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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA (UEPB)

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS (CCJ)

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

COMPONENTE CURRICULAR: Direito Civil III

DOCENTE: Antonio Silveira Neto

ALUNO: Victor Mariano Araujo Dias

Quais medidas poderão ser tomadas pelo doador diante da inexecução do encargo por parte
do donatário? Quais os prazos e as formas de operacionalizar tais medidas?

Quando o donatário não cumpre o encargo associado a uma doação, o doador pode adotar medidas
legais para buscar o cumprimento ou a resolução do contrato. No Brasil, as medidas e prazos podem
variar dependendo da natureza da doação e das cláusulas estipuladas no contrato.A seguir, são
apresentadas algumas opções comuns disponíveis para o doador:

Notificação extrajudicial: O doador pode iniciar o processo de resolução do contrato enviando uma
notificação extrajudicial ao donatário. Nessa notificação, o doador deve estabelecer um prazo razoável
para que o encargo seja cumprido. O não cumprimento dentro desse prazo pode ser considerado
descumprimento contratual e abrir caminho para medidas legais adicionais.

Ação de cumprimento de obrigação: Caso a notificação extrajudicial não seja suficiente para resolver
a situação, o doador pode entrar com uma ação judicial para exigir o cumprimento do encargo. O
prazo para ingressar com essa ação pode variar, dependendo das circunstâncias específicas e do tipo de
doação. Geralmente, o prazo prescricional para ações dessa natureza é de 3 anos, contados a partir do
descumprimento do encargo.

Ação de rescisão da doação: Se o não cumprimento do encargo for considerado substancial e


impossibilitar o objetivo da doação, o doador pode buscar a rescisão do contrato de doação. A ação de
rescisão deve ser movida perante o Poder Judiciário e o prazo para ingressar com essa ação pode
variar, dependendo das circunstâncias específicas e do tipo de doação.

Substituição do encargo: Em alguns casos, o doador pode buscar a substituição do encargo


originalmente estabelecido. Isso pode ser feito por meio de um acordo entre as partes ou através de
uma ação judicial, caso o donatário não concorde com a substituição. Nesse caso, o prazo e as formas
de operacionalização dependerão do processo específico adotado para a substituição do encargo.
Assim, é da vontade da lei, o dever de solidariedade que deve existir entre as pessoas, como obrigação
geral a que estamos submetidos na convivência social. O Código Civil, regula sobre os negócios
jurídicos onde no artigo 555, prevê as formas em que as doações poderão ser revogadas, atinados com
o intuito de resolver os conflitos das doações. Desta forma as doações poderão ser revogadas por
inexecução do encargo ou em hipótese de ingratidão do donatário para o doador. A lei entende como
personalíssimo este direito de revogar, atribuindo legitimidade unicamente ao doador, tendo o direito à
propositura não se transmitir aos herdeiros do doador. Somente quando já estiver sido iniciada e
contestada à ação, podem os herdeiros dar prosseguimento, continuando inclusive contra os herdeiros
do donatário

No caso de atraso na entrega do bem objeto de contrato de compra e venda ou de promessa


de compra e venda, é possível a cumulação da cláusula penal moratória com a indenização
por lucros cessantes decorrente da privação do uso do bem?

No âmbito da legislação brasileira, quando ocorre um atraso na entrega do bem objeto de contrato de
compra e venda ou de promessa de compra e venda, é possível a cumulação da cláusula penal
moratória com a indenização por lucros cessantes decorrente da privação do uso do bem. A cláusula
penal moratória é uma disposição contratual prevista no Código Civil (artigo 409) que estabelece uma
penalidade pecuniária em caso de descumprimento do prazo acordado para a entrega do bem. Seu
objetivo é compensar os danos emergentes causados pelo atraso.

Já a indenização por lucros cessantes, prevista no artigo 402 do Código Civil, busca reparar os
prejuízos decorrentes da privação do uso do bem em virtude do atraso na entrega. Essa indenização
visa compensar os lucros que o comprador deixou de obter devido à não utilização do bem conforme o
planejado.

A cumulação da cláusula penal moratória com a indenização por lucros cessantes é possível, desde
que sejam observados os requisitos legais e as cláusulas contratuais. O Código Civil brasileiro permite
que ambas as formas de indenização sejam pleiteadas pelo comprador para reparar os danos sofridos
em razão do atraso na entrega do bem. No entanto, a cumulação está sujeita à análise judicial, que
levará em consideração fatores como a extensão dos danos, a proporcionalidade da cláusula penal e a
finalidade da indenização por lucros cessantes, a fim de evitar o enriquecimento indevido de uma das
partes.

Os contratantes podem estipular cláusula penal, sendo esta sempre voluntária. Uma vez contratada, no
entanto, sua aplicação é cogente. O art. 409 do CC/02 deixa clara a possibilidade de contratação de
cláusula penal incidente sobre diferentes situações, em especial, o não cumprimento da obrigação ou a
mora, simplesmente. O rol é nitidamente exemplificativo, pois, não infringindo a lei, a autonomia das
partes pode criar cláusulas penais especiais. Mas limitemo-nos a duas espécies: moratória e
compensatória.

A distinção entre as modalidades de inadimplemento – absoluto ou relativo – se mostra importante,


sobretudo, para a análise das diferenças entre as espécies de cláusula penal estabelecidas no Código
Civil – moratória, incidente quando caracterizado o inadimplemento relativo (também chamado de
mora) e compensatória, que tem lugar na hipótese de inadimplemento absoluto. A análise do regime
jurídico do instituto no Código Civil permite concluir que tanto a cláusula penal moratória quanto a
compensatória possuem finalidade precípua de prefixação das perdas e danos decorrentes do
inadimplemento, sendo pertinente destacar a norma prevista no parágrafo único de seu artigo 416,
aplicável tanto à cláusula penal moratória quanto à compensatória, e que veda expressamente que a
parte prejudicada pelo inadimplemento pleitear indenização suplementar à cláusula penal se assim não
houver sido expressamente convencionado.

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