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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CÂMPUS METROPOLITANO – APARECIDA DE GOIÂNIA


CURSO: DIREITO
ALUNOS: ALÍSON OLIVEIRA DA SILVA, CÁSSIA VALÉRIA JOSÉ DE SOUZA,
DOUGLAS ROCHA OLIVEIRA, GABRIELLA DE OLIVEIRA SILVA, GILBERTO DIAS
DE ALMEIDA FILHO, INARA PIRES DA SILVA, JORGE HENRIQUE LEANDRO DA
SILVA, LIVIA KETELLY SILVA COSTA, MATHEUS VINÍCIUS BARROS BRAGA,
MICHELLY ANDRESSA CARDOSO PEDRAÇA, PEDRO HENRIQUE DE
SANTANA, RAFAEL F. D. FIGUEIREDO, REBECA BRONDOLO ROCHA.

As Prescrições no Direito Civil

Aparecida de Goiânia
2023

PRESCRIÇÃO (DIREITO CIVIL I)


A partir da interpretação do art. 189 do Código Civil (CC/02), pode-se
explanar que a prescrição é a perda da pretensão em razão do decurso do prazo.
Apesar disso, é sabido que sempre ocorram debates na doutrina acerca do tema.
Determinados doutrinadores afirmam que a prescrição extingue a ação, à medida
que, para outros, a prescrição põe fim ao direito em si.
Observa-se também que, a pretensão medra para a parte que teve seu direito
invalidado por outro sujeito. Logo, a pretensão, pode ser entendida como a
capacidade que tem o titular de um direito de reivindicar que outro satisfaça seu
interesse. Interpreta-se, em função disso, que a pretensão é a exigibilidade, judicial
ou não, que aflora da invalidação do direito; e que, a pretensão, é objeto do direito
de ação.
É errado afirmar que, com a prescrição, perde-se o direito de ação, pois o
direito de ação é um direito público individual que consta, até mesmo, no rol de
direitos fundamentais da Constituição (art. 5°, XXXV, CF). Em outras palavras, o
direito de ação existe, protegida ou não pela pretensão. Acrescenta-se a
interpretação do que traz o art. 882 do CC/02, que o pagamento de dívida prescrita
não autoriza a restituição ao devedor. Evidente, destarte, que, ainda que prescrito, o
direito permanece.
Explica-se, o fato supracitado, pela designada teoria dualista da obrigação.
Segundo esta teoria, a obrigação apresenta dois subsídios: 1. Débito (ou “schuld“);
e, 2. Responsabilidade Civil (ou “haftung“). Onde, o Débito, é a obrigação jurídica de
cumprir diretamente a pretensão, ao passo que responsabilidade civil é a
possibilidade de ingressar em juízo para determinar a execução. A prescrição, nesse
panorama, fulmina somente a responsabilidade civil, sustentando o débito.
Conservar-se “vivo”, assim, não somente a pretensão, mas o dever jurídico
pertinente ao cumprimento da pretensão, conquanto suprimida a pretensão. É o que
se denomina no direito obrigacional de “obrigação natural”.
A partir da “obrigação natural” emerge a terceira corrente, de princípio
processualista, certificando que a prescrição, em verdade, aniquila a pretensão. É,
de modo inclusivo, o que disciplina o art. 189 do Código Civil. Logo, cabe ressaltar
que a prescrição é a extinção da pretensão pela transcorrência do prazo que é
previsto em lei.
Salienta-se que a prescrição e a decadência são institutos que surgem para
prevenir a eternização dos conflitos. Segundo o art. 190 do Código Civil, a
“exclusão” também prescreve no mesmo prazo. A leitura do artigo em questão, pode
levar o operador do direito a conceber que a prescrição tem natureza jurídica de
defesa. Entretanto, este fato, dependeria da arguição da parte favorecida dentro do
processo. Não é o que define o Código de Processo Civil, pois, nos termos do
Código de Processo Civil, o juiz poderá adotar a prescrição de ofício, observada no
art. 487, II, do CPC, com inclusão do julgamento liminar do mérito (art. 332, § 1º,
CPC).
É fácil concluir, portanto, que a prescrição é matéria de ordem pública. É de
suma importante ressaltar que os prazos de prescrição não podem ser modificados
por acordo de vontade, segundo o art. 192 do CC/02. Ou seja, dessemelhante à
decadência, não há prescrição convencional.
Em sumário, se tem o seguinte: o prazo de prescrição poderá ser impedido ou
suspenso; ações declaratórias relacionam-se a direitos potestativos e são
imprescritíveis; ações constitutivas relacionam-se a direitos formacionais e estão
sujeitas a decadência; e, por fim, ações condenatórias relacionam-se com direitos
prestacionais e estão sujeitas a prescrição.
*Principais características:
- A exceção e a pretensão prescrevem no mesmo prazo. Art. 190
