve continuar sendo
analisada sob a perspectiva da responsabilidade objetiva do Estado, devendo portanto ser
redimensionado o dano causado, e, por conseguinte, a extensão da sua reparação. 6. Assim,
afastado o fundamento adotado pelo Tribunal a quo para servir de base à conclusão alcançada, e,
considerando que a mensuração da extensão do dano é matéria que demanda eminentemente a
análise do conjunto fático e probatório constante, devem os autos retornarem ao Tribunal de
Justiça a quo a fim de que possa ser arbitrado o valor da indenização nos termos do art. 944 do
Código Civil. 7. Recurso especial parcialmente conhecido, e, nesta extensão, provido. (REsp
1308719/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/06/2013, DJe 01/07/2013)
II – CORRETA – de acordo com o entendimento fixado pelo STF em repercussão geral (Info 854):
Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão Geral. Constitucional.
Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º. 2. Violação a direitos fundamentais causadora de
danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários. Indenização. Cabimento. O dever de
ressarcir danos, inclusive morais, efetivamente causados por ato de agentes estatais ou pela
inadequação dos serviços públicos decorre diretamente do art. 37, § 6º, da Constituição,
disposição normativa autoaplicável. Ocorrendo o dano e estabelecido o nexo causal com a
atuação da Administração ou de seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado. 3.
"Princípio da reserva do possível". Inaplicabilidade. O Estado é responsável pela guarda e
segurança das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas. É seu
dever mantê-las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos
em lei, bem como, se for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem. 4. A violação a direitos
fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários não pode
ser simplesmente relevada ao argumento de que a indenização não tem alcance para eliminar o
grave problema prisional globalmente considerado, que depende da definição e da implantação
de políticas públicas específicas, providências de atribuição legislativa e administrativa, não de
provimentos judiciais. Esse argumento, se admitido, acabaria por justificar a perpetuação da
desumana situação que se constata em presídios como o de que trata a presente demanda. 5. A
garantia mínima de segurança pessoal, física e psíquica, dos detentos, constitui dever estatal que
possui amplo lastro não apenas no ordenamento nacional (Constituição Federal, art. 5º, XLVII, “e”;
XLVIII; XLIX; Lei 7.210/84 (LEP), arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88; Lei 9.455/97 - crime de tortura; Lei
12.847/13 – Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), como, também, em fontes
normativas internacionais adotadas pelo Brasil (Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das
Nações Unidas, de 1966, arts. 2; 7; 10; e 14; Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969,
arts. 5º; 11; 25; Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas
Américas – Resolução 01/08, aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão Interamericana de
Direitos Humanos; Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, de 1984; e Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros –
adotadas no 1º Congresso das Nações Unidas para a Prevenção ao Crime e Tratamento de
Delinquentes, de 1955). 6. Aplicação analógica do art. 126 da Lei de Execuções Penais. Remição da
pena como indenização. Impossibilidade. A reparação dos danos deve ocorrer em pecúnia, não em
redução da pena. Maioria. 7. Fixada a tese: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo
sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em
decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”. 8. Recurso
extraordinário provido para restabelecer a condenação do Estado ao pagamento de R$ 2.000,00
(dois mil reais) ao autor, para reparação de danos extrapatrimoniais, nos termos do acórdão
proferido no julgamento da apelação.
(RE 580252, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-204 DIVULG 08-09-2017
PUBLIC 11-09-2017)
III – CORRETA – segundo entendimento jurisprudencial:
STJ: ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO
ACÓRDÃO. SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO. CADÁVER EM DECOMPOSIÇÃO NO RESERVATÓRIO.
DANO MORAL. CONFIGURADO. OMISSÃO. NEGLIGÊNCIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
DANO MORAL IN RE IPSA. 1. Fica configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da
concessionária decorrente de falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água, quando
nele foi encontrado um cadáver humano. 2. De outro lado, também, ficou caracterizada a falha na
prestação do serviço, indenizável por dano moral, quando a COPASA não garantiu a qualidade da
água distribuída à população. 3. Ainda, há que reconhecer a ocorrência in re ipsa, o qual dispensa
comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo suficiente a prova da ocorrência de ato ilegal,
uma vez que o resultado danoso é presumido. Recurso especial provido. (REsp 1492710/MG, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014)

8- De acordo com o entendimento majoritário, em termos de responsabilidade civil do Estado, a


tese da dupla garantia no que consiste?
a) A vítima tem a dupla garantia de ajuizar diretamente contra o servidor que causou dano ou
contra o Estado.
b) A vítima somente poderá propor ação de reparação de danos contra o Estado se em
litisconsórcio passivo necessário com o servidor que causou o dano.
c) A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano.
d) A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado e, se este for condenado, poderá
acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa.

