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SIBELE RESENDE PRUDENTE

Contratos Civis e Empresariais


2022-01

UNIDADE VII- EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Os contratos podem ser extintos a partir do cumprimento da obrigação,


que é a forma correta de ocorrer o término do vínculo contratual, ou
infelizmente a partir do seu descumprimento. Nessa segunda hipótese
temos que observar se o descumprimento ocorreu antes, durante ou após o
vínculo contratual se iniciar propriamente dito.

- Extinção do contrato sem cumprimento obrigacional:

a) causas anteriores ou atuais:


- anulabilidade ou nulidade
- cláusula resolutiva
- direito de arrependimento: CDC, art. 49

b) causas supervenientes:
- resolução: inexecução voluntária, inexecução involuntária e one-
rosidade excessiva.
- resilição: bilateral (distrato) e unilateral (denúncia)
- morte de um dos contratantes
- rescisão
7.1- RESOLUÇÃO

“É um remédio concedido à parte para romper o vínculo contratual


mediante ação judicial” Orlando Gomes

- Resolução por Inexecução Voluntária do Contrato

Esta resolução decorre de comportamento culposo de um dos


contraentes, com prejuízo ao outro; sujeitando o culpado às perdas e danos
ou à cláusula penal.

- Resolução por Inexecução Contratual Involuntária

Esta resolução ocorre quando o descumprimento se dá por fatos alheios


à vontade dos contratantes, não cabendo perdas e danos. O contratante terá,
entretanto, que restituir o que já recebeu. Vale dizer que mesmo em caso
fortuito ou força maior o credor está autorizado a responsabilizar o devedor
pelos danos se ele estiver em mora e se assim se responsabilizou no
contrato; arts 393 e 399.

- Resolução por Onerosidade Excessiva

Esse tema já foi tratado quando abordamos a Cláusula Rebus Sic


Standibus (tópico 5.1), contudo vamos fazer algumas observações.
A onerosidade excessiva é oriunda de evento extraordinário e
imprevisível, que dificulta extremamente o adimplemento da obrigação de
uma das partes. É motivo de resolução contratual, por si considerar
entendida a cláusula rebus sic stantibus, porque nos contratos de execução
continuada o vínculo obrigatório ficará subordinado, a todo tempo, ao
estado de fato vigente à época de sua estipulação.
Para ser declarada a onerosidade excessiva o órgão judicante deverá
analisar os seguintes requisitos:
a-) existência de contrato comutativo e de execução continuada, que
não poderá ser aleatório.
b-) alteração radical das condições econômicas.
c-) onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício
exagerado para o outro (discutido).
d-) imprevisibilidade e extraordinariedade da modificação.

7.2- RESILIÇÃO

É a dissolução do vínculo contratual, deliberada por ambos os


contratantes; é um contrato que extingue o outro. Desta forma pressupõe
contrato anterior e novo consentimento dos contratantes.
Se o contrato que se pretende extinguir foi constituído por escritura
pública por exigência legal, o distrato também deve respeitar essa forma.
Mas, se o negócio não depende de forma solene e as partes a ela recorreram
porque quiseram, poderá ser distratado por qualquer outro meio, como o
instrumento particular; art. 472.
O distrato, em regra, produz efeito ex nunc, ou seja, a ruptura do
vínculo contratual só produzirá efeitos a partir do instante de sua
celebração, não atingindo as conseqüências pretéritas, nem os direitos
adquiridos por terceiros, que serão respeitados.
Deriva da manifestação de vontade e não do descumprimento
contratual. Resilir significa voltar atrás. A resilição pode ser:
a-) bilateral: distrato
b-) unilateral ou denúncia: pode ocorrer somente nas obrigações
duradouras, contra a sua renovação ou continuação. A faculdade de
resilição unilateral é suscetível de ser exercida:
- nos contratos por tempo indeterminado
- nos contratos de execução continuada ou periódica
- nos contratos em geral, cuja execução não tenha começado
- nos contratos benéficos
A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial; para valer
deve ser notificada à outra parte, produzindo efeitos a partir do momento
em que chega a seu conhecimento. Em princípio não precisa ser justificada,
mas em certos contratos exige-se que obedeça à justa causa, caso contrário
terá perdas e danos.
Análise do artigo 473: em um contrato de comodato (empréstimo) de
imóvel, sem prazo, não é razoável que, poucos dias depois do comodatário
se instalar, o comodante solicite a sua restituição, sem ocorrência de fato
superveniente que justifique. Certos contratos, todavia, não comportam a
incidência da regra do dispositivo, por se tratar de relação de confiança
como o mandato, não se permitindo o aumento da vigência do contrato.
A resilição unilateral pode ainda ser convencional quando, por
exemplo, num contrato de trabalho por tempo determinado em que
reservam o direito de resilir ante tempus, mediante aviso prévio.

