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Centro Universitário para Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí

Acadêmica: Bianca Sens


Professora: Fabrisia Franzoi
Laboratório de Práticas Jurídicas X - Direito Processual do Trabalho

ATIVIDADE COMPLEMENTAR: REFERENTE À AULA VIRTUAL DO DIA 28.08.23

I. Os alunos devem pesquisar UM ACÓRDÃO, posterior ao ano de 2017,


dizendo que a competência para julgamento do processo é da Justiça do Trabalho
ou da Justiça Comum ou da Justiça Federal.
I.a) Sobre os determinados assuntos: jurisprudência sobre o art. 114, I da CF
falando sobre competência de julgamento das ações dos funcionários públicos
celetistas.

Resposta:

O “servidor público celetista”, conhecido também como “empregado público”


ou “servidor público trabalhista”, é uma das modalidades de emprego da
administração pública indireta.
Portanto, apenas empresas públicas e empresas controladas pelo governo
podem adotar esse modelo. Qualquer pessoa empregada no regime celetista é
considerada servidora pública. Até porque as regras são diferentes, incluindo
remuneração, previdência e forma de demissão.
O servidor público é feito por meio de concursos públicos. No entanto, o
recrutamento segue as normas da CLT, que rege as normas do emprego público.
“Desde agosto de 2007, portanto, os órgãos públicos não podem mais contratar
“servidores celetistas”. Mas o STF manteve inalterada a condição dos trabalhadores
contratados antes da liminar, imprimindo efeitos ex nunc à decisão. Esse
entendimento só alcança os servidores celetistas das pessoas jurídicas de direito
público, não se estendendo, por conseguinte, aos “empregados públicos das
empresas públicas e sociedades de economia mista, mesmo que concursados”
(pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração indireta)”.1

1
Cisneiros, Gustavo. Direito do Trabalho-Sintetizado, 2ª edição. Disponível em: Minha Biblioteca,
Grupo GEN, 2018. p. 171.
“A propósito, julgados diversos do STF com respeito a servidores celetistas
da Administração Pública direta, autárquica e fundacional – ou seja, empregados
estatais regidos pela CLT – têm reconhecido a garantia constitucional do salário
mínimo mensal a tais empregados (OJ n. 358, II, do TST). Embora o TST não
estenda tal garantia aos demais empregados do País (OJ n. 358, I), está claro que
firmou esse tipo de interpretação em contexto fático e jurídico meramente residual –
contexto que desapareceu com o advento do contrato de trabalho intermitente”.
(grifos no original)”.2
Ainda, ocorrendo a mudança de regime jurídico de celetista para estatutário
importa na extinção do contrato de trabalho, nos termos da Súmula 382 do TST:

SÚMULA 382 TST. MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA


ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIE-NAL. A
transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica
extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a
partir da mudança de regime.

Assim sendo, conforme o artigo 114, I, da Constituição Federal, estabelece


que: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I- as ações
oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios; [...].
Na mesma toada, segue o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, in verbis:

PROCESSO CIVIL - INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA COMUM


ESTADUAL - LEI N. 3.719/98 DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA -
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA - ADOÇÃO EXPRESSA DO REGIME
CELETISTA - CONFIGURAÇÃO DO VÍNCULO TRABALHISTA ENTRE O
PODER PÚBLICO E O CONTRATADO - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ESPECIALIZADA - ANULAÇÃO DO PROCESSO, DE OFÍCIO, A PARTIR
DA SENTENÇA, INCLUSIVE - REMESSA DO FEITO À JUSTIÇA DO
TRABALHO - RECURSOS DE APELAÇÃO NÃO CONHECIDOS. A Lei n.
3.719/98 do Município de Criciúma, que estabelece normas para