Gabarito: D
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
ESTADO: § 6º DO ART. 37 DA MAGNA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. AGENTE
PÚBLICO (EX-PREFEITO). PRÁTICA DE ATO PRÓPRIO DA FUNÇÃO. DECRETO DE INTERVENÇÃO. O §
6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas de
direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, é que
poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão
dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas
comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou
de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a
possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em
prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa
jurídica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
(RE 327904, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 15/08/2006, DJ 08-09-
2006 PP-00043 EMENT VOL-02246-03 PP-00454 RTJ VOL-00200-01 PP-00162 RNDJ v. 8, n. 86,
2007, p. 75-78)
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. AGENTE PÚBLICO.
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 327.904, sob
a relatoria do Ministro Ayres Britto, assentou o entendimento no sentido de que somente as
pessoas jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem
serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros.
Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e
não como pessoas comuns. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE
593525 AgR-segundo, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em
09/08/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-216 DIVULG 07-10-2016 PUBLIC 10-10-2016)

9- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – É de cinco anos o prazo prescricional para as ações de indenização por danos morais
decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção.
II – O prazo prescricional aplicável às ações de indenização contra a Fazenda Pública é de cinco
anos, conforme previsto no Decreto 20.910/32, e não de três anos (regra do Código Civil), por se
tratar de norma especial, que prevalece sobre a geral.
III – O termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de indenização contra ato
do Estado ocorre no momento em que constatada a lesão e os seus efeitos, conforme o
princípio da actio nata.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: D
I – INCORRETA – segundo entendimento fixado pelo STJ:
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
PRISÃO POLÍTICA. REGIME MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO
DECRETO 20.910/1932. ANISTIADO POLÍTICO. CONDIÇÃO RECONHECIDA. DANOS MORAIS. VALOR
DA INDENIZAÇÃO. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997. MP
2.180-35/2001. LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA.
IRRETROATIVIDADE. 1. As ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura
ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Inaplicabilidade do prazo
prescricional do art. 1º do Decreto 20.910/1932. Precedentes do STJ. 2. O Tribunal de origem
consignou existirem elementos nos autos que demonstram a condição de anistiado político para
fins de obtenção de reparação econômica. Inverter essa conclusão implica reexame da matéria
fático-probatória, o que é obstado ao STJ (Súmula 7/STJ). 3. A Corte a quo, ao considerar as
circunstâncias do caso concreto, manteve o quantum indenizatório arbitrado na sentença, de
R$ 55.000, 00 (cinquenta e cinco mil reais), a título de indenização por danos morais. 4. Rever tais
valores somente é possível quando exorbitantes ou insignificantes, em flagrante violação aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que não ocorre in casu. Incidência da Súmula
7/STJ. 5. O art. 1º-F da Lei 9.494/1997, incluído pela MP 2.180-35, de 24.8.2001, com a redação
alterada pelo art. 5º da Lei 11.960, de 29.6.2009, tem natureza processual, devendo ser aplicado
imediatamente aos processos em tramitação, vedada, entretanto, a retroatividade ao período
anterior à sua vigência. 6. Orientação firmada no julgamento do REsp 1.205.946/SP, na sistemática
do art. 543-C do CPC. 7. Recurso Especial parcialmente provido (REsp 1374376/CE, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 23/05/2013)
II – CORRETA – segundo entendimento fixado pelo STJ:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO 543-C DO
CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO
QUINQUENAL (ART. 1º DO DECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3º, V, DO CC).
PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO. 1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art.
543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008, está limitada ao prazo prescricional em ação indenizatória
ajuizada contra a Fazenda Pública, em face da aparente antinomia do prazo trienal (art. 206, § 3º,
V, do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1º do Decreto 20.910/32). 2. O tema analisado no
presente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas ações indenizatórias
contra a Fazenda Pública era defendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e
jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre
o tema, pois existem julgados de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo
prescricional trienal previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a
Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2ª Turma, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp 1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de
10.2.2011; REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim
1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo
prescricional trienal também é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomados
doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito Administrativo", 24ª Ed., Rio de
Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda
Pública em Juízo", 8ª ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90). 3. Entretanto, não obstante os
judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento deste Tribunal Superior
sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto
20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo
trienal contido do Código Civil de 2002. 4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação
decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição, seja qual for a sua
natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista
no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter
especial da legislação, muito menos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui
Stoco ("Tratado de Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. - São Paulo, 2007;
págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. -
Belo Horizonte, 2010; pág. 1042). 5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só,
não autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda
Pública foi reduzido pelo Código Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico
e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito Administrativo". Editora
Saraiva, 5ª Ed. - São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299). 6. Sobre o tema, os recentes julgados desta
Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de
21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de
6.6.2012; AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012;
REsp 1.236.599/RR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp
131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 26.4.2012; AgRg no AREsp 34.053/RS,
1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 36.517/RJ, 2ª
Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1ª Seção, Rel. Min.
Hamilton Carvalhido, DJe de 1º.2.2011. 7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso
contra sentença que reconheceu prazo trienal em ação indenizatória ajuizada por particular em
face do Município, corretamente reformou a sentença para aplicar a prescrição quinquenal
prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte Superior
sobre o tema. 8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do
CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1251993/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012)
III – CORRETA – segundo entendimento fixado pelo STJ:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. PRESCRIÇÃO. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. TERMO INICIAL.
DATA DA LESÃO. 1. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a prescrição contra a
Fazenda Pública, mesmo em ações indenizatórias, rege-se pelo Decreto n. 20.910/1932, que
determina o prazo prescricional quinquenal. 2. O termo inicial do prazo prescricional para o
ajuizamento de ação de indenização contra ato do Estado ocorre no momento em que constatada
a lesão e os seus efeitos, conforme o princípio da actio nata. 3. Hipótese em que decorridos mais
de cinco anos entre o evento danoso e a propositura da ação. Prescrição configurada. Agravo
regimental improvido. (AgRg no REsp 1333609/PB, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 30/10/2012)

