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2022
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• O procedimento de dúvida suscitado por registrador imobiliário será julgado pela
Justiça Federal caso envolva bens de autarquia pública federal. Caso concreto: a
Universidade Federal do Ceará (autarquia pública federal) protocolizou no cartório do
Registro de Imóveis pedido de unificação de dois imóveis com abertura de uma matrícula
para o terreno unificado. O Titular do Registro Imobiliário expediu nota devolutiva fazendo
certas exigências. A UFC não concordou e pediu que o Oficial suscitasse dúvida. Essa dúvida
será julgada por um juiz federal. O processamento e julgamento de procedimento
administrativo de dúvida suscitado por oficial de registro imobiliário relativamente a imóveis
de autarquia pública federal compete ao Juízo federal. STJ. 1ª Seção. CC 180351-CE, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/09/2022 (Info 751).
• Competência interna do STJ para julgar ACP proposta por órgão de defesa do
consumidor contra TV por assinatura, em razão de a requerida não estar cumprindo o
Decreto federal e a Portaria que regulamentaram o serviço de SAC. Compete às Turmas
de Direito Público do STJ o julgamento de ação civil pública ajuizada por Órgão estadual que
fiscaliza a implementação e a manutenção adequada do serviço gratuito SAC, por telefone,
"lei do call center", e o prestador de serviço regulado pelo Poder Público federal - serviço de
televisão por assinatura. Em observância à causa de pedir e aos pedidos contidos na petição
inicial da ação civil pública, conclui-se que a relação jurídica controvertida possui contornos
eminentemente públicos, quer sob a perspectiva do cumprimento de normas regulamentares,
quer sob a ótica da regulação do direito ao serviço de telecomunicação (Lei nº 9.472/97).
STJ. Corte Especial. CC 179846-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/08/2022
(Info 743).
• A parte interpôs recurso especial contra acórdão do TJ; no STJ, a União pede e é
admitida como assistente simples da recorrente; o STJ determina o retorno dos autos
ao Tribunal de origem para novo julgamento; o processo deverá ser remetido para o
TRF (e não para o TJ). Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de
assistente simples, a competência afigura-se da Justiça Federal, conforme prevê o art. 109,
I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao Tribunal Regional Federal o
julgamento de embargos de declaração opostos contra acórdão proferido pela Justiça
Estadual. STJ. Corte Especial. EREsp 1265625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
30/03/2022 (Info 731).
• A competência para julgar mandado de segurança contra ato do ato do Controlador-
Geral do Distrito Federal é do juízo de 1ª instância (Vara da Fazenda Pública). O Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios não tem competência para processar e julgar
mandado de segurança impetrado contra ato do Controlador-Geral do Distrito Federal.
Compete ao TJDFT julgar mandado de segurança contra atos dos Secretários de Governo
do Distrito Federal e dos Territórios. Ocorre que o Controlador-Geral do Distrito Federal não
2021
• Compete à Primeira Seção do STJ julgar recurso envolvendo ação regressiva proposta
pela seguradora contra a concessionária por danos causados no veículo segurado.
Compete à Primeira Seção do STJ o julgamento de ação regressiva por sub-rogação da 4
seguradora nos direitos do segurado movida por aquela contra concessionária de rodovia
estadual, em razão de acidente de trânsito. Caso concreto: Sul América Seguros ajuizou
ação contra a concessionária de rodovias pedindo o ressarcimento do valor por ela
despendido no conserto do veículo segurado, em razão de acidente ocorrido por suposta
falha na prestação de serviço da ré. O recurso interposto no STJ envolvendo esse processo
deverá ser julgado por uma das Turmas que compõe a 1ª Seção e que tratam sobre direito
público. STJ. Corte Especial. CC 181628-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/11/2021
(Info 718).
• Compete à Justiça Federal processar e julgar ações rescisórias movidas por ente
federal contra acórdão ou sentença da Justiça estadual. Compete ao Tribunal Regional
Federal processar ação rescisória proposta pela União com o objetivo de desconstituir 6
sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão
federal. STF. Plenário. RE 598650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 775) (Info 1033).
• As varas especializadas em matéria agrária previstas no art. 126 da CF/88 podem julgar
outras matérias correlacionadas (exs: ambientais e minerárias), além de processos
criminais que tenham motivação agrária, não podendo, contudo, julgar matérias
federais. As varas especializadas em matéria agrária (art. 126 da CF/88) não possuem,
necessariamente, competência restrita apenas à matéria de sua especialização.
