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Bibliografia:
Fernando Tourinho
Paulo Rangel
Aury Lopes Junior
1) Sistema da Unidade Processual: o processo será regido por uma única lei.
Iniciado o processo sobre o império de uma lei, ele vai até o fim sob o império
dessa lei, ou seja, a lei nova só seria aplicada nos processos que ainda não
foram iniciados.
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Ada Pelegrine Grinouver ressalva que a lei processual penal terá vigência
imediata desde que não ofenda algum princípio constitucional.
Nesse caso, ao tratar-se de direito material, como a lei nova é mais benéfica ao
réu, ela será extra-ativa, retroagindo para abarcar os fatos pretéritos.
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Processo Penal
Hipóteses:
1) O inquérito ainda não foi instaurado:
Pode então, o inquérito ser instaurado de ofício? Não, pois só poderá ser
instaurado se houver representação.
Art. 88 da lei 9.099. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial,
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a
propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será
intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência.
(norma transitória).
Decadência intercorrente, pois ação já está
em curso, logo essa representação é condição para se prosseguir.
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Processo Penal
OBS.: Lei 12.015 – Modificou a ação nos crimes contra a dignidade sexual. Hoje
não mais se admite ação penal privada nos crimes contra a dignidade sexual.
No caso da Lei 12.1015, a lei anterior era mais benéfica ao réu, pois a ação era
privada e passou a ser pública. Nesse caso a lei anterior vai ser ultra-ativa. Se
ação penal ainda não foi proposta, ela só poderá ser proposta pelo ofendido,
pois na época da prática do crime a ação era privada.
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Processo Penal
1ª corrente: a lei 9.271 é uma lei processual, portanto, tem aplicação imediata,
suspende o processo e suspende a prescrição. Se a norma retroage para fatos
anteriores, além de determinar a suspensão do processo, suspende a
prescrição, logo, é uma norma prejudicial ao réu. Tal corrente, portanto,
defende uma norma manifestamente inconstitucional.
Tribunal do juri
Antes do advento da Lei 11.689, era dado tratamento diferente para crimes
afiançáveis e inafiançáveis.
Se o crime fosse inafiançável a intimação válida da pronuncia era a intimação
pessoal. Portanto, se o réu não fosse encontrado o processo estaria suspenso –
crise de instância (paralisação anormal do processo). Como o processo estava
suspenso, a prescrição não era interrompida, ocorrendo a prescrição da
pretensão punitiva. A lei 11.689 modificou a forma da intimação da pronuncia, o
réu, que tenha cometido crime afiançável ou não será intimado pessoalmente,
mas caso não seja encontrado, será intimado por edital.
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Redação dada pela
Lei nº 11.689, de 2008)
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério
Público; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério
Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste Código. (Incluído pela Lei
nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for
encontrado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Hipóteses
1) Fato e pronuncia após a edição da lei: se o réu não for encontrado será
intimado por edital.
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Processo Penal
Posicionamento do STJ: veio atender o pacto de San Jose da Costa Rica, que
exige o conhecimento por parte do réu da existência de um processo- ele deve
estar presente e se defender. Se o réu é citado por edital, suspende o processo
e a prescrição.
Para os fatos ocorridos após a edição da lei 9.271, que modificou o art. 366,
ninguém nesse país será processado sem ter o direito de se defender.
Se o fato é anterior a lei 9271 e o réu foi citado por edital, não se suspende o
processo e a prescrição, o juiz deve decretar a revelia.
Considerações importantes:
A norma que altera a natureza da ação penal não retroage, salvo para
beneficiar o réu, nos termos do artigo 5º, inciso XL, da Constituição Federal,
não tendo pronta aplicabilidade nos moldes do artigo 2º, do Código de
Processo Penal.
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Processo Penal
Inquérito Policial
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Processo Penal
O STF disse que no inquérito não tem contraditório, mas que o investigado
antes de ser ouvido pela autoridade policial na investigação, tem direito de ter
acesso a todas as provas ou elementos de convicção até então produzidos, se
houve uma interceptação telefônica, o investigado tem direito ao acesso da
gravação e da transcrição dessa interceptação telefônica. O acusado antes de
ser ouvido tem direito ao acesso a todas as provas então produzidas para
poder contradizer aquilo que já foi produzido.
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Processo Penal
1) Procedimento dispensável
Se a infração penal restou apurada, com a autoria definida, há necessidade de
instauração de inquérito policial? Evidente que não.
Se o órgão acusador já tem em mãos elementos necessários para deflagração
da ação, o inquérito deve ser dispensável, pois serve apenas de base para o
oferecimento da denuncia.
3) Inquisitoriedade:
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Processo Penal
Parte da doutrina aponta uma exceção ao art. 14 CPP: Art. 184. Salvo o caso
de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
verdade.
Pelo art. 14 o delegado pode rejeitar qualquer diligência, mas ele não pode
negar o exame de corpo de delito.
4) Sigilo
1) Turma do STJ que faz distinção entre inquérito sigiloso e não sigiloso
Se é sigiloso o advogado não pode consultá-lo. Contudo a própria lei diz que o
inquérito é sigiloso, ressalvado o direito do defensor de consultá-lo, pois
nenhuma lesão ou ameaça de lesão ficará excluída de apreciação do poder
judiciário .
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Link com a súmula vinculante 14 do STF: Se não tem um indiciado, uma pessoa
sendo investigada, não tem um representado,
A autoridade policial não pode instaurar inquérito para investigar uma pessoa
que tenha foro por prerrogativa de função sem autorização do órgão com
competência para investiga-lo
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Processo Penal
Com relação a requisição do juiz, a corrente majoritária diz que o juiz não pode
mais requisitar a instauração do inquérito, porque fere o sistema acusatório, a
inércia da jurisdição. A orientação dessa corrente, diz que o juiz deve se
socorrer do art. 40 CPP. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os
juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública,
remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao
oferecimento da denúncia. Remetendo as peças ao MP, que é quem deverá
requisitar a instauração do inquérito.
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II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994).
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Processo Penal
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
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Processo Penal
interrogatório do RÉU gera nulidade absoluta. (arts. 568 c/c art. 572 CPP).
Lembrando que o réu pode se reservar no direito constitucional de ficar calado.
A autoridade policial intimará as testemunhas para que no local dos fatos cada
um apresente sua versão. Caso o investigado esteja presente, ele não estará
obrigado a contribuir com a reprodução simulada dos fatos. Caso a
reprodução simulada ocorra na fase de inquérito e o réu não esteja presente,
não haverá qualquer nulidade. Nada impede que ela seja feita na fase
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Processo Penal
processual, mas aí o réu deverá estar presente e o seu defensor deverá ser
intimado.
Quem determina o arquivamento do inquérito é o juiz, uma vez que a ele cabe
a fiscalização do princípio da obrigatoriedade da ação. O Ministério público
apenas REQUER o arquivamento.
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Com base no art. 144, afirma que o que é exclusivo da policia federal é a
função de policia judiciária, sendo que a apuração de uma infração penal
não é exclusiva da policia federal.
Aula 3
Ação Penal
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Atualmente, a pessoa jurídica somente poderá figurar como ré nas ações que
envolvam condutas lesivas ao meio ambiente (art. 225, §3º do CP,
regulamentado pela lei 9.605/98). Quanto aos demais crimes, por não haver
regulamentação jurídica, não é possível que a pessoa jurídica figure no polo
passivo.
4. Justa causa:
Justa causa é o fumus comissi delicti, ou seja, a identificação de que há
elementos probatórios concretos acerca da materialidade do fato delituoso e
indícios razoáveis de autoria.
O CPP não traz a justa causa como condição da ação, sendo tal condição
construção doutrinária.
Entretanto o art. 395 traz em seu rol a ausência de justa causa como causa para
rejeição de denúncia ou da queixa.
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Processo Penal
Na ação penal publica condicionada a ação penal publica está condicionada seja
a representação da vitima, seja a requisição do Ministro da Justiça.
Na ação penal privada, que em verdade não deixa de ser publica, porque o
titular do ius puniendi é o estado, somente transferindo ao particular o ius
persequendi, o correto seria ação penal publica de iniciativa privada.
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A ação penal privada subsidiária da publica tem cabimento nos casos de inércia,
desídia, do Ministério Público.
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Processo Penal
2. Indisponibilidade:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a UM
ANO, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado NÃO ESTEJA SENDO PROCESSADO ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
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André Niccoliti entende que esse art. 576 do CPP não foi recepcionado pela
Constituição Federal, podendo o MP desistir de um recurso que foi interposto
em razão da independência funcional do MP. Entendimento Minoritário.
Esquema prático:
O recurso de apelação é bifásico, sendo 5 dias para interposição da apelação e 8
dias para a apresentação de razões.
Sentença absolutória
MP 1 (João) interpõe a apelação no prazo de 5 dias
MP1 já se aposentou e MP2 (José) tem 8 dias para apresentar razões. Acontece
que o MP2 não vê qualquer razão para requerer a reforma da decisão, que para
ele foi correta. Ele pode pedir a absolvição ou a condenação do réu.
1. O juiz absolve, o MP apela e em razões pede a condenação, por sua vez, a
defesa em contrarrazões pede a absolvição. O Tribunal pode condenar?
Sim, o Tribunal pode manter a decisão ou reforma-la para condenar o réu.
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3. Oficialidade: a ação penal pública será ajuizada por um órgão oficial, que é o
Ministério Público.
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A ação penal privada clássica é também chamada pela doutrina de ação penal
privada exclusiva.
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Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
A renúncia e o perdão tácitos correspondem a pratica de um ato incompatível
com quem quer processar. Lembrando que o simples ato de cumprimentar o
agressor em um evento social que exige tal formalidade não corresponde a
renuncia ou perdão tácitos.
A renúncia é um ato unilateral, para a vítima deflagrar a ação ou não, basta ela
oferecer a queixa ou não. O perdão, por sua vez, é um ato bilateral, e para
gerar efeitos, a lei exige a intimação do querelado para dizer, no prazo de 3 dias,
se aceita o perdão ou não, sendo certo que, o silencio implica em aceitação (art.
59 CPP). O que extingue a ação é a aceitação e não o perdão.
O querelante tem ainda uma outra forma de dispor da ação, podendo deixar a
ação penal restar perempta.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
A doutrina de uma forma geral entende que esse princípio se aplica tanto a ação
penal privada quanto a ação penal pública.
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Perempção:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal:
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Há corrente doutrinária que entende que o art. 39 §4º não foi recepcionado
pela Constituição por ofensa ao sistema acusatório .
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
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Embora o art. 24 caput preveja que poderá representar quem tiver qualidade
para tanto, o §1º desse artigo prevê um rol taxativo de representantes. Nesse
caso, como o §1º é lei especial, ele deverá prevalecer sobre o caput do art. 24.
