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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIARAGUAIA

DIREITO BACHARELADO

ALESSANDRO CÉSAR RODRIGUES MENDONÇA

QUESTÃO 01 - SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO


QUESTÃO 02 – AUDIÊNCIA E JULGAMENTO

GOIÂNIA – GO
SETEMBRO - 2022
ALESSANDRO CÉSAR RODRIGUES MENDONÇA
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QUESTÃO 01 - SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO
QUESTÃO 02 – AUDIÊNCIA E JULGAMENTO

Trabalho apresentado ao Centro Universitário


UniAraguaia referente obtenção de nota da atividade
01, da N1, da disciplina de Processo Civil II do 5º
Período Noturno – Unidade Bueno.

Professora - Ma. Renata Reis de Lima.

GOIÂNIA – GO
SETEMBRO - 2022

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QUESTÃO 01 - Estando o feito saneado, o juiz não verificou, contudo, a possibilidade de
julgamento deste no estado em que se encontra.

No caso em que estava analisando, verificou que o que se controverte nos autos é acerca da
aplicação de capitalização de juros, utilização da tabela price, cobrança de comissão de
permanência e forma da amortização da dívida realizada pela requerida em seus cálculos e
cobranças, os quais ultrapassam as atualizações e juros pactuados contratualmente.

Portanto, a demanda em questão não se limita na análise dos juros pactuados contratualmente
o que possibilitaria o julgamento da lide apenas pela análise dos documentos comprobatórios
colacionados aos autos.

Assim, de ofício o juiz determinou pela produção de prova pericial.

Considerando o caso em epígrafe, responda:

I) O que deve conter na decisão de saneamento e organização do processo?

Com base no artigo 357/CPC, a decisão de saneamento e organização deve conter


varias providencias todas com a finalidade de arrumar/sanear pendencias processuais para os
passos processuais futuros, como:

a) Resolver as questões processuais pendentes se houver (art. 357, I). Nas providências
preliminares, procura-se corrigir todos os defeitos existentes no processo. Mas, se
houver algum vício pendente que tenha surgido depois das providências preliminares
ou que só tenha sido detectado após as providencias preliminares o juiz dará à parte
interessada a oportunidade de correção;
b) Delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória (art. 357, II,
primeira parte). Deve-se preparar o processo para a fase instrutória, tornando-o mais
objetivo e produtivo. Ao fixar as questões fáticas controvertidas, o juiz indicará os
pontos aos quais considera não haver controvérsia e as questões que já estão
suficientemente provadas;
c) Especificar os meios de prova admitidos (art. 357, II, segunda parte). É nesse
momento também em que o juiz define com precisão as provas que serão produzidas,
tomando em conta as concretas questões que ele identificou como ainda

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controvertidas. Para tanto, considerará os meios probatórios pleiteados pelas partes,
deferindo-os ou não, e ainda determinará de ofício aquele que considerar necessário;
d) Definir a distribuição do ônus da prova (art. 357, III). A lei prevê que, em regra, cabe
autor provar o fato constitutivo de seu direito, enquanto ao réu incumbe o ônus da
prova da existência de fato que se possa opor como impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor (art. 373, II). Mas também autoriza o juiz a distribuir tais
ônus de modo diverso, se houver impossibilidade ou dificuldade no cumprimento do
encargo ou se a obtenção de prova do fato contrário for mais fácil;
e) Delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito (art. 357, IV).
Vigora o princípio de que o juiz conhece o direito “jura novit curiam”, cabendo a ele
aplicar as normas e qualificações jurídicas pertinentes ao caso, independentemente de
alegação das partes. Mas incide também o dever de diálogo do juiz com as partes, para
garantir o contraditório. O juiz não pode decidir com base em fundamento que não
tenha sido previamente submetido ao contraditório, ainda que se trate de matéria que
possa conhecer de ofício. Se, após a decisão de saneamento, surgirem outras questões
relevantes, ainda não submetidas ao contraditório, o juiz deverá identificá-las,
concedendo, às partes a oportunidade de exercerem o contraditório em relação a elas;
f) Designar audiência de instrução e julgamento, quando alguma das provas tiver que ser
produzida nesse momento processual (art. 357, V). Com base no § 8º do art. 357, V do
CPC, no caso em tela, dentro da seara de saneamento e organização processual, o juiz
ao determinar de oficio pela produção de prova pericial, na sua decisão deve conter, a
nomeação de perito especializado que realizará o estudo/cálculos o objeto da perícia,
fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo pericial.

II) Por qual motivo o juiz poderia concluir pelo julgamento do processo no estado em
que se encontra?

Julgar o processo no estado em que se encontra, visa a encurtar o procedimento


comum, autorizando o juiz a deixar de realizar atos processuais inúteis ou desnecessários,
permitindo, ou não, que seja proferida a sentença.

