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FASE DE SANEAMENTO
I
SANEAMENTO 1
1.FASE DE SANEAMENTO
O processo se inicia pela fase de postulação e ultima-se pela etapa da decisão que encerra
a fase de conhecimento no seu iter em primeiro grau de jurisdição.
Entrementes, ao juiz cabe verificar a regularidade do instrumento através do qual vai
prestar a justiça desejada, porquanto a decisão de mérito não pode ser resultado de um processo
defeituoso, v.g., aquele que transcorre sem obediência de suas formalidades. Por outro lado,
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cabe ao magistrado observar o momento próprio para a sua decisão, evitando que o processo
prossiga inutilmente, como v.g; nos casos em que todas as provas já se encontram recolhidas
nos autos diferentemente de outros em que a realização da audiência é imperiosa pela
necessidade inquirição de pessoas, impedindo, assim, a imediata apreciação do pedido.
Essas circunstâncias são aferidas pelo juiz na fase de “saneamento do processo” onde,
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2.PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES 5
2.1Especificação de provas 8
Dispõe o CPC, no seu art. 348, que, se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a
inocorrência do efeito da revelia referente à presunção de veracidade, ordenará que o autor
especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.
Cumpre destacar, em primeiro lugar, que a especificação de provas regulada neste
dispositivo pressupõe revelia, uma vez que as partes já especificaram-nas, respectivamente, na
petição inicial e na peça de defesa. Advirta-se, entretanto, que a necessidade superveniente de
provas não mencionadas inicialmente não faz exsurgir a preclusão, inocorrente no campo
probatório. 9
Na revelia, o réu, evidentemente, não se manifestou; por isso, abre-se esta nova
oportunidade, desde que não tenha ocorrido o efeito específico da inércia do réu, que é
exatamente o de dispensar a produção de toda e qualquer prova, uma vez que, em princípio,
presumem-se verdadeiros os fatos afirmados pelo autor em face do revel (art. 344 do CPC).
Aliás, por esta razão é que a lei admite o julgamento antecipado da lide por força da revelia (art.
355, inciso II, do CPC). 10
A presunção in casu apenas não se opera nas hipóteses mencionados na lei (art. 345 do
CPC) cuja compreensão de seu alcance, segundo a nossa ótica, encontra-se no tratamento do
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Por fim, registre-se que parte da doutrina admite, mesmo nas hipóteses de revelia, que o
autor reafirme a necessidade de produzir provas no afã de reforçar a presunção de veracidade,
forrando-se contra eventuais investidas do réu através de pretensão de rescindibilidade do
julgado. 13
Os arts. 350 e 351 do CPC dispõem que, se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor ou uma das preliminares (defesas processuais), será oportunizada a
oitiva do demandante, no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.
Essas providências preliminares mantêm o processo sob o domínio do contraditório.
O juiz defere ao autor oportunidade para contrapor-se às questões preliminares articuladas
pelo réu, cujo objetivo é inutilizar o processo, fazendo desaparecer os efeitos da propositura,
ensejando uma sentença meramente terminativa, sem análise do mérito.
Neste passo, observe-se, pelo disposto no art. 337 do CPC, que as matérias articuladas
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precedentemente pelo réu, antes de enfrentar o pedido, coincidem com as mesmas questões que
ensejam a extinção do processo sem análise do mérito, enumeradas no art. 485 do CPC. 15
Ao autor, o juiz confere não só o prazo para impugnar a procedência das questões formais
suscitadas, como também sanar eventuais defeitos supríveis, v.g., a falta de juntada de
documento ou de procuração que consubstancie a capacidade processual ou postulatória da
parte etc.
Deveras, forçoso admitir que, mesmo que o réu suscite defeito insanável, o juiz deve abrir
prazo ao autor para que este invista contra a falta apontada. Assim, v.g., a ilegitimidade ativa e a
impossibilidade jurídica do pedido são defeitos insuperáveis. Entretanto, o juiz deve abrir vista
dos autos ao autor, que pode alegar a inexistência dos vícios.