Em sendo o curador um dos CADI, como por exemplo, cônjuge, ele irá
representar como tal e não como curador.
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Processo Penal
OBS.: Lei 11.340/06 (lei Maria da Penha) Art. 16. Nas ações penais públicas
condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da
denúncia e ouvido o Ministério Público.
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Não é um ato privativo do juiz competente para ação penal, uma vez que o
menor recebe proteção do ECA, podendo nomear-lhe curador o juiz
competente da vara da infância e da juventude.
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O art. 34. Do CPP diz que se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de
18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu
representante legal. Atualmente já está consolidado o entendimento de que
não existe concorrência entre o maior de 18 anos e seu representante legal para
o oferecimento do direito de queixa. Como o CPP de 1941 é baseado no CC de
1916, havia essa previsão quanto aos maiores de 18 e menores de 21,
atualmente, com CC de 2003 em vigor, entende-se que atingida a maioridade,
somente a própria pessoa poderá exercer o direito de queixa.
1ª corrente. Diz que não, pois há um direito com dois titulares alternativos, o
menor e seu representante legal. Se um dos titulares não representa decai o
direito.
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Caso ajuizada ação sem representação esta nulidade pode ser sanada
posteriormente, caso a vitima apresente em juízo (prazo de 6 meses).
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Processo Penal
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Estando diante de uma dessas 3 hipóteses, não há que se falar em ação penal
privada subsidiária da pública, pois só há cabimento quando houver inércia,
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Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de
5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos
do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No
último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16),
contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber
novamente os autos.
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Processo Penal
Aditamento da queixa
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subsequentes do processo.
O aditamento pode ser próprio ou impróprio. Por sua vez, o aditamento próprio
pode ser objetivo (inclusão de fato) ou subjetivo (adita a queixa para incluir um
novo agente).
Ex.: Joaquim, João e José se unem para matar Marcelo, contudo, não alcançam
seus objetivos por razões alheias a sua vontade, já que Marcelo não foi alvejado
pelos tiros disparados.
Se o MP se quedar inerte, Marcelo poderá oferecer a denúncia através da ação
penal privada subsidiária da pública. Note que além da tentativa de homicídio,
também houve a formação de quadrilha, contudo, Marcelo somente poderá
oferecer a denuncia quanto ao fato de que ele foi vitima, ou seja, a tentativa de
homicídio, ele não pode oferecer denuncia em razão da formação de quadrilha
pois ele não possui legitimidade. Nesse caso, o Ministério Público pode então
aditar a queixa objetivamente.
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Art. 29 CPP Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Quando alguém oferece uma queixa crime, ela é dirigida ao juiz, então se
alguém pode repudiar a queixa crime, esse alguém é o juiz. O MP não pode
repudiar a queixa crime, ele pode apenas opinar pelo repudio, pois ele não
exerce função jurisdicional.
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Processo Penal
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
O réu se defende dos fatos, uma capitulação errônea do crime não prejudica o
contraditório e a ampla defesa, e quando a lei exige a descrição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias, é necessário que o órgão descreva
tudo que está ao redor daquele crime, de forma que o réu possa se defender.
Repetir apenas os dizeres da lei torna a denúncia inepta, pois é muito vago
dizer que João matou José (matou onde? matou quando?).
Segundo parte da doutrina, a denúncia inepta gera nulidade absoluta – pode ser
arguida em qualquer fase do processo e em qualquer grau de jurisdição.
Contudo o STF entende que a inépcia da denuncia que não descreve o fato
criminoso com todas as suas circunstancias, deve ser arguida até a SENTENÇA.
Se o réu não arguiu a inépcia até a sentença é porque ele conseguiu se
defender, não havendo prejuízo.
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Processo Penal
Uma primeira corrente, defendida por Afrânio Silva Jardim, diz que é possível a
denuncia alternativa, pois não haverá qualquer prejuízo a ampla defesa, pois o
réu vai se defender de fatos certos e determinados. Entende, ainda, que o CPP
prevê uma hipótese de imputação alternativa no art. 384, que trata da mutatio
libelli.
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Processo Penal
prejuízo ao exercício da ampla defesa, pois o réu não sabe ao certo de qual fato
ele vai se defender. Na denuncia alternativa faltará a justa causa, o suporte
probatório mínimo que deve lastrear toda acusação penal.
Uma primeira corrente, com precedentes do STF diz que não é necessário
fundamentar o recebimento da denuncia, porque esse ato é mero despacho,
sem carga decisória. Se o juiz fundamentar o recebimento da denuncia estará
fazendo um pré juízo do mérito.
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Processo Penal
Emendatio Libelli
Ex.: Joaquim, no dia, hora, local, com emprego de arma de fogo subtraiu o
relógio de Manoel. Isto posto, requer o MP a condenação de Joaquim nas penas
do art. 155 do CP. A denuncia narra um roubo (art. 157), mas pede a
condenação nas penas do furto (art. 155).
Nesse caso, Joaquim pode ser condenado pelo crime de roubo? PODE, não
havendo necessidade de aditamento. Pode haver aditamento impróprio a fim
de retificar a capitulação do art. 155 para o art. 157.
Não poderá haver aditamento próprio para incluir um fato ou agente. O réu se
defende dos fatos e não da capitulação do fato que é dado pelo órgão
acusador.
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Processo Penal
Mutattio libelli:
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Processo Penal
A melhor interpretação desse artigo é dada por Paulo Rangel que diz que se o
promotor de justiça expressamente se manifestar dizendo que não vai aditar, aí
o juiz pode provocar o PGJ, mas se o promotor de justiça se mantém inerte, e
não faz o aditamento, não pode se falar em provocação do PGJ.
Ex.: Vender droga (art. 33 da lei 11.343) trazer consigo para consumo próprio
(art. 28 da lei 11.343).
Uma corrente defende a necessidade de aditamento, outra defende que não,
pois se o réu se defende da venda, se defende do porte para consumo próprio.
Jurisdição
1. Princípios
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Processo Penal
1.3 Juiz natural: ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente. E, não haverá juízo ou tribunal de exceção.
2. Características
2.1 Inércia
2.1 Substitutividade das partes
2.3 Lide
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Processo Penal
Trabalhista
Especial Eleitoral federal
Militar estadual
Jurisdição
Comum Federal
Estadual
Jurisdição Militar
A justiça militar estadual tem competência exclusiva para julgar policiais
militares e bombeiros nos crimes militares próprios ou impróprios. O que
caracteriza um crime militar é uma situação de atividade.
Crime militar próprio é aquele que só tem previsão no código penal militar. Ex.:
deserção, abandono de posto.
Crime militar impróprio é aquele que além de ser previsto no código penal
militar tem também previsão no código penal.
Ex.: policial de folga assalta um banco = crime comum
Policial em atividade assalta um banco = crime militar
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Processo Penal
Ex.: Caso do Filho da Cissa Guimarães: o autor do fato sendo julgado pelo
Tribunal do Júri (homicídio – dolo eventual), o pai também sendo julgado no
Tribunal do Júri por corrupção ativa dos policiais e os policiais sendo julgados
na justiça militar por corrupção passiva.
Jurisdição Federal
A Justiça Penal Federal é comum, pois julga crimes comuns praticados em face
da união ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas.
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Processo Penal
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Processo Penal
78, II, a, a justiça estadual seria a competente para o julgamento, já que tráfico
é um crime mais grave que o de desacato, contudo, em razão da súmula 122 do
STJ, o julgamento deverá ser feito pela justiça federal.
Quando um crime federal for conexo com uma contravenção penal o crime será
julgado na justiça federal e a contravenção na justiça estadual.
Súmula 209: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, NÃO
ATRAI a competência da JUSTIÇA FEDERAL, porquanto não teria ofendido
bens, serviço ou interesse da União (CF, art. 109, IV).
Competência
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Processo Penal
1. Competência absoluta:
1.3. Competência funcional: é aquela que leva em conta a distribuição dos atos
processuais praticados.
1.3.1 Fase do processo: quando dois juízes atuam em fases distintas do feito, a
exemplo do juiz que instrui e sentencia a causa criminal e daquele responsável
pela fase de execução penal, consoante o art. 65 da Lei de Execução Penal;
2. Competência relativa
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Processo Penal
Competência relativa permite prorrogação, caso não seja arguida a tempo pelas
partes.
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Processo Penal
O art. 70, caput, primeira parte traz a teoria do resultado, sendo competente o
juiz do local onde se consumou o fato.
Ex.: João dá um tiro José em Duque de Caxias. José é socorrido, levado para o
Rio de Janeiro e não morre. Competência de Duque de Caxias.
Se o crime é tentado a competência sem duvidas será do último ato de
execução.
Ex.2: João dá um tiro José em Duque de Caxias. José é socorrido, levado para o
Rio de Janeiro e morre. Competência de Duque de Caxias.
A lei 9099 em seu art. diz que a competência do juizado especial criminal será
definida pelo lugar da ação.
Resumindo:
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Processo Penal
Crimes de Internet
Cheque – estelionato:
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Processo Penal
Crimes à distância
Ex.: Se João remete uma carta bomba pro Maradona na Argentina, o foro
competente será o do Rio de Janeiro, pois foi o último local de execução art.
70 §1º CPP.
Ex.2: Se o Maradona remete uma carta bomba pro João no Rio de Janeiro, o
foro competente será o do Rio de Janeiro, pois foi o lugar em que se consumou
a infração art. 70 §2º CPP.
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Processo Penal
3.2 Prevenção
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da
queixa.
Art. 70, § 3º. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições,
ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas
divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Ex.: João, com 5kg de maconha, sai do Rio de Janeiro com destino a Cabo Frio,
passando por Niterói, Itaboraí, Rio Bonito, sendo preso em São Pedro da Aldeia.
Qualquer dessas cidades por onde ele passou é competente, e a competência
será firmada pela prevenção.
59
Processo Penal
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o
foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da
infração. Foro de eleição.
Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 74, § 1º. Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos
arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código
Penal, consumados ou tentados.
Homicídio simples e qualificado
Induzimento ou auxilio ao suicídio
Infanticidio
Aborto
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Processo Penal
Para o STF latrocínio não é crime contra a vida, mas sim crime contra o
patrimônio.
Ex.: João está estuprando Joaquina, quando esta começa a gritar. Para abafar o
som João coloca um travesseiro em seu rosto e continua a conjunção carnal, ao
terminar verifica que Joaquina está morta. competência do juízo singular, já
que trata-se de crime preterdoloso (dolo no antecedente e culpa no
consequente).
Ex.2: João está estuprando Joaquina, após terminar o ato saca uma pistola e
mata a vítima. aplica-se a regra do art. 78, I do CPP. O crime de homicídio vai
exercer a vis atrativa do crime de estupro.
Desclassificação do delito:
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Processo Penal
Desclassificação no júri:
Desclassificação na fase de pronúncia: remessa para o juízo competente.
