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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Hamilton lucena

exame
XXXV

atualizado e revisado
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS


1. CONCEITO DE RECURSO
Recurso é um meio processual colocado à disposição das partes do Ministério
Público e de um terceiro, a viabilizar, dentro da mesma relação jurídica processual, e
dentro de certo prazo, a anulação, a reforma, a integração ou o aclaramento da decisão
judicial impugnada. (ABELHA, Marcelo. “Manual de Direito Processual Civil” 4a ed. Re-
vista dos Tribunais, São Paulo, 2008, p. 511)
2. PETICIONAMENTO
Os recursos serão interpostos por simples petição.
- Juízo “a quo” - Endereçamento da peça de interposição.
- Juízo “ad quem” - Endereçamento das razões recursais.
A exceção fica por conta dos embargos de declaração.
3. REEXAME NECESSÁRIO DA DECISÃO JUDICIAL
As decisões desfavoráveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Mu­
nicípios, às autarquias e às fundações de direito público federais, estaduais ou mu-
nicipais que não explorem atividade econômica estão, obri­gatoriamente, sujeitas ao
duplo grau de jurisdi­ção, sob pena de não produzirem efeitos práticos.
Nesse sentido
SÚMULA Nº 303 DO TST - FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO
I – Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência
da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quan-
do a condenação não ultrapassar o valor correspondente a:
a) 1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e funda-
ções de direito público;
b) 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que cons-
tituam capitais dos Estados;
c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.
II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em:
a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do
Trabalho em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência;
d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito ad-
ministrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.
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III – Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho


está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente
público, exceto nas hipóteses dos incisos anteriores.
IV – Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação
processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela
concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como
impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese
de matéria administrativa.”
O TST por meio da OJ 334 da SDI-1, entende ser incabível recurso de revista
de ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de primeira
instância, ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a conde-
nação imposta.
Segundo Miessa1:
“[..] a interposição do recurso de revista pelo ente público pressupõe a existên-
cia anterior de recurso ordinário voluntário por parte da Fazenda Pública, pois,
não interpondo este, o ente público se conformou com a decisão, faltando-lhe
interesse para interpor recurso posterior, além de ter ocorrido a preclusão tem-
poral.
Ressalta-se, entretanto, que o C.TST permitiu o recurso de revista quando hou-
ver majoração da condenação do ente público, o que pode acontecer em duas
hipóteses.
A primeira quando existir apenas o reexame necessário, sem que tenha havido,
portanto, recurso pelas partes. Nesse caso, é sabido que, no reexame neces-
sário, não se admite que a situação da Fazenda Pública seja agravada (Súmula
nº 45 do STJ), razão pela qual, caso isso ocorra, indevidamente, caberá o re-
curso de revista para afastar a ampliação da condenação. A propósito, mesmo
aqueles que advogam pela não aplicação da reformatio in pejus no reexame
necessário permitem o recurso na hipótese de agravamento da situação do
ente público, porque, ampliando sua condenação, surge o interesse recursal da
Fazenda Pública, sendo cabível, portanto, o recurso de revista.
A segunda ocorre quando há julgamento parcial e a parte contrária apresenta
recurso ordinário. Nessa hipótese, dando-se provimento ao recurso da parte
contrária, mesmo que a Fazenda Pública não tenha interposto recurso ordiná-
rio, valendo-se do reexame necessário, será cabível o recurso de revista limita-
do ao objeto da majoração.
Em suma, não é cabível o recurso de revista quando há reexame necessário
sem recurso voluntário do ente público, exceto quando a decisão do tribunal
agravar sua condenação.”
Veja como esse tema foi cobrado em prova:

1 CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson. “Súmulas e OJs do TST Comentadas. Salvador: Juspodivm, 2016.
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Assunto cobrado no Exame XVII - (Questão atualizada) - Em determinada ação tra-


balhista em face de ente público - Município capital do Estado, a sentença entendeu
por julgar o pedido procedente e fixar a condenação em valor correspondente a 520
salários mínimos. A matéria em discussão é controvertida nos Tribunais, ainda não
estando pacificada por qualquer jurisprudência. Entretanto, o réu, ente de direito pú-
blico, não recorreu. A partir do caso apresentado, responda aos itens a seguir.

A) Ocorrerá o trânsito em julgado imediato da decisão? Fundamente. (Valor: 0,65)


Resposta: Deverá haver a remessa necessária para o TRT (submissão ao duplo grau
de jurisdição obrigatório) em virtude do valor da condenação ser superior a 500 sa-
lários-mínimos e por não ser matéria pacificada nos Tribunais, razão pela qual não
ocorrerá o trânsito em julgado imediato, já que a parte sucumbente foi o ente de
direito público, conforme art. 1º, V, do DL 779/69 e Súmula 303, I, “b”, do TST que
determina que em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na
vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo
quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 500 (quinhentos)
salários mínimos para os Municípios que constituam capitais dos Estados.

B) Caberá recurso de revista na hipótese? Fundamente. (Valor: 0,60) Resposta: Não


será possível a interposição do recurso de revista na hipótese trazida na questão
porque o ente público não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de 1ª ins-
tância, conforme OJ 334 da SDI I do TST, que diz que é incabível recurso de revista
de ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de primeira
instância, ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a conde-
nação imposta.

Assunto cobrado no Exame VIII - (Questão atualizada) - Joana e Guilherme, ambos


com 30 anos de idade, ajuizaram reclamação trabalhista plúrima contra o Estado
do Amazonas, dos quais são empregados nos moldes da CLT, postulando diversos
direitos lesados. A sentença, proferida de forma líquida, julgou o pedido procedente
em parte e condenou o réu ao pagamento de 100 salários mínimos para Joana e 380
salários mínimos para Guilherme. Com base na hipótese apresentada, responda aos
itens a seguir.

A) Analise se a sentença proferida estará sujeita ao duplo grau de jurisdição obriga-


tório.(Valor: 0,60)

A sentença não estará submetida ao duplo grau de jurisdição porque a condenação


é inferior a 500 salários mínimos sendo caso de aplicar-se a Súmula 303, I, “b”, do
TST que determina que em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário,
mesmo na vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda
Pública, salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 500
(quinhentos) salários mínimos para os Estados.

B) Caso a sentença transite em julgado nos termos originais, de que forma será feito
o pagamento da dívida aos exequentes?(Valor: 0,65)
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Para os Estados, o pagamento das dívidas se fará por precatório quanto aos valores
acima de 40 salários mínimos e por RPV (requisição de pequeno valor) nos valores
inferiores a tal patamar, nos termos do art. 100 da CF e artigo 87, I, do Ato das Dispo-
sições Constitucionais Transitórias.

3.1. ESTUDO RÁPIDO SOBRE REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR


O artigo 87, I, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estabeleceu
que, enquanto os entes federativos não editarem lei regulamentando o valor para RPV,
no âmbito da Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, é considerado pequeno valor
o equivalente a 40 salários mínimos, e para os municípios, 30 salários mínimos.
Da mesma forma que o precatório, a chamada Requisição de Pequeno Valor
ou RPV é uma modalidade de requisição judicial de pagamento para montantes con-
siderados como de pequeno valor. Também depende de trânsito em julgado em ação
contra a Fazenda Pública. O artigo 87, I, do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
sitórias, estabeleceu que, enquanto os entes federativos não editarem lei regulamen-
tando o valor para RPV, no âmbito da Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, é con-
siderado pequeno valor o equivalente a 40 salários mínimos, e para os municípios, 30
salários mínimos. Diz o art. 535, § 3º, II do CPC, por ordem do juiz, dirigida à autoridade
na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obriga-
ção de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da
requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência
do exequente.
4. PRINCÍPIOS RECURSAIS
4.1. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
O princípio do duplo grau de jurisdição possibilita a parte provocar o reexame da
matéria, buscando-se um novo julgamento, agora por órgão que, como regra, coloca-se
em hierarquia superior àquele que proferiu decisão.
Esse princípio não encontra expressa previsão na Constituição Federal, contudo
ele advém do princípio do devido processo legal.
4.2. TAXATIVIDADE
O princípio da taxatividade deve ser compreendido nos termos do art. 22, I, da
CF/88, que estabelece que somente a lei federal pode criar recursos no sistema pro-
cessual vigente.
CF, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáuti-
co, espacial e do trabalho;
Na seara trabalhista, a maioria dos recursos estão previstos no art. 893 da CLT
CLT, Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:
I - embargos;
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II - recurso ordinário;
III- recurso de revista;
IV- agravo.

4.3. UNIRRECORRÍBILIDADE
Pelo princípio da singularidade, não há a possibilidade da parte interpor mais
de um recurso contra uma mesma decisão desfavorável recorrível, ou seja, somente
admite-se uma espécie recursal como meio de impugnação a cada decisão judicial.
Nessa linha, a doutrina:
O princípio da unirrecorribilidade recursal (também denominado princípio da sin-
gularidade ou da consumação) significa que “para cada ato jurisdicional que se
deseja impugnar existe um recurso único e adequado” (TEIXEIRA FILHO, Manoel
Antônio. Sistema dos Recursos Trabalhistas, 11ª ed., São Paulo: LTr, 2011, p. 104).
Pelo referido princípio, “interposto o recurso, extingue-se, tour court, o direito de
impugnar o provimento, não importa se admissível ou não” (DE ASSIS, Araken.
Manual dos Recursos, Ed. Revistados Tribunais, 4ª Edição, p. 112).
Assim, há um recurso para cada caso. A jurisprudência do TST, vem decidindo
dessa forma:
Informativo 190 - RECURSO DE EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014. OPOSIÇÃO DE
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO SIMULTANEAMENTE À INTERPOSIÇÃO DE RE-
CURSO DE EMBARGOS. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. PRECLUSÃO
CONSUMATIVA. À luz do princípio da unirrecorribilidade das decisões e da pre-
clusão consumativa, institutos vigentes no sistema recursal, é vedado interpor
mais de um recurso em face da mesma decisão. In casu, a reclamante, após a
publicação do acórdão da Turma, opôs embargos de declaração, e, em seguida,
antes do respectivo julgamento, interpôs recurso de embargos a esta Subseção.
Registre-se que não houve aditamento do recurso de embargos após o julgamen-
to pela Turma dos embargos de declaração. Nesse contexto, inviável o conheci-
mento do presente apelo, diante da incidência da preclusão consumativa. Recurso
de embargos não conhecido. (E-ED-RR - 24159-85.2015.5.24.0002, Relator Minis-
tro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 07/02/2019, Subseção
I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 15/02/2019)
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DAS FLS. 2447-2449. OMISSÃO. ESCLARECI-
MENTOS. Constatada omissão quanto à Súmula 383/TST, acolhem-se embargos
de declaração para prestar os esclarecimentos requeridos, sem a concessão de
efeito modificativo. Embargos de declaração acolhidos apenas para prestar es-
clarecimentos, sem a concessão de efeito modificativo. EMBARGOS DE DECLA-
RAÇÃO DAS FLS. 2451-2453. UNIRRECORRIBILIDADE. PRECLUSÃO. Incabíveis
embargos de declaração com o mesmo objeto de recurso anteriormente interpos-
to contra a mesma decisão. Aplicação do princípio da unirrecorribilidade e da pre-
clusão consumativa. Embargos de declaração não conhecidos.” (ED-AgR-ED-E-E-
D-ED-RR-201600-27.2006.5.15.0129, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 30/06/2017);
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO EM FACE
DO ACÓRDÃO PROFERIDO PELO TRIBUNAL REGIONAL EM GRAU DE RECURSO
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ORDINÁRIO. ERRO GROSSEIRO. POSTERIOR INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE


