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PERÍCIA JUDICIAL

UNIDADE III
A PROVA PERICIAL
Elaboração
Márjorie Viúdes Calháo Leão

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE III
A PROVA PERICIAL................................................................................................................................................................................ 5

CAPÍTULO 1
DESENVOLVIMENTO DA PERÍCIA............................................................................................................................................ 5

CAPÍTULO 2
LAUDO PERICIAL......................................................................................................................................................................... 12

CAPÍTULO 3
ÉTICA PROFISSIONAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DO PERITO JUDICIAL............................ 17

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................35

APÊNDICES E ANEXOS..................................................................................................................................38
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A PROVA PERICIAL UNIDADE III

CAPÍTULO 1
DESENVOLVIMENTO DA PERÍCIA

Tipos de prova pericial (art. 464 do CPC)


Dispõe o art. 464 do CPC que “a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”,
podendo ser determinada de ofício ou a requerimento das partes.

a. Exames: perícia realizada em pessoas (avaliar o real estado desta, seja físico ou
mental), em coisas (pode se dar para a verificação de existência ou não, de defeitos
e vícios) ou Semoventes (animais).

b. Vistoria: recai sobre bens imóveis, com o intuito de verificar se estão comprometidos
ou danificados.

c. Avaliação: sua finalidade é a aferição de valor de mercado de determinado bem


ou direito.

d. Arbitramento: perícia em casos de direitos autorais, danos morais, arbitramento


de honorários. Trata-se de uma espécie de avaliação, a fim de se verificar o valor,
quantidade ou qualidade do objeto do litígio, serviços, direito ou obrigação.

Classificam-se em:

a. Judicial: quando exigida pela lei ou natureza da causa.

b. Extrajudicial: quando realizada fora do processo.

Podem ainda ser requeridas:

a. de ofício (determinada pelo juiz);

b. a requerimento da parte.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

A inspeção Judicial também é considerada como meio de prova e tem a finalidade de


esclarecer o juiz sobre “fato que interesse a decisão da causa”, na forma do art. 481
do CPC, podendo o juiz ser assistido por um ou mais peritos no ato da diligência que
realizará (art. 472 do CPC).

O art. 483 do CPC é claro ao dispor taxativamente sobre a finalidade da referida inspeção:

O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando:

I – julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos


fatos que deva observar;

II – a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis


despesas ou graves dificuldades;

III – determinar a reconstituição dos fatos.

Na Inspeção judicial, o trabalho do perito será apenas de auxílio ao magistrado, pois a


inspeção será realizada diretamente pelo magistrado, de ofício ou a requerimento da
parte, podendo ser realizada em qualquer fase do processo.

As partes poderão acompanhar o ato diligencial, podendo ainda se fazer acompanhar


de assistente técnico.

Produção antecipada de prova (art. 381 a 383 CPC)


A produção antecipada de provas ocorre nos casos previstos no art. 381 do CPC, senão,
vejamos:

I – haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito


difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;

II – a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição


ou outro meio adequado de solução de conflito;

III – o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o


ajuizamento de ação.

Trata-se de uma ação autônoma, em caráter de urgência, tendo a finalidade de aferição


da viabilidade do pleito principal ou mesmo a solução de uma composição amigável
para prevenir um litígio.

Não se discute o mérito da questão que envolve a prova a ser produzida antecipadamente,
mas apenas a higidez da prova, e somente será cabível caso não haja processo em
andamento.

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A Prova Pericial | UNIDADE III

A valoração da prova ficará a cargo do juiz da causa principal, e não do juiz da medida
que antecipou a prova nos autos da ação de antecipação de provas.

O requerimento de provas nesse tipo de ação não possui limitação, ou seja, podem
ser requeridas quantas provas forem necessárias, com pedidos bem fundamentados,
amparados nos incisos do art. 381 do CPC, cabendo ao juiz a decisão sobre o deferimento.

É imprescindível que se demonstre a necessidade de se produzir antecipadamente certa


prova, seja em razão do perigo de se tornar impossível ou muito difícil sua produção, seja
para evitar futuro litígio ou, ainda, para auxiliar na autocomposição, como preconiza o
art. 382, caput, do CPC.

Prova técnica simplificada. Causas de menor


complexidade (art. 464, § 1o, I, do CPC)
A teor do art. 464, § 1o, I, do CPC, o juiz poderá dispensar a perícia quando:

I – a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;

II – for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III – a verificação for impraticável.

A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição do expert em audiência


específica para que esclareça os pontos controvertidos da demanda que fogem à alçada
do conhecimento do magistrado (art. 464, § 3o, do CPC), podendo o perito se valer de
todo um aparato tecnológico de transmissão de sons e imagens, com o fito de esclarecer
a controvérsia (art. 464, § 4o, do CPC).

O perito não será pego de surpresa quanto aos questionamentos a serem abordados em
Audiência, na qual os quesitos serão anteriormente disponibilizados nos autos para que,
assim, o especialista possa preparar toda a tese sobre os esclarecimentos pertinentes.

Perícia deficiente ou inconclusiva (art. 465, § 5o, CPC)


Dispõe o art. 465, § 5o, do CPC que, “quando a perícia for inconclusiva ou deficiente,
o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho”, ou
seja, o Laudo Pericial será considerado deficiente ou inconclusivo, quando não
esclarecer tudo o que dele se espera como meio de entendimento sobre o ponto
controvertido da lide, não sendo satisfatoriamente esclarecedoras as manifestações
lá dispostas.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

Inúmeros fatores podem acarretar a insuficiência do trabalho pericial, tais como:


ausência de respostas a quesitos, falta de fundamentação no Laudo Pericial; não
esclarecimento do ponto controvertido da lide, podendo, dessa forma, o magistrado
reduzir a remuneração do perito como bem dita o artigo supracitado, como também,
inclusive, entender que não cabe a ele levantar os honorários periciais, se declarada
nula a perícia.

Com efeito, uma vez reputada a perícia como deficiente ou inconclusiva, haverá a
necessidade de realização de nova perícia com profissional diverso, em que outros os
honorários deverão ser pagos pela parte que acaba sendo onerada excessivamente e, por
conta disso, a redução e/ou até mesmo o não pagamento dos honorários poderá se impor.

Assim é o que dispõe o art. 465, § 5o, do CPC, ao ditar que poderá o juiz reduzir os
honorários do perito, caso considere a perícia deficiente ou inconclusiva.

Vale dizer ainda que, antes de a perícia ser declarada pelo juiz como inconclusiva ou
deficiente, poderá o perito prestar esclarecimentos em audiência específica para tanto,
a pedido das partes e/ou do próprio juízo.

Ocorre, então, a perícia deficiente ou inconclusiva quando o perito não observa seus
deveres de zelo, cautela e diligência, realizando a perícia com desleixo e negligência,
apresentando um laudo com conclusões singelas, sem esclarecer especialmente, o
ponto controvertido da causa, que nem mesmo após os eventuais esclarecimentos
será possível a valoração da prova pelo magistrado, que poderá, nesses casos, de
ofício ou a requerimento da parte, deferir a realização de uma nova perícia (art. 480
do CPC).

Nomeação de novo perito e nova perícia (art. 480 do CPC)


A nomeação de um novo perito para uma nova perícia num processo acontecerá quando
ficar caracterizada a deficiência da prova anteriormente produzida, retratada por um
laudo sucinto ou inconclusivo, momento em que o juiz determinará a realização de uma
nova perícia de ofício ou a requerimento da parte (art. 480 do CPC), não sendo a nova
perícia substitutiva, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra (art.
480, § 3o, do CPC).

A segunda perícia deverá suprir as omissões ou corrigir as inexatidões dos resultados


apresentados anteriormente, tendo como objeto, dessa forma, os mesmos fatos sobre
os quais recaiu a primeira (art. 480, § 1o, do CPC).

Não poderá funcionar o mesmo perito, uma vez que anteriormente lhe faltou conhecimentos
para suprir as necessidades do juízo (art. 468, I, do CPC), posto que não conseguiu realizar

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A Prova Pericial | UNIDADE III

seu trabalho técnico-científico de modo a esclarecer todas as questões controvertidas


da causa.

Quanto aos assistentes técnicos que laboraram na perícia anterior, eles poderão funcionar
na perícia nova a ser realizada.

Nos termos do art. 480, § 3o, do CPC, “a segunda perícia não substituirá a primeira,
cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra”.