Súmulas importantes:
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Processo Penal
SÚMULA 47 STJ
COMPETE A JUSTIÇA MILITAR PROCESSAR E JULGAR CRIME COMETIDO POR
MILITAR CONTRA CIVIL, COM EMPREGO DE ARMA PERTENCENTE A
CORPORAÇÃO, MESMO NÃO ESTANDO EM SERVIÇO.
No crime doloso contra a vida conexo com crime eleitoral, como ambos
possuem competência assegurada pela constituição, deverá haver a separação
de processos.
Finalmente, a Constituição Federal, no art. 125, § 5°, apregoa que compete aos
juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes
militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
63
Processo Penal
OBS.2: Crime praticado por militar, fora do serviço, com arma da corporação,
passou a ser de competência da Justiça comum, pois a Lei nº 9.299/96 revogou
a alínea f do art. 9 do Código Penal Militar, que cuidava do tema.
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Processo Penal
Ex.: Um indivíduo entra em uma agência da CEF e rouba uma pessoa que lá
dentro estava para realizar um depósito. A competência será da justiça
estadual, pois quem sofreu o prejuízo foi o particular.
STJ: Só será de competência da justiça federal se a União for vítima direta,
imediata.
O STJ já decidiu que se o roubo for contra uma agencia comunitária será de
competência da justiça federal, pois atinge a própria empresa pública.
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Processo Penal
Se uma pessoa remete 10g de cocaína a outra pelo correio, a competência será
da justiça estadual, pois apenas está se utilizando o serviço como instrumento
para a prática do crime. Por outro lado, se a droga é remetida daqui pra Miami,
a competência será da justiça federal, mas por força do inciso V do art. 109.
OBS.: O inciso IV do art. 109 não fala em fundações públicas, mas o STF já
decidiu que as infrações praticadas contra essas fundações serão de
competência da justiça federal.
Saliente-se que o simples fato de um réu ser servidor público federal (delegado
da polícia federal, por exemplo) não atrai a competência da Justiça Federal: para
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Processo Penal
fins de definição desta competência, é preciso, além disso, que o crime viole
bens, serviços ou interesses da União e de suas autarquias públicas ou empresas
públicas, conforme entendimento do STJ (Informativo n° 430).
IPC.: A Argentina não faz parte de tratado internacional para reprimir cloreto de
etila (lança perfume), então se uma pessoa vem trazendo lança perfume da
Argentina para o Brasil, ela responderá perante a justiça estadual, pois não
estamos falando de um crime a distância, o crime somente tem inicio após o
ingresso no Brasil, pois lá na Argentina o porte de lança perfume não é crime.
Registre-se que os crimes previstos nos artigos 241 ("Vender ou expor à venda
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente") e 241-A ("Oferecer, trocar,
disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente") do ECA, quando envolverem a rede mundial de
computadores (internet), serão julgados pela justiça Federal, no local em que o
material pornográfico foi publicado, que é o local da consumação do delito
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Processo Penal
(art. 70, caput, do CPP), pouco importando o local onde se encontra o provedor
em que tal material está armazenado ou onde houve sua efetivação visualização
pelos usuários.
Nessa mesma situação, ainda de acordo com o STJ, não tendo sido identificado
o responsável e o local em que ocorrido o ato de publicação de imagens
pedófilo-pornográficas em site de relacionamento de abrangência internacional,
competirá ao juízo federal que primeiro tomar conhecimento do fato apurar o
suposto crime de publicação de pornografia envolvendo criança ou adolescente
(art. 241 do ECA), em respeito ao critério da prevenção - art. 72, parágrafo 20,
do CPP (Informativo n° 532).
O STJ entende que além da grave violação aos direitos humanos, é preciso
também que a polícia ou justiça estadual não cumprissem o seu papel, isto é,
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Processo Penal
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Processo Penal
Extraterritorialidade
Embarcações e aeronaves
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Processo Penal
7.1 Conexão:
Conexão é a interligação entre duas ou mais infrações, que deverão ser julgadas
em um único processo.
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Processo Penal
Fernando Capez cita a rixa como exemplo, mas a melhor doutrina entende
como evento único.
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Processo Penal
Vantagem
Ex.: João vende um celular a Joaquim por R$ 20,00. Até então não há nada
errado nessa conduta. Contudo, se depois restar provado que João furtou o
aparelho, Joaquim terá cometido o crime de receptação.
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Processo Penal
Unicidade:
Duas ou mais pessoas concorrem em delito único
Uma pessoa pratica duas ou mais infrações através de conduta única.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
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Processo Penal
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Processo Penal
A hipótese é de conexão probatória, art. 76, III CPP. Neste caso o foro
competente será Niterói, pois no concurso de jurisdições de mesma categoria,
prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior numero de infrações (
art. 78, II, b CPP).
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Processo Penal
SÚMULA 704
Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo
legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.
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Processo Penal
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Processo Penal
Separação Facultativa
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão
provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a
separação.
Obs.: Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência,
ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a
proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que
não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos
demais processos.
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Processo Penal
Ex.: O presidente Lula por meio de medida provisória deu ao chefe do Banco
Central o status de ministro de estado, por consequência foro por prerrogativa
de função. Nesse caso não houve inconstitucionalidade pois o ato somente
conferiu status de ministro, quem confere foro por prerrogativa de função à
ministros é a própria Constituição.
OBS.: Mesmo sendo magistrado, uma vez aposentado, ele não exerce mais a
função, perdendo o foro por prerrogativa.
Os atos praticados no foro por prerrogativa, são válidos (tempus regit actum),
mesmo quando há perda da prerrogativa e remessa ao juízo inferior.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as
pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando
oposta e admitida a exceção da verdade.
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Processo Penal
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Processo Penal
Senadores
Chefes de missão diplomática de caráter permanente
Competência do STJ
Governadores de Estado e DF
Desembargadores
Membros do MPU que oficiem perante tribunais
Membros do TCE
Membros do TCM
Membros dos Tribunais Regionais (Federal, Trabalho e Eleitoral)
Prefeitos
Juízes estaduais e do Distrito Federal, inclusive os da Justiça Militar
Estadual, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral
Membros do Ministério Público estadual e do Distrito Federal,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral
Ex.: Crime eleitoral cometido por juiz julgamento pelo Tribunal Regional
Eleitoral (órgão equivalente ao Tribunal de Justiça).
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Processo Penal
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Processo Penal
Ex.8: Art. 29 CF. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros
da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
Súmula 208 STJ Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209 do STJ Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
O que o STJ diz que se tiver que prestar contas perante um órgão federal a
competência é da justiça Federal. O órgão equivalente do Tribunal de Justiça é o
Tribunal Regional Federal. Mas se a verba já tiver sido incorporada ao município
a competência será do Tribunal de Justiça.
Princípio da Simetria.
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Processo Penal
OBS.: Foro por prerrogativa de função ao DPE – como o DPU não possui foro por
prerrogativa de função na CF, entendeu o Supremo, num primeiro momento
que o DPE não teria prerrogativa de função porque em relação a ele não seria
possível aplicar o principio da simetria.
Da mesma forma o delegado de policia federal não tem foro por prerrogativa de
função assegurado na CF, logo o delegado de policia estadual também não o
pode ter em razão da constituição estadual.
Num primeiro momento o STF entendeu que somente poderia ter foro por
prerrogativa de função em razão de constituição estadual, aqueles que
possuíssem um correspondente na Constituição Federal, aplicando o Princípio
da Simetria.
Em dezembro de 2004, o Supremo decidiu conferir prerrogativa de função aos
advogados públicos, como forma de assegurá-los uma maior autonomia e
independência no seu múnus, de forma que não fique sujeito a perseguições.
O STF ressalvou apenas a competência do Tribunal do Júri, que é constitucional.
O delegado não foi contemplado pelo STF, pois a atividade policial sofre
controle externo por parte do ministério público, não possuindo independência
e autonomia.
O DPU também está fora por falta de previsão constitucional.
Ex.8: Um deputado estadual que comete crime doloso contar a vida. Uma
primeira corrente aplicando o Princípio da Simetria e os arts. 25, §1, 27 §1º e
125, §1 da CF, entende que ele será julgado pelo Tribunal de Justiça – tendente
a ser majoritária. Uma segunda corrente entende que a competência será do
Tribunal do Júri, aplicando-se a súmula 721 do STF que diz: a competência
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Processo Penal
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Aula 6
Prova
O fato incontroverso, que ocorre com a confissão do réu, precisa ser provado.
Ônus da prova
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade,
adequação e proporcionalidade da medida;
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Processo Penal
Uma corrente capitaneada por Paulo Rangel defende que o réu nada deve
provar, uma vez que a ele é considerado inocente até o fim do processo e
ademais o silencio do réu não pode ser interpretado em seu prejuízo.
Procedimento probatório
É dividido em 4 fases:
1. Proposição
2. Admissão (não serão admitidas provas ilícitas)
3. Produção
4. Valoração
1. Prova tarifada ou Sistema da Certeza Legal: por esse sistema o julgador não
tem a menor liberdade na analise da prova, pois a prova já vem tarifada pelo
legislador. O julgador passa a ser o mero aplicador de provas, nesse sistema há
hierarquia de provas.
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Processo Penal
Ex.: Crime contra o cônjuge agrava a pena. Foi produzida prova testemunhal no
sentido de que autor e vítima são casados. Não pode, contudo, nesse caso o juiz
reconhecer a agravante, pois a prova do casamento se faz através da certidão
de casamento.
Por esse sistema nenhuma prova tem valor absoluto, mas sim relativo, não
existe hierarquia entre as provas, o julgador é livre para julgar, mas de forma
motivada.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipada.
Base constitucional
Art. 93, IX, CF Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação.
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Processo Penal
1. Quanto ao objeto:
1.1 Prova direta: é aquela que incide sobre o próprio tema probando. Ex.:
pessoas que viram Marcelo atirando em João.
Questão: E o indicio negativo? O juiz pode absolver o réu com base em indicio
negativo?
Ex.: Ontem João ameaçou José de morte. Hoje José apareceu morto, mas João
estava dando aula em Búzios.
Indicio negativo = álibi.
O juiz pode absolver com base no indicio negativo porque o indicio é um meio
de prova.
2. Quanto ao sujeito
Prova pessoal: é uma pessoa
3. Quanto à forma:
Pericial
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Processo Penal
Documental
Testemunhal
Provas em espécie
1. Prova Testemunhal
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Processo Penal
b) Judicialidade:
A prova testemunhal para ser válida deve ser jurisdicionalizada, deve ser
produzida ou reproduzida em juízo sob o crivo do contraditório. O testemunho
prestado em sede policial serve apenas para o oferecimento da denuncia, para
que seja condenatória a prova deve ser produzida em juízo na presença das
partes sob o crivo do contraditório.