- A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, só podendo ser feita se não
causar prejuízo a terceiro. Art.191
- Os prazos de prescrição não podem ser alterados pelas partes. Art. 192
- Pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição. Art. 193
- A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
Art.19
Tipos de prescrição:
- Prescrição extintiva: é a prescrição genérica, a perda da pretensão, ou seja, perda
da proteção jurídica relativa ao direito pela perda do prazo.
- Prescrição aquisitiva: diferente da extintiva que consiste na perda, a aquisitiva é a
obtenção de um direito real sobre um bem pelo decurso do prazo. Esse tipo de
prescrição se dá pela usucapião.
Prazos:
A prescrição estabelece dois tipos de prazo: o prazo geral e os prazos especiais.
Prazo Geral
O prazo geral é aquele fixado pelo artigo 205 do Código Civil de 2002. Segundo ele,
quando a lei não mencionar expressamente outras hipóteses, o prazo prescricional
será de dez anos a partir da ofensa do direito.
Prazos Especiais
O artigo 206 do Código Civil estipula o prazo de 01 ano para cinco hipóteses:
Art. 206. Prescreve:
§ 1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo
no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o
prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é
citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou
da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e
peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a
formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da
assembleia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os
liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da
sociedade.
O prazo prescricional será de 02 (dois) anos para que os credores de prestações de
natureza alimentar (exemplo: pensão alimentícia) cobrem seus créditos.
A regra determina que o prazo deverá ser contado a partir do vencimento das
prestações, conforme determina o § 2º do art. 206 do Código Civil.
Art. 206. Prescreve:
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data
em que se vencerem.
O prazo de 03 (três) anos, por sua vez, se aplica em nove hipóteses:
Art. 206. Prescreve:
§ 3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou
vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias,
pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé,
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do
estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço
referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou
assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - fa pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no
caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
O prazo de 04 (quatro) anos refere-se às ações relativas ao exercício da tutela, a
contar da aprovação das contas, segundo o § 4º do art. 206 do Código Civil.
Art. 206. Prescreve:
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação
das contas.
Por fim, o prazo de 05 (cinco) anos é cabível para três hipóteses:
Art. 206. Prescreve:
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores
e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da
cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo

*Interrupção da prescrição:
O Código Civil, no art. 202, prevê diversas formas de interrupção da prescrição.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-
se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de
credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Ações imprescritíveis:
Ações imprescritíveis são ações que não prescrevem, ou seja, podem ser
executadas a qualquer momento. Certos direitos estão imunes aos efeitos da
prescrição devido a sua natureza, essência do objeto e importância jurídica. Como
exemplo de ações imprescritíveis têm-se as ações baseadas em direitos facultativos
e potestativos, no qual o exercício depende exclusivamente do titular.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MANOLE, E. J. da E. Constituição Federal. 11. ed. São Paulo: Editora Manole,


2019.

VIEIRA, J. L. (ED.). Código de Processo Civil 2020 - Mini. São Paulo: Edipro,
2020.

RIBEIRO, Fulgencio. As Prescrições no Direito Civil. Jusbrasil,2018.


Disponível em: https://ribeirooliveiraadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/545045997/
as-prescricoes-no-direito-civil . Acesso em: 23 de janeiro de 2023.

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