REVISTA. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA
CONFIGURADA. De acordo com os princípios da unirrecorribilidade e da preclusão
consumativa, interposto o primeiro recurso contra a decisão recorrida, não é pos-
sível a interposição de um segundo. No caso dos autos, a Reclamada, em face do
acórdão que julgou seus embargos de declaração em recurso ordinário, interpôs
agravo de instrumento, o qual não foi conhecido por incabível, e, sucessivamente,
apresentou recurso de revista, que teve seu seguimento denegado, com base nos
princípios da unirrecorribilidade recursal e da preclusão consumativa. Registre-
-se que a interposição de agravo de instrumento em face da decisão que julgou
o RO configura erro grosseiro, insuscetível de correção mediante a aplicação do
princípio da fungibilidade. Configura-se, portanto, a preclusão consumativa, ante a
interposição do recurso erroneamente interposto. Agravo de instrumento despro-
vido.” (AIRR-3737-21.2014.5.12.0047, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
3ª Turma, DEJT 09/06/2017);
UNIRRECORRIBILIDADE. PRECLUSÃO. Incabível recurso com o mesmo objeto
de recurso anteriormente interposto contra a mesma decisão. Aplicação do prin-
cípio da unirrecorribilidade e da preclusão consumativa. Agravo de instrumento
não conhecido. (AgR-E-ED-RR nº 0058600-74.2009.5.02.0371, SBDI-1 do TST, Rel.
Hugo Carlos Scheuermann. unânime, DEJT 25.05.2016).
Exceção: No Processo do Trabalho, admite-se a interposição simultânea de em-
bargos para a SDI (divergência) e recurso extraordinário ao STF, da decisão proferida
na Turma do TST2.
4.4. CONSUMAÇÃO
Pelo princípio da consumação, após a interposição do recurso, é vedado ao
recorrente complementar as razões do seu recurso. O art. 809 do CPC de 1939, ad-
mitia-se a variabilidade dos recursos. No processo contemporâneo, não é permite a
variabilidade, pois ausente norma nesse sentido.
AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRECLU-
SÃO CONSUMATIVA. O agravante interpôs dois recursos, um às fls. 281-290
(05.04.2016 18h48min) e outro às fls. 300-306 (05.04.2016 18h04min). Tendo em
vista a preclusão consumativa operada no momento da interposição do primeiro
recurso, apenas este será analisado (recurso às fls. 300-306). [..] (AG-AIRR nº
0020663-28.2014.5.04.0782, 3ª Turma do TST, Rel. Alexandre de Souza Agra Bel-
monte. unânime, DEJT 12.05.2016).
[..] Incidiu o óbice da preclusão consumativa na interposição do recurso de revista,
ante o qual é vedado o aditamento. [..] (AIRR nº 0010304-62.2014.5.15.0119, 6ª
Turma do TST, Rel. Kátia Magalhães Arruda. unânime, DEJT 02.06.2016).

4.4.1. EXCEÇÃO - POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DO RECURSO


Segundo Miessa3, havendo interposição de embargos de declaração por ape-
nas uma das partes, no momento em que a outra já interpôs, por exemplo, o recurso
ordinário, ocorrendo modificação da decisão judicial, deve ser concedido à parte que
já tinha interposto o recurso ordinário a possibilidade de complementá-lo, limitado ao
objeto modificado na decisão. Nesse sentido, o CPC;
2 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho. 3 ed. Bahia: Juspodivm, 2016. p.529.
3 Ibidem.
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CPC, Art. 1.024 - O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.


§ 4o - Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da
decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a
decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exa-
tos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da
decisão dos embargos de declaração.
§ 5o - Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a con-
clusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da pu-
blicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado
independentemente de ratificação.

4.5. FUNGIBILIDADE
Pelo princípio da fungibilidade, quando a parte interpõe um recurso de forma er-
rada, este poderá ser convertido pelo órgão “a quo” em recurso correto. Apesar de não
ter previsão na CLT e no CPC, tal princípio tem aplicação no ordenamento jurídico em
razão do princípio da instrumentalidade das formas e na ideia da ausência de prejuízo.
O enunciado 104 do FPPC diz que: o “princípio da fungibilidade recursal é com-
patível com o CPC e alcança todos os recursos, sendo aplicável de ofício”.
4.5.1. REQUISITOS PARA FUNGIBILIDADE.
a) Não haver erro grosseiro e má-fé.
OJ 152 da SDI-2 do TST - AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. RE-
CURSO DE REVISTA DE ACÓRDÃO REGIONAL QUE JULGA AÇÃO RESCISÓRIA
OU MANDADO DE SEGURANÇA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILI-
DADE. ERRO GROSSEIRO NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO - A interposição de
recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação
rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e
divergência jurisprudencial e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro
grosseiro, insuscetível de autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em
face do disposto no art. 895, “b”, da CLT.
TST, OJ n. 412 da SDI-1 - AGRAVO INTERNO OU AGRAVO REGIMENTAL. INTER-
POSIÇÃO EM FACE DE DECISÃO COLEGIADA. NÃO CABIMENTO. ERRO GROS-
SEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL (nova
redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 209/2016, DEJT divulgado em
01, 02 e 03.06.2016 - É incabível agravo interno (art. 1.021 do CPC de 2015, art.
557, §1º, do CPC de 1973) ou agravo regimental (art. 235 do RITST) contra deci-
são proferida por Órgão colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente,
a impugnar decisão monocrática nas hipóteses previstas. Inaplicável, no caso, o
princípio da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro.
b) Haver dúvida em qual recurso interpor.
TST, SUM-421- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. DECISÃO MONO-
CRÁTICA DO RELATOR CALCADA NO ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO
CPC DE 1973.
I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator prevista
no art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte pretende tão
somente juízo integrativo retificador da decisão e, não, modificação do julgado.
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II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao


relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios
da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do
Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, com-
plementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, §
1º, do CPC de 2015.
c) Obedecer aos pressupostos do recurso correto.
OJ-SDI2-69- FUNGIBILIDADE RECURSAL. INDEFERIMENTO LIMINAR DE AÇÃO
RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO PARA O TST. RECEBI-
MENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL E DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO TRT - Re-
curso ordinário interposto contra despacho monocrático indeferitório da petição
inicial de ação rescisória ou de mandado de segurança pode, pelo princípio de
fungibilidade recursal, ser recebido como agravo regimental. Hipótese de não co-
nhecimento do recurso pelo TST e devolução dos autos ao TRT, para que aprecie
o apelo como agravo regimental.

4.6. DIALETICIDADE
Segundo Luiz Fux4, “O princípio da dialeticidade recursal exige a impugnação
específica dos fundamentos da decisão recorrida e, nesse contexto, os recursos cujas
razões fiquem adstritas à mera repetição do recurso anterior não reúnem condições
de procedibilidade, a teor do que dispõem as Súmulas 284 e 287 do Supremo Tribunal
Federal, in verbis:”
STF, SUM 284. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”.
STF, SUM 287. Nega-se provimento ao agravo, quando a deficiência na sua fun-
damentação, ou na do recurso extraordinário, não permitir a exata compreensão
da controvérsia.
E continua o renomado Ministro: “é que, impõe-se ao recorrente o ônus de evi-
denciar os motivos de fato e de direito suficientes à reforma da decisão objurgada, tra-
zendo à baila argumentações capazes de infirmar todos os fundamentos do decisum
que se pretende modificar, sob pena de vê-lo mantido por seus próprios fundamentos”.
Assim, o princípio da dialeticidade exige que o recorrente faça exposição da
fundamentação recursal (causa de pedir: error in judicando e error in procedendo) e do
pedido (que poderá ser de anulação, reforma, esclarecimento ou integração).
Nesse sentido, a súmula 422 do TST:
TST, SUM 422 - RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CO-
NHECIMENTO
I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões
do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos
em que proferida.
II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à motiva-
ção secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de admissibilidade
de recurso ou em decisão monocrática.
III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da compe-
4 Processo Ag. Reg. no Recurso Ord. em Mandado de Segurança nº 30842/DF, 1ª Turma do STF, Rel. Luiz Fux. j. 24.02.2017, unânime, DJe 13.03.2017.
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tência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motiva-


ção é inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença.

4.7. PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS


Esse princípio veda que o sistema recursal brasileiro, reforme a decisão impug-
nada em prejuízo ao recorrente e em benefício do recorrido, nas situações em que hou-
ver recurso por apenas de uma das partes. Nessas situações, o julgamento do recurso
daquele único recorrente não pode piorar a sua situação: ou a melhora, ou a mantém.
Esse princípio não tem previsão na CLT e no CPC, contudo, tem aplicação no
ordenamento jurídico em razão dos princípios do ônus de recorrer e do dispositivo.
Assim, não pode o magistrado julgar o que não foi objeto do mérito do recurso, da
impugnação recursal, o que feriria até mesmo o princípio da inércia jurisdicional, com
ofensa à imparcialidade da jurisdição.
A exceção ao princípio da proibição da reformatio in pejus, é a possibilidade
do conhecimento de ofício pelo órgão julgador de matéria de ordem pública, ou seja,
questão relativa às condições da ação, aos pressupostos processuais, aos requisitos
de admissibilidade dos recursos, conforme determinado pelo § 3º do art. 485 do CPC
CPC, Art. 485 - § 3º - O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos
IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trân-
sito em julgado.
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo;
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE EXISTÊNCIA
São pressupostos processuais de existência:
* Petição inicial,
* Jurisdição,
* Citação.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADE
São pressupostos processuais positivos de validade:
* Petição inicial apta,
* Competência do juízo,
* Capacidade postulatória,
* Capacidade processual,
* Citação válida,
* Imparcialidade do juiz.
São pressupostos processuais negativos de validade:
* Litispendência,
* Coisa julgada,
* Perempção,
* Convenção de arbitragem.
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4.8. IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTERLOCUTÓ-