O art. 225 prevê a possibilidade da tomada antecipada do depoimento quando a
testemunha precisar ausentar-se, for enferma ou muito idosa.
c) Retrospectividade:
O depoimento sempre diz respeito a um fato passado. Tenta-se reconstruir um
fato pretérito.
d) Objetividade:
Prevista no art. 213 do CPP
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações
pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.
Deveres da testemunha:
a) Comparecer
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Processo Penal
b) Depor:
Exceção à obrigação de depor – respeito do Estado às relações familiares.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo
do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Não confundir as pessoas que são eximidas de depor, art. 206, com as que
estão PROIBIDAS de depor, no art. 207 CPP.
Mesmo que desobrigado pela parte interessada o advogado não poderá prestar
testemunho em razão de obrigação legal de sigilo.
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Processo Penal
E se o padre conta sobre o crime pra freira, ela pode depor? Não, estamos
diante de uma prova ilícita por derivação. Terceira pessoa que toma
conhecimento do fato através de uma pessoa que está proibida, também estará
proibida.
c) Dizer a verdade
Só em calar a verdade, já constitui falso testemunho, art. 342 do CP.
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Processo Penal
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Processo Penal
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação,
temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e,
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu,
prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.
O STJ já decidiu que decisão que determina a retirada do réu deve ser
fundamentada, pois está se retirando do réu o seu direito de presença.
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Processo Penal
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo
juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
com prazo razoável, intimadas as partes.
§ 2º Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo
tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
QUESTÃO CEI: Diante da grave crise econômica que atinge o Estado do Rio de
Janeiro e a demanda das audiências de custódia, a Secretaria de Administração
Penitenciária vem encontrando dificuldades diárias para apresentação de
presos nas comarcas do interior para a realização da audiência de instrução e
julgamento. Na comarca de Cabo Frio, o Juiz Cavaquinho decide realizar as
audiências instrução e julgamento sem a presença do acusado preso, baseando-
se no recém-editado enunciado n. 12 do FONAJUC (“Por medida de economia,
efetividade e celeridade, caso o réu preso devidamente requisitado não seja
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Processo Penal
Revisando! IPC!!!
A ampla defesa é princípio fundamental inserido no art. 5.º, inc. LV, da
Constituição Federal, assegurando ao acusado o amplo exercício de sua defesa,
contraditando os fatos delituosos que lhe foram imputados na peça inaugural
da ação penal e utilizando-se de todos os meios de provas admissíveis em
direito. A não observância desse princípio acarreta a nulidade absoluta do
processo pelo configurado cerceamento de defesa.
A ampla defesa é tradicionalmente dividida na autodefesa e na defesa técnica. A
primeira corresponde a um profissional legalmente habilitado (advogado ou
Defensor Público) que possa realizar a defesa durante o curso do procedimento.
A defesa técnica é um direito indisponível, não podendo o acusado renunciar a
presença do advogado ou defensor e sua ausência constitui nulidade absoluta
do procedimento penal, como já reconhece toda a jurisprudência dos tribunais.
2. Interrogatório
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Processo Penal
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
Significa dizer que as demais hipóteses não podem ser sanadas, logo, de
nulidade absoluta.
Ao ser preso, se um réu mentir sobre seu nome ou idade ou qualquer outra
identificação, incorre nas penas do art. 307 do CP?
Falsa identidade
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem,
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Uma primeira corrente diz que não porque o réu tem o direito de mentir e o
Estado tem outros meios de obter a verdadeira identidade do réu, bastando
submetê-lo a identificação criminal pelo procedimento datiloscópico. A segunda
corrente, ligeiramente majoritária diz que o réu pratica sim o crime de falsa
identidade com base no art. 187 do CPP.
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do
acusado e sobre os fatos.
Ele pode mentir com relação aos fatos, pois quando ele mente sobre sua pessoa
está causando um dano à administração da justiça.
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Processo Penal
Após a edição da lei 11.900/09 que alterou o art. 185, o CPP passou a prever a
possibilidade de interrogatório do acusado por videoconferência.
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Processo Penal
Existe, ainda, uma forte corrente doutrinária que mesmo havendo previsão legal
para realização de interrogatório por videoconferência não o admite por ser
inconstitucional ferindo a ampla defesa, direito de presença e publicidade dos
atos processuais.
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Processo Penal
3. Pericias em geral
O laudo pericial será confeccionado por um único perito. Se não houver perito
oficial, será realizado por duas pessoas idôneas com diploma de curso superior,
que deverão prestar juramento de bem e fiel cumprimento de desempenharem
aquela função.
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Processo Penal
Condição de procedibilidade
Ex.: lei 11.343 – o exame da substancia entorpecente é obrigatório, sendo
condição de procedibilidade da ação.
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Processo Penal
A falta do exame de corpo de delito nos crimes não transeuntes gera nulidade
absoluta.
Se por outro lado, o exame direto deixou de se realizar por culpa do Estado,
não cabe o exame indireto.
Ex.: uma arma é apreendida para pericia em razão de crime de porte de arma de
fogo, se a arma desaparece das dependências da delegacia, não poderá ser
realizado o exame indireto, vez que a arma era o próprio corpo de delito.
Busca e apreensão
1. Busca pessoal:
A busca pessoal tem cabimento em três casos:
a) Quando o agente for preso.
b) Busca domiciliar de pessoas
c) Busca de coisas
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Processo Penal
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
2. Busca domiciliar
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Processo Penal
Ainda que a busca domiciliar seja feita pela autoridade policial, segundo a CF se
exigirá a expedição de mandado judicial.
Para fins do art. 5º, XI da CF há corrente que considera-se dia o período das 6 às
18h. o que interessa é o momento do ingresso na residência, não importando
por quanto tempo a diligencia se estenda.
Já Paulo Rangel e André Nicolliti defendem que não é possível a busca coletiva
em várias casas de uma determinada comunidade, pois a casa de uma favela
também deve receber proteção constitucional.
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Processo Penal
Jurisprudência:
Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão geral. 2.
Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF. Busca e apreensão domiciliar
sem mandado judicial em caso de crime permanente. Possibilidade. A
Constituição dispensa o mandado judicial para ingresso forçado em residência
em caso de flagrante delito. No crime permanente, a situação de flagrância se
protrai no tempo. 3. Período noturno. A cláusula que limita o ingresso ao
período do dia é aplicável apenas aos casos em que a busca é determinada por
ordem judicial. Nos demais casos – flagrante delito, desastre ou para prestar
socorro – a Constituição não faz exigência quanto ao período do dia. 4. Controle
judicial a posteriori. Necessidade de preservação da inviolabilidade domiciliar.
Interpretação da Constituição. Proteção contra ingerências arbitrárias no
domicílio. Muito embora o flagrante delito legitime o ingresso forçado em casa
sem determinação judicial, a medida deve ser controlada judicialmente. A
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Processo Penal
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Processo Penal
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Processo Penal
Interceptação Telefônica
O próprio dispositivo já exigia uma lei regulamentando o seu texto. A lei 9.296
foi editada em 1996, 8 anos após a constituição.
Durante o período em que não havia lei regulamentando as interceptações
telefônicas, estas eram feitas com base do código de telecomunicações. O
Supremo, entretanto, entendeu que tais interceptações eram ilícitas, ainda que
com autorização judicial, pois o código de telecomunicações não informava nem
as hipóteses nem a forma das interceptações, que eram exigências
constitucionais.
A escuta telefônica é a captação feita por uma terceira pessoa só que com o
conhecimento de um dos interlocutores. Controvertido, mas ligeiramente
majoritário de que exige autorização judicial.
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Processo Penal
Ex.1: Joaquim liga pra Manoel, seu amigo, e confessa um crime, Manoel, mui
amigo gravou a conversa. Ela não poderá ser usada como meio de prova pois
Joaquim estava em sua intimidade, ademais o réu possui o direito de
permanecer calado.
Ex.2: Joaquim liga pra Manoel e conta que viu Rui matando uma pessoa, mas
como Rui é muito bacana não vai contar nada para policia, mas Manoel estava
gravando a conversa. Agora a conversa serve como prova, pois Joaquim é
testemunha de um crime e a testemunha possui o dever de depor e de dizer a
verdade.
Ex.3: Joaquim liga para Manoel e ameaça de contar pra esposa dele que ele está
de caso com Alice caso não paguem R$ 3.000,00 a ele. A gravação serve como
meio de prova pois está se gravando o momento da infração penal.
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Processo Penal
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena
de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação
objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Estão interceptando Joaquim por trafico de drogas e descobre-se que ele matou
Manoel – encontro fortuito de fatos.
Uma primeira corrente admite o encontro fortuito desde que haja uma conexão
ou continência com o fato investigado.
Já uma segunda corrente admite o encontro fortuito pois a interceptação
ocorreu de forma licita.
Com base apesar do que prevê o art. 2º, III o Supremo admite o encontro
fortuito de um crime punido com detenção.
O Supremo também admite como valida a prova produzida numa interceptação
telefônica que vá instruir um processo administrativo disciplinar
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Processo Penal
Conversas de whatsaap
Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por
meio da extração de dados e de conversas registradas no WhatsApp presentes
no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido
apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
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Processo Penal
Prisão e liberdade
Medidas Cautelares
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Processo Penal
Essas medidas cautelares diversas da prisão previstas nos arts. 319 e 320 do CPP
podem ser adotadas:
como instrumento de contracautela, substituindo anterior prisão em
flagrante, preventiva ou temporária;
como instrumento cautelar ao acusado que estava em liberdade plena.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
Possibilidade de Contraditório
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o
juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte
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Processo Penal
Descumprimento
§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,
de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou
do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em
último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).
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Processo Penal
IX - monitoração eletrônica.
Quando vamos estudar prisão devemos ficar atento ao que diz a Constituição.
Embora a lei 12.403 tenha modificado a parte de prisão a fim de
constitucionalizá-la, a verdade é que o CPP considera a prisão ainda como regra
e a liberdade como exceção, o que vai de encontro a CF, pois segundo a CF a
liberdade é a regra.
Art. 5º, LXI da CF- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
118
Processo Penal
dizer que um juiz de vara de família, por exemplo, pode relaxar uma prisão
ilegal, bastando estar investido da função jurisdicional.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Existem dois tipos de prisão, a prisão pena, que é a definitiva que se dá após o
trânsito em julgado de uma sentença condenatória, a segunda é a prisão
provisória, que antecede a sentença condenatória. É provisória, pois não
sabemos ao certo se ao final do processo o réu será condenado.
A prisão provisória possui, portanto, natureza cautelar.
1. Prisão em flagrante:
Sujeito Passivo: em regra todos pode ser sujeito passivo, com algumas
exceções.
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Processo Penal
d) Defensores Públicos podem ser presos em flagrante, mas sua prisão deverá
ser comunicada imediatamente ao Defensor Geral.
i) Menores de 18:
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Processo Penal
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; Flagrante
impróprio ou quase flagrante.