Com base no artigo 353/CPC, “Cumpridas às providências preliminares, ou não


havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo,
observando o que dispõe o Capítulo X”, ou seja, julgará pela: extinção do processo, com ou

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sem resolução do mérito; no julgamento antecipado do mérito; no julgamento antecipado
parcial do mérito; ou no saneamento.

a) Extinção do processo – ocorre nas hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, I e III,
CPC/2015, onde juiz julgará extinto o processo, com ou sem resolução do mérito,
dependendo do caso. A extinção do processo, na maioria desses casos, será possível
depois das providências preliminares, ou seja, depois de se aplicar o contraditório.
a. Sem resolução do mérito – o juiz julgara nessa hipótese quando perceber a
inutilidade da continuação do processo, em razão de vício formal insanável,
deve determinar a extinção do processo sem a resolução do mérito;
b. Com resolução do mérito - Extingue-se com resolução de mérito quando
houver: prescrição ou decadência; homologação de reconhecimento jurídico do
pedido, de transação e de renúncia.
b) Julgamento antecipado do mérito - outra modalidade de julgamento conforme o estado
do processo pode ocorrer em duas hipóteses: quando não houver necessidade de
produção de outras provas, ou quando ocorrer o efeito material da revelia e o réu não
tiver comparecido em tempo hábil para produção de provas (art. 355, I e II,
CPC/2015);
c) Julgamento antecipado parcial do mérito – também é outra modalidade de julgamento
do processo no estado em que se encontra, onde o juiz pode julgar antecipadamente o
mérito de forma parcial. A primeira hipótese é mostrar-se incontroverso
(Incontroverso é aquilo que não está em discussão pelas partes) e a segunda,
desnecessidade de produção de nova prova (art. 356, I e II, CPC/2015);
d) Saneamento – outra modalidade julgamento do processo no estado em que se encontra
é o saneamento, onde nessa fase visa deixar o processo pronto para a fase instrutória.
O afastamento da exclusão faz com que o processo corra em curso normal,
culminando na decisão de saneamento, segundo artigo 357 do CPC. Quando as
questões preliminares trazidas pelo réu não forem bastante para provocar o julgamento
da extinção do processo, cabe ao juiz apreciá-las e rejeitá-las no saneador. Após isso
ou não havendo questões preliminares, declara-se saneado o processo.

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III) O que o juiz deve ter feito, ainda na fase de saneamento e organização do processo,
antes de proferir a decisão de saneamento e organização do processo?

Em essência, a fase de saneamento, objetiva prevenir que a instrução seja nula, inútil
ou mais longa do que necessário, bem como antecipar a todos os que participam do processo a
ciência das matérias que deverão constar da sentença.

O juiz antes de proferir a decisão de saneamento e organização do processo, conforme


o art. 357/CPC deverá: resolver as questões processuais pendentes; delimitar as questões de
fato e de direito; definir o ônus da prova; ordenar a produção das provas pertinentes.

Ou seja, cabe ao juiz “pôr a casa em ordem”, averiguando que não pendem defeitos
que possam depois afetar o resultado do processo, determinando o conserto daqueles que
eventualmente ainda existam e fixando as balizas da instrução probatória.

IV) O juiz pode, em sede de decisão de saneamento, já determinar pela produção de


prova pericial?

Sim. Com base no art. 357/CPC, o juiz poderá na decisão de saneamento solicitar se
for o caso, a produção de prova pericial. Assim, se houver essa determinação o juiz deve
seguir o que prevê o art. 465 e, com possibilidade de fixar calendário para sua realização
conforme art. 357, § 8º. Ressalta-se que o calendário processual (art. 191) é uma agenda de
prazos específicos para o processo, e também é um negócio jurídico processual, é um objeto
de consenso entre o juiz e as partes. Caso o processo contenha prova pericial, o juiz deve,
sempre que possível, definir um calendário para ela, ou seja, estabelecer prazos para a
aceitação do encargo pelo perito, a apresentação de quesitos pelas partes, a entrega do laudo
etc. Esse ato é uma decisão unilateral do juiz.

QUESTÃO 02 - Audiência é o ato processual solene realizado na sede do juízo que se presta
para o juiz colher a prova oral e ouvir pessoalmente as partes e seus procuradores. Em relação
à audiência, responda:

I) Cite as hipóteses em que a audiência não será pública.

Assim como versa o art. 189/CPC, todos os atos processuais são públicos, embora haja
algumas exceções em que o processo deverá tramitar em segrego de justiça. Vale ressaltar que
o segredo de justiça está vinculado aos atos do processo e não à sua própria existência.
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Porém, há casos em que, por interesse de ordem pública e por questões de foro íntimo
se restringe a publicidade dos atos processuais apenas as partes envolvidas no processo e seus
respectivos procuradores.

Desta forma, o art. 189 CPC elenca as hipóteses em que as audiências não serão
publicas como: em que o exija o interesse público ou social; que envolvam assuntos
relacionados ao casamento, ou seja, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; em que constem dados protegidos
pelo direito constitucional à intimidade; que versem sobre arbitragem, inclusive sobre
cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja
comprovada perante o juízo.