RIAS
Decisão interlocutória consiste em todo pronunciamento judicial de natureza
decisória que não se enquadre no conceito de sentença. Segundo o § 1° do art. 893 da
CLT e o enunciado da súmula 214 do TST, na Justiça do Trabalho, as decisões interlo-
cutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
(1) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Juris-
prudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
(2) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
(3) que ACOLHE exceção de incompetência territorial, com a remessa dos au-
tos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepciona-
do, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
É interessante observar, ainda, que na hipótese de declaração de incompetên-
cia em razão da matéria, com o encaminhamento dos autos a outra Justiça (Federal
ou Estadual), é cabível o recurso de imediato. Isso ocorre porque, embora se trate de
decisão interlocutória, no caso o processo termina na Justiça do Trabalho, motivo pelo
qual o art. 799, § 2º da CLT admite a interposição de recurso5.
Uma 4ª possibilidade de recurso de decisão interlocutória, foi criada com a en-
trada em vigor do novo CPC, assim, cabe recurso ordinário das decisões que julgarem
parcialmente o mérito da causa. A IN 39/2016 do TST que regulamenta a aplicação do
CPC no processo do trabalho, dispõe em seu art. 5º que:
Art. 5o - Aplicam-se ao Processo do Trabalho as normas do art. 356, §§ 1º a 4o,
do CPC que regem o julgamento antecipado parcial do mérito, cabendo recurso
ordinário de imediato da sentença.
O art. 356 deste diploma legal diz que;
CPC, Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pe-
didos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de
obrigação líquida ou ilíquida.
§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na
decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda
que haja recurso contra essa interposto.
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução
será definitiva.
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito
poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a
critério do juiz.
5 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho. 3 ed. Bahia: Juspodivm, 2016. p.534.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de ins-
trumento.
A 5ª possibilidade de recurso imediado de decisão interlocutória, ocorre quan-
do o juiz da execução acolher ou rejeitar o incidente o incidente de desconsideração
da personalidade jurídica solicitado pelo exequente, senão vejamos:
CLT, Art. 855-A - Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsidera-
ção da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei n° 13.105, de 16
de março de 2015 - Código de Processo Civil.
§ 1° Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1° do
art. 893 desta Consolidação;
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de ga-
rantia do juízo;
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado ori-
ginariamente no tribunal.
§ 2° A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de conces-
são da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei n°
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil)

5. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO


Na fase recursal o órgão julgador faz um exame de aspectos formais do
recurso para só então, superada positivamente essa fase, analisar o mérito recursal.
O juízo de admissibilidade e feito em dois momentos:
5.1. PRIMEIRO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
5.1.1. REGRA
O primeiro juízo de admissibilidade é feito pelo juízo “a quo”, ou seja, pelo órgão
jurisdicional que proferiu a decisão. Este juízo, não analisa o mérito da decisão nova-
mente, ele apenas verifica se o recurso preenche os pressupostos recursais. O TST, por
meio da IN 39/2016, em seu art. 2o, XI, entendeu ser inaplicável ao processo do traba-
lho, o §3º do art. 1.010 do CPC, senão vejamos:
IN 39/2016 – Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Tra-
balho, em razão de inexistência de omissão ou por incompatibilidade, os seguin-
tes preceitos do Código de Processo Civil:
XI - art. 1010, § 3º (desnecessidade de o juízo a quo exercer controle de admissi-
bilidade na apelação);

5.1.2. EXCEÇÃO
Se for requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente
estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator,
neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do re-
colhimento, conforme determinado pelo art. 99, § 7°, do CPC de 2015. Nesse sentido,
o item II da OJ 269 da SDI-1 do TST.
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TST, OJ 269, II – Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na fase


recursal, cumpre ao relator fixar prazo para que o recorrente efetue o preparo (art.
99, § 7º, do CPC de 2015).
Nesse sentido, a decisão da Subseção II Especializada em Dissídios Individuais:
O art. 1.010, § 3°, do Código de Processo Civil de 2015 determina que após a
interposição de apelação “os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, indepen-
dentemente de juízo de admissibilidade”. II. Não obstante o disposto na Instrução
Normativa 39, art. 2º, inciso XI, deve-se adotar a sistemática do CPC de 2015,
relativa à extinção do duplo juízo de admissibilidade, para os casos em que se
analisa a deserção em função do pedido denegado de gratuidade de justiça,
uma vez que compatível a regra da processualística civil com o processo do tra-
balho. Com isso, errônea a decisão proferida pelo Tribunal Regional da 6ª Região,
que denegou seguimento ao recurso ordinário interposto pela parte impetrante
por deserção. Isso porque a gratuidade deve ser enfrentada como questão preli-
minar ao mérito do recurso, sendo o agravo de instrumento medida desnecessária
para tal finalidade. III. Tendo em vista que o requerimento da concessão dos be-
nefícios da justiça gratuita foi realizado pela primeira vez no recurso ordinário em
mandado de segurança, a deserção deveria ter sido analisada por este Relator, em
conformidade com o art. 99, § 7°, do CPC de 2015, o qual dispõe que “requerida a
concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado
de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apre-
ciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento”.
IV. Apesar disso, diante da negativa de seguimento do recurso ordinário, o agravo
de instrumento deve ser acolhido e julgado procedente para destrancar o recurso
ordinário, a fim de que a preliminar de gratuidade possa ser analisada no julga-
mento do próprio recurso ordinário pelo juiz da causa. V. Agravo de instrumento
de que se conhece e a que se dá provimento para destrancar o recurso ordinário.
(RO-394-19.2020.5.06.0000, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais,
Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 06/08/2021).

5.2. - SEGUNDO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE


É feito pelo juízo “ad quem”, ou seja, pelo órgão competente para julgar o recur-
so. Após a análise pela segunda vez dos pressupostos de admissibilidade recursais,
se este for positivo (quando o recurso preenche os pressupostos de admissibilidade),
o juízo “ad quem” analisa o mérito do recurso.
5.2.1. – PODERES DO RELATOR
O TST por meio da súmula 435, entende que o art. 932 do CPC é aplicado ao
processo do trabalho.
TST, SUM 435 - DECISÃO MONOCRÁTICA. RELATOR. ART. 932 DO CPC DE
2015. ART. 557 DO CPC DE 1973. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA AO PROCESSO DO
TRABALHO - Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 932 do
CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973).
Vejamos o que diz o art. 932 do CPC
CPC - Art. 932. Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugna-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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do especificamente os fundamentos da decisão recorrida;


IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recur-
so se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este
for instaurado originariamente perante o tribunal;
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá
o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complemen-
tada a documentação exigível.
A CLT, também possui dispositivo sobre os poderes do relator conforme previ-
são no art. 894, §3º da CLT:
CLT, Art. 894, § 3º - O Ministro Relator denegará seguimento aos embargos:
I - se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência
do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou com iterati-
va, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe
indicá-la;
II - nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação
ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade.
§ 4º Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8 (oito)
dias.
Sobre o tema, Miessa6 escreve que:
Nesse contexto, pode o relator, monocraticamente, proferir juízo de admissibilida-
de ou juízo de mérito, nos seguintes casos: 1) Juízo de admissibilidade negativo
quando o recurso for: a) inadmissível; b) prejudicado; ou c) não tenha impugnado
especificadamente os fundamentos da decisão recorrida, observada a Súmula
422 do TST. 2) Juízo de mérito para: 2.1) negar-lhe provimento quando o recurso
for: contrário à súmula do STF, do STJ (incluímos do TST) ou do próprio tribunal;
contrário a acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ (incluímos do TST) em julga-
mento de recursos repetitivos; e contrário ao entendimento firmado em incidente
de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. 2.2) dar-
6 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho. 3 ed. Bahia: Juspodivm, 2016. p.538.
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-lhe provimento quando a decisão recorrida: estiver em confronto com súmula


do STF, do STJ (incluímos do TST) ou do próprio tribunal; for contrário a acórdão
proferido pelo STF ou pelo STJ (incluímos do TST) em julgamento de recursos
repetitivos; e for contrário ao entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência.

6. PRESSUPOSTOS DOS RECURSOS GENÉRICOS


Quando a parte recorrente não obedece aos pressupostos recursais, o recurso
não é conhecido, ou seja, a ausência de qualquer um dos pressupostos impede o exa-
me do mérito do recurso.
6.1. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS – SUBJETIVOS
6.1.1. CAPACIDADE DE ESTAR EM JUÍZO
Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para
estar em juízo. (CPC, Art. 70) O incapaz será representado ou assistido por seus pais,
por tutor ou por curador, na forma da lei. (CPC, Art. 71) Nesse sentido, o art. 793 da
CLT:
CLT, Art. 793 - A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus
representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho,
pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em Juízo.
Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da
parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado
o vício. (CPC, Art. 76)
Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribu-
nal regional federal ou tribunal superior, o relator: (CPC, Art. 76, §2º) I - não conhecerá
do recurso, se a providência couber ao recorrente; II - determinará o desentranhamento
das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.
Nesse mesmo sentido, a súmula 383 do TST em seu item II.
TST, SUM 383 - RECURSO. MANDATO. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO.
CPC DE 2015, ARTS. 104 E 76, § 2º
II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em
procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão
competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para
que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá
do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranha-
mento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do
CPC de 2015).

6.1.2. LEGITIMIDADE
Possuem legitimidade para recorrer as partes vencidas, o terceiro prejudicado e
o Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Vejamos o que diz
o art. 996 do CPC:
CPC, Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro pre-
judicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
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Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão


sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se
afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das
autarquias detentoras de personalidade jurídica própria, devendo ser representadas
pelos procuradores que fazem parte de seus quadros ou por advogados constituídos.
(TST, OJ n. 318 da SDI-1)
Sobre a legitimidade do Ministério Público do Trabalho, o TST editou a OJ 237
da SDI-1, que determina que:
TST, OJ n. 237 – SDI-1. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. LEGITIMIDADE
PARA RECORRER. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EMPRESA PÚBLICA
I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer na defesa
de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas públicas e sociedades de
economia mista.
II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de decisão que
declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista
ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem a prévia aprovação
em concurso público, pois é matéria de ordem pública.

6.1.3. INTERESSE RECURSAL


Terá interesse a parte que tem o recurso, o único meio de obter o que deseja,
no caso uma decisão favorável. Nesse caso, o recurso deve estar acompanhado do
binômio necessidade e utilidade. Será necessário quando o recurso é o único ato pro-
cessual oportuno para anular ou reformar a decisão impugnada e, será útil, quando
pela via recursal, será garantida uma situação “mais favorável”.
Nesse sentido:
NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE
RECURSAL. Não se conhece de recurso interposto pela parte quando a decisão
atacada não lhe traz prejuízo. Não configurado interesse em recorrer. (AP nº
0007100-95.2009.5.04.0020, Seção Especializada em Execução do TRT da 4ª Re-
gião/RS, Rel. Rejane Souza Pedra. j. 30.07.2013, unânime).

6.1.4. INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO


O recurso só sera admitido se não houver fato impeditivo ou extintivo do direito
de recorrer.
Fatos extintivos ocorrem quando houver a aceitação ou a renúncia.
A aceitação, pode ser expressa ou tácita quando o recorrente praticar ato in-
compatível com a vontade de recorrer (CPC, Art. 1.000). É conhecida como
preclusão lógica.
CPC, Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não po-
derá recorrer.
Nesse sentido, o julgado abaixo:
EXECUÇÃO. PAGAMENTO DA DÍVIDA. PRECLUSÃO LÓGICA. Ao requerer dilação
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de prazo para o pagamento da dívida a executada indica, tacitamente, o desin-


teresse em questionar a homologação dos cálculos periciais. Assim, afigura-se
incompatível a oposição de embargos à execução e agravo de petição, nos quais
se pretende a rediscussão da metodologia de cálculo utilizada pelo Perito, ante
a incidência da preclusão lógica. (AP nº 0001510-37.2013.5.03.0114, 9ª Turma
do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Convocado Jessé Cláudio Franco de Alencar. Publ.
06.04.2016).

Assunto cobrado no Exame XIV - Sérgio Alcântara moveu ação contra a empresa
Delta Promoções e Imagens, da qual foi empregado, pleiteando o pagamento de in-
denização por dano moral de R$ 10.000,00 e horas extras. Na sentença foi deferido o
pagamento de indenização por dano moral de R$ 5.000,00 e as horas extras no quan-
titativo desejado na petição inicial. Somente a empresa interpôs recurso ordinário,
e o TRT da Região manteve a sentença em todos os seus aspectos. Então, o recla-
mante interpôs recurso de revista pretendendo a majoração da indenização por dano
moral para R$ 10.000,00, tal qual desejado na exordial. Diante da situação, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir.