Essa valoração virá apenas nos casos em que os vícios da perícia anterior sejam sanáveis,
já que, se o trabalho for considerado nulo, a hipótese lançada é que a segunda perícia
certamente substituirá a primeira. Nesses casos, a devolução e/ou não pagamento dos
honorários ao perito anterior será certa.

A finalidade da perícia tem por escopo a elucidação das questões técnicas ou científicas
pelo perito judicial especializado, incumbido a este exercer o encargo escrupulosamente,
a teor do art. 466 do CPC, o que significa atuar com zelo, cautela, diligência, observando
a boa técnica e a matéria posta em debate, devendo o laudo pericial ser redigido
em linguagem simples e plenamente fundamentado, com respostas conclusivas a
todos os quesitos, devendo constar os esclarecimentos necessários relativos ao objeto
da perícia.

Consequentemente, se o objetivo da perícia não foi atingido, esta não poderá ser considerada
válida, sendo de rigor ocorrer, a determinação de nova perícia em complementação ou
substituição.

Perícia consensual (art. 471 do CPC)


Prevê o art. 471 do CPC que as partes, de comum acordo, podem escolher um perito
que deverá atuar no caso, quando, então, no mesmo momento, deverão indicar seus
assistentes técnicos e apresentar quesitos.

Essa escolha deverá ser feita por meio de requerimento das partes, desde que plenamente
capazes e somente nas causas que admitem autocomposição, a teor do disposto no art.
471 CPC:

As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o


mediante requerimento, desde que:

I – sejam plenamente capazes;

II – a causa possa ser resolvida por autocomposição.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

O trabalho pericial será realizado em local e data previamente agendados, tendo o perito
que apresentar seu laudo no prazo fixado pelo juiz, assim como deverão fazer também
os assistentes técnicos com seus pareceres (art. 471, § 2o, do CPC).

A perícia consensual substituirá, para todos os efeitos legais, a perícia que se realizaria
caso um expert fosse nomeado pelo magistrado (art. 471, § 3o, do CPC).

Dispensa da perícia (art. 472 do CPC)


Nesse quesito, reforça-se a importância do Assistente Técnico quando contratado pela
parte previamente.

Existe a possibilidade legal de dispensa da prova pericial pelo juiz, ocorrendo nos casos
em que as partes apresentem, sobre a questão controvertida, pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que o juiz entender como suficientes, conforme dispõe o art.
472 do CPC:
"O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos
ou documentos elucidativos que considerar suficientes."

Tal dispensa da prova pericial é pouco utilizada na prática, uma vez que, como se trata
de pareceres técnicos levados aos autos como prova unilateral, por perito que não é
de confiança do juízo, será facilmente impugnado pela parte adversa, ocasião em que
certamente será realizada a perícia com perito de confiança do juízo.

Porém, de bom alvitre dizer que um Parecer Técnico bem elaborado, juntado à Inicial
ou defesa, certamente contribuirá para que a parte corrobore os argumentos expendidos
em sua peça, dando uma maior credibilidade aos fatos.

Desempenho da função (Art. 473 § 3o. CPC)


Dispõe o art. 473, § 3o, do CPC, que:

Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos


podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder
da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o
laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros
elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

Para que o perito judicial possa ter acesso a documentos da parte junto aos órgãos
e repartições públicas bem como empresas, bancos ou cartórios, é necessária uma
determinação judicial para tanto.

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A Prova Pericial | UNIDADE III

Muito embora esteja disposto em legislação específica que o perito pode “valer-se de todos
os meios necessários” para o desempenho de sua função, certo dizer que, na prática, os
órgãos e repartições públicas, bem como empresas, bancos e ainda cartórios, somente
liberarão documentações da parte periciada, com a apresentação de um ofício do juízo.

Dessa forma, é imprescindível o requerimento nesse sentido, devendo o perito judicial


realizar, por petição, ao juízo competente, o requerimento de expedição de ofício ou
ofício de apresentação do perito, expondo os fatos e a real necessidade de acesso aos
documentos do periciando.

Nomeação de mais de um perito (art. 475 do CPC)


Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico especializado em mais
de uma área de conhecimento, o juiz poderá nomear mais de um perito judicial para
funcionar nos autos.

Poderão as partes, ainda, indicar mais de um assistente técnico para cada área de
especialidade e formular quesitos específicos para cada perito responder.

Certo ainda dizer que:

ainda que complexa a perícia, por abranger mais de uma área de


conhecimento especializado, o juiz não está obrigado a nomear peritos
diversos, tudo ficando limitado ao seu discricionário poder de direção
do processo, até porque não está ele adstrito ao resultado encontrado,
podendo, se assim entender necessário, o que fará motivadamente,
renovar aquela realizada. TJSC. AI 432655 SC 2007.043265-5. Julgado
em 26.6.2009

Intimação do perito para comparecimento à audiência


(art. 477, § 3o e 4o, CPC)
Havendo necessidade de esclarecimentos complementares por parte do perito judicial
sobre algum ponto ainda não suficientemente esclarecido no Laudo Pericial, a parte ou o
próprio juízo requererá sua intimação com 5 (cinco) dias de antecedência, a comparecer
na Audiência de Instrução e Julgamento para responder às perguntas elaboradas sobre
a forma de quesitos, a teor do disposto no art. 477, § 3o e 4o, do CPC.

É importante dizer que os quesitos a serem respondidos pelo perito, a fim de esclarecimentos,
em audiência, serão previamente colacionados aos autos, para que possa, então, tomar
ciência e elaborar sua fundamentação oral.

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CAPÍTULO 2
LAUDO PERICIAL

O laudo pericial é peça técnica da lavra do perito expert que se pronunciará sobre as
questões submetidas à sua apreciação, de forma bastante clara e objetiva, com a finalidade
precípua de esclarecer o ponto controvertido da lide.

O magistrado, para formar seu convencimento, não está limitado ao laudo pericial,
podendo formar a sua convicção com outros elementos ou provas constantes dos autos,
podendo, inclusive, acatar os esclarecimentos manifestados no Parecer Técnico do
Assistente Técnico indicado nos autos, sendo o juiz livre para apreciar as provas constantes
dos autos, dando-lhes a valoração que entender devida

Estrutura
O art. 473 do CPC dispõe sobre a estruturação do laudo pericial, exigindo que o perito
judicial apresente:

a. a exposição do objeto da perícia – explanação clara e objetiva sobre os pontos


relevantes que integram o objeto da perícia, inclusive destacando as principais
questões que serão esclarecidas no trabalho pericial;

b. a análise técnica ou científica realizada – o perito deve relatar detalhadamente


e por meio de linguagem simples como desenvolveu o trabalho técnico ou científico,
de modo a permitir que o juiz e as partes compreendam todos os fundamentos que
o levaram a uma determinada conclusão;

c. a indicação do método utilizado – deve o perito indicar qual método utilizou


para alcançar suas conclusões, bem como esclarecer e demonstrar que a utilização
do método utilizado é o predominantemente aceito pelos especialistas da área do
conhecimento da qual se originou;

d. respostas conclusivas a todos os quesitos apresentados – o perito tem


o dever de apresentar “respostas conclusivas” a todos os quesitos apresentados
pelo juiz e pelas partes, inclusive os quesitos suplementares. Caso o magistrado
tenha indeferido algum quesito por entender pertinente, não deverá respondê-lo.

Não existe um modelo padrão para o Laudo Pericial, porém existem formalidades que
compõem a sua estrutura e que devem ser observadas.

Em regra, no mínimo, um laudo deve ter em sua estrutura os seguintes elementos:

a. abertura:

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› endereçamento ao juízo;

› nome das partes;

› no do processo, se houver;

› parágrafo introdutório com a identificação do perito.

b. Considerações iniciais

› breve síntese dos fatos.

c. Exposição sobre o desenvolvimento do trabalho:

› metodologia utilizada;

› identificação do objeto da prova pericial e sua finalidade;

› diligências realizadas.

d. Fundamentação sobre o objeto da perícia com os esclarecimentos


necessários

Considerações finais:

› conclusão com o enfrentamento objetivo dos pontos controvertidos da lide;

› opinião técnica e científica do perito sobre a matéria;

e. Quesitos – Respostas:

› transcritos na ordem do laudo;

› respondidos de forma clara e objetiva.

f. Encerramento do laudo:

› encerramento formal do trabalho pericial, sempre de forma simples e objetiva;

› descrição da quantidade de páginas e anexos que compõem o laudo;

› local e data;

› assinatura e identificação do perito.

g. Anexos:

› podem fazer parte o anexo: todo e qualquer demonstrativo de análise e documentos


indispensável à ilustração do trabalho técnico realizado.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

Requisitos
O laudo pericial precisa esclarecer o ponto controvertido da demanda, ser elaborado
com toda capacidade técnica, de forma isenta, para que possa, assim, elucidar a questão
para que tenha o juiz a capacidade de julgar o pleito de forma eficaz.