121
Processo Penal
O lapso temporal do “logo após” do inciso III é menor do que o do “logo depois”
do inciso IV. Não podemos dizer que o “logo após” seja 24h, o tempo vai
depender do caso concreto.
Marcelo mata Rui, vai à Delegacia, apresenta a arma e diz que matou.
Pode o delegado lavrar o auto de prisão em flagrante?
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Processo Penal
Uma primeira corrente diz que não porque o agente será surpreendido na
pratica de um ato e um ato é um indiferente penal.
Art. 69, Parágrafo único da lei 9.099. Ao autor do fato que, após a lavratura do
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso
de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
Uma primeira corrente entende que essa manifestação de vontade deve ser
anterior a captura do agente.
No entanto, o entendimento majoritário diz que a manifestação de vontade do
ofendido pode se dar até o auto de lavratura da prisão em flagrante.
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Processo Penal
Art. 306, § 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
Defensoria Pública.
Uma primeira corrente defendida por Nicolliti é de que caso não seja encaminha
uma copia da APF a prisão será ilegal, devendo ser relaxada. Também considera
ilegal a prisão se não for entregue ao preso em 24h a nota de culpa ao preso.
124
Processo Penal
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A não realização da audiência de custódia, por si só, não é apta a ensejar a
ilegalidade da prisão cautelar imposta ao paciente, uma vez respeitados os
direitos e garantias previstos na Constituição Federal e no Código de Processo
Penal. Ademais, operada a conversão do flagrante em prisão preventiva, fica
superada a alegação de nulidade na ausência de apresentação do preso ao Juízo
de origem, logo após o flagrante. Precedentes. (HC 344.989/RJ, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2016, DJe
28/04/2016)
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Ex.2: O policial chega pra uma pessoa e pergunta se ela consegue um cigarro de
maconha, ela então, visando aquele lucro momentâneo, vai até uma boca de
fumo, compra um cigarro por 10 e vende por 20. Nesse caso não há flagrante
porque antes da atuação do agente provocador essa pessoa não estava em uma
situação de flagrante delito, passou a estar em flagrante delito quando foi à
boca de fumo adquirir a droga.
125
Processo Penal
Espécie de flagrante previsto na lei 9.034, que trata dos crimes praticados por
organizações criminosas.
Na situação legal o agente policial pode atrasar o momento da prisão para que
possa de uma só vez surpreender todos os membros da organização criminosa.
126
Processo Penal
2. Prisão temporária
É uma prisão cautelar prevista na lei 7.960/89, que possui inúmeras críticas
doutrinárias.
127
Processo Penal
Art. 2º, § 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser
posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão
preventiva.
Porém o art. 4º, i, não se presta a situações em que o prazo da prisão expirou.
Ex.: O juiz determina a prisão temporária por 30 dias, contudo, ao chegar no 10º
dia, a autoridade policial, que prosseguiu com as investigações, conclui que o
preso é inocente. Aí sim nesse caso a autoridade policial tem que aguardar o
mandado de soltura, pois o prazo era de 30 dias, e para ser solto antes desse
prazo é necessária autorização judicial. É o juiz que revoga a prisão temporária,
havendo a necessidade de expedição de mandado de soltura.
128
Processo Penal
Uma primeira corrente entende que os requisitos são alternativos, ou seja, para
a decretação da prisão temporária basta a incidência de apenas um dos incisos.
É inconstitucional esse entendimento, pois estaríamos restabelecendo a
prisão obrigatória, já que se bastasse apenas a incidência do inciso III, em
apenas cometendo o agente um dos crimes descritos, já seria preso.
129
Processo Penal
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
; existência do fumus commissi delicti
IPC.: O agente primário, imputado com uma pena de até 4 anos não pode ser
preso preventivamente. Ora, se não se admite a pena preventiva, que é a que
se dá no curso do processo, não é razoável admitir a prisão temporária para a
investigação.
3. Prisão preventiva
Características:
Provisoriedade
Judicialidade
Proporcionalidade
Instrumentalidade hipotética
130
Processo Penal
1ª corrente: NÃO. Posição do STJ. o fato de o réu ter sido condenado a cumprir
pena em regime semiaberto não constitui empecilho à decretação/manutenção
da prisão preventiva, bastando que se tenha o cuidado de não se colocá-lo em
estabelecimento inadequado.
2ª corrente: SIM. Posição do STF. Caso o réu seja condenado a pena que deva
ser cumprida em regime diverso do fechado (aberto ou semiaberto) não será
admissível a decretação ou manutenção de prisão preventiva na sentença
condenatória notadamente quando não há recurso da acusação quanto a este
ponto.
Se fosse permitido que o réu aguardasse o julgamento preso (regime fechado),
mesmo tendo sido condenado a regime aberto ou semiaberto, seria mais
benéfico para ele renunciar ao direito de recorrer e iniciar imediatamente o
cumprimento da pena no regime estipulado do que exercer seu direito de
impugnar a decisão perante o segundo grau. Isso soa absurdo e viola o princípio
da proporcionalidade. A prisão cautelar não admite temperamento para ajustar-
se a regime imposto na sentença diverso do fechado.
131
Processo Penal
A prisão preventiva é uma medida cautelar, uma medida cautelar funciona para
assegurar a efetividade de um processo.
132
Processo Penal
Após a modificação por meio da lei 12.403/2011 não mais se admite a prisão
preventiva decretada de oficio na investigação.
Resumindo:
133
Processo Penal
O art. 312 traz o Fumus comissi delicti, que se traduz na prova da existência do
crime e nos indícios suficientes de autoria, e o Periculum libertatis, através da
garantia na ordem pública, garantia da ordem econômica e assegurar a
aplicação da lei ou por conveniência da instrução criminal.
Atenção: Só cabe prisão preventiva nos crimes dolosos! Nem pensar em prisão
preventiva em crime culposo ou em contravenção penal.
Ninguém ficará preso preventivamente por crime culposo, ainda que
reincidente, já que poderá haver substituição da pena privativa de liberdade
por pena restritiva de direitos, conforme art. 44 do CP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior
a 4 (quatro) anos;
134
Processo Penal
Art. 312, Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada
em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de
outras medidas cautelares
Contudo, não há prazo legal. Deve ser por tempo razoável, caso não tenha
findado a instrução penal. O prazo é contado desde a prisão do acusado até o
término da instrução penal. Após o término da instrução, fica superada a
alegação de excesso de prazo, conforme a Jurisprudência.
Jurisprudência:
135
Processo Penal
*Em um caso concreto, o réu foi preso preventivamente pela suposta prática de
delitos previstos na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). Ocorre que já se
passaram mais de quatro anos desde a prisão preventiva sem haver, sequer,
audiência de interrogatório. Diante disso, o STF entendeu que havia flagrante
excesso de prazo na segregação cautelar e, por essa razão, concedeu habeas
corpus para determinar a soltura do paciente. Embora a razoável duração do
processo não possa ser considerada de maneira isolada e descontextualizada
das peculiaridades do caso concreto, diante da demora no encerramento da
instrução criminal, sem que o paciente, preso preventivamente, tenha sido
interrogado e sem que tenham dado causa à demora, não se sustenta a
manutenção da constrição cautelar. STF. 2ª Turma. HC 141583/RN, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 19/9/2017 (Info 878)
(Caiu no MPRJ )
136
Processo Penal
É mais uma inovação da lei 12.403/2011. A prisão domiciliar não é uma medida
como as do art. 319 e 320 (cautelares pessoais distintas da prisão), que são
alternativas menos gravosas à prisão, afastando a sua incidência.
Prisão Humanitária
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de
idade ou com deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
137
Processo Penal
138
Processo Penal
REGRA: deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que
sejam:
gestantes
puérperas (que deram à luz há pouco tempo)
mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou
de pessoas com deficiência.
139
Processo Penal
IPC! O simples fato de que a mulher ser reincidente não faz com que ela perca
o direito à prisão domiciliar.
Audiências de custódia
Os juízes, durante a realização das audiências de custódia, já deverão adotar as
diretrizes acima explicadas, concedendo, em regra, a prisão domiciliar.
Cabe reclamação caso algum juiz ou Tribunal descumpra essa decisão do STF
no HC coletivo?
NÃO. O STF, com o objetivo de se proteger do grande número de reclamações
que receberia, afirmou expressamente que, “nas hipóteses de descumprimento
da presente decisão, a ferramenta a ser utilizada é o recurso, e não a
reclamação”.
Importante!
PRISÃO DOMICILIAR DO CPP PRISÃO DOMICILIAR DA LEP
Arts. 317 e 318 do CPP. Art. 117 da LEP.
O CPP, ao tratar da prisão domiciliar, A LEP, ao tratar da prisão domiciliar,
está se referindo à possibilidade de o está se referindo à possibilidade de a
réu, em vez de ficar em prisão pessoa já condenada cumprir a sua
preventiva, permanecer recolhido em pena privativa de liberdade na própria
sua residência. residência.
Trata-se de uma medida cautelar que Trata-se, portanto, da execução penal
substitui a prisão preventiva pelo (cumprimento da pena) na própria
recolhimento da pessoa em sua residência.
residência.
Hipóteses (importante): Hipóteses (importante):
O juiz poderá substituir a prisão O preso que estiver cumprindo pena
preventiva pela domiciliar quando o no regime aberto poderá ficar em
agente for: prisão domiciliar quando se tratar de
140
Processo Penal
condenado(a):
I — maior de 80 anos;
I — maior de 70 anos;
II — extremamente debilitado por
motivo de doença grave; II — acometido de doença grave;
IV — gestante; IV — gestante.
Liberdade Provisória
141
Processo Penal
A fiança poderá ser cassada (arts. 338 e 339) quando não for cabível na espécie
ou havendo inovação na classificação do delito, passando-se a crime
inafiançável.
142
Processo Penal
Quebramento da fiança:
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:
Crimes Inafiançáveis:
Art. 323. Não será concedida fiança:
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;
143
Processo Penal
Preso Pobre:
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação
econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às
obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas
cautelares, se for o caso.
Também cabe liberdade provisória para crimes hediondos. STF já disse ser
inconstitucional a vedação de liberdade provisória nos crimes de tráfico.
144
Processo Penal
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Comunicação dos Atos Processuais
Macete:
Intima de intima de um ato já praticado.
Notifica Para notifica para a prática de um ato.
OBS.: Art. 370, § 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na
comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via
postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
O STJ já decidiu que o réu, atuando em causa própria, poderá ser intimado,
quando preso, pelo diretor do presidio.
Processo eletrônico
Citação
145
Processo Penal
O art. 362 traz, ainda, a possibilidade da citação por hora certa, que também é
uma citação ficta.
Deve o oficial de justiça, entretanto, ter certificado a ocultação do réu.
