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DIREITO CIVIL

Direito Civil Desenhado – Prescrição e Decadência II

DIREITO CIVIL DESENHADO – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA II

RELEMBRANDO
O tempo é considerado fato jurídico em sentido estrito ordinário, porque é previsível e não
tem incidência da vontade humana.
Prescrição e decadência constituem uma perda; a pessoa deixa de exercer dentro do prazo
um determinado direito. São reflexos do tempo nas relações jurídicas e no exercício de
determinados direitos e sua natureza jurídica é o chamado ato-fato.
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PRESCRIÇÃO

A prescrição está muito ligada à perda da pretensão.


Algumas pessoas dizem que a prescrição é a perda do direito de ação, mas não pode
ser. Falar de direito de ação tem a ver com o estudo de um instituto processual denominado
ação. É um direito que todo sujeito de direito tem de provocar o Poder Judiciário e exigir uma
resposta, que pode ser positiva ou negativa. É inerente do próprio sujeito a possibilidade de
satisfação de seus direitos no Judiciário. Mesmo se a pessoa nunca exercer seu direito de
ação, ela não o perde, pois é imprescritível.
A pretensão é a possibilidade de ajuizar demanda judicial para satisfação de um direito
subjetivo.
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“Satisfazer” significa efetivar, alcançar determinado direito. Direito subjetivo é uma situa-
ção jurídica em que é necessário um comportamento de alguém para satisfação desse direito.
Ex.: imagine que Aragonê agrediu fisicamente Roberta, violando o direito dela à integri-
dade física. Nesse caso, Roberta pode ter tido danos morais, materiais, estéticos etc., tudo
que reflete a ideia de dinheiro, tornando Roberta a credora e Aragonê o devedor. Essa obri-
gação entre eles surgiu a partir do momento da agressão. Pela incidência da norma jurídica
que estabelece a proteção dos direitos que ele violou, ela tem direito a indenização; ela pode
perseguir esse direito subjetivo de crédito. Claro que Aragonê não pagará essa indenização
espontaneamente, portanto, há um prazo prescricional para Roberta ajuizar a ação contra ele.
Dizem que “o Direito não socorre os que dormem”; ou seja, se a pessoa não agir, ninguém
15m agirá por ela.

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Porém também não é possível – nem justo com ambas as partes – que se passem 15
anos e a pessoa ainda possa ajuizar a ação contra a outra. Quando ocorre a violação (a
agressão), surge um direito subjetivo (indenização) de Roberta, que ajuizará uma ação contra
Aragonê especificamente para satisfação desse direito subjetivo. Logo, a situação jurídica
que aconteceu está estabelecida em uma norma e o titular tem o direito de agir em face do
sujeito adverso.

Obs.: dívidas não prescrevem, mas a pretensão sim. O direito de crédito continua existindo.

No exemplo acima, Aragonê agrediu fisicamente Roberta e ela pode cobrar indenização
pelos danos causados. Dispõe a lei que o prazo para esse tipo de ação é de 3 anos. Passado
20m esse tempo, se Roberta ainda assim ajuizar a ação, o juiz vai conhecer da prescrição e julgar
improcedente o pedido de Roberta em face de Aragonê (art. 487, inciso II, CPC). Passados os
3 anos, a pretensão de Roberta acaba, mas a prescrição não aniquila o direito em si; ela ainda
tem direito à indenização pelos danos.
Nesse caso, aniquilada a pretensão, o credor (Roberta) não pode mais exigir aquele paga-
mento no Judiciário; mas se Aragonê decidir pagar, ela ainda tem o direito de crédito. O deve-
dor que paga a dívida “prescrita” não pode pedir de volta o que pagou, pois não constitui
pagamento indevido.
Em resumo:
• A prescrição está ligada a direito subjetivo;
• A prescrição aniquila a pretensão;
• Escoado o prazo prescricional, significa dizer que o credor não pode mais exigir no Judi-
ciário a satisfação do seu direito (inexigibilidade). Contudo, o direito de crédito continua
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existindo; tanto que, se o devedor paga a dívida após o prazo prescricional, não pode
pedir a devolução do valor pago (mesmo se ele não sabia que estava prescrito), pois
não constitui pagamento indevido.

No exemplo dado, houve a violação do direito e surgiu uma pretensão, que deve ser exer-
cida em um determinado prazo. Passado esse prazo, ocorre a prescrição; antes disso, dentro
do prazo, tem-se um direito que pode ser exigido. Passada a pretensão, a dívida continua
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existindo e não pode ser cobrada, passando a ser uma obrigação natural.
O credor tem o direito de reter o pagamento.

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Todo prazo prescricional está previsto na lei. O Código Civil de 1916, que teve vigência até
2003, fazia confusão com prazos prescricionais e decadenciais. Nosso legislador infraconsti-
tucional, do Código atual, simplificou a questão da prescrição colocando todos os prazos pres-
cricionais em dois artigos: art. 205 e art. 206.

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Obs.: não existe prazo prescricional criado pelas partes; é sempre um prazo legal.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Roberta Queiroz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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