7.3- MORTE DE UM DOS CONTRATANTES

Nos contratos personalíssimos havendo morte de um dos contratantes o


contrato será extinto.
7.4- RESCISÃO

É a dissolução de contratos celebrados em estado de perigo e lesão;


arts. 156 e 157.

7.5- EXECUÇÃO

A extinção dos contratos dá-se, em regra, pela execução. O


cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor, sendo o
meio normal de extinção do contrato. Comprova-se o pagamento pela
quitação fornecida pelo credor; art. 320.

7.6-NULIDADE E ANULABILIDADE

A nulidade pode ser absoluta quando decorre transgressão de ordem


pública baseada em ausência de um elemento essencial do ato, impedindo
que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex tunc), como por
exemplo: a ilicitude do objeto; a impossibilidade ou a completa falta de
determinação do objeto e ainda o fato de não obedecer a forma prescrita
por lei.
Nestes casos de ineficácia em sentido amplo o ato é nulo, é ineficaz.
A nulidade absoluta pode ser requerida em juízo a qualquer tempo, por
qualquer interessado, podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou pelo
Parquet.
A nulidade pode ser relativa, ou também conhecida como
anulabilidade quando advém de imperfeição da vontade, como por
exemplo: por vícios de consentimento (erro, coação, entre outros).
Esses tipos de defeitos no negócio jurídico podem ser sanados, por isso
não extinguirá o contrato enquanto não se mover ação que o decrete, sendo
ex nunc os efeitos da sentença. Apenas o contratante em cujo interesse foi
prejudicado tem legitimidade para pleitear a anulação; art. 177.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

26- Explique com suas palavras o artigo 393 do Código Civil.

27- Conceitue perdas e danos.

28- Cite e explique os requisitos para que seja declarada judicialmente a


onerosidade excessiva.

29- Qual a diferença de nulidade e anulabilidade?

30- (OAB-2008) José contratou com João o fornecimento diário de


refeições por prazo indeterminado. No entanto, meses depois, João,
mediante instrumento particular, cientificou José de que faria a
interrupção da entrega das refeições a partir do trigésimo dia
subsequente. Na situação hipotética apresentada, o ato jurídico praticado
por João caracteriza:
a) distrato
b) resilição unilateral
c) resolução por inexecução voluntária
d) direito de arrependimento
31-(OAB-2008) A exceção do contrato não cumprido poderá ser arguida
nos:
a) contratos sinalagmáticos
b) contratos de mútuo
c) negócios jurídicos unilaterais
d) contratos de comodato

32- (FGV-2011) Nos contratos, os indivíduos devem observar os


princípios da probidade e boa-fé. A liberdade contratual será exercida
nos limites da função social do contrato. Nesse contexto, assinale a
alternativa correta de acordo com o Código Civil.
a) as partes não podem, em qualquer hipótese reforçar, diminuir ou
excluir responsabilidade pela evicção
b) as cláusulas resolutivas, expressas ou tácitas operam-se de pleno
direito
c) nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes poderá exigir, antes
de cumprida sua obrigação o implemento da do outro
d) admite-se que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato
e) nos contratos de adesão são nulas de pleno direito as cláusulas
ambíguas ou contraditórias.

33- (OAB - 2009) De acordo com o que dispõe o Código Civil a


respeito dos contratos, assinale a opção correta:
a) a onerosidade excessiva, oriunda de acontecimento extraordinário e
imprevisível, ainda que dificulte extremamente o adimplemento da
obrigação de uma das partes em contrato de execução continuada, não
enseja a revisão contratual, visto que as partes ficam vinculadas ao que
foi originalmente pactuado.
b) considere que um indivíduo ofereça ao seu credor, com o consenso
deste, um terreno em substituição à dívida no valor de R$30mil, a título
de dação em pagamento. Nessa situação, se o credor for evicto do
terreno recebido, será restabelecida a obrigação primitiva com o
devedor, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros.
c) o evicto pode demandar pela evicção, por meio de ação contra o
transmitente, mesmo sabendo que a coisa adquirida era alheia ou
litigiosa.
d) a resilição bilateral não se submete à forma exigida para o contrato.

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