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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIARAGUAIA

DIREITO BACHARELADO

ALESSANDRO CÉSAR RODRIGUES MENDONÇA


THIAGO JOSÉ RODRIGUES

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

GOIÂNIA – GO
OUTUBRO - 2022
ALESSANDRO CÉSAR RODRIGUES MENDONÇA
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THIAGO JOSÉ RODRIGUES

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Trabalho apresentado ao Centro Universitário


UniAraguaia referente obtenção de nota da atividade
01, da N2, da disciplina de Direito Civil IV do 5º
Período Noturno – Unidade Bueno.

Professor - Me. Vilmar Martins Moura Guarany.

GOIÂNIA – GO
OUTUBRO– 2022

1 - Modo normal de extinção


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Conforme conceitua Gonçalves (2019, p. 223) “Os contratos, como os negócios
jurídicos em geral, têm também um ciclo vital: nascem do acordo de vontades, produzem os
efeitos que lhes são próprios e extinguem-se”.

Além disso, dispõem Gonçalves (2019, p. 223 – 224, grifos do autor):

a extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada.


O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio
normal de extinção do contrato. Comprova-se o pagamento pela quitação fornecida
pelo credor, observados os requisitos exigidos no art. 320 do Código Civil, que
assim dispõe: “A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por
este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu
representante”. Acrescenta o parágrafo único que, “ainda sem os requisitos
estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias
resultar haver sido paga a dívida” (v. n. 2.2.2.1, infra).

2 - Extinção do contrato sem cumprimento

No que dispõe a extinção do contrato, “algumas vezes o contrato se extingue sem ter
alcançado o seu fim, ou seja, sem que as obrigações tenham sido cumpridas. Várias causas
acarretam essa extinção anormal. Algumas são anteriores ou contemporâneas à formação do
contrato; outras, supervenientes” (GONÇALVES, 2019, p. 224).

2.1 - Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato

Ademais, conceitua Gonçalves (2019, p. 224)

As causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato são: a) defeitos


decorrentes do não preenchimento de seus requisitos subjetivos (capacidade das
partes e livre consentimento), objetivos (objeto lícito, possível, determinado ou
determinável) e formais (forma prescrita em lei), que afetam a sua validade,
acarretando a nulidade absoluta ou relativa (anulabilidade); b) implemento de
cláusula resolutiva, expressa ou tácita; e c) exercício do direito de arrependimento
convencionado.

2.1.1. Nulidade absoluta e relativa

À luz da doutrina, menciona-se que a “a nulidade absoluta decorre de ausência de elemento


essencial do ato, com transgressão a preceito de ordem pública, impedindo que o contrato produza
efeitos desde a sua formação (ex tunc)” (GONÇALVES, 2019, 225).

Sendo que, Gonçalves (2019, p. 225) que:


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a anulabilidade advém da imperfeição da vontade: ou porque emanada de um
relativamente incapaz não assistido (prejudicando o interesse particular de pessoa
que o legislador quis proteger), ou porque contém algum dos vícios do
consentimento, como erro, dolo, coação etc. Como pode ser sanada e até mesmo
não arguida no prazo prescricional, não extinguirá o contrato enquanto não se
mover ação que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença. Malgrado também
contenha vício congênito, é eficaz até sua decretação pelo juiz.

Por fim, a anulabilidade, diversamente da nulidade, não pode ser arguida por ambas as
partes da relação contratual, nem declarada ex officio pelo juiz. Legitimado a pleitear a
anulação está somente o contraente em cujo interesse foi estabelecida a regra (CC, art. 177)
[...] (GONÇALVES, 2019, p. 225-226).

2.1.2. Cláusula resolutiva. O adimplemento substancial do contrato

Neste tópico dispõe mencionar que “na execução do contrato, cada contraente tem a
faculdade de pedir a resolução, se o outro não cumpre as obrigações avençadas. Essa faculdade pode
resultar de estipulação ou de presunção legal” (GONÇALVES, 2019, p. 226).

Não obstante,

o adimplemento substancial do contrato, todavia, tem sido reconhecido, pela


doutrina, como impedimento à resolução unilateral do contrato. Sustenta-se que a
hipótese de resolução contratual por inadimplemento haverá de ceder diante do
pressuposto do atendimento quase integral das obrigações pactuadas, ou seja, do
incumprimento insignificante da avença, não se afigurando razoável a sua extinção
como resposta jurídica à preservação e à função social do contrato (CC, art. 421)
(GONÇALVES, 2019, p. 227).

2.1.3. Direito de arrependimento

No que tange ao direito ao arrependimento, Gonçalves (2019, p. 232) salienta que:

Quando expressamente previsto no contrato, o arrependimento autoriza qualquer


das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral da vontade,
sujeitando-se à perda do sinal, ou à sua devolução em dobro, sem, no entanto,
pagar indenização suplementar. Configuram-se, in casu, as arras penitenciais,
previstas no art. 420 do Código Civil 293 . O direito de arrependimento deve ser
exercido no prazo convencionado ou antes da execução do contrato, se nada foi
estipulado a esse respeito, pois o adimplemento deste importará renúncia tácita
àquele direito.

2.2. Causas supervenientes à formação do contrato


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Verifica-se a dissolução do contrato em função de causas posteriores à sua criação
por: a) resolução, como consequência do seu inadimplemento voluntário,
involuntário ou por onerosidade excessiva; b) resilição, pela vontade de um ou de
ambos os contratantes; c) morte de um dos contratantes, se o contrato for intuitu
personae; e d) rescisão, modo específico de extinção de certos contratos
(GONÇALVES, 2019, p. 233).