A) Analise a possibilidade de Sérgio interpor recurso de revista no caso apresenta-


do, justificando.(Valor: 0,65) Resposta: Não seria possível o recurso porque a deci-
são transitou em julgado em relação à Sérgio, ocorrendo preclusão. Ademais, houve
aceitação tácita em relação à sentença, na forma do artigo 1.000 do CPC, que diz que
a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

A renúncia, independe da aceitação da outra parte. (CPC, Art. 999). A renúncia


deve ser feita antes da interposição do recurso.
Fato impeditivo ocorre quando o recorrente desistir do recurso.
CPC - Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recor-
rido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.
CPC, Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e
com observância das exigências legais.
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe apli-
cáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julga-
mento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.
Nesse sentido, o julgado abaixo:
RECURSO ORDINÁRIO. ADESIVO. SUBORDINAÇÃO AO RECURSO PRINCIPAL.
Nos termos do artigo 500, III, do CPC (CPC, Art. 997, §2º, III), o recurso adesivo não
será conhecido se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado
inadmissível ou deserto. (RO nº 0002140-02.2014.5.03.0036, Turma Recursal de
Juiz de Fora do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Luiz Antônio de Paula Iennaco. Publ.
22.03.2016).

6.2. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS OU OBJETIVO


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6.2.1. PRAZO DOS RECURSOS


Os recursos no processo do trabalho em regra possuem prazo de 8 dias.
Lei 5.584/70, Art 6º - Será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar
qualquer recurso (CLT, art. 893).
Somente os seguintes recursos não possuem prazo de 8 dias.
A) Embargos de declaração.
CLT - Art. 897-A - Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no
prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou
sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e mani-
festo equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
B) Pedido de revisão do valor da causa
Art. 2º, § 1º da Lei 5.584/70 - Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qual-
quer das partes, impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir revisão da
decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regio-
nal.
C) Recurso extraordinário
CPC, Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que
os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pú-
blica ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5o - Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e
para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
O recurso pode ser:
(1) Tempestivo - Tempestivo é recurso apresentado dentro do prazo recursal.
(2) Extemporâneo - Extemporâneo é o recurso apresentado antes do início do
prazo recursal.
CPC - Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em
lei.
§ 4o - Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.
(3) Intempestivo - Intempestivo é o recurso apresentado fora do prazo recursal.
6.2.1.1.PRAZO EM DOBRO PARA APRESENTAR OS RECURSOS
A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autar-
quias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para recorrer, desde
que, não explorem atividade econômica. Nesse sentido:
Art. 1º do Decreto-Lei 779/69 - Nos processos perante a Justiça do Trabalho,
constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais
que não explorem atividade econômica:
III - o prazo em dobro para recurso;
OJ 192 da SDI-1 do TST - É em dobro o prazo para a interposição de embargos
declaratórios por Pessoa jurídica de direito público.
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O Ministério Público também possui prazo dobrado para recorrer, senão veja-
mos:
CPC, Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se
nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art.
183, § 1o.

6.2.1.1.1.NÃO POSSUI PRAZO EM DOBRO


Os órgãos da Administração Pública que explorem atividade econômica não
possuem o prazo em dobro para recorrer, como por exemplo, a Sociedade de Econo-
mia Mista e a Empresa Pública.
O Correio, apesar de ser uma Empresa Pública, possui prazo em dobro, segundo
o item II da OJ da SDI-1 do TST, pois não explora a atividade econômica.
TST, OJ 247, II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Bra-
sileira de Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à motivação, por gozar a
empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em relação à imuni-
dade tributária e à execução por precatório, além das prerrogativas de foro, prazos
e custas processuais.
Também não possui prazo em dobro, a os litisconsortes com procuradores dis-
tintos, porque segundo o TST, por meio da OJ 310 da SDI-1 é inaplicável ao processo
do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015, em razão
de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.
Assunto cobrado no Exame XII - Um ex-empregado ajuíza reclamação trabalhista
contra a ex-empregadora (a empresa “A”) e outra que, segundo alega, integra o mes-
mo grupo econômico (a empresa “B”). Em defesa, a empresa “A” afirma que pagou
tudo ao reclamante, nada mais lhe devendo, enquanto a empresa “B” sustenta sua
ilegitimidade passiva, negando a existência de grupo econômico. Considerando que:
1) as reclamadas possuem advogados diferentes; 2) o pedido foi julgado proceden-
te, condenando-se solidariamente as rés; e 3) a empresa “A” recorreu, efetuando o
recolhimento das custas e depósito recursal, responda, de forma fundamentada, às
indagações a seguir.

A) O prazo para recurso das empresas é diferenciado, haja vista terem procuradores
diferentes? (Valor: 0,65) Resposta: O prazo não será diferenciado mesmo possuindo
procuradores diferentes, porque o TST entende que o disposto no Art. 229 do CPC
é inaplicável ao Processo do Trabalho, face a incompatibilidade com o princípio da
celeridade, conforme OJ 310 da SDI-1 do TST, que diz que é inaplicável ao processo
do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC, em razão de in-
compatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.

6.2.1.2.INÍCIO DO PRAZO RECURSAL


O prazo é deflagrado com a intimação da decisão. A intimação da decisão
pode ser realizada em audiência, na Secretaria do Juízo, via postal ou mediante publi-
cação no órgão oficial.
CLT, Art. 774. Salvo disposições em contrário, os prazos previstos neste Título
contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou
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recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou


no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for
afixado o edital, na sede da Junta, Juízo ou Tribunal.
CPC, Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo
do prazo:
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em
carga, do cartório ou da secretaria.
O TST, por meio do informativo 89, entendeu que a ausência de intimação da
publicação da sentença é suprida por ocasião da retirada dos autos em carga pelo
advogado, momento em que passa a fluir o prazo recursal.
Informativo TST n°89 - SENTENÇA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DAS PARTES.
CARGA DOS AUTOS. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DOS TERMOS DA SENTENÇA. INÍ-
CIO DO PRAZO RECURSAL. DEFERIMENTO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DO
PRAZO PELO JUÍZO DE ORIGEM. INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO. A ausência
de intimação da publicação da sentença é suprida por ocasião da retirada dos au-
tos em carga pelo advogado, momento em que passa a fluir o prazo recursal. No
caso, o TRT registrou ter a parte tomado ciência inequívoca dos termos da senten-
ça ao fazer a carga dos autos para apresentar cálculos de liquidação, razão pela
qual não cabería, vinte e dois dias após, expedir notificação deflagrando a reaber-
tura do prazo para interposição do recurso ordinário. Com esse entendimento, a
SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos do reclamante, por divergência
jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do
Regional que considerou intempestivo o recurso ordinário da reclamada. TST-E-
-RR-192500-08.2009.5.03.0087, SBDI-I, rei. Min. Augusto César Leite de Carvalho,
11.9.2014.

6.2.1.3.INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO RECURSAL


A contagem do prazo recursal segue a regra geral, ou seja, exclui o dia do
início e inclui dia do vencimento, conforme determinado pelo art. 775 da CLT e art. 224
do CPC. Após a reforma trabalhista do ano de 2017, os prazos passaram a ser conta-
dos em dias úteis.
CLT, Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis,
com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.
§ 1o - Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas
seguintes hipóteses:
I - quando o juízo entender necessário;
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.
§ 2o - Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produ-
ção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a
conferir maior efetividade à tutela do direito.
Os dias do começo e do vencimento do prazo serão adiados para o primeiro
dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado
antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica. Tal regra está prevista no CPC em seu art. 224, §1º e, tal dispositivo é apli-
cado ao processo do trabalho conforme determinação do Enunciado nº 270 do Fórum
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Permanente de Processo Civil de seguinte teor:


Enunciado nº 270 do Fórum Permanente de Processo Civil - “Aplica-se ao pro-
cesso do trabalho o art. 224, § 1º”.

6.2.1.3.1.INTIMAÇÃO NA SEXTA FEIRA


Segundo a súmula 1 do TST, quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou
a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado
da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que
fluirá no dia útil que se seguir.
6.2.1.3.2.INTIMAÇÃO NO SÁBADO
Pelo art. 216 do CPC, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domin-
gos e os dias em que não haja expediente forense.
CPC, Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os
sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense.
Assim, intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no
primeiro dia útil imediato e a contagem, no subsequente, conforme determinação do
TST por meio da súmula 262, item I.
Exemplo: Quando a parte é intimada a parte dia 02 (sábado), sua intimação será
considerada como realizada no dia 04 (segunda-feira), iniciando-se o prazo pro-
cessual no dia 05 (terça-feira). Entretanto se a segunda feira for feriado ou se
o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou
houver indisponibilidade da comunicação eletrônica, considerar-se-á realizada
a intimação no dia 05 (terça-feira), com início do prazo no dia 06 (quarta-feira).
6.2.1.3.3.PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA
Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio
da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos
próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral. (Art.
4º da Lei 11.419/06)
Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponi-
bilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. (Art. 4º, § 3º da Lei 11.419/06)
Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como
data da publicação. (Art. 4º, § 4º da Lei 11.419/06)
6.2.1.3.4.INTIMAÇÕES POR MEIO DE PORTAL PRÓPRIO
As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se ca-
dastrarem na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial,
inclusive eletrônico. (Art. 5º da Lei 11.419/06) Considerar-se-á realizada a intimação
no dia em que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certi-
ficando-se nos autos a sua realização. (Art. 5º, § 1º da Lei 11.419/06) Na hipótese
do § 1o deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a intimação
será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte. (Art. 5º, § 2º da Lei
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11.419/06) A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10
(dez) dias corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se
a intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo. (Art. 5º, § 3º
da Lei 11.419/06)
6.2.1.3.5.AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE FORENSE
6.2.1.3.5.1.FERIADO LOCAL X ÚLTIMO DIA DE PRAZO
O TST por meio do item I da Súmula 385 determina o que “incumbe à parte o
ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local que
autorize a prorrogação do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015). No caso
de o recorrente alegar a existência de feriado local e não o comprovar no momento da
interposição do recurso, cumpre ao relator conceder o prazo de 5 (cinco) dias para que
seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena de não conhe-
cimento se da comprovação depender a tempestividade recursal”.
Assunto cobrado no Exame XIV - Dia 28/04 é feriado municipal em Tribobó do Oes-
te. Em ação ajuizada por Paulo, cuja sentença foi de improcedência, o último dia do
prazo recursal recaiu em 28/04. Assim, o advogado de Paulo interpôs o recurso em
29/04, juntando cópia autenticada do diário oficial dispondo sobre o feriado local. O
juiz substituto em exercício negou seguimento ao recurso em razão de intempestivi-
dade. Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir.

B) O que deverá ser alegado por Paulo em seu recurso? Fundamente. (Valor: 0,65)
Resposta: Paulo deverá alegar que comprovou o feriado local no ato da interposição
do recurso e, sendo feriado, o prazo estaria prorrogado para o dia seguinte, tudo na
forma da Súmula 385, I do TST, que diz que incumbe à parte o ônus de provar, quando
da interposição do recurso, a existência de feriado local que autorize a prorrogação
do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015). No caso de o recorrente alegar
a existência de feriado local e não o comprovar no momento da interposição do re-
curso, cumpre ao relator conceder o prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o
vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena de não conhecimento se
da comprovação depender a tempestividade recursal.