Obedecida a ordem das alegações, após as preliminares, o réu articula as questões prévias
de mérito consistentes nas “objeções”, caracterizadas por fatos impeditivos, modificativos e
extintivos do direito do autor. Observe-se que a defesa denominada direta, que é aquela na qual
o réu nega o fato ou os seus efeitos jurídicos atribuídos pelo autor, já encontra oposição na
própria narrativa da inicial, razão pela qual o legislador não previu a “réplica” para essa
hipótese. A providência só se verifica quando se trata de fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos posto que estes são fatos “novos” trazidos pelo réu, não encartados na linha de
convergência dos fatos constitutivos e que precisam ser impugnados (art. 342, II, do
CPC). Consoante afirmado no capítulo da defesa do réu, as objeções são conhecíveis de ofício,
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uma vez que, além do processo onde elas têm pertinência, se tornam irrelevantes, por isso, os
autos indicam a última e única oportunidade de invocá-las eficazmente. Assim, v.g., a alegação
de pagamento como fato extintivo somente apresenta eficácia, se suscitada no processo onde se
pretenda exigir a obrigação. Passada em julgado a sentença de condenação na obrigação, a
alegação não revela mais a menor importância. Destarte, a decisão que ignora uma “objeção”
revela-se injusta e contra legem, por isso que a lei admite que o juiz conheça esses fatos
componentes da defesa indireta do réu, ex officio.
A lei silencia quanto às denominadas exceções materiais deduzidas pelo réu, v.g., a
exceção de retenção por benfeitorias, a exceção de compensação, a exceptio inadimpleti
contractus etc. Nessas hipóteses, como se trata de “fato novo” não rechaçado obliquamente
pelos fatos constitutivos da inicial, cabe a concessão do decêndio ao autor, tanto mais que “as
exceções representam verdadeiro ‘contradireito’” do demandado em face do demandante e que,
por isso, não podem ser acolhidas sem a oitiva da parte contrária.
Em resumo, articuladas as questões preliminares ou as objeções, cumpre ao juiz conceder
ao autor o prazo de 15 dias para pronunciar-se ou suprir a deficiência apontada sob pena de
nulificação do julgado terminativo.
As nulidades alegáveis demandam uma análise do juízo sobre se a atipicidade do ato
perpetrado gerou prejuízo para os fins de justiça do processo. Em caso positivo, o ato deve ser
novamente praticado, salvo se a consequência inexorável for a nulificação de todo o processo.
No processo civil, a regra é o aproveitamento do ato, desde que alcançada a sua finalidade.
Entretanto, ainda que não atingido o seu fim, a lei processual, considerado o processo como um
todo, utiliza-se de estratégias conducentes à salvação da relação processual. Por isso, mesmo
decretada a nulidade, o ato pode ser realizado se houve falta, ou repetido, se houve
irregularidade de forma na sua prática. A inutilização do processo como um todo é excepcional
em face do influxo dos princípios processuais da “instrumentalidade das formas” e do
“prejuízo”. Assim, v.g., se a citação, como ato indispensável do processo, realizou-se de forma
irregular e não levou ao demandado o conhecimento da causa, deverá ser repetida. Entretanto,
se não foi realizada, deve sê-la, porque, se no processo de execução verificar-se que o título
executivo judicial foi produzido no processo de conhecimento anterior que não teve a
participação do réu, posto revel, anula-se tudo, inclusive o processo de conhecimento (art. 525,
§ 1º, inciso I, do CPC). 17
Diversamente, se apesar de não ter havido citação o réu compareceu e se defendeu, não
deve haver pronunciamento de nulidade porquanto inexistente qualquer prejuízo
comprometedor dos fins de justiça do processo e de efetividade dos direitos. 18
Acolhidas as preliminares articuladas pelo réu (art. 337 do CPC) posto não supridas pelo
autor, cumpre ao juiz extinguir o processo sem resolução do mérito (art. 485 do CPC).
Nesse sentido dispõe o art. 354 do CPC, quer, ocorrendo qualquer das hipóteses previstas
nos arts. 485 (julgamento terminativo) e 487, incisos II e III (julgamento definitivo por
autocomposição ou reconhecimento de prescrição ou decadência), o juiz proferirá sentença.
Nessa hipótese, é inútil prosseguir no processo, reclamando-se solução formal, ceifando-o
prematuramente por defeito intransponível, sem que seja possível ao juízo dar uma resposta ao
pedido do autor.
Ainda é “inútil” prosseguir se “as próprias partes conferem o conteúdo da solução do
litígio” através de negócios jurídicos processuais como a “transação”, a “renúncia ao direito em
que se funda a ação” ou o “reconhecimento da procedência do pedido”.
Nesses casos, “não há julgamento” propriamente dito, senão e apenas chancela judicial
sobre a vontade manifestada pelas partes. Por isso, esses atos são anuláveis como os atos
jurídicos em geral ao invés de “rescindíveis”, como as sentenças (art. 966, § 4º, do CPC). 19
É “desnecessário” prosseguir quando a “causa está madura para julgamento por força de
sua completitude probatória”, assim considerada pelo juiz.