Não ofende a CF a legislação estadual que atribui competência aos juízes agrários,
ambientais e minerários para a apreciação de causas penais, cujos delitos tenham sido
cometidos em razão de motivação predominantemente agrária, minerária, fundiária e
ambiental. É inconstitucional dispositivo de lei estadual que atribui competência a juízes
estaduais para julgar matérias de competência da justiça federal.
STF. Plenário. ADI 3433/PA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1/10/2021 (Info 1032).
• Compete à Justiça Federal julgar ação que tem como objetivo a obtenção de oxigênio
destinado às unidades de saúde estaduais do Amazonas para o tratamento da Covid-
19. Em janeiro de 2021, durante a “segunda onda” da Covid-19, milhares de pessoas foram
internadas nas unidades hospitalares do Estado do Amazonas.
Houve um aumento tão grande do consumo de oxigênio que a empresa que o fornece no
Estado (White Martins) não mais conseguiu atender toda a demanda. Em resumo, faltou
oxigênio para as pessoas internadas. Diante disso, começaram a ser propostas várias ações
judiciais contra a White Martins exigindo que ela fornecesse oxigênio para os hospitais
públicos e privados. Essas ações foram propostas em diversos juízos diferentes, com
algumas determinações conflitantes. Havia decisões diferentes dos seguintes juízos: 1ª Vara
Federal da Seção Judiciária do Amazonas, 1ª Vara de Iranduba (AM), 5ª, 6ª, 11ª e 15ª Varas
Cíveis de Manaus (AM), 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus (AM).
• Compete à Primeira Seção do STJ julgar ACP que discute a validade de cláusula de
exclusividade existente no contrato firmado entre os médicos e a operadora de plano
de saúde, sob o argumento de que configuraria conduta anticoncorrencial. Compete à
Primeira Seção do STJ julgar Ação Civil Pública ajuizada pelo MPF, em face da UNIMED, a
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fim de anular cláusula indutora de exclusividade de prestação de serviços médicos, constante
do Estatuto Social da Cooperativa Médica operadora de Plano de Saúde, segundo a qual
podem ser penalizados ou premiados os médicos cooperados que adiram, ou não, à referida
cláusula. STJ. Corte Especial. CC 180127-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 18/08/2021
(Info 706).
• Compete à Justiça estadual julgar insolvência civil mesmo que envolva a participação
da União, de entidade autárquica ou empresa pública federal. A insolvência civil está
entre as exceções da parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins de
definição da competência da Justiça Federal. STF. Plenário. RE 678162/AL, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 26/3/2021 (Repercussão Geral –
Tema 859) (Info 1011).
• A competência prevista no § 3º do art. 109 da Constituição Federal, da Justiça comum,
pressupõe inexistência de Vara Federal na Comarca do domicílio do segurado. O § 3º
do art. 109 da CF/88 afirma que, se não existir vara federal na comarca do domicílio do
segurado, a lei poderá autorizar que esse segurado ajuíze a ação contra o INSS na justiça
estadual: Art. 109. (...) § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça
Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser
2020
• A competência para julgar ações contra CNJ e CNMP. O STF conferia interpretação
restritiva ao art. 102, I, “r”, da CF/88 e afirmava que ele (STF) somente seria competente para
julgar as ações em que o próprio CNJ ou CNMP figurassem no polo passivo. Seria o caso de
mandados de segurança, habeas corpus e habeas data contra os Conselhos.
No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, a
competência seria da Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88.
• Pessoa residente no Brasil foi ameaçada por e-mail enviado de conta hospedada no
exterior; Justiça brasileira é competente para determinar que a empresa responsável
pela conta identifique o titular do e-mail. Caso concreto: Luís recebeu ameaças por 9
mensagens eletrônicas enviadas por meio da conta de e-mail xxxxx@outlook.com. Diante
disso, Luís ajuizou ação contra a Microsoft (proprietária do outlook) pedindo que ela fosse
condenada a fornecer as informações necessárias (IP, data e horário de acesso) para a
identificação do usuário da conta responsável pelas ameaças. A Microsoft alegou que a
Justiça Brasileira não teria competência para apreciar a causa e para determinar o
fornecimento dos dados. Isso porque o provedor de conexão se encontra localizado fora do
Brasil, o endereço eletrônico foi acessado no exterior e as ameaças foram escritas em inglês.