6.2.1.3.5.2.FERIADO FORENSE X ÚLTIMO DIA DE PRAZO


Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão
de admissibilidade certificar o expediente nos autos. Admite-se a reconsideração da
análise da tempestividade do recurso, mediante prova documental superveniente, em
agravo de instrumento, agravo interno, agravo regimental, ou embargos de declaração,
desde que, em momento anterior, não tenha havido a concessão de prazo para a com-
provação da ausência de expediente forense,conforme determinou o TST por meio do
item III da Súmula 385.
6.2.1.4.INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL
Com a interrupção, o prazo do recurso para de contar e sendo superada a causa
da interrupção, o prazo começa a contar do zero.
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Exemplo: A apresentação dos embargos de declaração interrompem o prazo


para interposição de outros recursos. Nesse sentido:
CLT, art. 897-A – [..] § 3º - Os embargos de declaração interrompem o prazo
para interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando in-
tempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura.
O TST por meio do informativo 77, decidiu que a apresentação de embargos de
declaração tempestivos e regulares interrompe o prazo para interposição de outro
recurso, ainda que haja a posterior desistência dos embargos declaratórios, devendo
o prazo ser recontado a partir da ciência, pela parte contrária, da homologação da de-
sistência. Nesse sentido:
Informativo TST n° 77 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESISTÊNCIA. INTER-
RUPÇÃO DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE OUTROS RECURSOS. RECONTA-
GEM DO PRAZO A PARTIR DA CIÊNCIA DA HOMOLOGAÇÃO DA DESISTÊNCIA.
A oposição de embargos de declaração tempestivos e regulares interrompe o pra-
zo para interposição de outro recurso, ainda que haja a posterior desistência dos
declaratórios, devendo o prazo ser recontado a partir da ciência, pela parte con-
trária, da homologação da desistência. Com base nesse entendimento, a SBDI-I
decidiu, por unanimidade, conhecer dos embargos interpostos pela reclamada,
por divergência jurisprudencial e, no mérito, por maioria, dar-lhes provimento para,
afastada a intempestividade, determinar o retomo dos autos ao TRT de origem a
fim de que julgue o recurso ordinário, como entender de direito. Vencidos os Mi-
nistros Dora Maria da Costa, relatora, e Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, os quais
negavam provimento ao apelo ao fundamento de que os embargos de declaração
deixam de existir quando a parte dele desiste, não podendo, portanto, produzir
qualquer efeito jurídico, inclusive a interrupção do prazo para a interposição de
outros recursos. TST-E-RR-223200-17.2009.5.12.0054, SBDI-I, rei. Min. Dora Maria
da Costa, red. p/acórdão Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 27.3.2014.
Outros julgados sobre o tema:
[..] 2. DESISTÊNCIA DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE
DO RECURSO ORDINÁRIO NA AÇÃO MATRIZ. NÃO OCORRÊNCIA. INTERRUP-
ÇÃO DO PRAZO RECURSAL COM A OPOSIÇÃO DE EMBARGOS ACLARATÓRIOS.
CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. I. Nos termos do art. 1.026 do Código de
Processo Civil, os embargos de declaração interrompem o prazo para interposi-
ção de recurso. Ademais, dispõe o art. 897-A, § 3º, da Consolidação das Leis do
Trabalho que “ os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição
de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular
a representação da parte ou ausente a sua assinatura “. II. Na hipótese vertente, os
embargos de declaração foram opostos pela parte reclamante na ação matriz em
15.05.2015. Em 28.05.2015, o embargante protocolou a desistência do recurso,
tendo a reclamada interposto recurso ordinário em 03.06.2015. Todavia, o Tribu-
nal Regional não conheceu do recurso ordinário por intempestividade, sob o fun-
damento de que o termo inicial para recorrer se deu da publicação da sentença, e
não da desistência dos aclaratórios. III. Transitado em julgado, a parte reclamada
ajuizou ação rescisória alegando que a decisão rescindenda teria violado mani-
festamente o art. 1.026, caput , da lei civil adjetiva, segundo o qual “os embargos
de declaração [...] interrompem o prazo para a interposição de recurso” . Argu-
mentou que interpôs o recurso ordinário dentro do octídio legal a partir da ciência
do pedido de desistência dos embargos de declaração da parte contrária. IV. O
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Tribunal Regional julgou procedente o pleito rescisório, reconhecendo a violação


legal alegada e a tempestividade do apelo, determinando o retorno dos autos sub-
jacentes ao seu trâmite normal. V. A parte ré interpôs o presente recurso ordinário
alegando que o prazo recursal não foi interrompido pela oposição de embargos
de declaração, de que posteriormente se desistiu, sendo correta a intempestivi-
dade declarada pela decisão rescindenda. VI. Todavia, esta Corte Superior tem o
entendimento pacífico de que os embargos de declaração opostos por qualquer
das partes interrompem o prazo recursal, ainda que posteriormente o embargan-
te desista do recurso. Precedentes. VII. Ademais, observou-se que os referidos
embargos de declaração estavam tempestivos e com representação regular, o
que bastaria para a efetiva interrupção do prazo, mesmo que em tese. VIII. Assim
, deve-se manter íntegro o acórdão recorrido, nos termos em que proferidos. IX.
Por fim, apesar de a interposição de recurso intempestivo, em regra, não protrair o
termo inicial do prazo decadencial das ações rescisórias, concluiu-se que o apelo
estava, em verdade, tempestivo e regular. Assim, enquadrado na hipótese de “dú-
vida razoável” disposto no item III da Súmula 100 do TST, entende-se que o biênio
decadencial teve sua contagem iniciada somente após a última decisão de mérito
dos autos, não havendo decadência a ser pronunciada. X. Recurso ordinário de
que se conhece e a que se nega provimento” (RO-1915-20.2017.5.09.0000, Sub-
seção II Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira
Valadao Lopes, DEJT 24/09/2021).

6.2.1.5.SUSPENSÃO DO PRAZO RECURSAL


Com a suspensão, o prazo do recurso para de contar e sendo superada a causa
da suspensão, o prazo começa a contar de onde parou.
O TST por meio do item II da súmula 262, entende que o recesso forense e as
férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos
recursais.
Com a Reforma Trabalhista de 2017, as férias dos advogados que já eram pre-
vistas no art. 220 do CPC de 2015, passarem a constar no art. 775-A da CLT, assim, os
prazos ficam suspensos nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janei-
ro. Durante esse período, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.
CLT, Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendi-
dos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os
membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e
os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no
caput deste artigo.
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de
julgamento.
Em resumo:
- De 20 de dezembro a 06 de janeiro não haverá expediente forense, de modo
que a prática de atos processuais ficará suspensa, salvo as medidas de urgên-
cia;
- De 07 a 20 de janeiro apenas os prazos, audiências e sessões ficarão suspen­
sos, mantendo-se o expediente forense normal.
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6.2.2. REPRESENTAÇÃO
Na justiça do trabalho os empregados e os empregadores poderão postular
pessoalmente em juízo, ou seja, sem a presença de advogado porque eles possuem
capacidade postulatória. Nesse sentido:
CLT, Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmen-
te perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
Caso as partes optem em demandar na justiça do trabalho, por meio de um
advogado, a procuração é o instrumento hábil para habilitar o advogado para a prática
dos atos processuais, conforme art. 104 do CPC:
CPC, Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procura-
ção, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato
considerado urgente.
Segundo a súmula 395 I do TST, é válido é o instrumento de mandato com pra-
zo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para
atuar até o final da demanda (§ 4º do art. 105 do CPC de 2015). Se há previsão, no
instrumento de mandato, de prazo para sua juntada, o mandato só tem validade se
anexado ao processo o respectivo instrumento no aludido prazo.
A juntada de nova procuração aos autos, sem ressalva de poderes conferidos
ao antigo patrono, implica revogação tácita do mandato anterior, conforme entende a
OJ 349 da SDI-1 do TST.
6.2.2.1.PROCURAÇÃO ESPECÍFICA PARA AJUIZAMENTO DE MANDA-
DO DE SEGURANÇA E AÇÃO RESCISÓRIA
O TST por meio da OJ 151 da SDI-II, entende que a procuração outorgada com
poderes específicos para ajuizamento de reclamação trabalhista não autoriza a propo-
situra de ação rescisória e mandado de segurança. Constatado, todavia, o defeito de
representação processual na fase recursal, cumpre ao relator ou ao tribunal conceder
prazo de 5 (cinco) dias para a regularização, nos termos da Súmula nº 383, item II, do
TST.
6.2.2.2.IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO NA FASE DE CONHE-
CIMENTO
O TST por meio do item I da súmula 456, entende que é inválido o instrumento
de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha, pelo menos, o
nome do outorgante e do signatário da procuração, pois estes dados constituem ele-
mentos que os individualizam.
Quando for verificada a irregularidade de representação da parte na instância
originária, o juiz designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Des-
cumprida a determinação, extinguirá o processo, sem resolução de mérito, se a provi-
dência couber ao reclamante, ou considerará revel o reclamado, se a providência lhe
couber (art. 76, § 1º, do CPC de 2015), conforme item II da súmula 456 do TST.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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6.2.2.3.IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO NA FASE RECURSAL


Caso a irregularidade de representação da parte seja constatada em fase re-
cursal, o relator designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Des-
cumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber
ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência
couber ao recorrido. Nesse sentido, o item II da súmula 383 do TST:
TST, SUM 383 - II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase
recursal, em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator
ou o órgão competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco)
dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não
conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o
desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art.
76, § 2º, do CPC de 2015).
Exemplos de irregularidade na procuração ou substabelecimento.
TST, Sum 456 – I - É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de
pessoa jurídica que não contenha, pelo menos, o nome da entidade outorgante
e do signatário da procuração, pois estes dados constituem elementos que os
individualizam.
TST, Sum 395, IV – Configura-se a irregularidade de representação se o subs-
tabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente.
É regular a representação processual do subscritor do agravo de instrumento ou
do recurso de revista que detém mandato com poderes de representação limitados ao
âmbito do Tribunal Regional do Trabalho, pois, embora a apreciação desse recurso seja
realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho, a sua interposição é ato praticado perante
o Tribunal Regional do Trabalho, circunstância que legitima a atuação do advogado no
feito, conforme entende o TST por meio da OJ 374 da SDI-1.
6.2.2.3.1.RECURSO APRESENTADO POR ADVOGADO SEM PROCURA-
ÇÃO
É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos au-
tos até o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional
(art. 104 do CPC de 2015 ), admite-se que o advogado, independentemente de intima-
ção, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, pror-
rogável por igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se
ineficaz o ato praticado e não se conhece do recurso, conforme item I da súmula 383
do TST.
Dessa forma, constata-se não ser admissível a interposição de recurso por ad-
vogado sem procuração nos autos, ressalvadas as hipóteses de mandato apud acta,
mandato tácito e em situações excepcionais, para evitar a ocorrência de preclusão, de
decadência, de prescrição, ou para se praticar ato considerado urgente. E neste último
caso, o advogado que pratica o ato deve proceder à juntada do mandato nos autos em
cinco dias. Nesse sentido:
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“AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO


SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017 . 1. NULIDA-
DE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. 2. NU-
LIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. 3. IR-
REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL DO RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC DE 2015. ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO
NOS AUTOS. INEFICÁCIA DO ATO PRATICADO. CONCESSÃO DE PRAZO PARA
REGULARIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 383, I, DO TST. Ao advogado
não é permitido atuar em juízo sem instrumento de mandato válido, salvo para
evitar preclusão, decadência, prescrição ou para praticar ato urgente, nos termos
do art. 104, caput , do CPC/2015. Na hipótese , a advogada que enviou e assi-
nou, eletronicamente, o recurso de revista, não detém poderes para representar a
Reclamada, porquanto não possui procuração nem substabelecimento juntados
aos autos. Não havendo, por ocasião da interposição do recurso, regular repre-
sentação, nos autos, da patrona que o subscreveu, nem sendo caso de mandato
tácito, tem-se por ineficaz o ato praticado. Aplica-se à hipótese, a Súmula 383, I, do
TST, em sua atual redação . Inaplicável, aos autos, o inciso II da Súmula 383/TST,
quanto à concessão de prazo para sanar o vício, visto que não foi verificada irre-
gularidade na procuração juntada, mas sim a sua ausência . Julgados desta Corte
Superior. Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância
às normas processuais (art. 557, caput , do CPC/1973; arts. 14 e 932, IV, “a “, do
CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração. Agravo
desprovido” (Ag-AIRR-952-84.2015.5.10.0022, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 21/02/2020).