10- Assinale a alternativa INCORRETA com base no entendimento jurisprudencial.


a) Segundo decidiu o STF a responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento
somente ocorre quando houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º,
inciso XLIX, da Constituição Federal.
b) Não haverá responsabilidade civil do Estado se restar comprovado que a morte do detento foi
decorrente da omissão do Poder Público e que o Estado não tinha como montar vigilância a fim de
impedir que o preso ceifasse sua própria vida.
c) A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro
médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único
de Saúde (SUS).
d) É inconstitucional lei estadual que preveja o pagamento de pensão especial a ser concedida
pelo Governo do Estado em benefício dos cônjuges de pessoas vítimas de crimes hediondos,
independentemente de o autor do crime ser ou não agente do Estado.
e) Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, não cabe
responsabilização civil do Estado em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento.

Gabarito: E
a) e b) CORRETAS segundo entendimento fixado pelo STJ:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
POR MORTE DE DETENTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 841.526/RS. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA
N.º 592. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RESPONSABILIZAÇÃO CONDICIONADA À INOBSERVÂNCIA DO
DEVER ESPECÍFICO DE PROTEÇÃO PREVISTO NO ART. 5º, XLIX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM DE CAUSA IMPEDITIVA DA ATUAÇÃO ESTATAL
PROTETIVA DO DETENTO. SUICÍDIO. ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE. RETRATAÇÃO. 1.
Retornam estes autos para novo julgamento, por força do inciso II do art. 1.030 do Código de
Processo Civil de 2015. 2. A decisão monocrática deu provimento ao apelo nobre para reconhecer
a responsabilidade civil do ente estatal pelo suicídio de detento em estabelecimento prisional, sob
o argumento de que esta Corte Superior possui jurisprudência consolidada no sentido de que seria
aplicável a teoria da responsabilização objetiva ao caso. 3. O acórdão da repercussão geral é claro
ao afirmar que a responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento somente
ocorre quando houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal. 4. O Tribunal de origem decidiu de forma fundamentada pela
improcedência da pretensão recursal, uma vez que não se conseguiu comprovar que a morte do
detento foi decorrente da omissão do Estado que não poderia montar vigilância a fim de impedir
que ceifasse sua própria vida, atitude que só a ele competia. 5. Tendo o acórdão recorrido
consignado expressamente que ficou comprovada causa impeditiva da atuação estatal protetiva
do detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão do Poder Público e o
resultado danoso. Com efeito, o Tribunal de origem assentou que ocorreu a comprovação de
suicídio do detento, ficando escorreita a decisão que afastou a responsabilidade civil do Estado de
Santa Catarina. 6. Em juízo de retratação, nos termos do art. 1.030, inciso II, do CPC/2015, nego
provimento ao recurso especial. (REsp 1305259/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 21/02/2018)
c) CORRETA - segundo entendimento fixado pelo STJ:
PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO
OCORRIDO EM HOSPITAL PRIVADO CREDENCIADO PELO SUS. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO.
COMPETÊNCIA ATRIBUÍDA AO MUNICÍPIO PARA CELEBRAR E CONTROLAR A EXECUÇÃO DE
CONTRATOS E CONVÊNIOS COM ENTIDADES PRIVADAS PRESTADORAS DO SERVIÇO DE SAÚDE. 1.
A União Federal não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada para o
ressarcimento de danos decorrentes de erro médico praticado em hospital privado credenciado
pelo SUS. Isso porque, de acordo com o art. 18, inciso X, da Lei n. 8.080/90, compete ao município
celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem
como controlar e avaliar sua execução. Precedentes: AgRg no CC 109.549/MT, Rel. Min. Herman
Benjamin, Primeira Seção, DJe 30/06/2010; REsp 992.265/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira
Turma, DJe 05/08/2009; REsp 1.162.669/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
06/04/2010. 2. Não se deve confundir a obrigação solidária dos entes federativos em assegurar o
direito à saúde e garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação, com a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados a terceiros.
Nessa última, o interessado busca uma reparação econômica pelos prejuízos sofridos, de modo
que a obrigação de indenizar sujeita-se à comprovação da conduta, do dano e do respectivo nexo