A aplicação do direito aos fatos narrados é tarefa que o juiz engendra de ofício. Entretanto,
o conhecimento dos fatos depende dos elementos que os evidenciam nos autos através das
provas.
Assim como o juiz pode determinar a realização de provas necessárias ao esclarecimento
da verdade sequer requeridas pelas partes, pode também considerar satisfatórias as que se
encontram nos autos, aptas a viabilizar o pronto julgamento. Assim sucedendo, é lícito ao juiz
julgar sem a necessidade de realização de audiência de instrução e julgamento. É o que a lei
denomina de julgamento antecipado da lide, aludindo à possibilidade de solução
independentemente de realização das provas orais, cuja sede própria de produção é a audiência
de instrução e julgamento.
Nessa aferição, o juiz deve atuar com extrema cautela para não suprimir oportunidade de
realização de provas relevantes. Entretanto, o magistrado é o senhor da conveniência na
produção dos elementos de convicção, porquanto é o destinatário das provas. Isso significa dizer
que ele pode indeferir provas desnecessárias ou determinar a produção de outras não solicitadas,
desde que justifique, o que lhe permite o melhor julgamento. Assim, não há o vício do
cerceamento de defesa pelo simples fato de a parte ter requerido a produção de uma prova e o
juiz não a ter deferido. Também não há esse vício se as partes na inicial e na defesa nada
requereram no campo probatório ou se o juiz determinou que as partes “especificassem provas”
e as mesmas silenciaram ou solicitaram o imediato julgamento. Nessa hipótese, a preclusão
lógica as impede de aduzir a suposta nulidade em recurso. O que pode haver é iniciativa
probatória ex officio do juiz ou do próprio tribunal, pouco importando que a matéria verse
direito disponível ou não. A busca da verdade é matéria que escapa ao poder de disposição das
partes.
Essa mesma percepção conduz-nos a não considerar absoluta a regra do art. 355 do CPC,
como entendem alguns, impondo ao juiz, como dever, julgar antecipadamente a lide “nos casos
do dispositivo, principalmente na hipótese de ‘causa madura’”.
Pelas razões expostas, inegável que haverá nulidade alimentada pelo cerceamento se a
prova necessária é inibida pelo juízo.
A violação a essas regras infraconstitucionais esbarra também na cláusula da ampla defesa
e do devido processo legal.
No que pertine à causa dependente de solução única e exclusivamente jurídica, a questão
se simplifica e o juiz pode e até mesmo deve defini-la de pronto. Mas, mesmo nesse caso, é-lhe
lícito concluir, livre e criteriosamente, no exercício dessa margem de arbítrio, se realmente a
demanda é unicamente de direito.
Destarte, que em todos os casos de julgamento antecipado é mister ao juiz fundamentar a
sua decisão no fato que o levou à conclusão prematura.
A revelia por outro lado, autoriza o juiz, nos casos em que a presunção de veracidade se
opera em toda a sua plenitude, a julgar pelo alegado e comprovado pelo autor como se não
houvesse qualquer fato obstativo ao acolhimento do pedido. Nesse particular, forçoso observar
que o autor, ao formular o seu pedido, fá-lo acompanhar das provas dos fatos constitutivos
daquilo que pleiteia. Assim, se o réu não se opõe, aquelas provas tornam-se plenas e
tranquilizam o juiz quanto à legitimidade da pretensão do autor. Destarte, algumas provas são
tão específicas (ad solemnitatem) que nem mesmo a inércia do réu é capaz de suplantá-las (art.
345, III, do CPC). Por isso, a lei autoriza o julgamento antecipado, uma vez que o autor, na
própria inicial, junta a prova do alegado e não contestado pelo réu. Não se trata, como evidente,
de o autor apenas alegar um negócio jurídico sem qualquer começo de prova e pretender pelo
silêncio do demandado obter solução favorável ao seu pedido. Assim, v.g., se o condomínio
alega inadimplemento de cotas por parte de certo morador, apesar de a lei não exigir documento
indispensável, é mister a juntada da convenção do condomínio, da ata da assembleia que
autorizou a despesa e dos recibos não quitados das obrigações exigidas judicialmente.
Excedendo o campo puramente probatório, a lei também admite o julgamento antecipado
quando as partes controvertem apenas sobre questão jurídica, reclamando o desate da lide
apenas o conhecimento técnico que se presume o juiz o possua (iura novit curia). Assim, v.g., se
em ação declaratória as partes controvertem a respeito da categorização do vínculo, se de
locação ou comodato, pela presença de caracteres provados nos autos, basta ao juiz qualificar o
negócio jurídico disputado à luz de critérios jurídicos que dispensam a prova.