6.2.2.3.2.MANDATO TÁCITO
O advogado tem mandato tácito quando comparece à audiência representando
seu cliente e pratica atos processuais sem qualquer necessidade de manifestação da
parte ou do próprio advogado.
A Justiça do Trabalho, aceita o mandato tácito por meio da OJ 286 da SDI-1 do
TST, que determina que “a juntada da ata de audiência, em que consignada a presença
do advogado, desde que não estivesse atuando com mandato expresso, torna dispen-
sável a procuração deste, porque demonstrada a existência de mandato tácito. Configu-
rada a existência de mandato tácito fica suprida a irregularidade detectada no mandato
expresso”.
6.2.2.3.3.MANDATO APUD ACTA
No mandato apud acta, os poderes são conferidos para o foro em geral pelo
Juiz em audiência, mediante ato formal, solene, devidamente registrado na ata de au-
diência. Veja bem, o advogado por meio do mandato apud acta, não possui poderes
especiais.
Veja o que diz o §3º do art. 791 da CLT:
§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser
efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal
do advogado interessado, com anuência da parte representada.

6.2.2.4.SUBSTABELECIMENTO
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Substabelecer é transferir ao substabelecido os poderes que lhe foram conferi-


dos pelo mandante. O substabelecimento pode ser feito com reserva de poderes, nes-
te caso o substabelecente e o substabelecido podem atuar em conjunto no processo.
Quando o substabelecimento for sem reserva de poderes, ocorre a transferência defi-
nitiva dos poderes, em que o procurador originário renuncia ao poder de representação
que lhe foi conferido e o substabelecido passa a atuar sozinho no processo.
São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no
mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código
Civil de 2002).
6.2.2.4.1.IRREGULARIDADE NO SUBSTABELECIMENTO
Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é ante-
rior à outorga passada ao substabelecente. Verificada a irregularidade de representa-
ção nas hipóteses dos itens II e IV, deve o juiz suspender o processo e designar prazo
razoável para que seja sanado o vício, ainda que em instância recursal (art. 76 do CPC
de 2015, conforme itens III e IV da súmula 395 do TST.
Contudo, o TST por meio da OJ 371 da SDI-1, entende que não caracteriza a
irregularidade de representação a ausência da data da outorga de poderes, pois, no
mandato judicial, ao contrário do mandato civil, não é condição de validade do negócio
jurídico. Assim, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado
aos autos, conforme preceitua o art. 409, IV, do CPC de 2015 (art. 370, IV, do CPC de
1973). Inaplicável o art. 654, § 1º, do Código Civil.
6.2.2.4.2.IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTABELECER
Por meio da OJ 200, da SDI-1, quem está com mandado tácito ou apud acta, não
pode substabelecer.
TST, OJ 200 da SDI-1 - MANDATO TÁCITO. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO -
É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.
Nesse sentido:
“AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA
DO CPC DE 1973. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO . A decisão monocrá-
tica proferida nestes autos merece ser mantida. Incontornável a irregularidade de
representação processual, pois o advogado que subscreveu o agravo de instru-
mento não ostenta mandato, daí por que inexistente o apelo, sendo inconcebível a
concessão de prazo para a regularização do mandato na fase recursal. O advoga-
do detentor de mandato tácito ou produção apud acta tem poderes para praticar
atos processuais, exceto o de substabelecer, o que torna inválido o substabeleci-
mento outorgado ao advogado subscritor do agravo de instrumento. Aplicação da
Orientação Jurisprudencial nº 200 da SBDI-1. Agravo interno a que se nega provi-
mento” (Ag-ED-ARR-57300-02.2011.5.17.0012, 5ª Turma, Relator Ministro Emma-
noel Pereira, DEJT 20/09/2019).
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECI-
SÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. PROCURAÇÃO
APUD ACTA. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO. IRREGULARIDADE DE REPRE-
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SENTAÇÃO PROCESSUAL. NÃO CONHECIMENTO. Este Tribunal não diferencia


mandato tácito de procuração apud acta, compreendendo que essa modalidade
de mandato foi apenas regulamentada pelo § 3º do art. 791 da CLT, acrescido
pela Lei nº 12.437/2011, o qual estabelece que “a constituição de procurador com
poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em
ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência
da parte representada”. Desta feita, inválido o substabelecimento assinado por
procurador habilitado por mandato tácito (procuração apud acta) em favor do ad-
vogado subscritor do recurso (OJ nº 200 da SBDI-I), não se conhece do agravo de
instrumento por defeito de representação. Agravo de instrumento não conhecido.
(AIRR - 3092-14.2012.5.02.0089, Relator Desembargador Convocado: Arnaldo Bo-
son Paes, Data de Julgamento: 25/02/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
06/03/2015)

6.2.2.5.ESTAGIÁRIO E POSTERIOR HABILITAÇÃO NOS AUTOS


Válidos são os atos praticados por estagiário se, entre o substabelecimento e a
interposição do recurso, sobreveio a habilitação, do então estagiário, para atuar como
advogado, conforme o entendimento do TST por meio da OJ 319 da SDI-1.
Segundo Miessa7,
“o estagiário pode receber procuração e substabelecimento, atuando, enquanto
estagiário, somente em conjunto com o advogado, pois lhe falta a capacidade de
exercício para atuar sozinho no processo. No entanto, uma vez habilitado como
advogado, adquire a capacidade de exercício, não havendo necessidade de se
conferir nova procuração ou substabelecimento, pois já tinha tais poderes. Em
outros termos, o estagiário pode receber poderes de representação, mas a lei
não lhe confere a capacidade de exercício. Assim, habilitando-se como advoga-
do, passa a ter “capacidade plena”, podendo, a partir de então, atuar sozinho no
processo, inclusive para interpor recurso. Exemplo: Pedro recebe substabeleci-
mento em 19.1.2015, quando ainda era estagiário. Em 5.10.2015, é devidamen-
te inscrito nos quadros da OAB. Desse modo, de 19.1.2015 a 4.10.2015 somen-
te poderá atuar nos autos em conjunto com advogado. A partir de 5.10.2015,
poderá praticar atos isoladamente, inclusive interpondo recurso.”
6.2.3. ASSINATURA DO RECURSO
O recurso para ser aceito, precisa estar assinado pela parte (CLT, art. 791) ou
pelo advogado.
Segundo Schiavi8, o preposto não pode assinar a petição do recurso, pois a pre-
posição se exaure nos atos de audiência. Podem assinar o recurso o reclamante, seu
advogado, o reclamado, seu representante legal ou seu advogado .
O TST por meio da OJ 120 da SDI-1, entende que:
Item I – Verificada a total ausência de assinatura no recurso, o juiz ou o relator
concederá prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a
determinação, o recurso será reputado inadmissível (art. 932, parágrafo único,
7MIESSA, Élisson. CORREIA, Henrique. Súmulas e OJs do TST Comentadas e Organizadas por Assunto. 7º ed. Bahia: Juspodivm, 2016. p. 976.
8 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. Pag. 826.
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do CPC de 2015).
Item II – É válido o recurso assinado, ao menos, na petição de apresentação ou
nas razões recursais.
6.2.4. PREPARO DOS RECURSOS
Diferente do processo civil, que exige apenas o pagamento das custas para fins
recursais, no processo do trabalho há exigência não só do recolhimento das custas
como também do depósito recursal9.
O pagamento da multa por litigância de má-fé não é pressuposto para conheci-
mento de recurso, conforme entende o TST por meio da Orientação Jurisprudencial nº
409 da SDI-I, senão vejamos:
TST, OJ 409 da SDI-I - MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. RECOLHIMENTO.
PRESSUPOSTO RECURSAL. INEXIGIBILIDADE - Res. 209/2016, DEJT divulgado
em 01, 02 e 03.06.2016 - O recolhimento do valor da multa imposta como sanção
por litigância de má-fé (art. 81 do CPC de 2015 – art. 18 do CPC de 1973) não é
pressuposto objetivo para interposição dos recursos de natureza trabalhista.
A exceção fica por conta do pagamento da multa entre um e cinco por cento
do valor atualizado da causa, nos casos de improcedência em votação unânime do
agravo interno interposto contra decisão proferida pelo relator do recurso, conforme
entendimento exposto na Orientação Jurisprudencial nº 389 da SDI-I do TST
TST, OJ 389 da SDI-I - Constitui ônus da parte recorrente, sob pena de deserção,
depositar previamente a multa aplicada com fundamento nos §§ 4º e 5º, do art.
1.021, do CPC de 2015 (§ 2º do art. 557 do CPC de 1973), à exceção da Fazenda
Pública e do beneficiário de justiça gratuita, que farão o pagamento ao final.
Nesse sentido, o informativo 228 do TST, vejamos:
Informativo TST – nº 228 - Agravo. Embargos. Recolhimento da multa do art.
1.021, §4º, do CPC. Requisito objetivo para admissibilidade do recurso de em-
bargos. Ausência de comprovação tempestiva. Deserção. O recolhimento da
multa do art. 1.021, § 4º, do CPC é requisito objetivo de admissibilidade do recurso
de embargos e a inobservância do prazo para sua comprovação implica deserção.
Assim, o recolhimento da multa, com a respectiva comprovação, deve-se dar no
prazo estipulado para a interposição do recurso. No caso, o recolhimento da mul-
ta imposta pela Turma julgadora foi realizado dentro do prazo para interposição
do recurso de embargos, contudo, sua comprovação deu-se apenas quando da
interposição do agravo interno. O princípio da primazia da resolução do mérito
e o da instrumentalidade das formas não autorizam que todo e qualquer vício
sejam sanados, sob pena de se causar insegurança jurídica e de se subverter a
natureza dos atos processuais. Ademais, há de se observar a natureza sanciona-
tória da multa em comento, que tem o intuito de coibir a interposição de recursos
protelatórios e a quebra do dever de cooperação e boa-fé processual, não se ad-
mitindo qualquer flexibilização. Aplica-se, por analogia, o disposto no art. 7º da
Lei nº 5.584/70, bem como o entendimento da Súmula nº 245 do TST. Sob esses
fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do agravo interno da reclama-
da e, no mérito, negou-lhe provimento. TST-Ag-E-Ag-AIRR-249-43.2015.5.05.0621,
SBDI-I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 29/10/2020.
9 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8ª Ed. São Paulo: LTr, 2010. Pag. 714
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Veja o que diz o art. 1.021 do CPC:


