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DIREITO CIVIL

Direito Civil Desenhado – Prescrição e Decadência V

DIREITO CIVIL DESENHADO – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA V

RELEMBRANDO
É possível alegar a prescrição em qualquer tempo e grau de jurisdição, mas deve haver um
pré-questionamento, um questionamento prévio alegando aquela matéria das instâncias
ordinárias. Para isso, até se utilizam os embargos de declaração no processo.
Existe no processo um fenômeno chamado nulidade de algibeira, que é quando se guarda
uma nulidade na manga para usar em momento oportuno. A pessoa pode responder por
isso no campo do processo, já que o art. 5º do CPC preconiza a boa-fé objetiva.

PRESCRIÇÃO

CC
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem apro-
veita.

O juiz pode conhecer de ofício da prescrição, observado o art. 10 do CPC.

CC
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

Ex.: João, dirigindo embriagado, bateu o carro contra Maria. João morreu na hora do aci-
5m dente e Maria chegou a ser levada ao hospital, mas também morreu. A partir de que momento
foi violado o direito de Maria? No acidente. Mas como João morreu, Maria poderia cobrar dos
herdeiros de João pelo dano sofrido? Sim, nos limites da herança. O prazo prescricional para
Maria começou a ser contado a partir da violação do direito.
Como ela também morreu, seus herdeiros podem cobrar por ela a indenização, mas o
prazo continua a correr normal, desde o momento da violação do direito de Maria.

• Causas que impedem ou suspendem a prescrição:


Existem causas que impedem que o prazo comece a contar e causas que fazem com que
o prazo, que já está contando, pare. Podem ser encontradas nos artigos 197, 198 e 199 do CC.

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Art. 197. Não corre a prescrição:


I – entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III – entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

É preciso interpretar casuisticamente esses artigos.

• O inciso I acima, por exemplo, pode ser tanto uma causa que impede quanto uma
que suspende.

Ex.: imagine que duas pessoas dirigindo colidem seus carros um contra o outro, sendo
que somente uma delas dirigia no sentido certo. Qual o prazo para o ressarcimento dos danos
ocasionados (reparação civil)? Três anos. Seis meses se passam e esse pagamento não é
10m
feito. Os envolvidos acabam se apaixonando e se casando; por isso, a contagem do prazo
para em seis meses. Trata-se, assim, de uma causa suspensiva. 15 anos depois, o casamento
acaba. O prazo então volta a ser contado de onde parou, ou seja, seis meses.

Obs.: se eles já fossem casados no momento do acidente, o prazo nem começaria a contar,
pois já haveria então o impedimento.

• Quanto ao inciso II, poder familiar é o poder que os pais possuem sobre os filhos meno-
res de 18 anos. Esse poder cessa quando o menor alcança a maioridade ou é emanci-
pado, aí então começa a se contar o prazo.
15m
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I – contra os incapazes de que trata o art. 3º;
II – contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III – contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Quando o absolutamente incapaz (menor de 16 anos) for o credor, não corre a prescrição
contra ele. Mas se ele for o devedor, o prazo corre contra o credor.
Ex.: duas crianças de 5 anos brincavam juntas no parque e se desentenderam. Os pais
de uma delas (A) bateram na outra criança (B). Houve uma agressão física e a criança B, a
vítima, é a credora. Em tese, qual seria o prazo para ela cobrar? Três anos. Mas contra ela o
prazo não contará, devido ao art. 198. Então quando começará a contar o prazo de três anos
para que o casal possa ser demandado pelo menor em juízo? Quando ele completar 16 anos.

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Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I – pendendo condição suspensiva;
II – não estando vencido o prazo;
20m III – pendendo ação de evicção.

Obs.: evicção é quando quem vendeu o bem não era seu dono e quem comprou o perde para
o proprietário. Enquanto uma pessoa não perde o bem efetivamente, não começa a
contar o prazo para ela se voltar contra aquele que alienou o bem.

Ex.: um menino de 10 anos, por representação de sua genitora, ajuizou uma ação de ali-
mentos contra seu pai, que nunca pagou mesmo com a ordem judicial. Quando o menino com-
pletou 19 anos, ele procurou um advogado para saber se ainda poderia executar esse valor.
O art. 206, § 2º, estabelece que o prazo para cobrar os alimentos é de dois anos. Nesse caso,
não se aplica o art. 198, inciso I, porque trata-se de uma relação entre pai e filho, em que ainda
existe o poder familiar. Quando pendente o poder familiar, não conta o prazo prescricional. O
poder familiar cessou aos 18 anos e como o prazo para cobrar alimentos é de dois anos, ele
ainda pode fazê-lo.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros
se a obrigação for indivisível.

A solidariedade faz com que todos sejam responsáveis pelo todo.


25m

• Causas que interrompem a prescrição:


Interromper significa zerar. Essas causas serão vistas na aula posterior.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Roberta Queiroz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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