2
Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN,
2020. p.356.
contratação de pessoal por tempo determinado, de acordo com o art. 37,
IX, da Constituição Federal, adota expressamente o regime celetista, sendo
a Justiça do Trabalho competente para solucionar os litígios entre a
municipalidade e o contratado. "Na hipótese de litígios entre servidores
trabalhistas e a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, decorrentes
da relação de trabalho, na qual figuram tais entes públicos como
empregadores, o foro competente para solucioná-los é a Justiça do
Trabalho, ex vi do art. 114, I, da CF, com a redação da E.C. 45/2004 (que
nessa parte, repetimos, alterou somente a sua apresentação, mas não o
conteúdo). Como se trata de relação jurídica de natureza contratual,
formalizada por contrato de trabalho, adequada é a Justiça trabalhista para
enfrentar e dirimir litígios que dela se originem (José dos Santos Carvalho
Filho. Manual de Direito Administrativo. 15. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2006. p. 497). (TJSC, Apelação Cível n. 2010.080149-6, de Criciúma, rel.
Sérgio Roberto Baasch Luz, Primeira Câmara de Direito Público, j.
29-03-2011).

E ainda:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA EM FACE DO


MUNICÍPIO DE MAFRA. SERVIDOR PÚBLICO CONTRATADO POR
PRAZO DETERMINADO. VÍNCULO DE CARÁTER TEMPORÁRIO EM
DOIS PERÍODOS. CONTRATAÇÕES SOB REGIMES JURÍDICOS
DISTINTOS. PRETENSO RECEBIMENTO DE VERBAS TRABALHISTAS.
AÇÃO QUE TRAMITOU ORIGINARIAMENTE NA JUSTIÇA
ESPECIALIZADA DO TRABALHO, SOBRE A QUAL, APÓS PROLAÇÃO
DE SENTENÇA E INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ORDINÁRIO, O TRT
DA 12ª REGIÃO DECLAROU A INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO PARA PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DA
DEMANDA, AO FUNDAMENTO DE QUE O VÍNCULO DAS
CONTRATAÇÕES É ESTATUTÁRIO, DECRETOU A NULIDADE DA
SENTENÇA, E DETERMINOU A REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA
COMUM ESTADUAL. RECEBIDOS OS AUTOS, ABRIU-SE VISTA AO
MINISTÉRIO PÚBLICO E, NA SEQUÊNCIA, FOI PROFERIDA SENTENÇA
DE IMPROCEDÊNCIA. (1) INSURGÊNCIA DO AUTOR. (A) ALEGAÇÃO
DE QUE FAZ JUS AO PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS, ADICIONAL
NOTURNO, FÉRIAS E DEPÓSITO DO FGTS, ACRESCIDOS DE JUROS E
CORREÇÃO MONETÁRIA. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DO
JULGAMENTO DO FEITO PARA SUSCITAR O CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. CONTRATAÇÕES POR TEMPO DETERMINADO, EM
CARÁTER DE EXCEÇÃO, PREVISTAS NO ART. 37, INCISO IX, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AUTORIZADAS PELAS LEIS MUNICIPAIS
N. 2.532/2001 E 3.008/2005. (A.1) PRIMEIRA CONTRATAÇÃO.
CONTRATO TEMPORÁRIO CELEBRADO ENTRE O MUNICÍPIO DE
MAFRA E O AUTOR/APELANTE, SOB O REGIME CELETISTA,
INCLUSIVE COM REFERÊNCIA EXPRESSA À APLICAÇÃO DA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT NA LEI QUE
AUTORIZOU A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA (ART. 1º DA LEI
MUNICIPAL N. 2.532/2001). ANOTAÇÃO NA CTPS DO
AUTOR/APELANTE DURANTE TODA A CONTRATUALIDADE, BEM
COMO RECOLHIMENTO DO FGTS - VERBA ASSOCIADA AO PRINCÍPIO
DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO, O QUAL É REGIDO
PELA CLT. ADEMAIS, PAGAMENTO DE VERBAS TRABALHISTAS E
RESCISÓRIAS, CONSOANTE "TERMO DE RESCISÃO DE CONTRATO
DE TRABALHO". REGIME CELETISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ESPECIALIZADA DO TRABALHO PARA O PROCESSAMENTO E
JULGAMENTO DO LITÍGIO (ART. 114 DA CF). NECESSIDADE DE
SUSPENSÃO DO FEITO PARA SUSCITAR O CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA PERANTE O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
PRECEDENTES. (A.2) SEGUNDA CONTRATAÇÃO. SUJEIÇÃO AO
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO PREVISTO NA LEI MUNICIPAL
QUE A REGEU (ART. 1º DA LEI MUNICIPAL N. 3008/2005). VÍNCULO
DE NATUREZA JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. SUSPENSÃO DO JULGAMENTO DO
RECURSO QUE SE IMPÕE, A FIM DE SUSCITAR-SE O CONFLITO
NEGATIVO DE COMPETÊNCIA PERANTE O SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, A TEOR DO QUE PRECEITUA O ART. 105, I, "D", DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EM RELAÇÃO AO PRIMEIRO CONTRATO
FIRMADO ENTRE OS LITIGANTES. OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA JURÍDICA. JULGAMENTO DO FEITO SUSPENSO PARA
SUSCITAR O CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA PERANTE O
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. (TJSC, Apelação Cível n.
0001702-63.2010.8.24.0041, de Mafra, rel. Denise de Souza Luiz
Francoski, Quinta Câmara de Direito Público, j. 12-09-2019).
Na segunda jurisprudência apresentada em questão, a referida ação tramitou
inicialmente na Justiça do Trabalho, a qual, em primeira instância, julgou
parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial.
Assim sendo, Interposto recurso ordinário, o TRT da 12ª Região reconheceu,
de ofício, a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para processamento e
julgamento da ação, ao fundamento de que as contratações possuem natureza
jurídico-administrativa, anulou a sentença de primeiro grau e determinou a remessa
dos autos à Justiça Comum Estadual.
Todavia, antes de ser analisado o mérito das razões recursais propriamente
dito, o juízo observou a necessidade de suspensão do feito para suscitar conflito
negativo de competência perante o Superior Tribunal de Justiça.
Apresentado o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, passa-se ao entendimento do TRT 12:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE.