Caso o réu não tenha sido encontrado deverá ser citado por edital. Contudo
antes devem ter sido tomadas todas as providências possíveis para que o réu
seja encontrado, tal como expedir ofícios, em especial para a polinter e para a
secretaria de administração do estado penitenciário, a fim de se verificar se o
réu está preso, vez que conforme súmula do STF é nula a citação por edital de
réu preso onde o juiz exerce jurisdição.
Súmula 351
É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que
o juiz exerce a sua jurisdição.
Esgotados todos os meios possíveis de se encontrar o réu, ele será citado por
edital.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312.
146
Processo Penal
OBS.: O fato de o réu citado por edital não ter comparecido em juízo, por si só
não autoriza a decretação da prisão preventiva.
Processos em espécie
147
Processo Penal
A decisão que rejeita denuncia ou queixa faz coisa julgada formal. Portanto, o
órgão acusador pode manejar recurso ou oferecer uma nova acusação.
148
Processo Penal
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
149
Processo Penal
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. O prazo para marcação da
audiência no procedimento ordinário será de 60 dias e no procedimento
sumário de 30 dias, lembrando que esse prazo é improprio.
150
Processo Penal
Art. 132 CC. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide,
salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido
ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se
entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas.
151
Processo Penal
1ª corrente: a falta de alegações finais da defesa não gera nulidade, o que gera
nulidade é a falta de intimação da defesa para apresentação de alegações finais,
pois a defesa teve oportunidade de se manifestar.
Procedimento sumaríssimo
Previsto na lei 9099/95, quando a pena máxima cominada for de até 2 anos.
152
Processo Penal
Ex.: João vende maconha para Jose´, quando ambos são pegos em flagrante pela
policia. João responderá por trafico e José por uso, que é um crime de menor
potencial ofensivo. O processo de ambos correrá em conjunto, seguindo o rito
ordinário, mas o usuário poderá se beneficiar dos institutos da transação penal
e da composição dos danos civis.
153
Processo Penal
Nos crimes de ação penal privada a composição dos danos civis será reduzida a
escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente. (art.74)
Quando há envolvido que não quer fazer a composição civil ou mesmo não há
ofendido, o passo seguinte é a transação penal.
154
Processo Penal
Por outro lado, o art. 64, I do CP diz que não se conta para efeito de reincidência
, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior
tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação.
Sobre isso, uma primeira corrente diz que se o legislador quisesse prever um
tempo para contabilizar a reincidência, nos moldes do art. 64, I, ele o teria feito.
Portanto o legislador somente admite a transação penal para o réu que é
primário.
Já uma segunda corrente, com base no art. 64, I diz que passados 5 anos o
agente não é considerado mais reincidente, ou seja, ele já está reabilitado, uma
condenação não pode acompanhar o agente ad eternum.
155
Processo Penal
A transação penal deve ser aceita pelo autor do fato e pelo defensor.
Art. 76 § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será
submetida à apreciação do Juiz.
156
Processo Penal
2ª corrente: admite a transação penal para crimes de ação privada por ser
medida despenalizadora, se ela é aplicada na infração mais grave, é claro que
ela tem que ser aplicada na menos grave Princípio da razoabilidade.
Se o MP pedir para oferecer denuncia por escrito, o autor do fato será citado.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que
possível, ou por mandado.
A lei 9099 não prevê o numero máximo de testemunhas a serem arroladas. Uma
primeira corrente faz analogia ao art. 34 da 9099 e diz que pode ser arrolada até
3 testemunha, uma segunda corrente faz analogia ao art. 532, podendo ser
arroladas até 5 testemunhas.
157
Processo Penal
As alegações finais são feitas oralmente, sendo a lei 9099 omissa quanto ao
tempo dos debates, analogia ao procedimento sumário, 20 min prorrogados por
mais 10 min, podendo ser apresentada na forma de memorais, num prazo de 5
dias.
As alegações finais são indispensáveis.
A sentença dispensa o relatório, cabendo da sentença apelação no prazo de 10
dias.
158
Processo Penal
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Art. 89, § 1º da lei 9.099. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo,
submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
Por outro lado, poderá ocorrer revogação quando houver prática de uma
contravenção ou deixar de cumprir as demais obrigações do §1º do art. 89 da lei
9099.
159
Processo Penal
Mas se o promotor entende que não é caso de suspensão e o juiz entende que
é, o que deve acontecer?
160
Processo Penal
TRIBUNAL DO JURI
Na primeira fase o Estado colhe elementos que serão suficientes ou não para
levar o acusado ao júri.
161
Processo Penal
A Doutrina entende que essa resposta é indispensável, gerando a sua falta uma
nulidade absoluta, em razão do que dispõe o art. 408 do CPP.
Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor
para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.
1ª Corrente: o art. 397 do CPP que prevê a absolvição sumária também se aplica
aos procedimentos do júri.
Art. 394 § 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos
os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste
Código.
2ª Corrente: O próprio art. 394, §3º faz uma ressalva a aplicação do §4º, quando
diz que ao procedimento do júri se aplicam apenas os arts, 406 a 407.
O art. 415 já trata do julgamento antecipado da lide, não seria razoável termos
2 momentos para isso, o do 394, §4º e o do 415.
162
Processo Penal
Audiência:
Caso uma audiência seja presidida por um juiz e a outra por outro juiz, aquele
que encerrar a instrução ficará vinculado para uma decisão.
Não havendo alegações finais pelo MP haverá nulidade, art. 564, III, d,
primeira parte.
Entendimento pacífico do STJ de que a falta de alegações finais pela defesa não
gera nulidade. O que vai gerar nulidade relativa é a falta de intimação para a
defesa se manifestar em alegações finais.
163
Processo Penal
1. Pronúncia
Segundo a doutrina a pronuncia é uma decisão interlocutória mista não
terminativa pois põe fim a uma fase do procedimento sem julgamento do
mérito.
A pronuncia que valora a prova pode ser nula por excesso de linguagem, por
eloquência acusatória.
164
Processo Penal
Com base nesse art. O STF afirmou não ser possível lacrar a pronuncia, já que
uma cópia dela deve ser entregue aos jurados. A solução do supremo é para que
o excesso de linguagem seja riscado.
Ocorre que ao riscar a pronuncia ela pode restar desfigurada, e nesse caso, ela
deverá ser desentranhada dos autos, cassada e uma nova ser proferida.
OBS.: Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante
da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. Emendatio
Libelli
Ex.: O MP ao narrar um homicídio, descreve um motivo torpe, mas na hora de
fazer o pedido o faz com fundamento no art. 121, homicídio simples. Como já
havia a descrição do motivo torpe na peça acusatória, o juiz fará a emendatio
libelli, na forma do art. 121, §2º, I.
165
Processo Penal
O juiz na pronuncia poderá excluir uma qualificadora? O réu foi denunciado por
um homicídio qualificado, o juiz pode pronunciar o réu por homicídio simples?
1ª Corrente: Não é possível, pois o juiz não pode subtrair a competência do júri.
Qualificadora é mérito, e quem julga mérito é tribunal do júri.
2ª Corrente: Quem pode mais, pode menos. Se o juiz pode impronunciar o réu
por toda imputação, é porque ele pode impronunciar parcialmente para excluir
uma qualificadora.
O STF diz que a principio o juiz não pode excluir uma qualificadora porque
qualificadora é mérito, salvo se manifestamente improcedente.
Porém, se o defensor achar que p réu sequer deveria ter sido pronunciado, o
recurso será o recurso em sentido estrito.
166
Processo Penal
Em uma prova de defensoria deve-se defender o In Dubio Pro Réu, ainda que
este seja o entendimento minoritaríssimo.
Exceção: Art. 421,§ 1º. Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo
circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará
a remessa dos autos ao Ministério Público.
Se o réu for pronunciado por homicídio tentado, não poderá ser condenado por
homicídio consumado em razão da observância do principio da congruência,
167
Processo Penal
2. Impronuncia
A doutrina entende que a impronuncia é uma decisão interlocutória mista
terminativa, pois põe fim ao processo sem julgamento do mérito, no entanto, o
CPP considera a impronuncia como sendo uma sentença, segundo art. 416.
A pronúncia faz coisa julgada formal, segundo o que dispõe o p. único do art.
414.
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.
Faz coisa julgada formal porque se houver nova prova o réu poderá ser
pronunciado.
Paulo Rangel entende que o parágrafo único do art. 414 é inconstitucional. Não
é concebível que em um estado democrático de direito após o réu ser
processado e não ficar comprovada sua autoria delitiva, ainda sim ele não se
livrar do processo, pois se surgir uma prova nova ele poderá ser pronunciado.
Não há segurança jurídica ou estabilidade da relação jurídica. O individuo foi
processado e ainda deverá aguardar outra forma de extinção da punibilidade,
como a prescrição.
168
Processo Penal
3. Absolvição sumária
1ª Corrente: entendimento MAJORITÁRIO diz que não porque o art. 415 não
traz sua previsão. Também não deve ser levado em conta o que diz o art. 574,II
porque ele faz remissão a um artigo revogado, o 411, que tratava da absolvição
sumária, que agora é tratada no art. 415.
169
Processo Penal
O legislador atento a essa decisão incluiu parágrafo único no art. 415 que diz
que se a única tese defensiva for inimputabilidade o juiz poderá absolver
sumariamente, mas se além da inimputabilidade a defesa apresentar outra tese,
seja de negativa de autoria ou excludente de ilicitude ou outra de culpabilidade,
não poderá o acusado ser absolvido sumariamente, em respeito à ampla defesa
e a presunção de inocência. O acusado será levado a julgamento pelo júri.
O autor do fato deve ser mandado a júri, porque se o júri quiser absolve o réu
no âmbito da sua soberania.
DESCLASSIFICAÇÃO
170
Processo Penal
Desclassificação própria: o juiz desclassifica a infração para uma outra que não
seja da sua competência. Neste caso, obrigatoriamente, remeterá os autos ao
juízo competente.
Ex.: Uma pessoa atira na perna da outra e atinge a femural, causando a morte.
Se o júri entender que não houve homicídio, já que o animus necandi era de
lesionar e não matar, haverá desclassificação do homicídio para lesão corporal
seguida de morte, cuja competência também é do júri, cabendo ao juiz aplicar a
pena.
171
Processo Penal
172
Processo Penal
A competência do Juri é
constitucional - art. 98, I da CF
Desclassificação
para lesão corporal Juiz singular. o
gravíssima - Art. processo continua
129, §2º no tribunal do juri.
173
Processo Penal
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Aula 11
Crimes conexos:
Imaginemos que o réu está sendo processado por um crime de homicídio (art.
121) e um crime de roubo (art. 157) na fase de pronúncia.
1ª hipótese: o juiz absolve o réu quanto ao crime doloso contra vida. O crime
conexo será remetido ao juízo competente.
174
Processo Penal
2ª hipótese: o juiz impronuncia no crime doloso contra a vida, ou seja, ele está
dizendo que não indícios de autoria ou materialidade. O crime conexo será
remetido ao juízo competente.