CPC - Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para
o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
§ 4o - Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou im-
procedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por
cento do valor atualizado da causa.
§ 5o - A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito
prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do be-
neficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
Em resumo, o preparo dos recursos trabalhistas é composto de:
> Custas; e
> Depósito Recursal.
6.2.4.1.CUSTAS
As custas processuais dizem respeito ao custo financeiro do processo, que são
devidos ao Estado em razão da realização de sua atividade10.
A norma que exige o pagamento das custas como pressuposto recursal (CLT,
789, §1º) há de ser interpretada restritivamente, razão pela qual as demais despesas
processuais, como honorários periciais, honorários advocatícios e emolumentos pro-
cessuais, não constituem pressupostos de admissibilidade dos recursos trabalhistas11.
Na hipótese de recurso, o pagamento das custas pro­cessuais deve ocorrer no
prazo alusivo ao recurso.
Na fase de conhecimento, as custas incidirão à base de:
- 2%,
- Observado o mínimo de RS 10,64 e
- O máximo de 4 vezes o limite máximo dos benefícios do Regi­me Geral de Pre-
vidência Social (CLT, art. 789).
6.2.4.2.DISPENSA NO PAGAMENTO DAS CUSTAS
Segundo o art. 790-A da CLT, são isentos do pagamento de custas, além dos
beneficiários de justiça gratuita, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que
não explorem atividade econômica, o Ministério Público do Trabalho.
Também tem isenção, a Massa Falida, conforme súmula 86 do TST, e ainda, as
entidades fiscalizadoras do exercício profissional vejamos:
TST, SUM 86 - DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EXTRA-
JUDICIAL - Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de paga-
mento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia,
10 MIESSA, Élisson. Recursos Trabalhistas. Bahia: Juspodivm, 2015. p. 115.
11 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8ª Ed. São Paulo: LTr, 2010. Pag. 715.)
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não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.


II - RECURSO DE REVISTA. RECLAMADO. LEI Nº 13.467/2017. DESERÇÃO DO
RECURSO ORDINÁRIO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. NATU-
REZA JURÍDICA. PRERROGATIVAS DO DECRETO-LEI Nº 779/69 Esta Corte tem
entendido que os conselhos de fiscalização do exercício profissional são conside-
rados como autarquias atípicas ou especiais , aplicando-lhes os privilégios previs-
tos no Decreto Lei nº 779/69, inclusive no que se refere à dispensa de recolhimen-
to de depósito recursal e ao pagamento de custas processuais. Com efeito, o STF,
no julgamento da ADI 1.717-6/DF, reconheceu-se a natureza a natureza autárquica
especial dessas entidades, que passaram a se beneficiar das prerrogativas pre-
vistas no Decreto Lei nº 779/69. Julgados. Recurso de revista a que se dá provi-
mento” (RR-891-57.2019.5.12.0014, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes
Arruda, DEJT 03/09/2021).
A jurisprudência do TST firmou-se no sentido de que o fato de a empresa encon-
trar-se em recuperação judicial não é suficiente para deferir-lhe os benefícios da justiça
gratuita, sendo necessária a comprovação, de forma inequívoca, de sua incapacidade
econômica de arcar com as despesas processuais, nos termos da Súmula 463, II, do
TST:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RÉ
. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. LEI Nº 13.467/2017. DE-
SERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
CUSTAS E DEPÓSITO RECURSAL. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. NÃO COMPRO-
VAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESER-
TO. Independente da discussão acerca do enquadramento da agravante como
empresa em recuperação judicial, observa-se que a norma excluiu tais entidades
da necessidade, apenas, do recolhimento do depósito recursal. Quanto às custas,
seguem as regras contidas nos artigos 789, § 1º, e 790-A, caput, da CLT, segundo
as quais estas deverão ser pagas e comprovado o seu recolhimento dentro do pra-
zo recursal, salvo em se tratando de beneficiário da Justiça Gratuita, que pode ser
deferido ao empregador, pessoa jurídica, apenas quando comprovada nos autos,
de forma inequívoca, sua incapacidade econômica para arcar com as despesas
processuais, mesmo na hipótese de entidade sem fins lucrativos. No caso, não
houve tal demonstração. Aplicação da Súmula nº 463, II, do TST . Agravo de instru-
mento não conhecido” (AIRR-1578-68.2017.5.06.0144, 7ª Turma, Relator Ministro
Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 08/10/2021).

6.3. DEPÓSITO RECURSAL


O depósito recursal tem cabimento apenas das de­cisões condenatórias em pe-
cúnia (Súmula n° 161 do TST). Assim, não é exigível o depósito recursal nas sentenças
meramente declaratórias (ex., reconhecimento do vínculo empregatício), constitutivas
e condenatórias que não sejam em pecúnia.
O depósito recursal deve ser feito (pagar e comprovar o pagamento) no prazo
do re­curso.
A interposição antecipada do recurso, não preju­dica o prazo para efetivação
do depósito (Súmula nº 245 do TST).
Assunto cobrado no Exame XVIII - Em reclamação trabalhista movida por emprega-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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do contra o ex-empregador, o pedido foi julgado procedente em parte e a sociedade


empresária pretende recorrer. Nesse sentido, apresentou a petição com o recurso no
5º dia da publicação da sentença e o comprovante das custas e do depósito recursal
15 dias após, mas explicou na peça que havia recolhido o preparo no prazo de oito
dias, conforme chancela bancária, e que a demora na juntada do preparo se deveu a
um problema interno do escritório. Na hipótese retratada, de acordo com a CLT e a
jurisprudência consolidada do TST, responda aos itens a seguir.

A) Como advogado do autor da demanda, informe o que você sustentaria em con-


trarrazões sobre o aspecto processual apresentado na questão. (Valor: 0,65) Res-
posta: A deserção, já que o preparo foi feito, mas não foi comprovado no prazo legal,
conforme art. 789, § 1º, da CLT, art. 7º da Lei nº 5.584/70 e da Súmula 245 do TST,
que diz que o depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao re-
curso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.

OBS.: No caso de agravo de instrumen­to, porém, o depósito recursal deve ser


feito no ato da interposição do recurso.
CLT, Art. 899, § 7º - No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito
recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recur-
so ao qual se pretende destrancar.

6.3.1. FORMA DE PAGAMENTO


Ele é realizado em pecúnia (dinheiro), podendo ser substituído por:
- Fiança bancária ou
- Seguro garantia judicial (CLT, art. 899, §11).
Prazo mínimo: A vigência da apólice de seguro garantia, para a substituição
do depósito judicial, deve ter prazo de vigência mínima de 3 anos, em confor-
midade ao disposto no art. 3º, VII, do Ato Conjunto nº1/TST. CSJT. CGJT, de
16/10/2019.
Acréscimo de 30% sobre o valor do depósito recursal - O artigo 835, § 2º, do
CPC, equipara a fiança bancária e o seguro garantia judicial a dinheiro, desde
que em valor não inferior ao do débito constante na petição inicial, acrescido de
30% (trinta por cento). O artigo 3º, II, do Ato Conjunto TST.CSJT.CCJT nº 1, de
16 de outubro de 2019 , traz a exigência de que, no seguro garantia para subs-
tituição do depósito recursal, o valor segurado inicial seja igual ao montante da
condenação, acrescido de, no mínimo, 30%.

Assunto cobrado no Exame XXXII - A sociedade empresária Madeiras de Lei Ltda.


contratou você, como advogado(a), para defendê-la em uma reclamação trabalhista
proposta pelo ex-empregado Roberto. Após devidamente contestada e instruída a
demanda, a sentença foi prolatada, julgando o pedido procedente em parte. A socie-
dade empresária pretende recorrer da sentença porque acha que nada deve ao ex-
-empregado e questiona o valor dos custos desse recurso. Cientificada por você do
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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valor das custas e do depósito recursal, a sociedade empresária diz que está acumu-
lando capital para abrir novas filiais e ampliar sua rede, de modo que, no momento,
em razão de suas prioridades internas, só tem valor disponível para as custas. Con-
siderando a narrativa dos fatos e os termos da CLT, responda às indagações a seguir.

A) Indique a alternativa jurídica que viabilizaria a interposição do recurso ordinário


sem a necessidade de a sociedade empresária desembolsar o numerário do depó-
sito recursal, considerando que, pela narrativa, ela não é beneficiária de gratuidade
de justiça. Justifique. (Valor: 0,65)

Resposta: O recorrente pode fazer a substituição do depósito recursal em dinheiro


por fiança bancária ou seguro garantia judicial, na forma do Art. 899, § 11, da CLT

B) Se a sociedade empresária tivesse a recuperação judicial deferida pela Justiça


Comum antes da sentença, como ficaria a questão do depósito recursal para fins de
interposição do recurso ordinário por ela desejado? Justifique. (Valor: 0,60)

Resposta: Nesse caso, a sociedade empresária ficaria isenta do depósito recursal, na


forma do Art. 899, § 10, da CLT.

O depósito recursal quando feito em dinheiro é realizado em conta vinculada


ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança (CLT, art. 899, § 4°).
6.3.2. DESCONTO NO PAGAMENTO DO DEPÓSITO RECURSAL
Atente-se para o fato de que o depósito recursal pode ser recolhido pela meta-
de para os seguintes reclamados:
1) entidades sem fins lucrativos;
Exemplo: Associa­ções religiosas, entidades sindicais, clubes, condomínios resi-
denciais etc.
2) empregadores domésticos;
3) microempreendedores individuais;
4) microempresas; e
5) empresas de pequeno porte (CLT, art. 899, § 9º).
6.3.3. DISPENSA NO PAGAMENTO DO DEPÓSITO RECURSAL
Estão dispensados do recolhimento do depósito recursal:
1) Os beneficiários da justiça gratuita;
TST, OJ nº 269 da SDI-1
I - O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou grau
de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo
alusivo ao recurso;
II – Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na fase recursal, cum-
pre ao relator fixar prazo para que o recorrente efetue o preparo (art. 99, § 7º, do
CPC de 2015).
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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TST, SUM 463 - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO


I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à
pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes espe-
cíficos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);
II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a de-
monstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do pro-
cesso

Assunto cobrado no Exame XI - Roberto interpôs Recurso Ordinário ao ter ciência de


que foi julgado improcedente o seu pedido de reconhecimento de vínculo empregatí-
cio em face da empresa NOVATEC LÍNEA COMPUTADORES LTDA. Ele não juntou de-
claração de miserabilidade na petição inicial e no recurso, mas requereu, em pedido
expresso no apelo, o benefício da gratuidade de justiça, afirmando não ter recursos
para recolher o valor das custas sem prejuízo do seu sustento e de sua família. O juiz
prolator da sentença negou seguimento ao recurso, considerando-o deserto. Diante
deste panorama, responda justificadamente:

A) Considerando que Roberto não juntou a declaração de miserabilidade, analise


se é possível o deferimento da gratuidade de justiça na hipótese retratada. (Valor:
0,65) Resposta: A gratuidade de justiça está regulamentada no Art. 790, § 3º, da CLT.
A jurisprudência do TST admite que tal benefício seja requerido em qualquer tempo
ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, o seja no prazo alusivo ao recurso
conforme OJ nº 269 da SDI-I do TST, o que ocorreu no caso em exame.