O STJ não concordou com a alegação de incompetência. Em caso de ofensa ao direito
brasileiro em aplicação hospedada no estrangeiro (ex.: uma ofensa veiculada contra
residente no Brasil feita no Facebook por um estrangeira), é possível sim a determinação
judicial, por autoridade brasileira, de que tal conteúdo seja retirado da internet e que os dados
do autor da ofensa sejam apresentados à vítima. Não fosse assim, bastaria a qualquer
pessoa armazenar informações lesivas em países longínquos para não responder por seus
atos danosos. Com base no art. 11 do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), tem-se a
aplicação da lei brasileira sempre que qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda
e tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações por provedores de
conexão e de aplicações de internet ocorra em território nacional, mesmo que apenas um
dos dispositivos da comunicação esteja no Brasil e mesmo que as atividades sejam feitas
por empresa com sede no estrangeiro. STJ. 3ª Turma. REsp 1745657-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 03/11/2020 (Info 683).
• Compete às Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ (especializada em direito
privado) apreciar recurso em que se discute ressarcimento pelo desconto de
mensalidades de plano de saúde cobradas em fatura de energia elétrica. Caso concreto:
análise do recurso especial relacionado com ação de indenização ajuizada contra a
concessionária de energia elétrica pelo fato de ela ter inserido irregularmente, na conta de
energia elétrica do autor, um desconto relacionado com mensalidade de plano de saúde.
• Justiça comum deve julgar ação de servidor contratado depois da CF/88, sem
concurso público, contra Município, no qual ele cobra verbas trabalhistas decorrentes 10
desta contratação. Compete à Justiça comum julgar conflitos entre Município e servidor
contratado depois da CF/88, ainda que sem concurso público, pois, uma vez vigente regime
jurídico-administrativo, este disciplinará a absorção de pessoal pelo poder público.
Logo, eventual nulidade do vínculo e as consequências daí oriundas devem ser apreciadas
pela Justiça comum, e não pela Justiça do Trabalho. STF. Plenário. ARE 1179455 AgR/PI,
rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/5/2020 (Info 976).
• Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público
realizado por órgãos e entidades da Administração Pública para contratação de
empregados celetistas. Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade
do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que
adotado o regime celetista de contratação de pessoal.
STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020
(repercussão geral – Tema 992) (Info 968). Modulação dos efeitos
Em 15/02/2020, o STF decidiu modular os efeitos da decisão acima e estabeleceu um marco
temporal para a competência da Justiça Comum (federal ou estadual) para processar e julgar
ações ajuizadas por candidatos e empregados públicos na fase pré-contratual. De acordo
com a modulação, os processos que tiveram decisão de mérito (sentença) até 6/6/2018, data
em que foi determinada a suspensão geral dos casos com o mesmo tema, permanecem na
competência da Justiça do Trabalho até o trânsito em julgado e a sua execução.
Foi fixada, portanto, uma nova tese: Compete à Justiça Comum processar e julgar
controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e
eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas
hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoas, salvo quando a
sentença de mérito tiver sido proferida antes de 6 de junho de 2018, situação em que, até o
trânsito em julgado e a sua execução, a competência continuará a ser da Justiça do Trabalho.
2019
• O autor pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-
membro, mesmo que exista Vara Federal instalada no município do interior em que ele
for domiciliado. O art. 109, § 2º, da Constituição Federal encerra a possibilidade de a ação
contra a União ser proposta no domicílio do autor, no lugar em que ocorrido o ato ou fato ou
em que situada a coisa, na capital do estado-membro, ou ainda no Distrito Federal.
Desse modo, o autor, se quiser ajuizar demanda contra a União, terá cinco opções, podendo
propor a ação: a) no foro do domicílio do autor; b) no lugar em que ocorreu o ato ou fato que
deu origem à demanda; c) no lugar em que estiver situada a coisa; d) na capital do Estado-
membro; ou e) no Distrito Federal. STF. 1ª Turma. RE 463101 AgR-AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma.ARE 1151612 AgR/SP, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 19/11/2019 (Info 960).
• Não compete ao STF julgar ação proposta pelo Estado-membro contra a União e a
instituição financeira cobrando repasse dos depósitos judiciais que estão no banco.
• Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com
reparação de danos materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo
pretendendo a reativação de sua conta Uber para que possa voltar a usar o aplicativo
e realizar seus serviços. Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de 12
fazer cumulada com reparação de danos materiais e morais ajuizada por motorista de
aplicativo pretendendo a reativação de sua conta Uber para que possa voltar a usar o
aplicativo e realizar seus serviços. As ferramentas tecnológicas disponíveis atualmente
permitiram criar uma nova modalidade de interação econômica, fazendo surgir a economia
compartilhada (sharing economy), em que a prestação de serviços por detentores de veículos
particulares é intermediada por aplicativos geridos por empresas de tecnologia. Nesse
processo, os motoristas, executores da atividade, atuam como empreendedores individuais,
sem vínculo de emprego com a empresa proprietária da plataforma. STJ. 2ª Seção. CC
164544-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 28/08/2019 (Info 655).
• Compete à 1ª Seção do STJ (que aprecia matérias de direito público) julgar recurso no
qual se discute a contratação ou não de aprovado em processo seletivo realizado por
entidade do Sistema S (no caso, o SEBRAE). Compete à Primeira Seção do Superior
Tribunal de Justiça processar e julgar feitos relativos à contratação de candidatos inscritos
em processo seletivo público para preenchimento de cargos em entidades do Sistema S.
O dirigente de entidade do Sistema S, como o Sebrae, ao praticar atos em certame público
para ingresso de empregados, está a desempenhar ato típico de direito público, vinculando-
se ao regime jurídico administrativo. STJ. Corte Especial.CC 157870-DF, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 21/08/2019 (Info 656).
• Para saber se há conexão entre duas medidas cautelares preparatórias propostas pelo
mesmo contribuinte, deve-se analisar o pedido ou a causa de pedir das ações
principais. O vínculo de conexão a justificar a reunião de medidas cautelares preparatórias
está vinculado com a identidade de objeto e/ou de causa de pedir existente entre as ações
principais a serem propostas e não do processo cautelar em si. STJ. 1ª Turma. AREsp
832354-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 21/02/2019 (Info 644).
• Ação de empresas de telefonia contra a Anatel tratando sobre o valor de uso de rede
móvel, sendo que uma das litigantes se encontra em recuperação judicial: Justiça
Federal. Compete à Justiça Federal processar e julgar ação que envolva concessionárias do
serviço de telefonia e a Anatel a respeito da precificação do VU-M (Valor de Uso de Rede
Móvel) ainda que um dos litigantes se encontre em recuperação judicial.
É competência da Justiça Federal analisar as questões relativas aos contratos de 13
interconexão e ao valor da interconexão propriamente dita (VU-M).
Reserva-se ao Juízo Estadual da Falência apenas aquilo que é relacionado com a
recuperação judicial (habilitação de crédito, classificação de credores, aprovação de plano).
Não se pode, contudo, admitir que o Juízo da Falência decida sobre questões que são de
competência da esfera federal. Assim, a fixação do VU-M é de competência da Justiça
Federal. STJ. 1ª Seção. CC 156.064-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd.
Min. Herman Benjamin, julgado em 14/11/2018 (Info 649).
• Compete à Justiça Estadual julgar ação proposta por ex-empregado para continuar no
plano de saúde de autogestão que era oferecido pela empresa. Compete à Justiça
Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-empregado
aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo
oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de
autogestão. STJ. 3ª Turma. REsp 1695986-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 27/02/2018 (Info 620). Existe alguma exceção? Existe alguma hipótese na qual a ação
proposta pelo usuário contra o plano de saúde de autogestão será de competência da Justiça
do Trabalho? SIM. A demanda será de competência da Justiça do Trabalho se o plano de
saúde é operado pela própria empresa que contratou o trabalhador. Nessa modalidade de
organização da assistência à saúde, a figura do empregador (ou do contratante da mão de
obra) se confunde com a do operador do plano de saúde, de modo que, sob a ótica do
trabalhador, ou de seus dependentes, o plano de saúde é oriundo da relação de trabalho,
atraindo, portanto, a competência da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, I, da CF/88.
STJ. 2ª Seção. CC 165.863-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
2017
• Não se aplica a regra do art. 53, V, do CPC para a ação de indenização proposta pela
locadora em caso de acidente de veículo envolvendo o locatário. A competência para
julgar ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos é do foro do
domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, do CPC/2015).