3ª hipótese: o juiz desclassifica o crime doloso contra a vida para outro que não
o seja. O crime conexo será remetido ao juízo competente.
5ª hipótese: o juiz pronuncia o crime doloso contra a vida. Pode ele impronuncia
o crime conexo?
- 1ª Corrente (Nucci): quando o juiz pronuncia o réu no crime doloso contra a
vida está fixando a competência do tribunal do júri, portanto a pronúncia do
crime conexo se torna obrigatória.
Ou seja, Guilherme de Souza Nucci não admite a impronúncia do crime conexo.
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for
encontrado.
175
Processo Penal
Após a manifestação das partes na forma do art. 422 os autos serão conclusos
ao juiz, que vai deferir ou não as diligências requeridas pelas partes, irá sanear o
processo e fará o relatório (que será entregue aos jurados). Depois disso incluirá
o feito em pauta.
Nas comarcas com mais de 1milhão de habitantes serão alistados de 800 a 1500
jurados.
Nas comarcas com mais de 100mil habitantes de 300 a 700 jurados.
Nas comarcas com menos de 100mil, de 80 a 400 jurados.
176
Processo Penal
Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe
retirar as cédulas até completar o número de 25 (vinte e cinco) jurados, para a
reunião periódica ou extraordinária.
§ 1º O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia
útil antecedente à instalação da reunião.
Para que o juiz inicie uma sessão de julgamento deverão estar presentes pelo
menos 15 jurados. Desses 15, 7 serão sorteados e formarão o conselho de
sentença.
* Passa despercebido por alguns defensores o fato de que após o sorteio, são
incluídos feitos em pauta.
Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente determinará a
intimação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da
Defensoria Pública para acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio
dos jurados que atuarão na reunião periódica.
Não é possível depois de já terem sido sorteados os jurados (ou seja, após já se
ter uma tendência) o juiz incluir um determinado feito em pauta.
177
Processo Penal
Súmula 206 STF. É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de
jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.
Só quem com o passar do tempo o STF passou a entender que a nulidade seria
relativa, devendo a parte interessada demonstrar o prejuízo.
Ex.: Se num júri de corréu funciona o mesmo jurado, cujo resultado foi 7x0,
mesmo que se considerando o voto desse jurado como imprestável, o resultado
178
Processo Penal
não seria alterado. E também não haveria contaminação desse jurado para os
demais devido à incomunicabilidade.
Entretanto, se o julgamento fosse 4x3 funcionando o jurado afetado pelo
julgamento anterior, caso fosse outra pessoa funcionando, as possibilidades
seriam: 5x2; 4x3 ou 3x4. Provando-se o prejuízo, pois se outro fosse o jurado, o
réu poderia não ter sido condenado, então o julgamento será nulo.
Atenção, se o resultado foi 7x0 ou 0x7 sabe-se por óbvio qual foi a decisão de
cada jurado.
Por essa razão, no 4ª voto idêntico se encerra a quesitação.
Para o juiz iniciar o julgamento devem estar presentes pelo menos 15 jurados.
Caso participe do conselho de sentença jurado que funcionou também em
processo de corréu, haverá nulidade absoluta.
Entretanto, atenção!
Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade
serão considerados para a constituição do número legal exigível para a
realização da sessão.
Ou seja, iniciada a sessão, serão sorteados 7 jurados dentre 14, pois excluído o
impedido.
179
Processo Penal
Desaforamento
É a transferência do julgamento para outra comarca da mesma região.
STF não admite que o desaforamento seja feito de forma automática para a
comarca da capital. O desaforamento é feito para comarca da mesma região.
Entretanto, se a outra comarca da mesma região também for afetada, aí sim
poderá ser desaforado para a comarca da capital.
Hipóteses de aforamento:
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a
imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a
requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado
ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o
desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não
existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.
180
Processo Penal
Sessão de julgamento
§ 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado somente uma vez,
devendo o acusado ser julgado quando chamado novamente.
181
Processo Penal
Em seguida será realizado o sorteio dos jurados. Serão sorteados 7 jurados para
formação do conselho de sentença.
182
Processo Penal
Estouro de urna ocorre quando diante das recusas não resta o nº mínimo de
jurados, ou seja, 7 para a formação do conselho de sentença. Nesse caso,
haverá desmembramento de julgamento.
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas
por um só defensor.
§ 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas,
não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de
Sentença.
§ 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em primeiro lugar
o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de co-autoria,
aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 (réu preso a mais
tempo) deste Código.
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos
julgamentos, terão preferência:
I – os acusados presos;
183
Processo Penal
Assim o prometo.
Lembrando que:
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a
intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e
do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas
que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que
poderão juntar documentos e requerer diligência.
185
Processo Penal
Os jurados serão indagados se estão habilitados a julgar. Caso um deles diga que
não, poderá consultar os autos.
Podem ser exibidas jurisprudências, pode ser lida doutrina, o que não pode
é algo que tenha relação específica com o fato que está sendo julgado.
O art. 479 proíbe a referência de documentos que tenha relação com a causa, o
que não ocorre em relação a obra jurídica e decisões, cujo propósito é o de
reforçar a sustentação oral.
186
Processo Penal
Questão: o réu estava sendo julgado por homicídio qualificado com emprego de
veneno. No dia do julgamento o promotor de justiça exibiu aos jurados uma
nota fiscal em nome do réu comprando veneno, 5 dias antes do julgamento.
Como defensor qual providência a ser tomada?
R.: A prova é ilícita, então deve a defesa requerer ao juiz que seja consignado
em ata o uso do documento novo. Requerendo a apreensão e juntada do
documento, para, se for o caso, mostrar em sede de recurso a relação direta do
documento exibido com o fato que está sendo julgado.
Se o réu for absolvido não haverá nulidade (pas nullité sans grief – não há
nulidade sem prejuízo)
Atenção!
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade,
fazer referências:
Se o promotor quiser ler a pronuncia ele pode (até porque uma cópia da
pronuncia será entregue aos jurados), o que não pode é usar da pronuncia
como argumento de autoridade, por exemplo “se o réu foi pronunciado é
porque é culpado, senão teria sido absolvido sumariamente``
187
Processo Penal
Aparte
188
Processo Penal
O professor admite haver treplica sem replica porque houve mudança no tempo
dos debates. Ele não vê mais como replica e treplica, mas como 2 tempos de
debate.
Princípio da isonomia: o órgão acusador estatal vai definir o tempo nos debates.
Se o MP fizer réplica o tempo dos debates será de 2h e 30min, se o MP não fizer
réplica o tempo dos debates será de 1h e 30min.
Durante a fala a defesa apresenta uma tese e depois na tréplica faz uma
inovação de tese.
Uma primeira corrente não admite inovação na treplica por ofensa ao principio
do contraditório. Argumenta essa corrente que o MP não teria uma outra
oportunidade para se manifestar sobre a nova tese apresentada pela defesa.
E também, no rito comum, o MP fala antes da defesa, que tem a palavra final,
então não haveria razão para a tese de que o MP não terá oportunidade de falar
após a tréplica.
189
Processo Penal
II – a autoria ou participação
III – se o acusado deve ser absolvido;
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível
a acusação.
Se o júri votar não, está dizendo que o fato não existiu, que ele não morreu por
disparos de arma de fogo. Se o fato não existiu o réu está absolvido.
190
Processo Penal
3º quesito com redação obrigatória de acordo com §2º do art. 483: O jurado
absolve o acusado?
Se o júri vota sim o réu está absolvido e se o júri vota não o réu está condenado.
Esse 3º quesito repousa na soberania dos vereditos. O júri absolve o jurado pelo
motivo que ele quiser (clemencia, pena, porque a vitima deveria morrer).
Ex.: o júri vota se a vitima foi atingida por disparos de arma de fogo. Depois vota
se os disparos foram a causa da morte.
Se o júri vota sim nos 2 o júri estará dizendo que a vitima foi atingida por
disparos causando-lhe as lesões e essas lesões foram a causa de sua morte,
prejudicada a tese defensiva de quebra do nexo causal.
Se o júri vota não ao primeiro quesito o réu está absolvido, pois está dizendo
que a vitima não foi atingida por disparos de arma de fogo.
Se o júri vota sim ao primeiro quesito dizendo que a vitima foi atingida por
disparos de arma de fogo, mas que as lesões não foram a causa de sua morte,
ou seja, dizendo não ao segundo quesito, o júri está acolhendo a tese defensiva
de rompimento do nexo causal.
O réu então vai responder pelos atos praticados, que pode ser lesão corporal ou
tentativa de homicídio.
O juiz vai ter que formular novo quesito antes do obrigatório, se Joaquim tentou
matar a vitima Manuel. Se o júri vota sim está reconhecendo uma tentativa de
191
Processo Penal
homicídio, se o júri vota não, está dizendo que Joaquim cometeu apenas uma
lesão corporal, realizando uma desclassificação.
192
Processo Penal
Recursos
Natureza jurídica
1ª corrente: desdobramento do direito de ação.
2º corrente: recurso seria uma nova ação.
3ª corrente: é meio pelo qual alguém pode impugnar uma decisão. Majoritária
Princípios:
1. Princípio da Fungibilidade
Art. 579 CPP
193
Processo Penal
E o erro grosseiro?
1ª corrente entende que não é necessário que o erro não seja grosseiro,
bastando que não seja de má-fé.
2ª corrente (majoritária - STJ) exige que não haja erro grosseiro e também não
pode haver má-fé.
Quando o juiz absolve sumariamente o réu com base no art. 397,IV do CPP, qual
o recurso cabível?
Vem o MP e interpõe rese no prazo de 5 dias. Nesse caso pode ser aplicado o
principio da fungibilidade? Sim , pois não houve má-fé, já que o recurso
interposto foi dentro do prazo cabível e não houve erro grosseiro porque há
controvérsia na doutrina.
194
Processo Penal
Exceções:
a) Possibilidade de interposição de resp e rext. Um determinado acordão pode
violar uma lei pode federal admitindo recurso especial para o STJ e ao mesmo
tempo uma lei constitucional, desafiando recurso extraordinário para o STF.
Mas há uma corrente minoritária que admite o protesto por novo júri quando o
fato foi praticado antes da lei 11.279/2008.
Então, partindo desse entendimento, desde que o fato seja anterior a lei
teremos uma exceção ao principio da unirrecorribilidade.
Juízo de admissibilidade
No processo penal existe um duplo juízo de admissibilidade.
O primeiro juízo de admissibilidade é feito pelo juízo a quo (aquele que proferiu
a decisão).
Um segundo e definitivo juízo é feito pelo juízo ad quem (aquele que va julgar o
recurso).
O juiz a quo entendendo que falta um pressuposto recursal não vai admitir o
recurso, negando seguimento, podendo a parte recorrer em sentido estrito.