Considerando a incerteza a respeito da natureza do vínculo de trabalho
estabelecido entre as partes, é prematura a declaração de competência ou
incompetência da Justiça do Trabalho antes da apresentação de defesa
pelo réu. (TRT da 12ª Região; Processo: 0000235-23.2021.5.12.0017; Data
de assinatura: 18-06-2021; Órgão Julgador: Gab. Des. Narbal Antônio de
Mendonça Fileti - 5ª Câmara; Relator(a): GISELE PEREIRA
ALEXANDRINO).

Na jurisprudência em comento, o magistrado de origem entendeu que não há


como admitir a competência desta Justiça Especializada para dirimir questões que
envolvam a contratação de trabalhadores pelo Ente Público, pois, à luz das recentes
decisões proferidas pelo STF, a competência para todas as relações de trabalho
mantidas com o Poder Público é da Justiça Comum Estadual.
E ainda outro julgado do TST 12:

CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. FASE PRÉ-CONTRATUAL. TESE


FIXADA EM REPERCUSSÃO GERAL NO RE 960.429. TEMA 992. Embora
não se olvide a existência de relação de trabalho já estabelecida
precariamente entre a autora e a ré, a presente demanda tem por objeto a
pretensão à nomeação da candidata ao emprego público, tratando-se,
portanto, de fase pré-contratual, o que afasta a competência desta Justiça
do Trabalho. (TRT da 12ª Região; Processo: 0000315-35.2018.5.12.0035;
Data de assinatura: 13-10-2020; Órgão Julgador: Gab. Des.a. Quézia de
Araújo Duarte Nieves Gonzalez - 3ª Câmara; Relator(a): QUEZIA DE
ARAUJO DUARTE NIEVES GONZALEZ).

Sendo assim, o STF julgou que a competência para julgamento de ação


ajuizada por servidor público celetista discutindo direito de natureza administrativa é
da Justiça Comum (Tema 1.143).

II. REFERÊNCIAS

Cisneiros, Gustavo. Direito do Trabalho-Sintetizado, 2ª edição. Disponível


em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2018. p. 171.

Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th


edição). Grupo GEN, 2020. p.356.

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