Contudo, essa prerrogativa de escolha do foro não beneficia a pessoa jurídica locadora de 15
frota de veículos, em ação de reparação dos danos advindos de acidente de trânsito com o
envolvimento do locatário. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag 1366967-MG, Rel. Min. Marco
Buzzi, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2017 (Info 604).
• Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo que tenha
julgado a lide que originou o cumprimento de sentença. Não compete originariamente ao
STF processar e julgar execução individual de sentenças genéricas de perfil coletivo,
inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição cabe aos órgãos
judiciários competentes de primeira instância. STF. 2ª Turma. PET 6076 QO /DF, rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 25/4/2017 (Info 862).
2015
• STF não possui competência originária para julgar ação popular. Determinado cidadão
propôs “ação popular” contra a Presidente da República pedindo que ela fosse condenada à
perda da função pública e à privação dos direitos políticos. A competência para julgar essa
ação é do STF? NÃO. Em regra, o STF não possui competência originária para processar e
julgar ação popular, ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da
República. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo de 1º grau.
STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/11/2015 (Info 811). No
mesmo sentido: A jurisprudência é firme no sentido de que o STF não possui competência
para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade.
STF. Plenário. AO 2489 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020. Não é da
competência originária do STF conhecer de ações populares, ainda que o réu seja autoridade
que tenha na Corte o seu foro por prerrogativa de função para os processos previstos na
• Conexão por prejudicialidade. A conexão entre duas causas ocorre quando elas, apesar
de não serem idênticas, possuem um vínculo de identidade entre si quanto a algum dos seus
elementos caracterizadores. São duas (ou mais) ações diferentes, mas que mantêm um
vínculo entre si. Segundo o texto do CPC 1973, existe conexão quando duas ou mais ações
tiverem o mesmo pedido (objeto) ou causa de pedir. Quando o juiz verificar que há conexão
entre duas causas, ele poderá ordenar, de ofício ou a requerimento, a reunião delas para
julgamento em conjunto. Essa é a regra geral, não sendo aplicável, contudo, quando a
reunião implicar em modificação da competência absoluta. O conceito de conexão previsto
na lei é conhecido como concepção tradicional (teoria tradicional) da conexão. Existem
autores, contudo, que defendem que é possível que exista conexão entre duas ou mais ações
mesmo que o pedido e a causa de pedir sejam diferentes. Em outras palavras, pode haver
conexão em situações que não se encaixem perfeitamente no conceito legal de conexão.
Tais autores defendem a chamada teoria materialista da conexão, que sustenta que, em
determinadas situações, é possível identificar a conexão entre duas ações não com base no
pedido ou na causa de pedir, mas sim em outros fatos que liguem uma demanda à outra.
Eles sustentam, portanto, que a definição tradicional de conexão é insuficiente. Essa teoria
é chamada de materialista porque defende que, para se verificar se há ou não conexão, o
ideal não é analisar apenas o objeto e a causa de pedir, mas sim a relação jurídica de direito
material que é discutida em cada ação. Existirá conexão se a relação jurídica veiculada nas
ações for a mesma ou se, mesmo não sendo idêntica, existir entre elas uma vinculação.
Essa concepção materialista é que fundamenta a chamada “conexão por prejudicialidade”.
Podemos resumi-la em uma frase: quando a decisão de uma causa interferir na solução da
outra, há conexão. No caso concreto, havia duas ações: em uma delas o autor (empresa 1)
executava uma dívida da devedora (empresa 2). A executada, por sua vez, ajuizou ação
declaratória de inexistência da relação afirmando que nada deve para a empresa 1. Nesta
2014
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• Ação de divórcio quando o marido for incapaz. Compete ao foro do domicílio do
representante do marido interditado por deficiência mental — e não ao foro da residência de
sua esposa capaz e produtiva — processar e julgar ação de divórcio direto litigioso,
independentemente da posição que o incapaz ocupe na relação processual (autor ou réu).
No confronto entre o art. 100, I, do CPC 1973 (que prevê o foro do domicílio da mulher) e o
art. 98 do CPC 1973 (que preconiza o foro do domicílio do representante do incapaz), deverá
prevalecer este último em virtude de o incapaz apresentar maior fragilidade, necessitando,
portanto, de uma maior proteção. STJ. 4ª Turma. REsp 875612-MG, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 4/9/2014 (Info 552).