Se restarem lacunas, restará claro que o perito não se dedicou suficientemente


ao mister, ou, ainda, com a necessária atenção à obtenção das respostas necessárias, o
que poderá comprometer o resultado útil do trabalho, uma vez insuficiente ou lacônico.

O laudo pericial precisa ser escrito de forma clara e objetiva, evitando-se o prolixo e
termos científicos, em que o perito consignará as sínteses do objeto da perícia, os estudos,
a metodologia utilizada, as observações e diligências realizadas, bem como os critérios
adotados, resultados fundamentados, resposta aos quesitos e, finalmente, conclusões,
sendo o perito o único responsável pela preparação e redação do laudo, ainda que tenha
se valido de outro expert para o auxílio no encargo.

Como dito, poderá o perito se valer, na elaboração do seu trabalho pericial, de auxiliares
que operarão sob sua permanente orientação e supervisão, sendo importante saber
que não poderá ser imputada qualquer falha ou erro ao então auxiliar, uma vez ser
o perito judicial nomeado o único responsável, já que a nomeação recaiu somente a
sua pessoa.

A fim de garantir um bom trabalho pericial, o laudo pericial deve ser elaborado com:

» Precisão: respostas pertinentes e adequadas às questões formuladas ou finalidades


propostas.

» Objetividade: não se desviar da matéria que motivou a nomeação.

» Clareza: uso de linguagem acessível ao leigo, embora possa o perito preservar a


terminologia técnica e científica.

» Fidelidade: não se deixar influenciar por terceiros.

» Concisão: evitar estender-se demasiadamente, arrastando-se em explicações


prolixas, devendo emitir opinião que possa de maneira objetiva, facilitar e possibilitar
decisões.

» Confiabilidade: perícia realizada com apoio técnico e científico, baseado em


elementos inequívocos e válidos legalmente.

» Plena satisfação da finalidade: o trabalho deve estar coerente com os motivos


que o ensejaram.

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Quesitos e o ponto controvertido da lide


(art. 470, II, e art. 473, IV, do CPC)
Para que a perícia atinja sua finalidade de levar ao processo todos os esclarecimentos
necessários à compreensão da matéria, especialmente, esclarecendo o ponto controvertido
da lide, deverá o perito judicial atentar-se escrupulosamente a todas as regras que
disciplinam o trabalho pericial, sob pena de o trabalho realizado ser considerado
insuficiente, conciso, sucinto, acarretando sua imprestabilidade.

A atenta e indispensável leitura dos autos para que se entenda sobre o ponto controvertido
é de fundamental importância para o perito judicial, pois esse é o ponto central da
perícia, que deverá ser realizada com o objetivo de esclarecer as partes e o juízo sobre
a matéria discutida.

Atente-se que o art. 473, IV, do Código de Processo Civil expressamente dispõe que o
perito deve dar “respostas conclusivas”, não sendo admitidos quesitos com respostas
sem fundamentação.

Um dos principais objetivos do trabalho pericial é fornecer “respostas conclusivas” para


os quesitos formulados pelo magistrado e pelas partes, a fim de esclarecer os pontos
colocados em debate.

Em todas as etapas do laudo, inclusive ao responder quesitos, “o perito deve apresentar


sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como
alcançou suas conclusões” (art. 473, § 1o, do CPC).

Quesitos suplementares (art. 469 do CPC)


Quesito suplementar é o formulado após o prazo legal (art. 465, § 1o, III, do CPC), mas
apresentado antes da perícia ou diligência.

Pode ser apresentado durante a diligência, ocasião que o perito decidirá se responderá
no ato ou quando da entrega do Laudo Pericial ou, ainda, em Audiência de Instrução
e Julgamento.

Quesito complementar ou de esclarecimento é aquele que visa elucidar os fatos constantes


da perícia e são feitos quando da apresentação de eventual Impugnação ao laudo Pericial,
se for o caso.

As partes poderão apresentar quesitos suplementares para serem respondidos


pelo Perito, após a confecção do Laudo e após a entrega deste, porém, nesse caso, se

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UNIDADE III | A Prova Pericial

considerar os quesitos abusivos ou em grande quantidade, levando o Perito a trabalhar


mais ou realizar novas diligências para responder, será possível cobrar honorários
suplementares.

Ficará ao encargo do juiz analisar a pertinência e admissibilidade de tais quesitos


suplementares e eventual pedido de honorários suplementares.

Prazos (art. 471, § 2o, e art. 477 do CPC)


O laudo pericial deverá ser entregue no prazo fixado pelo juiz, com pelo menos 20
(vinte) dias de antecedência à data da audiência de instrução e julgamento (art. 477,
CPC).

Porém, havendo justo motivo, o perito poderá requerer ao juiz, uma única vez, a
prorrogação do prazo para entrega do laudo, o que não excederá a metade do prazo
originariamente assinado, na forma do art. 476 do CPC.

Após as devidas diligências, e apresentado o laudo pericial nos autos do processo,


abrir-se-á prazo de 15 (quinze) dias úteis para as partes manifestarem-se sobre o respectivo
laudo, momento em que poderão, ainda, ser apresentados os pareceres dos Assistentes
Técnicos indicados tempestivamente (art. 477, § 1o, do CPC).

Havendo divergências ou dúvidas do juízo e das partes, ou, ainda, se houver pontos
divergentes entre os pareceres técnicos e o laudo pericial, o perito judicial será intimado
para, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, apresentar os devidos esclarecimentos em
linguagem simples e com a devida fundamentação, na forma do art. 477, § 2o, do CPC.

Há de se ressaltar que, se mesmo após os esclarecimentos ainda persistirem dúvidas ou


divergências, a parte poderá requerer ao juiz a intimação do perito ou assistente técnico
para comparecimento à audiência de instrução e julgamento, em que o perito deverá
responder aos quesitos que forem apresentados previamente e juntamente com tal
requerimento (art. 477, § 3o, do CPC), sendo essa intimação realizada com pelo menos
10 (dez) dias de antecedência da audiência (art. 477, § 4o, do CPC).

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CAPÍTULO 3
ÉTICA PROFISSIONAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL
E CRIMINAL DO PERITO JUDICIAL

O presente tema foi abordado por esta Professora, em trabalho publicado no site Jusbrasil.

O perfil ético-profissional do perito


O perito indicado pelo juiz deve agir com ética profissional, realizando um trabalho
isento e imparcial, respeitadas a lei e a técnica (matéria fática que envolve o trabalho
pericial), com a finalidade de esclarecer os fatos ao juiz que geralmente não possui o
conhecimento técnico-científico para julgar o pedido.

A importância do trabalho isento e imparcial do perito deve-se ao fato, como já dito, de


ele estar sujeito às mesmas causas de impedimento e suspeição dos juízes, conforme
preceitua o art. 148, II, e art. 467 do Código de Processo Civil.

O perito judicial é considerado um auxiliar da justiça (art. 149 do CPC); um profissional


de confiança do juízo na formação e colheita do material instrutório, devendo, por
isso, manter a boa técnica e respeitar a disciplina legal sobre a matéria que envolve
a perícia.

Na busca pela verdade, perseguindo a prova, deve basear seu trabalho amparado no
senso crítico, de forma perspicaz, devendo observar criteriosamente todos os fatos e
dados ao seu alcance.

Deve ainda manter sua independência em qualquer circunstância, ou seja, não aceitar
pressão de advogados ou assistentes técnicos de uma parte ou de outra querendo interferir
no trabalho, devendo, assim, rejeitar qualquer tipo de pressão, vinda de qualquer parte,
mantendo-se, assim, independente na execução de seu trabalho, para evitar ingerências
que possam ocasionar ou induzir ao erro.

Em termos legais, o art. 466 do CPC apresenta a forma de conduta e do perito. Vejamos:
atuação
Art. 466 do CPC/2015: O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso.

§ 1o Os assistentes técnicos são de confiança das partes, e não estão


sujeitos a impedimento ou suspeição.

Em tal dispositivo, analisando a frase “escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido”,
podemos dizer que temos um conceito bastante amplo no âmbito da subjetividade, posto

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UNIDADE III | A Prova Pericial

que a palavra “escrupuloso” nos remete ao significado: “cuidadoso, zeloso, exigente,


rigoroso e meticuloso”, atributos esses que foram direcionados ao profissional, pelo
legislador.