Destarte, apresentando a questão controvertida matéria de direito e de fato, e estando este
exaustivamente comprovado nos autos, pode o juiz julgar sem audiência. É o que ocorre no
exemplo de cobrança de cotas com a juntada da documentação desde a inicial, comprovando o
atraso e a legitimidade do débito. Enfim, o julgamento antecipado da lide quando
escorreitamente engendrado não viola os princípios do contraditório e da ampla defesa, mercê
de encartar-se no poder discricionário do juízo, que preenchidos os requisitos, depois deve
antecipar a solução judicial. 20
4.SANEAMENTO
4.1Conteúdo
negócios jurídicos processuais (art. 190) e até mesmo a calendarização do procedimento (art.
191).
A seguir, a decisão deve definir a distribuição do ônus da prova. Em regra, o Código
ainda adota a distribuição estática do ônus da prova, mas há maiores possibilidades de
flexibilização em direção à distribuição dinâmica. Segundo as disposições do art. 373, o ônus da
prova incumbe ao autor, em relação aos fatos constitutivos de seu direito; e ao réu, quanto aos
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. Entretanto, quando houver
previsão específica em lei (inversão ope legis, v.g.: art. 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor) ou frente a peculiaridades da causa que revelem a impossibilidade ou a excessiva
dificuldade de cumprimento do encargo probatório estático ou mesmo quando exista maior
facilidade de obtenção da prova do fato por uma das partes, poderá o juiz atribuir o ônus da
prova de modo diverso (inversão ope judicis). Essa inversão deverá se dar por meio de decisão
fundamentada (art. 93, IX, da CF/1988) e em momento processual que possibilite à parte à qual
conferido o encargo probatório desincumbir-se de tal ônus (trata-se, portanto, de uma regra de
instrução). 25
4.2Estabilização e preclusão
A “moderna tendência” é admitir o reexame das questões formais a todo tempo, antes da
decisão do mérito, conforme preceitua o art. 485, § 3º, do CPC. Afirma-se não precluir para o
juízo a quo e a fortiori para o juízo ad quem a apreciação das questões conhecíveis de ofício,
como o são os pressupostos processuais e as condições da ação gerais ou específicas, salvo para
efeitos de recurso especial ou extraordinário onde se exige, para que se opere esta devolução da
matéria, o prévio “prequestionamento”. Assim, se na audiência de instrução e julgamento o juiz
27
se depara com uma ilegitimidade de parte não detectada ou a falta de interesse processual
superveniente, é lícito extinguir o processo sem julgamento do mérito, a despeito da anterior
decisão de saneamento, quando do julgamento da apelação.
Dessa decisão, as partes podem requerer eventuais esclarecimentos ou ajustes no prazo de
5 dias, de modo que, após esse período, ela se torna estável (art. 357, § 1º, CPC).
Essa estabilização, diga-se uma vez mais, não se refere a uma eficácia preclusiva em
relação aos vícios processuais que podem ser alegados em qualquer tempo, mas tão somente à
instrução do processo. Havendo elementos na decisão que sejam passíveis de impugnação por
agravo de instrumento ou, ainda, apelação , não se considera a preclusão aludida, v.g., cabe
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agravo de instrumento da redistribuição do ônus probatório (art. 1.015, inciso XI, CPC).
De todo modo, certos objetos não precluem por faculdades processuais que remanescem,
como a possibilidade de o magistrado determinar a produção de provas de ofício, ainda que não
requeridas pelas partes por ocasião do saneamento, bem como as matérias de ordem pública,
cognoscíveis de ofício a qualquer momento do processo . 29
4.3Modalidades
ser cumprida por toda uma prolongada fase processual, cujo início pode dar-se com o despacho da
petição inicial e cujo término obrigatoriamente será o julgamento conforme o estado do processo”
(Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 2021).
Consoante lição ainda atual de Liebman: “Todas as atividades que se realizam até o despacho
4
saneador, inclusive, têm a natureza de uma contentio de ordenando judicio e a função de abrir o caminho
e preparar tecnicamente o verdadeiro debate sobre a lide, que deve fazer-se na audiência” (in Estudos
sobre o Processo Civil Brasileiro, 1947, p. 119).
Notável, ainda, a conferência proferida em 08.11.1975, pelo professor Egas Moniz de Aragão no V
5
(...)
III – as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.”
Com este mesmo nomem juris utilizado como subtítulo consulte-se “Especificação de Provas”, de Renato
8
10
Esse descompromisso na investigação em razão da revelia tem provocado reações veementes dos
comentadores do Código, como a relembrada, no capítulo específico, pelo professor Calmon de Passos,
segundo o qual, “o legislador brasileiro trata o réu ausente como delinqüente”. Para Egas Moniz de
Aragão, Calmon de Passos “atira o disco além da meta...” (Conferência, cit.).