2.2.1. Resolução

Dispõe a pátria doutrina que

a obrigação visa à realização de um determinado fim. Nem sempre, no entanto, os


contraentes conseguem cumprir a prestação avençada, em razão de situações
supervenientes, que impedem ou prejudicam a sua execução. A extinção do
contrato mediante resolução tem como causa a inexecução ou incumprimento por
um dos contratantes (GONÇALVES, 2019, p. 233).

2.2.1.1. Resolução por inexecução voluntária

Gonçalves (2019, p. 233-234) discorre que:

a resolução por inexecução voluntária decorre de comportamento culposo de um


dos contraentes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que
foi executado e obrigando a restituições recíprocas, sujeitando ainda o
inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal, convencionada
para o caso de total inadimplemento da prestação (cláusula penal compensatória),
em garantia de alguma cláusula especial ou para evitar o retardamento (cláusula
penal moratória), conforme os arts. 475 e 409 a 411 do Código Civil.

2.2.1.2. Resolução por inexecução involuntária

A resolução pode também decorrer de fato não imputável às partes, como sucede
nas hipóteses de ação de terceiro ou de acontecimentos inevitáveis, alheios à
vontade dos contraentes, denominados caso fortuito ou força maior, que
impossibilitam o cumprimento da obrigação. A inexecução involuntária
caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato. Há
de ser objetiva, isto é, não concernir à própria pessoa do devedor, pois deixa de ser
involuntária se de alguma forma este concorre para que a prestação se torne
impossível (GONÇALVES, 2019, p. 240).

2.2.1.3. Resolução por onerosidade excessiva

Embora o princípio pacta sunt servanda ou da intangibilidade do contrato seja


fundamental para a segurança nos negócios e fundamental a qualquer organização
social, os negócios jurídicos podem sofrer as consequências de modificações
posteriores das circunstâncias, com quebra insuportável da equivalência. Tal
constatação deu origem ao princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade
excessiva, que se opõe àquele, pois permite aos contratantes recorrerem ao
Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em
determinadas situações (GONÇALVES, 2019, p. 242).
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2.2.2. Resilição

A resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da


manifestação de vontade, que pode ser bilateral ou unilateral. Resilir, do latim
resilire, significa, etimologicamente, “voltar atrás”. A resilição bilateral denomina-
se distrato, que é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um contrato
anteriormente celebrado. A unilateral pode ocorrer somente em determinados
contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo
contratual por sua exclusiva vontade (GONÇALVES, 2019, p. 255-256).

2.2.2.1. Distrato e quitação

“O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato”. A redação reproduz a
primeira parte do art. 1.093 do Código de 1916, aprimorando-a, porém. De forma
benéfica, eliminou-se a segunda parte deste dispositivo, que proclamava a validade
da quitação, qualquer que fosse a sua forma, deslocando-a, corretamente, para o
capítulo concernente à prova do pagamento, inserindo-a no art. 320, onde se declara
que a quitação “sempre poderá ser dada por instrumento particular”. Não precisa,
destarte, obedecer à mesma forma do contrato. Hipoteca, por exemplo, só pode ser
convencionada por escritura pública. A quitação do crédito hipotecário, no entanto,
pode ser outorgada por instrumento particular. Entretanto, como o citado dispositivo
exige determinados requisitos para a validade da quitação, dentre eles a assinatura do
credor, obviamente deve ter a forma escrita (GONÇALVES, 2019, p. 256).

2.2.2.2. Resilição unilateral: denúncia, revogação, renúncia e resgate

A resilição unilateral pode ocorrer somente nas obrigações duradouras, contra a sua
renovação ou continuação, independentemente do não cumprimento da outra parte,
nos casos permitidos na lei (p. ex., denúncia prevista nos arts. 6º, 46, § 2º, e 57 da
Lei n. 8.245, de 18-10-1991, sobre locação de imóveis urbanos) ou no contrato
(GONÇALVES, 2019, p. 258).

A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex


nunc, não retroagindo. Para valer, deve ser notificada à outra parte, produzindo
efeitos a partir do momento em que chega a seu conhecimento. É, destarte,
declaração receptícia da vontade. Em princípio, não precisa ser justificada, mas em
certos contratos exige-se que obedeça à justa causa. Nestas hipóteses a inexistência
de justa causa não impede a resilição do contrato, mas a parte que o resiliu
injustamente fica obrigada a pagar, à outra, perdas e danos (GONÇALVES, 2019,
p. 259).

2.2.3. Morte de um dos contratantes

“A morte de um dos contratantes só acarreta a dissolução dos contratos personalíssimos


(intuitu personae), que não poderão ser executados pela morte daquele em consideração do qual foi
ajustado. Subsistem as prestações cumpridas, pois o seu efeito opera-se ex nunc” (GONÇALVES,
2019, p. 260).

2.2.4. Rescisão
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“O termo rescisão é usado como sinônimo de resolução e de resilição. Deve ser empregado, no
entanto, em boa técnica, nas hipóteses de dissolução de determinados contratos, como aqueles em que
ocorreu lesão ou que foram celebrados em estado de perigo” (GONÇALVES, 2019, p. 260).

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 3, Contratos e Atos


Unilaterais – 16ª ed. versão digital - São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 993 p.

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