Em todos esses processos, as audiências realizam-se sem acesso público (art. 368),
com a presença apenas do juiz e seus auxiliares, bem como das partes e seus advogados, e,
ainda, do representante do Ministério Público, quando funcionar como custos legis (fiscal da
Lei).

II) Na presidência dos trabalhos da audiência, de que forma o juiz exerce o poder de
polícia?

A audiência de instrução e julgamento é presidida pelo juiz, que nela exerce poder de
polícia (art. 360). Cabe ao juiz na presidência dos trabalhos da audiência exercer o poder de
polícia para: manter a ordem e o decoro na audiência; ordenar que se retirem da sala de
audiência os que se comportarem inconvenientemente; requisitar força policial quando
necessário; tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério Público
e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que participe do processo e registrar em ata, com
exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência.

III) quais são os 04 (quatro) atos da audiência? Descreva o que ocorre em cada um deles.

A audiência é um ato processual solene onde se realiza uma sessão em que o juiz ouve
as partes na pessoa dos próprios interessados da ação, ou através de seus advogados ou
procuradores, deferindo seus requerimentos ou proferindo suas decisões sobre as questões de
fácil e pronta solução e publicando ainda suas sentenças.

A audiência de instrução e julgamento é constituída, na sistemática em quatro atos:

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 Atos preparatórios - atos que antecedem a audiência onde são designadas a data e
horário para a realização da audiência, a intimação das partes e outras pessoas que
devem participar do ato; realização do depósito do rol de testemunhas em cartório;
realização do pregão das partes e advogados na sua abertura;
 Atos conciliatórios - atos em que o juiz deve sempre buscar a conciliação das partes,
principalmente quando versarem sobre direitos patrimoniais privados. A conciliação
facilita uma rápida solução do litígio, dispensando a oitiva de testemunhas passando
diretamente para a homologação do acordo por sentença e a extinção do processo com
julgamento do mérito, fazendo coisa julgada material.
 Atos instrutórios - observa-se a regra do CPC contido no art. 361, ouvem-se
primeiramente os esclarecimentos dos peritos e assistentes técnicos (caso tenha
solicitado); segundo, ouvem-se depoimentos pessoais, onde primeiro se ouve o autor e
em seguida o réu; em seguida faz-se a inquirição de testemunhas do autor e em
seguida do réu; e por ultimo faz-se acareação de partes e testemunhas;
 Atos decisórios - debate oral e sentença. Após ouvidas as testemunhas o juiz dará a
palavra sucessivamente ao advogado do autor e ao do réu, bem como ao MP (caso este
tenha sido requisitado). Se a causa for complexa, pode-se dispensar o debate oral por
memoriais escritos, que serão produzidos sucessivamente pelo autor, pelo réu e pelo
MP, em prazo de 15 dias. E por fim, se caso o juiz se sentir em condições de
sentenciar o mesmo poderá fazer em audiência, caso contrário os autos serão
conclusos para sentença no prazo de 30 dias.

IV) O que ocorre se a parte autora faltar à audiência de instrução e julgamento?

Com base no § 8º do art. 334/CPC, o não comparecimento injustificado do autor ou do


réu à audiência de conciliação ou mediação é considerado ato atentatório à dignidade da
justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida
ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALVES, André e Saulo Alves. Do Julgamento Conforme o Estado do Processo. Blog Estudos
do Novo CPC, 2016. Disponível em: <https://estudosnovocpc.com.br/2016/09/21/do-
julgamento-conforme-o-estado-do-processo/>. Acesso em 11 de setembro de 2022.

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BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil – 8ª. ed. - São Paulo:
SaraivaJur, 2022. EPUB 1.016 p.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 17 março 2015.

DONIZETTI, Elpídio. Fase saneadora e julgamento conforme o estado do processo. Jusbrasil,


2016. Disponível em: <https://genjuridico.jusbrasil.com.br/artigos/417471289/fase-
saneadora-e-julgamento-conforme-o-estado-do-processo>. Acesso em 07 de setembro de
2022.

NETO, João Manganeli. Breves conceituações a respeito das audiências e suas fases no
Processo Civil Brasileiro Atual. Jusbrasil, 2015. Disponível em: <
https://joaomanganeli.jusbrasil.com.br/artigos/195528015/breves-conceituacoes-a-respeito-
das-audiencias-e-suas-fases-no-processo-civil-brasileiro-atual >. Acesso em 17 de setembro
de 2022.

LOPES, Rénan Kfuri. O Saneamento e a Organização do Processo no CPC. RKL


ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA, 2019. Disponível em: < https://www.rkladvocacia.com/o-
saneamento-e-organizacao-do-processo-no-cpc/#:~:text=Caso%20o%20processo
%20contenha%20prova,a%20entrega%20do%20laudo%20etc.> . Acesso em 11 de setembro
de 2022.

TALAMINI, Eduardo. Saneamento e organização do processo no CPC/15. Migalhas, 2016.


Disponível em:<https://www.migalhas.com.br/depeso/235256/saneamento-e-organizacao-do-
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