11
“Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I – havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III – a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento que a lei considere indispensável à prova
do ato; IV – as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição
com prova constante dos autos.”
12
“Art. 218, § 3º. Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo
para a prática de ato processual a cargo da parte.”
13
Nesse sentido, Calmon de Passos, Comentários ao Artigo 324, Rio de Janeiro, Forense, 1997.
14
“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta e relativa; III – incorreção do valor da causa;
IV – inépcia da petição inicial; V – perempção;
VI – litispendência;
VII – coisa julgada;
VIII – conexão;
IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X – convenção de arbitragem;
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII – falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar;
XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica à outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação, que está em curso.
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das
matérias enumeradas neste artigo.”
15
“Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I – indeferir a petição inicial;
II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III – por não promover os atos e diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;
IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo; V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;
VIII – homologar a desistência da ação;
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X – nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao
inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau
de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de
requerimento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
(cinco) dias para retratar-se.”
16
“Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I – relativas a direito ou a fato superveniente; II – competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.”
17
“Art. 525, § 1º. Na impugnação, o executado poderá alegar:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
(...).”
18
O tema das nulidades processuais foi magistralmente tratado por Calmon de Passos na sua tese de
Livre docência para a Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, onde se colhe como
parâmetros para a decretação da nulidade o comprometimento dos fins de justiça do processo e a
efetividade dos direitos materiais.
19
“Art. 966, § 4º. Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do
processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução,
estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.”
20
STF, Resp. nº 2.832, www.stj.gov.br.
21
“Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela
deles: I – mostrar-se incontroverso;
II – estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou
ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar
parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados
em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.”
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“Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de
saneamento e de organização do processo:
I – resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II – delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de
prova admitidos;
III – definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
IV – delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
V – designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no
prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das questões de fato
e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar
audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz,
se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum não
superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemunhas.
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiência prevista, o respectivo rol de
testemunhas. § 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três),
no máximo, para a prova de cada fato.
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos
fatos individualmente considerados.
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve observar o disposto no art.
465 e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização.
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências.”
23
“Enunciado nº 28 da I Jornada de Direito Processual Civil do CJF: Os incisos do art. 357 do CPC
não exaurem o conteúdo possível da decisão de saneamento e organização do processo.”
24
Nas palavras de Nelson Nery e Rosa Maria Nery, “se vislumbra o saneamento cooperativo, pois as
partes podem pedir esclarecimentos e ajustes e mesmo entabular acordo para fixar os pontos
controvertidos. É expressão do dever de cooperação imposto a todos os sujeitos do processo (CPC 6.º)”
(Código de Processo Civil comentado, 2020).
25
A propósito, o STJ recentemente reafirmou sua jurisprudência no sentido de que a inversão do ônus da
prova, prevista no artigo 6º, VIII, do CDC, é regra de instrução, e não de julgamento, ao apreciar o REsp
1.286.273/SP (Rel. Min. Marco Buzzi, 4ª Turma, j. 08.06.2021), oportunidade em que assentou que ”a
decisão judicial que a determina deve ocorrer antes da etapa instrutória, ou quando proferida em
momento posterior, garantir a parte a quem foi imposto o ônus a oportunidade de apresentar suas
provas”.
26
Sobre o tema consulte-se Roberto Rosas, Direito Sumular, Anotações à Súmula 424 do STF, 9ª ed., p.
177; Barbosa Moreira, in O Novo Processo Civil Brasileiro, cit., pp. 62-63, defende a preclusão.
27
Nesse sentido, a RTJ, 112/1404 e a RTJ, 102/775.
Relembre-se, por oportuno que no VI ENTA na conclusão 9 enunciou-se: “Em se tratando de condições
da ação não ocorre preclusão mesmo existindo explícita decisão a respeito”.
28
Em sentido contrário, Nelson Nery e Rosa Maria Nery defendem o não cabimento de apelação, com
fundamento no art. 1.009, § 1º, pois “não é razoável, com o perdão do trocadilho, que se deixe a decisão
de saneamento para apreciação posterior, pelo tribunal, quando da apelação, pois o saneador norteia
todo o desenrolar dos passos do processo. Deixar uma questão preliminar, por exemplo, para ser
decidida somente com a apelação é fazer com que o feito se prolongue de forma talvez desnecessária,
caso o acolhimento da preliminar acarrete a extinção do feito” (Código de Processo Civil comentado,
2020).
29
Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 2021.