Dessa forma, a responsabilidade que representa a opinião do perito é algo que não só
se limita à qualidade do seu trabalho, indo muito além. Nesse sentido, temos que os
deveres do perito exigem um comportamento ilibado, exemplar, sincero e honesto,
sempre com boa técnica, respeito às legislações, muita cautela e responsabilidade na
execução do seu laudo pericial.

A atividade pericial é fundamental no processo judicial, tanto para a análise do fato alegado
quanto para, principalmente, o convencimento do juízo que não detém de conhecimentos
específicos sobre determinada matéria técnica. Tem o condão de convencer e revelar a
verdade dos fatos, sendo, por isso, imprescindível que o perito haja nos limites de sua
competência, atuando com toda diligência, cautela e de forma isenta.

Dispõe ainda o art. 156 do CPC, relativo ao trabalho do perito perante o juízo:

O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de


conhecimento técnico ou científico.

§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente


habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos
em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

Temos, assim, que a obrigação de ser um profissional legalmente habilitado para o


desenvolvimento do trabalho já demonstra o grau de rigor técnico e científico que o
laudo pericial deva ser produzido.

Concluindo sobre ética, em uma apertada síntese, temos os seguintes pontos que devem
nortear o trabalho dos peritos:

a. Capacidade profissional/Confiança: estar preparado para desenvolver tudo


aquilo que lhe foi confiado pelo magistrado quando de sua nomeação, manifestando
sua opinião técnica e científica, respeitando os diplomas legais sobre a matéria,
com cautela e responsabilidade.

b. Independência: opinar livremente, de maneira objetiva, material, isenta e


imparcial, sem ingerência de quem quer que seja, especialmente, das partes.

c. Sigilo profissional: deve ser assegurado o sigilo sobre tudo o que for analisado
durante a execução do trabalho, sendo proibida a sua divulgação, salvo, claro,
quando houver obrigação legal de fazê-lo. Somente sendo permitido em defesa

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A Prova Pericial | UNIDADE III

da sua conduta técnica profissional, podendo, para esse fim, requerer autorização
a quem de direito.

d. Probidade: deve o perito atuar com lisura, integridade, zelo e honestidade, sempre
na busca do justo e do bom direito

e. Zelo, cuidado e cautela: deve o perito cumprir com cautela e dedicação o encargo
que lhe for confiado, atendendo ao cumprimento de prazos e às prerrogativas
profissionais no exercício de sua função

Como já foi bem falado sobre ética e sua essência, vale fazermos uma análise do atuar
do perito desde sua nomeação, porque é a partir desse primeiro momento (quando é
nomeado nos autos) que o perito já encara o contato com seu proceder ético.

O perito, de imediato à sua nomeação, antes mesmo de arbitrar seus honorários, deve
analisar os autos para ver se não há nenhuma causa de impedimento ou suspeição para
o exercício daquela função, bem como avaliar se está capacitado para bem desempenhar
aquele trabalho, pois, caso exista alguma impossibilidade, deve informar ao juízo e
recusar-se à nomeação. Isso é atuar com ética.

A partir daí, desenvolver seu trabalho com toda a probidade possível, mantendo-se
sempre fiel a todos os ditames legais e técnicos.

Há de ser ressaltado que todo o atuar ético atribuído ao perito judicial deve ser também
atribuído ao Assistente Técnico, pois ambos possuem a obrigação de atuar com ética
e respeito a todos os ditames legais, pois ambos exercem seus trabalhos de extrema
relevância ao Poder Judiciário, embora o assistente técnico seja de confiança, apenas,
da parte, e não do juízo.

A grande importância do atuar ético e da probidade técnica e moral do perito é devido ao


fato que, caso atue o mesmo com desonestidade e/ou ainda houver prestado informações
inverídicas por dolo ou culpa, estará passível de punição não se limitando, apenas, à
esfera administrativa de seu órgão de classe, multa e à inabilitação para funcionar em
outras perícias, mas ficará também sujeito à punição prevista no Código Penal e no
Código Civil.

Uma observação importante a ser feita é que, como já bem dito, para a responsabilização
do perito ou órgão técnico e científico, basta ficar caracterizada a culpa pela imprudência,
negligência ou imperícia, não sendo necessária a demonstração da intenção de prejudicar
uma das partes.

Vejamos, pois, o que dispõe os arts. 158 e o 927 do CPC:

19
UNIDADE III | A Prova Pericial

Art. 158 CPC.

O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá


pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras
perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das
demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao
respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.

Art. 927 do CPC:

Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

Resumindo, então, essa punição do perito poderá vir nas diferentes esferas da
responsabilidade, vejamos:

Responsabilidade é penal – quando o comportamento do agente se enquadra no


tipo descrito pela lei penal.

Responsabilidade é civil – quando o ato lesivo vem qualificado pelo elemento


subjetivo (dolo ou culpa), propiciando ao lesado a possibilidade de ressarcimento
(indenização).

Responsabilidade administrativa – quando o agente, por qualquer ato praticado no


exercício de suas atribuições legais, causa danos a outrem, aqui enquadrando também
a prática de regras de conduta relacionadas à sua função, desdobrando-se em ilícito
disciplinar e funciona.

Falsa perícia
Segundo Telles (2004, p. 497), a falsa perícia é um crime doloso, afirmando ser
“indispensável que o agente esteja consciente da falsidade da afirmação que fez
ou da verdade que nega ou cala e atuar com vontade livre de cometer falsidade.
Necessário, portanto, que ele tenha perfeita consciência de que falta com a verdade”.

Para tanto, é necessário o dolo, consubstanciado na vontade livre de fazer afirmação


falsa, com consciência de que falta à verdade.

Como já visto, o perito, enquanto auxiliar do Judiciário, possui responsabilidades


por seus atos, erros, equívocos ou transgressões, intencionais ou não, podendo ser
responsabilizado pela sua conduta.

20
A Prova Pericial | UNIDADE III

A produção de laudos periciais no sistema judicial em sua dimensão distorcida vem


causando imensos prejuízos às partes de um modo geral, já que, muitas das vezes,
produzidos por meio de fraudes ou ainda eivados de erros grosseiros.

Para fins de enquadramento nas responsabilidades civil e criminal do perito, o enfoque


há de ser concentrado, situando-se os deveres dos peritos no plano da lealdade,
honestidade e boa técnica, ligados ao princípio da moral e da ética, porque, havendo a
violação a esses deveres, com traço comum característico da má fé, acarretará o suporte
fático e normativo para desencadeamento de investigações e processo sancionador
pela prática de atos que importam enriquecimento ilícito e que causam prejuízo às
partes e ao erário.

As atividades periciais, nesse contexto, estão regradas por uma série de deveres que, se
agredidos e desrespeitados pelo perito tanto culposa quanto dolosamente, acarretará
abertura às responsabilidades e sanções correspondentes.

O laudo pericial pressupõe a honestidade, imparcialidade e certos níveis básicos


de preparo funcional do perito. Agindo com dolo ou culpa, o perito poderá ser
responsabilizado.

Tabela 3. Dolo x Culpa.

DOLO CULPA
Art. 18, I, do Código Penal Art. 18, II, do Código Penal
Age com dolo aquele que quer cometer um delito ou assume o Age com culpa aquele que comete o crime por negligência,
risco de cometê-lo imprudência ou imperícia
Conduta pode ser de agir ou deixar de agir. É uma conduta Conduta voluntária, mas que gera um dano involuntário, através
intencional, voluntária e com objetivo de atingir certo resultado da conduta descuidada
*Culpa inconsciente – O agente não prevê o resultado danoso,
apensar de ser algo previsível
O agente comete o ato ilícito por vontade própria
*Culpa consciente – o agente prevê que o resultado danoso é
possível, mas acredita que não irá acontecer
Requisitos: prática do ato; vontade de causar dano; dano Requisitos: prática do ato, NÃO vontade de causar dano; dano
consumado consumado
Fonte: elaborada pela autora (2021).

O principal elemento para diferenciar o dolo da culpa é a vontade de quem pratica um


ato ilícito, e, por vontade, entende-se tanto a intenção quanto o objetivo de se obter
certo resultado.

O crime de elaboração de laudo falso admite a forma dolosa ou culposa.