• Réu que não concorda com processo distribuído por prevenção: exceção de
incompetência. A exceção de incompetência é meio adequado para que a parte ré impugne
distribuição por prevenção requerida pela parte autora com base na existência de conexão.
• Cobrança de verbas por profissional liberal. Se o autor ajuíza ação contra empresa
alegando que era colaborador autônomo, como profissional liberal, e pede condenação da ré
ao pagamento de indenização por danos morais e materiais, tal demanda é de competência
da Justiça Comum Estadual. Aplica-se, no caso, o mesmo raciocínio presente na Súmula
363 do STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por
profissional liberal contra cliente. STJ. 2ª Seção. CC 118649-SP, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 24/4/2013 (Info 521).
• Ação proposta por pastor contra igreja em que se discute relação religiosa e civil.
Determinado pastor ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a igreja
a que pertencia, alegando que foi desligado sem um justo motivo e em desacordo com as
regras da igreja. Na petição inicial afirma expressamente que não era empregado da igreja.
Quem irá julgar esta demanda é a Justiça comum estadual, considerando que a controvérsia
proposta na demanda deriva de relação jurídica de cunho eminentemente religioso e civil.
• Ação de pensão por morte na qual haverá reconhecimento de união estável. Compete
à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar demanda proposta em face do INSS com o objetivo
de ver reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber pensão decorrente da
morte do alegado companheiro, ainda que seja necessário enfrentar questão prejudicial 24
referente à existência, ou não, da união estável. STJ. 1ª Seção. CC 126489-RN, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 10/4/2013 (Info 517).
2012
• Conflito de competência. O art. 115 do CPC 1973 (art. 66 do CPC 2015) precisa ser 25
interpretado extensivamente, de modo que, para que haja conflito de competência, basta a
mera potencialidade ou risco de que sejam proferidas decisões conflitantes.
É possível que se reconheça a conexão, mas sem que haja a reunião de processos. Isso
ocorre, por exemplo, quando a reunião implicaria em modificação da competência absoluta.
O efeito principal da conexão é a reunião. Se não for possível, poderá ser determinada
suspensão de um dos processos para evitar o desperdício da atividade jurisdicional e a
prolação de decisões contraditórias. STJ. 2ª Seção. AgRg no CC 112956-MS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 25/4/2012 (Info 496).
SÚMULAS
• Súmula 15-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de
acidente do trabalho. Válida, mas apenas nos casos de ação proposta contra o INSS
pleiteando benefício decorrente de acidente de trabalho. Segundo a jurisprudência do STF e
STJ, causas decorrentes de acidente do trabalho não são apenas aquelas em que figuram
como partes o empregado acidentado e o órgão da Previdência Social, mas também as que
são promovidas pelo cônjuge, ou por herdeiros ou dependentes do acidentado, para haver
• Súmula vinculante 27-STF: Compete à Justiça Estadual julgar causas entre consumidor e
concessionária de serviço público de telefonia, quando a Anatel não seja litisconsorte passiva
necessária, assistente nem opoente. Importante.
• Súmula 34-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar causa relativa a mensalidade
escolar, cobrada por estabelecimento particular de ensino. Importante.
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• Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis
em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Válida. Vide Súmulas 508, 517 e 556 do STF.
• Súmula 55-STJ: Tribunal Regional Federal não é competente para julgar recurso de decisão
proferida por juiz estadual não investido de jurisdição federal. Válida.
• Súmula 137-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor
público municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.
Válida.
• Súmula 150-STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico
que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas.
Importante. Vide Súmulas 224 e 254 do STJ.
• Súmula 224-STJ: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a
declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Importante. Isso está agora expresso no § 3º do art. 45 do CPC 2015: "§ 3º O juízo federal
restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença
ensejou a remessa for excluído do processo." Vide Súmulas 150 e 254 do STJ.
• Súmula 218-STJ: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor esta-
dual decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
Válida.
• Súmula 270-STJ: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em
execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal.
Válida.
• Súmula 505-STJ: A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto
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obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a
Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social – REFER é da Justiça estadual. Válida.
• Súmula 506-STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual. Importante.
• Súmula 516-STF: O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito a jurisdição da justiça
estadual. Válida.