de causalidade entre eles. 3. No caso, não há qualquer elemento que autorize a responsabilização
da União Federal, seja porque a conduta não foi por ela praticada, seja em razão da
impossibilidade de aferir-se a existência de culpa in eligendo ou culpa in vigilando na espécie,
porquanto cumpre à direção municipal realizar o credenciamento, controlar e fiscalizar as
entidades privadas prestadoras de serviços de saúde no âmbito do SUS. 4. Embargos de
divergência a que se dá provimento. (EREsp 1388822/RN, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 13/05/2015, DJe 03/06/2015)
d) CORRETA - segundo entendimento fixado pelo STF:
Lei Distrital 842/94. 2. Redação dada pela Lei 913/95. 3. Art. 2º da Lei 913/95. 4. Pensão especial a
cônjuge de vítima assassinada no Distrito Federal. 5. Lei que impõe ao Distrito Federal
responsabilidade além da prevista no art. 37, § 6º, da Constituição. 6. Inocorrência da hipótese de
assistência social. 7. Inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 842/94. 8. Inconstitucionalidade por
arrastamento dos demais dispositivos. 9. Ação julgada procedente. (ADI 1358, Relator(a): Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 04/02/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-040
DIVULG 02-03-2015 PUBLIC 03-03-2015)
e) INCORRETA - segundo entendimento fixado pelo STF:
Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão Geral. Constitucional.
Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º. 2. Violação a direitos fundamentais causadora de
danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários. Indenização. Cabimento. O dever de
ressarcir danos, inclusive morais, efetivamente causados por ato de agentes estatais ou pela
inadequação dos serviços públicos decorre diretamente do art. 37, § 6º, da Constituição,
disposição normativa autoaplicável. Ocorrendo o dano e estabelecido o nexo causal com a
atuação da Administração ou de seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado. 3.
"Princípio da reserva do possível". Inaplicabilidade. O Estado é responsável pela guarda e
segurança das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas. É seu
dever mantê-las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos
em lei, bem como, se for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem. 4. A violação a direitos
fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários não pode
ser simplesmente relevada ao argumento de que a indenização não tem alcance para eliminar o
grave problema prisional globalmente considerado, que depende da definição e da implantação
de políticas públicas específicas, providências de atribuição legislativa e administrativa, não de
provimentos judiciais. Esse argumento, se admitido, acabaria por justificar a perpetuação da
desumana situação que se constata em presídios como o de que trata a presente demanda. 5. A
garantia mínima de segurança pessoal, física e psíquica, dos detentos, constitui dever estatal que
possui amplo lastro não apenas no ordenamento nacional (Constituição Federal, art. 5º, XLVII, “e”;
XLVIII; XLIX; Lei 7.210/84 (LEP), arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88; Lei 9.455/97 - crime de tortura; Lei
12.847/13 – Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), como, também, em fontes
normativas internacionais adotadas pelo Brasil (Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das
Nações Unidas, de 1966, arts. 2; 7; 10; e 14; Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969,
arts. 5º; 11; 25; Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas
Américas – Resolução 01/08, aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão Interamericana de
Direitos Humanos; Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, de 1984; e Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros –
adotadas no 1º Congresso das Nações Unidas para a Prevenção ao Crime e Tratamento de
Delinquentes, de 1955). 6. Aplicação analógica do art. 126 da Lei de Execuções Penais. Remição da
pena como indenização. Impossibilidade. A reparação dos danos deve ocorrer em pecúnia, não em
redução da pena. Maioria. 7. Fixada a tese: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo
sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em
decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”. 8. Recurso
extraordinário provido para restabelecer a condenação do Estado ao pagamento de R$ 2.000,00
(dois mil reais) ao autor, para reparação de danos extrapatrimoniais, nos termos do acórdão
proferido no julgamento da apelação. (RE 580252, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/
Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-204 DIVULG 08-09-2017 PUBLIC 11-09-2017)

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