Tipo culposo – ocorre quando o resultado danoso decorre de conduta profissional


imprudente, negligente ou imperita, reconhecendo-se, assim, a modalidade

21
UNIDADE III | A Prova Pericial

culposa do crime. No que condiz com o laudo pericial, podemos dizer que é aquele
laudo confeccionado sem suporte em regras técnicas e racionais, sem estudo
diligente do caso, feito com descuido, desamparado por legislação específica
pertinente. Por isso, o perito precisa agir com toda cautela ao elaborar seu laudo
pericial, esquivando-se de assumir o risco de concretizar as condutas culposas na
espécie, quais sejam: negligência, imprudência ou imperícia, na confecção de seu
trabalho.

» negligência – ocorre quando alguém deixa de tomar uma atitude ou de apresentar


uma conduta esperada para a situação, agindo com descuido, indiferença ou
desatenção, não tomando as devidas precauções;

» imprudência – pressupõe uma ação precipitada e sem cautela.

» imperícia – é necessário constatar a inaptidão, ignorância ou ausência de


conhecimentos básicos da profissão. Ex.: o perito deixa de aplicar a técnica adequada
à apuração dos fatos chegando a um resultado equivocado.

Tipo doloso – Falando sobre a elaboração de laudo com dolo, é certo dizer que, mesmo
que o perito não tenha agido de forma deliberada, com o intuito de cometer o crime, mas
agiu com clara consciência de que a sua conduta seria de considerável risco a qualquer
uma das partes, será tipificado no crime doloso. É preciso que o documento seja total
ou parcialmente falso ou enganoso, por ação ou omissão, ou seja, não correspondendo
à verdade ou buscando induzir alguém a erro.

E aqui não podemos deixar de falar que o crime doloso é uma agravante de pena.

Responsabilidade civil x responsabilidade criminal


do perito judicial
A responsabilização do perito judicial ocorrerá nas hipóteses de violação a um dever
legal, por dolo ou ainda, na figura das três modalidades de culpa: imprudência, imperícia
ou negligência, exigindo-se a apuração rigorosa da conduta.

A obrigação de reparar/compensar o dano advém da ação ou omissão voluntária,


negligência, imprudência ou imperícia, conforme dispõe a leitura dos arts. 186, 187 e
927 do Código Civil.

Art. 186 Código Civil

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,


violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.

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A Prova Pericial | UNIDADE III

Art. 187 Código Civil

Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,


excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927 Código Civil

Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

A finalidade basilar da responsabilidade civil é restabelecer o status quo ante


(mesma situação anterior) de forma a reparar ou compensar o dano suportado pela
vítima.

A responsabilidade civil do perito é sempre subjetiva, com a devida comprovação da


culpa, cabendo, em regra, o ônus da prova a quem alegar, conforme preceitua o art.
373, I, do CPC:

O ônus da prova incumbe:

I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do autor.

Para fins de responsabilidade civil do perito, é imprescindível a ocorrência de 3 (três)


pressupostos: a culpa, o dano e o nexo causal, que é o liame que liga a conduta do agente
ao dano, de forma que, se este não foi causado pela ação/omissão de quem se pretende
responsabilizar, não há que se falar em responsabilidade.

As causas de excludentes de responsabilidade são aquelas capazes de afastar pelo menos


um dos elementos essenciais para a responsabilização civil. Estão previstas no art. 188
do Código Civil, senão, vejamos:

Não constituem atos ilícitos:

I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um


direito reconhecido;

II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a


fim de remover perigo iminente.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando
as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo
os limites do indispensável para a remoção do perigo.

A título de curiosidade, do que se entende pelo artigo supramencionado é que a legítima


defesa, exercício regular de um direito, estado de necessidade e estrito cumprimento do
dever legal, são tidos como excludentes da responsabilidade civil subjetiva

Existe, ainda, hipóteses outras de excludentes de responsabilidade, seja objetiva ou


subjetiva, ocorrendo nas situações em que o nexo causal é afastado (ocasião em que,
mesmo que o agente esteja envolvido no evento danoso, não será responsabilizado pois
não contribuiu para o dano na espécie).

São três as possibilidades de exclusão de responsabilidade:

» caso fortuito entende-se por aqueles eventos que independem das partes
envolvidas no dano ou que sejam imprevisíveis, como guerras, greves, rebeliões;

» força maior, relacionada a eventos naturais que, ainda que previsíveis, são
inevitáveis (enchentes, terremotos);

» culpa exclusiva da vítima, retira a culpa do agente quando o evento aconteça


independentemente de sua contribuição;

» fato de terceiro, ocorre quando o fato foi cometido por terceiro, rompendo o
nexo causal.

A responsabilização civil do perito pode ser promovida por uma ação de indenização
por danos materiais e morais, sendo imprescindível para o dever de reparação, que haja
provado o efetivo dano e o nexo causal.

Já a responsabilidade criminal ocorre quando alguma lei penal ou norma é descumprida,


e, claro, quando há como resultado causar dano a alguém. A responsabilização do perito
ocorrerá por meio das imposições das sanções penais.

Tratando das responsabilidades, temos aqui a diferenciação básica entre as duas esferas para
breve melhor compreensão àqueles que não são da área do direito. Vejamos as diferenças:

Tabela 4. Responsabilidade civil x responsabilidade criminal.

Responsabilidade civil Responsabilidade criminal


Imprescindível que haja uma conduta danosa que gere um
É imprescindível que haja cometimento de um crime
dano patrimonial ou moral. Aqui, independe da noção de crime
Visa reparar o prejuízo causado pelo agente, à vítima Visa a punição do agente, para proteger a ordem social

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A Prova Pericial | UNIDADE III

Responsabilidade civil Responsabilidade criminal


Acarreta, em regra, a reparação de danos materiais e morais
Acarreta a privação da liberdade, restrição de direitos e multa
(indenização)
Preocupa-se com o restabelecimento do equilíbrio perturbado
Preocupa-se com a reparação do dano, através da pena
pelo dano, seja patrimonial ou extrapatrimonial
Fonte: elaborada pela autora (2021).

Crimes previstos no código penal envolvendo o perito


Para a responsabilização criminal, é imprescindível o cometimento de um crime.

CRIME DE FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA

Art. 342 do Código Penal: Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a


verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete
em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral: (Redação dada pela Lei n. 10.268, de 2001)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada


pela Lei n. 12.850, de 2013)

§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado


mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada
a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for
parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação
dada pela Lei n. 10.268, de 2001)

§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em


que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação
dada pela Lei n. 10.268, de 2001).

Com base no caput desse artigo, temos listadas três condutas que levam à possibilidade
de uma punição, intitulada como crime de falso testemunho ou falsa perícia:

» fazer afirmação falsa: é o mesmo que afirmação mentirosa.

» negar: ocorre quando se sabe a verdade, mas nega-se que não se sabe.

» calar a verdade: omitir totalmente uma informação. Simplesmente se calar e


nada dizer; não responder às perguntas.

São sujeitos ativos da conduta: testemunha, perito, contador, tradutor ou


intérprete.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

Temos que a penalidade prevista no caput do artigo pode ser majorada em três situações:

» quando qualquer dos sujeitos do crime (testemunha; perito; contador; tradutor


ou intérprete) receberem suborno para fazerem afirmação falsa, calar ou negar a
verdade;

» quando essa afirmação falsa, o silêncio (calar) ou negação da verdade (negar a


verdade), for para produzir prova em processo penal;

» quando essa afirmação falsa, o silêncio (calar) ou negação da verdade (negar


a verdade), for para obtenção de prova em processo civil (processos em que
forem partes entidades da administração pública direta ou indireta). Nesse caso
é imprescindível que aquela entidade seja “parte”, ativa ou passiva, em ação
processual civil e ainda que a conduta incriminada objetive produzir efeitos
naquela ação processual.

Entende-se por suborno o oferecimento de vantagem para obtenção de algo ilícito. Essa
vantagem, não necessariamente é em valor pecuniário, podendo ser vantagem moral,
sexual, um privilégio, um lucro, um benefício.

Excludente de punibilidade é um fato que, se ocorrer, vai extinguir a possibilidade do


criminoso ser punido.

Pela leitura do art. 342, temos que, caso o sujeito se retrate ou declare a verdade, antes
da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o fato deixa de ser punível, ou seja,
não poderá ser responsabilizado penalmente.

Mas nada impede que haja a responsabilização na esfera civil, uma vez que as esferas
são independentes, como dispõe o art. 935 do Código Civil:

"A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo


questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu
autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal."