B) Analise se, tecnicamente, a decisão que negou seguimento ao recurso está cor-
reta. (Valor: 0,60) Resposta: A jurisprudência consolidada preconiza que basta a
simples afirmação do declarante ou de seu advogado quanto ao seu estado de mi-
serabilidade para que se configure a situação econômica que justifique a concessão
de tal benefício, na forma do enunciado da súmula 463, I do TST, que diz que para
a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração
de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que
munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de
2015).

2) As entidades filantrópicas;
3) As empresas em recuperação judicial (CLT, art. 899, § 10);
4) Empregado;
5) os entes de direito público externo (TST-IN nº 3,X);
6) a União, os Estados, o Distrito Federal, os municípios, as autarquias e as
fundações de direito público que não explorem atividade econômica (TST-IN nº 3, X);
OBS: As sociedades de economia mista e as empresas públicas sujeitam-se
ao regime jurídico próprio das empresas privadas, nos termos do artigo 173, §
1º, inciso II, da Constituição Federal, não fazendo jus, portanto, aos privilégios
concedidos à Fazenda Pública.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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Assunto cobrado no exame XI - Numa reclamação trabalhista movida em litiscon-


sórcio passivo, o autor e a empresa reclamada “X” (sociedade de economia mista)
foram vencidos reciprocamente em alguns pedidos, tendo ambos se quedado iner-
tes no prazo recursal. Porém, a empresa reclamada “Y” (pessoa jurídica de direito
privado), vencida também em relação a alguns pedidos na referida ação trabalhista,
interpôs recurso ordinário, com observância dos pressupostos legais de admissibili-
dade, tendo inclusive efetuado o preparo. Em seguida, o Juiz do Trabalho notificou as
partes para que oferecessem suas razões de contrariedade, em igual prazo ao que
teve o recorrente. Considerando os fatos narrados acima, responda, de forma funda-
mentada, aos itens a seguir.

B) Caso ambas as empresas tivessem recorrido ordinariamente, e tendo a empresa


“Y” requerido sua exclusão da lide, analise e justifique quanto à necessidade, ou
não, de a reclamada “X” efetuar preparo. (Valor: 0,60) Resposta: A empresa “X”,
por ser sociedade de economia mista, estará obrigada a efetuar o preparo, pois não
é dele isento, pois as sociedades de economia mista e as empresas públicas su-
jeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, nos termos do artigo
173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal, não fazendo jus, portanto, aos privilégios
concedidos à Fazenda Pública. Cita-se, por oportuno, o teor do enunciado da súmula
170 do TST, que diz que os privilégios e isenções no foro da Justiça do Trabalho não
abrangem as sociedades de economia mista, ainda que gozassem desses benefícios
anteriormente ao Decreto-Lei nº 779, de 21.08.1969”.

7) O Ministério Público do Trabalho;


8) A massa falida (TST-IN nº 3, X; Súmula 86 do TST);
9) A herança jacente (TST-IN nº 3, X) e;
A herança é o conjunto de bens, ou seja, todos os bens deixados pela pessoa
falecida ou “de cujos”. Serão considerados tantos os bens materiais, imateriais,
créditos a receber e débitos a pagar. Será considerada herança jacente a heran-
ça que não foi destinada em testamento e não possui herdeiros ou, ainda que
existam, ignoram o patrimônio deixado.
10) Os conselhos de fiscalização do exercício profissional.
II - RECURSO DE REVISTA. RECLAMADO. LEI Nº 13.467/2017. DESERÇÃO DO
RECURSO ORDINÁRIO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. NATU-
REZA JURÍDICA. PRERROGATIVAS DO DECRETO-LEI Nº 779/69 Esta Corte tem
entendido que os conselhos de fiscalização do exercício profissional são conside-
rados como autarquias atípicas ou especiais , aplicando-lhes os privilégios previs-
tos no Decreto Lei nº 779/69, inclusive no que se refere à dispensa de recolhimen-
to de depósito recursal e ao pagamento de custas processuais. Com efeito, o STF,
no julgamento da ADI 1.717-6/DF, reconheceu-se a natureza a natureza autárquica
especial dessas entidades, que passaram a se beneficiar das prerrogativas pre-
vistas no Decreto Lei nº 779/69. Julgados. Recurso de revista a que se dá provi-
mento” (RR-891-57.2019.5.12.0014, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes
Arruda, DEJT 03/09/2021).

6.3.4. RECURSOS QUE NECESSITAM DO DEPÓSITO RECURSAL


O depósito recursal deve ser realizado nos seguin­tes recursos:
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a) ordinário;
b) de revista;
c) de agravo de petição, salvo quando já estiver ga­rantido o juízo;
d) agravo de instrumento (50% do valor do depósi­to recursal do recurso que se
busca destrancar);
e) embargos de divergência no TST;
ATENÇÃO! Depósito recursal não é obrigatório para apresentação de recurso
extraordinário de matéria trabalhista. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF),
em sessão virtual, decidiu que não é necessário o depósito recursal para a admissibili-
dade de recurso extraordinário. A Corte aprovou a seguinte tese de repercussão geral
(Tema 679):
“Surge incompatível com a Constituição Federal exigência de depósito prévio
como condição de admissibilidade do recurso extraordinário, no que não recep-
cionada a previsão constante do § 1º do artigo 899 da Consolidação das Leis
do Trabalho, sendo inconstitucional a contida na cabeça do artigo 40 da Lei nº
8.177/1991 e, por arrastamento, no inciso II da Instrução Normativa nº 3/1993 do
Tribunal Superior do Trabalho”.

6.3.5. ERRO NO PAGAMENTO DO DEPÓSITO RECURSAL


Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito
recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cin­co) dias
previsto no§ 2° do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e com-
provar o valor devido (TST, OJ nº 140 da SDI-1).
6.3.6. LIMITE DO DEPÓSITO RECURSAL
É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a
cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação,
nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (TST, SUM 128, I)
6.3.7. APROVEITAMENTO DO DEPÓSITO RECURSAL
Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal
efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depó-
sito não pleiteia sua exclusão da lide. (TST, SUM 128, III)
Assunto cobrado no exame XII - Um ex-empregado ajuíza reclamação trabalhista
contra a ex-empregadora (a empresa “A”) e outra que, segundo alega, integra o mes-
mo grupo econômico (a empresa “B”). Em defesa, a empresa “A” afirma que pagou
tudo ao reclamante, nada mais lhe devendo, enquanto a empresa “B” sustenta sua
ilegitimidade passiva, negando a existência de grupo econômico. Considerando que:
1) as reclamadas possuem advogados diferentes; 2) o pedido foi julgado proceden-
te, condenando-se solidariamente as rés; e 3) a empresa “A” recorreu, efetuando o
recolhimento das custas e depósito recursal, responda, de forma fundamentada, às
indagações a seguir.
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B) A empresa “B” deverá efetuar depósito recursal para viabilizar o recurso, no qual
insistirá na sua absolvição por não integrar com a litisconsorte um grupo econômi-
co? (Valor: 0,60) Resposta: Será desnecessário o depósito recursal pela empresa
“B”, pois havendo condenação solidária e já havendo recolhimento pela empresa “A”,
que não requereu sua exclusão da lide, o depósito por ela feito poderá ser aprovei-
tado pela empresa “B”, na forma da Súmula n. 128, III, do TST, que diz que havendo
condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por
uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não plei-
teia sua exclusão da lide.

7. EFEITOS
7.1. DEVOLUTIVO
No processo do trabalho, os recursos terão efeito meramente devolutivo, salvo
as exceções previs­tas em lei, permitida a execução provisória até a penhora (CLT, art.
899)
7.2. SUSPENSIVO
É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante
requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do
tribunal recorrido. (TST, Sum 414, I)
Após a apresentação do requerimento, a eficácia da decisão recorrida poderá
ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos:
- Houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e
- Ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Assunto cobrado no exame XV - Pedro e Paulo ajuizaram uma reclamação trabalhis-


ta cada. Ambas idênticas, sob o mesmo patrocínio e com pedido de antecipação de
tutela para reintegração. Pedro obteve êxito na concessão da antecipação de tutela
liminarmente, antes da audiência de instrução. Paulo só teve o pedido de antecipa-
ção de tutela deferido na sentença.

B) Na qualidade de advogado da empresa, que medidas judiciais deverão ser ado-


tadas para suspender e reverter os efeitos da tutela deferida a Paulo? (Valor: 0,65)
Resposta: No caso de Paulo, como se trata de decisão definitiva, caberá Recurso
Ordinário, devendo solicitar um requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao
presidente para dar efeito suspensivo ao recurso ordinário conforme Súmula 414, I,
do TST, que diz que a tutela provisória concedida na sentença não comporta impug-
nação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso or-
dinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante
requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente
do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo
1.029, § 5º, do CPC de 2015.

8. RECURSO ADESIVO
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Segundo a súmula 283 do TST, o recurso adesivo é compatível com o processo


do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de:
(1) Recurso ordinário (art. 895),
(2) Agravo de petição (art. 897),
(3) Revista (art. 896) e
(4) Embargos (art. 894).
É desnecessário que a matéria nele veiculada no recurso adesivo esteja relacio-
nada com a do recurso interposto pela parte contrária.
8.1. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ADESIVO
São pressupostos do recurso adesivo segundo o art. 997 do CPC:
(1) Sucumbência recíproca;
(2) A interposição perante a autoridade competente para admitir o recurso prin-
cipal.
(3) A interposição deve ser feita no prazo das contrarrazões.
(4) Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente,
quanto aos pressupostos recursais.
Esse tema já foi cobrado na prova:
Assunto cobrado no exame XI - Numa reclamação trabalhista movida em litiscon-
sórcio passivo, o autor e a empresa reclamada “X” (sociedade de economia mista)
foram vencidos reciprocamente em alguns pedidos, tendo ambos se quedado iner-
tes no prazo recursal. Porém, a empresa reclamada “Y” (pessoa jurídica de direito
privado), vencida também em relação a alguns pedidos na referida ação trabalhista,
interpôs recurso ordinário, com observância dos pressupostos legais de admissibili-
dade, tendo inclusive efetuado o preparo. Em seguida, o Juiz do Trabalho notificou as
partes para que oferecessem suas razões de contrariedade, em igual prazo ao que
teve o recorrente. Considerando os fatos narrados acima, responda, de forma funda-
mentada, aos itens a seguir.

A) Analise a possibilidade de o autor recorrer, ou não, dos pedidos em que foi ven-
cido, e de que maneira isso se daria, se possível for. (Valor: 0,65) Resposta: Ainda
é possível ao reclamante manifestar seu inconformismo, que deverá materializar-se
num recurso ordinário adesivo, já que aplicável o art. 997 do CPC - em sede trabalhis-
ta. SUM 283 do TST.

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