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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIARAGUAIA

DIREITO BACHARELADO

ALESSANDRO CÉSAR RODRIGUES MENDONÇA


SILENE JACINTO DA SILVA

TEORIA DA IMPREVISÃO

GOIÂNIA – GO
SETEMBRO - 2022
ALESSANDRO CÉSAR RODRIGUES MENDONÇA
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SILENE JACINTO DA SILVA

TEORIA DA IMPREVISÃO

Trabalho apresentado ao Centro Universitário


UniAraguaia referente obtenção de nota da atividade
03, da N1, da disciplina de Direito Civil IV do 5º
Período Noturno – Unidade Bueno.

Professor - Me. Vilmar Martins Moura Guarany.

GOIÂNIA – GO
SETEMBRO – 2022

TEORIA DA IMPREVISÃO
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1. Conceituação

A teoria da imprevisão consiste na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada


do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das
partes tornar-se exageradamente onerosa - o que, na prática, é viabilizado pela aplicação da
cláusula rebus sic stantibus (GONÇALVES, 2019, p, 60).

A “Teoria da Imprevisão” é o substrato teórico que permite rediscutir os preceitos


contidos em uma relação contratual, em face da ocorrência de acontecimentos novos,
imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO
(2022, p. 774).

Ainda para Gagliano e Pamplona Filho (2022, p. 774),Trata-se, de uma aplicação


direta do princípio da boa-fé, pois as partes devem buscar, no contrato, alcançar as
prestações que originalmente se comprometeram, da forma como se obrigaram (grifo nosso).

Assim, a teoria da imprevisão poderá ser aplicada a partir do surgimento, no decorrer


do contrato, de uma situação nova e extraordinária, que torna a obrigação de uma das partes
extremamente onerosa. Esta situação nova e extraordinária deve estar fora da normalidade e
distante de qualquer possibilidade de previsão.

O fato novo e extraordinário que afeta a relação contratual causa uma onerosidade
excessiva para uma das partes, nestas situações pode-se aplicar a teoria da imprevisão.

2. Teoria da imprevisão no Código Civil Brasileiro

A Teoria da Imprevisão está diretamente ligada ao instituto da onerosidade excessiva,


e aparece disciplinada no Código Civil os artigos 317 e 478 a 480:

“Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier


desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do
momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte,
de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação
(BRASIL, 2002, grifo nosso)”.

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“Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data
da citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a


modificar equitativamente as condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das


partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou
alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva (BRASIL, 2002, grifo nosso)”.

3. Objetivo da Teoria da Imprevisão

Para BORGES NETO E BARBOSA DE BARROS (2021), O principal objetivo da


teoria da imprevisão é evitar a ocorrência de situações injustas para uma das partes, em
decorrência da inflexibilidade do contrato, do seu caráter obrigatório (grifo nosso).
A ocorrência de um fato imprevisível e extraordinário, que esteja fora do risco normal
de um negócio, como por exemplo o abalo econômico causado pela pandemia do novo
coronavírus, pode afetar de maneira significativa a relação contratual de determinadas
atividades.
Quando o fato imprevisível e extraordinário acarreta uma onerosidade excessiva para
uma das partes, ocasiona consequentemente uma vantagem para a outra parte. Para manter o
equilíbrio econômico-financeiro da relação, o prejudicado poderá pleitear a revisão
contratual, caso atenda aos requisitos legais (grifo nosso).

4. Elementos da Teoria da Imprevisão

Como bem observa Gagliano e Pamplona Filho (2022, p. 776), a teoria da imprevisão
interessa mais aos contratos de execução continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de
médio ou longo prazo, bem como os de execução diferida, sendo inútil para os contratos de
execução imediata (grifo nosso).

a) superveniência de circunstância imprevisível - claro está, assim, que se a


onerosidade excessiva imposta a uma das partes inserir-se na álea de previsão
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contratual, não se poderá, em tal caso, pretender-se mudar os termos da avença,
haja vista que, na vida negocial, nada impede que uma das partes tenha feito
um “mau negócio”;

b) alteração da base econômica objetiva do contrato - a ocorrência da


circunstância superveniente altera a balança econômica do contrato, impondo a
uma ou a ambas as partes onerosidade excessiva;

c) onerosidade excessiva - consequencialmente, uma ou até mesmo ambas as


partes experimentam um aumento na gravidade econômica da prestação a que
se obrigou.

Com isso, podemos conclui-se, que a teoria da imprevisão não pressupõe,


necessariamente, enriquecimento de uma parte em detrimento do empobrecimento da
outra. Isso porque na superveniência da circunstância não esperada poderá haver determinada
onerosidade para ambas as partes, sem que, com isso, se afaste a aplicação da teoria (grifo
nosso).

Já para BORGES NETO E BARBOSA DE BARROS (2021), os elementos da teoria


da imprevisão configuram em pressupostos, ou seja, requisitos que devem existir na relação
contratual para que seja possível sua aplicação, que são:

a) A ocorrência do fato extraordinário e imprevisível;

b) A constatação da onerosidade excessiva, que torna a obrigação contratual impraticável


para uma das partes (causou desequilíbrio econômico); e

c) O contrato deve ser de execução continuada ou de execução diferida..

5. Como a teoria da imprevisão se aplica aos contratos

BORGES NETO E BARBOSA DE BARROS (2021) cita que a revisão contratual


deve ser realizada judicialmente. Portanto, só será feita a partir da intervenção e
autorização de um juiz. A parte que sofreu a onerosidade excessiva deverá ingressar
com a ação judicial, pleiteando o reconhecimento da teoria da imprevisão e
consequentemente a revisão contratual. (grifo nosso)

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O requerimento de revisão do contrato poderá conter a solicitação de uma
redução do valor total da prestação ou, ainda, pela dispensa de determinada obrigação
do devedor.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

GAGLIANO, Pablo Stolze. Rodolfo Pamplona Filho. Manual de Direito Civil: Volume Único
– 6ª ed. versão digital - São Paulo: SaraivaJur, 2022. 2.809 p.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 3, Contratos e Atos


Unilaterais – 16ª ed. versão digital - São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 993 p.

NETO, Borges; BARROS, Barbosa. Aplicabilidade da teoria da imprevisão em contratos.


Borges Neto e Barbosa de Barros Sociedade de Advogados, 2021. Disponível em
https://bnbb.adv.br/aplicabilidade-da-teoria-da-imprevisao-em-contratos/. Acesso em: 23 de
set. de 2022.

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