A retratação, para o direito, significa voltar atrás na afirmação prestada, dizendo a verdade.

Percebam ainda que a retratação deve ser feita antes da sentença do processo em
que houve a mentira, e não naquele processo em que o agente está respondendo pela
mentira.

Observação: tanto o crime de falso testemunho quanto o crime de falsa perícia são crimes
dolosos. Vale aqui comentar que, para a caracterização do crime, a afirmação falsa tem
que ser relevante, sendo capaz de influir no mérito da causa.

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A Prova Pericial | UNIDADE III

CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA OU PERITO

ART. 343 do Código Penal

Art. 343 – Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem


a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos,
tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei n. 10.268, de 2001)

Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei
n. 10.268, de 2001)

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o


crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei n.
10.268, de 2001)

O art. 343 do CP trata do crime de corrupção ativa especial, pois atenta contra a
administração da justiça, porque a corrupção aqui é voltada para a testemunha e os
auxiliares da justiça (perito, contador, tradutor ou intérprete).

O delito desse artigo exige, para sua configuração, o dolo específico, consistente
na vontade conscientemente dirigida à prática de qualquer das ações indicadas no
dispositivo legal.

Baseado no caput desse artigo, temos listadas três condutas que levam à possibilidade de
uma punição, intitulada como crime de corrupção ativa. E quais são essas condutas? Dar,
oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem (patrimonial ou moral).

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa! Assim, quem dá, oferece, promete, dinheiro
ou qualquer outra vantagem de ordem moral ou patrimonial com o objetivo de fazer
com que a testemunha, perito, intérprete, tradutor ou contador, faça afirmação falsa,
negue ou cale a verdade, em depoimento, perícia, cálculo, tradução ou interpretação,
responderá pelo crime do art. 343 do CP, ou seja, crime de corrupção ativa de testemunha
ou perito.

E a testemunha ou perito, intérprete, tradutor, contador corrompido,


responderão por qual crime? Responderão pelo crime do art. 342 do CP (crime de
falso testemunha ou falsa perícia), com pena acrescida diante do suborno.

Observação: o delito tipificado no art. 343 do Código Penal exige que, no momento da
conduta típica, o destinatário da vantagem (aquele que recebe a vantagem) ostente a
condição de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete.

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UNIDADE III | A Prova Pericial

Por esse artigo, temos um dolo, qual seja, a vontade de praticar uma das condutas
previstas no tipo (dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem) cuja finalidade
específica (dolo específico) é o de determinar a prática de falso testemunho ou falsa
perícia (fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, tradução
ou interpretação).

O legislador deixou bem claro essa finalidade específica: “para fazer afirmação falsa,
negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação”.

E o que significa dizer “em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação”?


Nesse caso, é imprescindível que exista processo judicial em trâmite, seja civil, criminal,
administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral.

A conduta do agente deve estar dirigida a prejudicar/condenar ou beneficiar/absolver.

A consumação do crime se dá quando o sujeito ativo pratica as condutas de dar, oferecer


ou prometer o dinheiro ou a vantagem, independentemente de qualquer resultado lesivo.
O resultado buscado pelo sujeito ativo não precisa ser necessariamente concretizado,
admitindo tentativa (oferta de dinheiro por carta, que vem a ser interceptada por
terceiros).

Nesse crime em espécie, o agente poderá ser punido com pena privativa de liberdade
e multa, podendo essa penalidade ser majorada caso o crime seja cometido com o fim
de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou civil em que for parte
entidade da administração pública direta ou indireta.

Suborno de Funcionário Público caracteriza o crime de corrupção ativa prevista no art.


333 do Código Penal.

Tabela 5. Crime de Falso Testemunho ou Falsa Perícia x Crime de Corrupção Ativa de Testemunha
ou Perito.

Crime de falso testemunho ou falsa perícia Crime de corrupção ativa de testemunha ou perito
Art. 342 CP Art. 343
Sujeito ativo: testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete Sujeito ativo: qualquer pessoa (que pratica o ato)
Conduta: dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
Conduta: fazer afirmação falsa, calar ou negar a verdade
vantagem
Consumação: no momento da prática do ato (quando o sujeito dá,
Consumação: no momento da prática do ato (momento em que
oferece ou promete dinheiro ou vantagem), independentemente
o sujeito faz afirmação falsa, cala ou nega a verdade
de qualquer resultado e ainda que não aceita
Crime doloso = finalidade específica dirigida a prejudicar/
Crime doloso = finalidade específica de influir no mérito da causa
condenar

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A Prova Pericial | UNIDADE III

Crime de falso testemunho ou falsa perícia Crime de corrupção ativa de testemunha ou perito
Art. 342 CP Art. 343
A maioria da doutrina não admite a forma tentada, pois entendem
É possível modalidade tentada (na forma escrita)
ser o ato unissubsistente (aquele que é realizado por ato único
Admite retratação, desde que ANTES da sentença -
Fonte: elaborada pela autora (2021).

CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA

Art. 333 CP: Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário


público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 1 (um) ano a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se, em razão da


vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício,
ou o pratica infringindo dever funcional.

É aquele crime cometido por particular contra a administração e tem suas regras definidas
no art. 333 do Código Penal Brasileiro.

O que seria ato de ofício? Trata-se de ato de um administrador público ou de um juiz,


delegado, MP, quando é executado em virtude do cargo ocupado.

Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, inclusive funcionário público, quando não
estiver no exercício da função.

A corrupção ativa somente pode ocorrer anteriormente à prática do ato, já que a vantagem
deve ser entregue como motivo determinante da prática do ato ou de seu retardamento
ou omissão pelo funcionário público.

Condutas que levam à possibilidade de uma punição:

Aqui estamos diante de duas condutas passíveis de punição. Vejamos:

1. oferecer vantagem indevida a funcionário público: a ação parte do particular


e não do funcionário público.

› caso o funcionário público receba a vantagem, não estaremos diante de um


crime de corrupção ativa, mas sim corrupção passiva;

› caso o funcionário público exija a vantagem, estaremos diante de crime de


concussão;

2. prometer vantagem indevida a funcionário público: aqui o legislador só


quis diferenciar a ação, mas que no final, resulta em conduta equivalente.

29
UNIDADE III | A Prova Pericial

› caso o funcionário público aceite aquilo que foi prometido, responderá pelo
crime de corrupção passiva.

Para a consumação do crime, basta que o particular ofereça ou prometa vantagem


indevida a funcionário público que o crime já estará consumado, pouco interessa se ele
vai pagar a propina ou não.

Nos casos em que há um aceite por parte do funcionário público e este pratique, omita
ou retarde o ato de ofício em razão da vantagem ou promessa, haverá um aumento de
pena, na forma do parágrafo único do art. 333 (a omissão ou o retardo do ato infringindo
dever funcional não representa mero exaurimento da conduta, mas sim uma causa de
aumento de pena).

CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA

Art. 317 CP: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada


pela Lei n. 10.763, de 2003)

§ 1o A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem


ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de
ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

§ 2o Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício,


com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem:

Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.

É o crime praticado pelo funcionário público (sujeito ativo) contra a administração


pública, sendo a vítima o Estado, e apenas na conduta solicitar é que a vítima será, além
do Estado, a pessoa ao qual foi solicitada.

O sujeito ativo desse crime é o funcionário público, sendo exigido desse vínculo
funcional.

A vantagem indevida tem que decorrer vinculada com a função do funcionário público,
não basta o sujeito ativo ser funcionário público, ele tem que buscar essa vantagem
indevida, essa propina, valendo-se da função pública.

Condutas que levam à possibilidade de uma punição: estamos diante de três


condutas passíveis de punição: solicitar, receber ou aceitar.

30
A Prova Pericial | UNIDADE III

Nos verbos solicitar e aceitar – basta que o sujeito ativo pratique a conduta, que o
crime já vai estar consumado, pouco interessa se ele vai receber ou não essa propina.

Já no verbo receber – exige-se o efetivo recebimento do dinheiro ilícito ou da vantagem


ilícita. Caso ele não aceite, o crime poderá ser tentando.

Observação: a jurisprudência entende que pequenos mimos ou “lembrancinhas” recebidos


por funcionários públicos de forma não recorrente não devem ser interpretados como
vantagem (ilícita).

Ensina Rogério Greco (2014, p. 454) que tais fatos simplesmente “poderiam ser excluídos
pela ausência de dolo, pois, nesses casos, não se poderia falar em verdadeira corrupção,
mas, sim, em agrados, gentilezas, política do bom relacionamento, mesmo que não
tão sinceras quanto pareça”. A razoabilidade e o bom senso são fundamentais em tais
situações.

Observação 1: Se, a pessoa que está pedindo a vantagem for uma testemunha, perito
não oficial, tradutor, ou intérprete em processo judicial, temos um crime específico, que
é o crime de falso testemunho ou falsa perícia (art. 342 do CP).

Observação 2: não necessariamente a vantagem precisa ser econômica, pode ser moral,
sexual ou outro tipo de vantagem.

E o Particular? Não pode ser sujeito ativo, mas pode ser coautor ou partícipe, desde que
tenha ciência de que o sujeito ativo é um funcionário público.

É causa de aumento de pena, na forma do § 1o do art. 317 do CP, quando o funcionário


público retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou prática infringindo dever
funcional.

Já nas causas de diminuição da pena (privilégio), temos o § 2o do art. 317 do CP, que trata
da corrupção passiva privilegiada, e aqui, não se fala em vantagem ilícita, em propina,
não há um favorecimento pessoal do funcionário público. Aqui, há o coleguismo para
ajudar a terceiro. Nesse caso, a pena será minorada.

Tabela 6. Corrupção ativa x corrupção passiva x crime de concussão.

Corrupção ativa Corrupção passiva


Art. 333 do CP Art. 317 do CP
Sujeito ativo é o particular que realiza a ação de oferecer ou
Sujeito ativo é o funcionário público
prometer vantagem indevida.
Conduta: oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
Conduta: receber, aceitar promessa ou solicitar propina
público

31
UNIDADE III | A Prova Pericial

Corrupção ativa Corrupção passiva


Art. 333 do CP Art. 317 do CP
Razão: para que o funcionário público, pratique, omita ou retarde
Razão: vantagem indevida para si ou terceiro
o ato de ofício (atos inerentes à sua atribuição)
Consumação: quando solicitar e aceitar (no momento da
Consumação: no momento da prática do ato. prática do ato, independentemente de seu resultado)
Quando receber (quando do recebimento)
Crime de concussão
Art. 316 do CP
No crime de concussão, o funcionário público não apenas solicita ou recebe a compensação indevida, mas ele exige tal vantagem.
Ele impõe o recebimento de uma compensação, e não simplesmente a propõe. Há uma ameaça, intimidação, coação.
Fonte: elaborada pela autora (2021).

Responsabilidade civil e criminal do assistente técnico


O perito judicial é um auxiliar da justiça, possuindo deveres e responsabilidades perante
o juízo, tendo a obrigatoriedade de atuar com imparcialidade.

Já os assistentes técnicos são auxiliares das partes, e seu compromisso é com


elas, não com o juízo (art. 466, § 2o) e, ao contrário do perito judicial, não tem a
obrigação de atuar com imparcialidade, pois estará atuando para uma das partes
do processo, mas, de toda sorte, deverá agir com cautela, ética e de acordo com o
Regulamento/Estatuto de seu Órgão de classe, caso haja, conquanto o interesse na
própria credibilidade que recomendam que sua conduta seja sempre pautada pela
isenção e pela objetividade.

Vejamos, pois, as disposições legais sobre o assistente técnico:

Art. 465 CPC:

O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de


imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação


do despacho de nomeação do perito:

I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;

II – indicar assistente técnico;

Assim, o assistente técnico é contratado pela parte para representá-la na perícia, sendo
pessoa de sua confiança e não do juízo.

32
A Prova Pericial | UNIDADE III

O art. 95 do CPC determina quem é o responsável pela sua remuneração:

Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver


indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido
a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou
requerida por ambas as partes.

Quanto à suspeição e ao impedimento, os assistentes técnicos não estão sujeitos a tais


regras, conforme dispõe o art. 466 do CPC:

O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,


independentemente de termo de compromisso.

§ 1o. Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos


a impedimento ou suspeição.

O assistente técnico tem por tarefa suprir a deficiência, relativamente


àquele saber específico, do litigante que o indica, a fim de lhe ensejar
ou facilitar a compreensão de matéria técnica, científica ou artística
relevante ao julgamento da causa.

Por conta dessa incumbência, ao assistente técnico não se aplicam as causas de


impedimento e suspeição dos peritos, e sua indicação ou destituição ficam fora da esfera
de decisão do magistrado, cabendo exclusivamente à parte.

Contudo, o assistente não está desobrigado de expor os fatos conforme a realidade e de


acordo com as técnicas de sua especialidade profissional, sob pena de caracterização de
infração ético-disciplinar bem como crimes previstos no código penal e indenizações
civil, como já bem retratado nesse trabalho.

Mas, e quanto às responsabilidades civil e criminal, os peritos assistentes


técnicos poderão ser enquadrados?

A resposta é sim. Tanto o perito do juízo quanto o assistente técnico têm a obrigação
de atuar com lisura e honestidade no processo para que não incorram nas sanções civil
e criminal.

O assistente técnico será solidariamente responsável com seu cliente, se produzir laudo
pericial visando interpor ação temerária, desde que com aquele coligado para lesar a
parte contrária, o que deverá ser apurado em ação própria.

Nos casos de atuação culposa do assistente técnico, por imprudência, negligência ou


imperícia, a parte prejudicada poderá ajuizar ação civil de ressarcimento por perdas e
danos, desde que provados os respectivos pressupostos.

33
UNIDADE III | A Prova Pericial

O assistente técnico pode responder pelo crime de falsa perícia?

Pelo crime de falsa perícia não responde porque ele não é perito. A depender do caso
concreto, o assistente pode responder por falsidade ideológica (inserir informações
falsas em seu laudo).

Atenção: uma coisa é quando se emite uma opinião diversa da perícia (exemplo:
entendimento que a vítima caiu, ao passo que a perícia concluiu que foi jogada), o que
não configura crime algum.

Se, por acaso, o assistente insere informações falsas ou ainda omite informações, aí é o
caso de concluir pela falsidade ideológica.

Vejamos o dispositivo legal inserido no art. 299 do Código Penal.

Art. 299 Código Penal (FALSIDADE IDEOLÓGICA)

Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia


constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público,


e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único – Se o agente é funcionário público, e comete o


crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de
assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Nesse crime, temos três condutas:

» omitir = crime na modalidade dolosa.

» inserir = o próprio agente que com as próprias mãos insere a informação mentirosa.

» fazer inserir = criminoso se utiliza de terceira pessoa para fazer inserir informação
mentirosa.

34
REFERÊNCIAS

BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Sinopses Jurídicas. Teoria geral do processo e processo
de conhecimento. 8. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.

DIDIER Jr., Fredier. Curso de direito processual civil. [S.l]: Editora Podivm, [s.d.].

GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 8. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010.

GRECO, Rogério. Curso de direto penal – Parte Especial – Vol. IV. São Paulo. Impetus, 10. ed.
2014, p. 454.

TELLES, Ney Moura. Direito penal. Parte Especial. v. 3. São Paulo: Atlas, 2004.

VELHO, Jesus Antonio; GEISER, Gustavo Caminoto; ESPINDULA, Alberi. Ciências forenses:
uma introdução às principais áreas da criminalística moderna. 2. ed. São Paulo: Ed. Millennium,
2013.

Sites
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.tjrj.jus.br/web/guest/
home#undefined.

Justiça Federal. Disponível em: https://www.jfrj.jus.br/.

Tribunal Regional do Trabalho. Disponível em: https://www.trt1.jus.br/.

Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: www.cnj.gov.br.

Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/


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Dicionário Michaelis. Disponível em https://michaelis.uol.com.br/. Acesso em: 27 out. 2021.

Provimento 20, de 16 de outubro de 2017. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/publicacoes/publicacoes-


oficiais/provimento-judicial/2017/provimento-20-de-16-10-2017. Acesso em: 27 out. 2021.

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Correntes do STJ, na hipótese de duplicidade de intimações. Disponível em: https://www.tjdft.jus.


br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/jurisprudencia-em-perguntas/direito-civil-e-
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a-publicacao-no-diario-de-justica. Acesso em: 27 out. 2021.

Lei 11.419/2006 - Dispõe sobre a informatização do processo judicial. Disponível em: http://www.planalto.
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Citação por whatsapp. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/quentes/341465/stj-autoriza-


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portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5250582. Acesso em: 27 out. 2021.

35
Referências

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Excesso de plataformas de processos eletrônico atrapalha advogados. Disponível em: https://www.conjur.


com.br/2017-out-03/excesso-sistemas-processo-eletronico-atrapalham-advogados. Acesso em: 27 out. 2021.

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Assistência Judiciária Gratuita. AJG. Disponível em: https://www.jfrj.jus.br/consultas-e-servicos/


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STF afasta artigos da reforma trabalhista que alteram acesso à justiça gratuita - https://www.jota.info/stf/
do-supremo/stf-afasta-artigos-da-reforma-trabalhista-que-alteram-acesso-a-justica-gratuita-20102021.
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Balcão Virtual. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/


justica-4-0/balcao-virtual/. Acesso em: 26 out. 2021.

Assinatura Eletrônica x Assinatura Digital. Disponível em: https://www.eng.com.br/artigo.


cfm?id=7414&legislacao-sobre-assinaturas-eletronicas-o-que-mudou. Acesso em: 27 out. 2021.

A Ética e a responsabilidade criminal do Perito Judicial. Disponível em: https://marjorieleao.jusbrasil.com.


br/artigos/870410822/a-etica-e-a-responsabilidade-criminal-do-perito-judicial. Acesso em: 31 out. 2021.

Medida Provisória 2.200-2/2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/


Antigas_2001/2200-2.htm. Acesso em: 30 out. 2021.

Resolução 16/2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas_2001/2200-2.


htm. Acesso em: 31 out. 2021.

Institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico. Resolução 185/ 2013. Disponível em: https://atos.
cnj.jus.br/atos/detalhar/1933#:~:text=Institui%20o%20Sistema%20Processo%20Judicial,para%20
sua%20implementa%C3%A7%C3%A3o%20e%20funcionamento.&text=DJE%2FCNJ%20n%C2%B0%20
241,%2F12%2F2013%2C%20p. Acesso em: 31 out. 2021.

Resolução 281/2019. Altera a Resolução CNJ 185/2013 para instituir a opção de assinatura de documentos
e registro do ato processual em meio eletrônico no sistema do Processo Judicial Eletrônico. Disponível
em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/atos-normativos?documento=2880 . Acesso em: 31 out. 2021.

Imagens
Assinatura digital x assinatura eletrônica. Fonte: disponível em: https://www.eng.com.br/artigo.
cfm?id=7414&legislacao-sobre-assinaturas-eletronicas-o-que-mudou. Acesso em 31 out. 2021.

Figura 1. Representação da Relação Processual. Fonte: elaborada pela autora (2021)

Tabela 1. Responsabilidade pelo Pagamento dos Honorários Periciais. Fonte: elaborada pela autora (2021).

36
Referências

Tabela 2. Perito Judicial x Assistente Técnico. Fonte: elaborada pela autora (2021).

Tabela 3. Dolo x Culpa. Fonte: elaborada pela autora (2021).

Tabela 4. Responsabilidade Civil x Responsabilidade Criminal. Fonte: elaborada pela autora (2021).

Tabela 5. Crime de Falso Testemunho ou Falsa Perícia x Crime de Corrupção Ativa de Testemunha ou
Perito. Fonte: elaborada pela autora (2021).

Tabela 6. Corrupção Ativa x Corrupção Passiva x Crime de Concussão. Fonte: elaborada pela autora (2021).

Tabela 7. Assinatura Digital x Assinatura Eletrônica. Disponível em: https://www.eng.com.br/artigo.


cfm?id=7414&legislacao-sobre-assinaturas-eletronicas-o-que-mudou.

Tabela 8. Artigos Importantes para os Peritos e Assistentes Técnicos. Fonte: elaborada pela autora (2021).

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APÊNDICES E ANEXOS

Artigos importantes aos peritos e assistentes técnicos

Tabela 8. Artigos Importantes para Peritos e Assistentes Técnicos.

Artigo Prazo
Pagamento dos Honorários do Perito se perícia requerida pela Fazenda Pública,
Art. 91
Ministério Público ou Defensoria Pública
Art. 95 Pagamento dos Honorários do Perito de forma adiantada
Pagamento dos Honorários do Perito quando parte é beneficiária da Gratuidade
Art. 95
de Justiça
Art. 98 Gratuidade de justiça
Art. 98, § 1o, Inc. VI Gratuidade de justiça. Atuação perito
Art. 144 e 156, § 4o. Impedimento
Art. 145 Suspeição
Art. 148, Inc. II Aplicação impedimento/suspeição aos auxiliares de justiça
Art. 149 Auxiliares da justiça
Art. 156 Perito
Art. 156, § 1o Nomeação do perito
Art. 156, § 2o Cadastro de peritos
Art. 156, § 3o Avaliação de peritos
Art. 156, § 5o Nomeação livre pelo juiz
Art. 157, caput Obrigação do perito
Art. 157, § 1o Prazo para recusa de nomeação 15 dias
Art. 157, § 2o Lista de peritos por varas
Art. 157, § 2o Nomeação equitativa
Art. 158, caput Sanção contra perito
Art. 193, caput Processo eletrônico
Art. 218, caput Prazo processual
Art. 218, § 1o Prazo estipulado pelo juiz
Cumprimento de ato processual pelas partes, inclusive, perito, sem prazo
Art. 218, § 3o 5 dias
estipulado pelo juiz ou preceito legal
Art. 219, caput Contagem de prazo em dias úteis
Art. 220 Suspensão de prazo geral
Art. 220, § 1o. Não suspensão de prazo para perito

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Apêndices e Anexos

Artigo Prazo
Art. 224, caput Contagem Inicial e final do prazo
Art. 357, § 8o Determinação de prova pericial
Art. 464, caput Prova pericial
Art. 464, caput Exame, vistoria, avaliação
Art. 464, § 1o Indeferimento de perícia
Art. 464, § 2o Prova técnica simplificada
Art. 464, 3o e 4o Arguição de perito
Art. 465, caput Nomeação do perito
Art. 465, § 1o Prazo intimação partes sobre nomeação
Art. 465, § 1o, inc. II Indicação de assistente técnico
Art. 465, § 1o, inc. III Prazo para as partes apresentarem quesitos
Art. 465, § 2o, inc. I Prazo para perito apresentar proposta de honorários 5 dias
Art. 465, § 2o, inc. II Prazo para perito apresentar currículo 5 dias
Art. 465, § 3o Prazo partes se manifestarem sobre proposta de honorários 5 dias
Art. 465, § 4o Adiantamento de honorários
Art. 465, § 5o Redução de honorários
Art. 466 Perito e cumprimento do encargo que lhe foi cometido
Art. 466, § 1o Assistente técnico
Art. 466, § 2o Comunicação sobre data diligência ao assistente técnico Mínimo 5 dias
Art. 467, caput Escusa ou recusa do perito por impedimento ou suspeição
Art. 467, parágrafo único Nomeação de novo perito por conta da escusa ou recusa do anterior nomeado
Art. 468 Possibilidades de substituição do perito
Art. 468, inciso I Por Falta de conhecimento do perito
Art. 468, inciso II Quando não cumpre encargo no prazo determinado
Art. 468, § 1o Multa em face do perito que não cumpre encargo no prazo determinado
Art. 468, § 2o Devolução de honorários pelo perito substituído 15 dias
Art. 469 Quesitos durante diligência
Art. 470, inciso I Indeferimento de quesitos impertinentes pelo juiz
Art. 470, inciso II Quesitos formulados pelo juiz
Art. 471 Escolha do perito de comum acordo entre as partes
Art. 471, § 2o Entrega do laudo pelo perito e assistente técnico em prazo fixado pelo juiz
Art. 473 e incisos Requisitos laudo pericial
Art. 473, § 2o Proibição opinião pessoal do perito

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Apêndices e Anexos

Artigo Prazo
Desempenho da função do perito, podendo valer-se de todos os meios
Art. 473, § 3o
necessários para a diligência
Art. 474 Data e local da diligência
Art. 475 Nomeação de mais de 1 perito
Art. 476 Prorrogação para apresentar laudo
Fixado pelo
juiz ou até 20
Art. 477, caput Prazo para entrega do laudo
dias antes da
AIJ
Art. 477, § 1o Prazo para partes se manifestarem sobre laudo 15 dias
Art. 477, § 2o Prazo para perito esclarecer pontos de seu laudo apresentados na Impugnação 15 dias
Art. 477, § 3o Requerimento de comparecimento de Perito e assistente técnico em audiência
Art. 477, § 4o Intimação perito ou assistente técnico para comparecimento à audiência Mínimo 10 dias
Art. 480 e §§ Nova perícia por culpa do perito
Fonte: elaborada pela autora (2021).

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