Se o juiz por sua vez não admitir o recurso em sentido estrito cabe carta
testemunhável.
195
Processo Penal
Sempre que o juízo a quo negar seguimento a um recurso haverá previsão legal
de recurso dessa decisão.
Da sentença cabe apelação com prazo de 5 dias. A parte recorre no 15º dia, o
recurso de apelação será negado, mas a parte poderá recorrer em sentido
estrito.
Questão preliminar é uma questão processual, que deve ser analisada antes do
mérito. O juiz não pode julgar o mérito sem antes enfrentar a questão
processual.
O juiz condena o réu, aí o defensor irá apresentar as razões de apelação.
De regra recorrente não tem preliminar, porque toda matéria que será
devolvida ao tribunal seja de direito processual ou de direito material passa a
ser o mérito do recurso. O que foi preliminar de mérito na contestação se
poderá de transformar em mérito do recurso.
Entretanto é possível que o recorrente abra uma preliminar, mas ela não dirá
respeito a uma questão processual.
Ex.: preliminar de tempestividade ou quando há controvérsia ao interesse
recursal do recorrente.
196
Processo Penal
Pressupostos recursais
Pressupostos recursais objetivos
Pressupostos recursais subjetivos
Portanto, o juiz não irá acolher rese da decisão que recebe a denuncia porque
vai lhe faltar um pressuposto processual objetivo, qual seja, cabimento.
d) regularidade formal:
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos,
assinado pelo recorrente ou por seu representante.
Interposição por termo nos autos é uma manifestação oral que é reduzida a
termo. Via de regra o réu apela de uma sentença por termo nos autos. O oficial
197
Processo Penal
de justiça após a leitura da sentença pelo juiz pergunta se o réu tem interesse
em recorrer (sim, não, ou deixa a cargo da defesa técnica).
MP, DP, assistente, querelante, querelado podem recorrer por termo nos
autos? Sim, desde que a decisão tenha sido proferida em audiência e deve ser o
recurso bifásico, que não exija desde já uma fundamentação. O rese
dependendo da hipótese pode ser interposto por termo nos autos, bem como a
apelação.
198
Processo Penal
O réu renuncia ao recurso, ou seja, o réu não quer recorrer. O defensor quer
recorrer, qual a vontade que irá prevalecer?
1ª corrente: prevalece a vontade do réu porque ele pode livremente constituir o
seu defensor, basta então constituir um defensor que atenda à sua vontade.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja
interposto.
Deserção
199
Processo Penal
Ex.3: Ação penal privada, réu condenado, autor recorre e o MP entende que a
pena cominada foi baixa, pode recorrer? Sim, porque não há que se falar em
disponibilidade pois o autor da ação recorreu.
Em ação penal pública pode o MP recorrer para que o réu seja absolvido ou
sua pena seja diminuída?
Hoje já está pacificado que sim. Embora o MP ocupe o polo processual ativo da
relação processual penal em uma ação penal publica, ele não perde nunca a
qualidade de custos legis. Não interessa ao MP que um inocente seja
injustamente condenado.
200
Processo Penal
Assistente:
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal,
o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se
tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá,
porém, efeito suspensivo.
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.
Ex.: Marcelo leva um tiro no braço e não morre, ele é o ofendido e se habilita
nos autos como assistente, constituindo um advogado.
201
Processo Penal
Se o ofendido não estiver habilitado ele não será intimado, então é razoável que
o prazo seja de 15 dias.
Ex.: o réu está sendo processado por dois crimes estelionato (171 CP) e
formação de quadrilha (288 CP). No estelionato ele é condenado a uma pena de
2 anos e é absolvido na formação de quadrilha. O assistente inconformado
coma sentença absolutória recorre.
Esse recurso não merece ser reconhecido porque o assistente não tem
legitimidade. O ofendido na formação de quadrilha é o Estado, pois fere a paz
social.
202
Processo Penal
Ex.: O réu foi denunciado por homicídio em concurso material com roubo. O
assistente pode recorrer da pronuncia visando a desclassificação para
latrocínio?
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer
perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate
oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele
próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.
203
Processo Penal
Ex.: o réu foi absolvido por não haver prova dele ter sido o autor do crime.
Entretanto, com essa decisão ele pode ser condenado em uma ação civil ex
delito, entretanto ele pode recorrer para obter uma fundamentação dizendo
que há prova de não ter sido ele o autor do crime, o que impediria uma ação
civil ex delito.
Proibição de reformatio in pejus
Seria uma reforma para pior num recursos exclusivo da defesa.
Se houvesse a possibilidade de agravamento da situação do réu em recurso
exclusivo da defesa o réu pensaria duas vezes antes de recorrer o que inibiria o
exercício da ampla defesa.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto
nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser
agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.
Ex.1: Réu foi condenado a uma pena de 6 anos. Recurso exclusivo da defesa. O
tribunal pode agravar a situação do réu? Evidente que não, com base no art.
617 CPP, proibição da reformatio in pejus.
Ex.2: Réu foi condenado a uma pena de 6 anos. Recurso exclusivo da defesa
alegando nulidade da sentença error in procedendo1. O tribunal provê o apelo e
baixa o processo para que uma nova sentença seja proferida. Nesse caso o juiz
pode agravar a situação do réu?
1ª corrente (minoritária): diz que sim, pois se a sentença é nula ela não gera
qualquer tipo de efeito. Pode o juiz na nova sentença aplicar a pena que bem
entender.
2º corrente (STF): não, essa é proibição de reformatio in pejus indireta. Aquela
sentença que foi anulada pelo tribunal terá um efeito chamado de efeito
prodrômico, que seria a impossibilidade de o juiz agravar a pena.
Ora, se o réu soubesse que a situação dele seria agravada ele não teria
recorrido. Ademais quando o tribunal cassa a sentença e baixa o processo
nenhum outro ato será praticado. Não tem como surgir um elemento novo que
autorize o aumento da pena, então não existe motivo para o juiz agravar a
pena.
Ex.3: Réu foi condenado a uma pena de 6 anos. Recurso exclusivo da defesa
alegando incompetência absoluta do juízo. Tribunal prove apelo defensivo,
anula todo o processo. Um novo processo vai tramitar perante o juízo
competente. O juiz pode agravara a situação do réu?
1
Error in procedendo: a sentença será cassada. O tribunal baixa o processo e uma nova será proferida.
Error in iudicando: o tribunal reforma a sentença e a decisão do tribunal substitui a sentença do juiz.
204
Processo Penal
1ª corrente: admite que a situação do réu seja agravada, a uma porque o juízo
competente, o juiz natural não pode sofrer qualquer limitação por um ato
praticado por juiz absolutamente incompetente, ademais no novo processo que
será instaurado perante o juízo competente pode surgir um elemento novo,
uma causa de aumento, uma agravante, que faz com que a penas seja agravada.
2ª corrente: nem mesmo no caso de incompetência absoluta a situação do réu
pode ser agravada.
Tese da DP: Mesmo no caso de incompetência absoluta não pode agravar a
pena, porque se permitido o aumento das penas estará se limitando o exercício
da ampla defesa.
205
Processo Penal
A execução da pena será como se não fosse hediondo, pois o Supremo quando
reduziu a pena de 12 anos para 6 anos, restabeleceu àquela condenação por
homicídio simples (proibição da reformatio in pejus). Se a condenação for por
homicídio qualificado, na hora de aplicar a progressão e o livramento
condicional estaríamos incidindo em reformatio in pejus. Esse foi o precedente
da 1ª turma do STF.
Resumindo: primeira turma não admite em hipótese alguma pena sendo
agravada.
Tem precedente da 2ª turma dizendo que se o resultado do 2º julgamento for
igual ao do 1º não pode agravar a pena, mas se for diferente, se reconhecer
mais uma qualificadora por exemplo, aí a situação do réu pode ser agravada.
Ex.2: Réu condenado no tribunal do júri a homicídio qualificado (art. 121, §2º,
II). DP recorre sob o fundamento de que a decisão do júri foi manifestamente
contrária a prova dos autos (art. 593,III, d). MP recorre sob o fundamento de
erro ou injustiça na aplicação da pena (art. 593,III, c). A defesa quer cassar o
julgamento, MP quer aumentar a pena.
Se o tribunal cassa a sentença, dando provimento ao recurso defensivo, o
recurso ministerial estará prejudicado.
Se o tribunal nega provimento ao apelo defensivo, não cassa o julgamento,
nada impede que dando provimento ao recurso ministerial a pena seja
agravada.
Pois bem, o tribunal cassa a sentença, dando provimento ao recurso defensivo,
prejudicando o recurso ministerial. Um novo julgamento é marcado. Nesse novo
julgamento o juiz pode agravar a situação do réu?
Nesse caso sim, pois a proibição da reformatio in pejus só se dá no caso de
recurso exclusivo da defesa.
Ex.3: Réu condenado a uma pena de 12 anos em regime fechado por homicídio
qualificado (art. 121, §2º, II). Recurso da defesa, julgamento anulado, novo
julgamento condenação em homicídio simples a pena de 8 ano em regime
semiaberto.
O professor Marcelo Machado defende que houve reformatio in pejus, isso
porque a pena de homicídio qualificado varia de 12 a 30 e de homicídio simples
de 6 a 20. Ora se num primeiro julgamento a pena foi arbitrada no mínimo legal
é porque as circunstâncias do art. 59 lhe eram favoráveis. Por isso o juiz não
poderia no homicídio simples arbitrar pena acima do mínimo, pois ele continua
possuindo como favoráveis as circunstâncias do art. 59.
Reformatio in mellios
206
Processo Penal
Recursos em espécie
1. Recurso em sentido estrito
207
Processo Penal
Tudo leva a crer que essa nulidade é absoluta, porque ela não pode ser suprida
por nomeação de defensor dativo.
208
Processo Penal
não tem efeito suspensivo, o que significa dizer que ainda que interposto o
recurso o acusado será posto em liberdade. Pode nesse caso o MP impetrar
mandado de segurança para obter efeito suspensivo?
Amplamente majoritário que não, porque não se vislumbra qualquer direito
liquido e certo do MP em manejar esse HC e também não é possível que
através de uma ação constitucional obter um efeito não desejado pelo
legislador.
Art. 44 da lei 11.343: Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37
desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e
liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de
direitos.
O STF admite liberdade provisória no tráfico de drogas, até porque ao final se
houver a redução do §4º vai ser possível a substituição da ppl por prd. Se ele
pode cumprir uma prd não pode ser impedida a concessão de liberdade
provisória.
Ex.: juiz concede a liberdade provisória no tráfico, MP recorre em sentido
estrito, aí é até razoável admitir mandado de segurança para obter efeito
suspensivo porque o MP é custos legis, é fiscal do ordenamento jurídico. Aí o
juiz acaba sendo contrario ao disposto na legislação.
209
Processo Penal
Quem revoga o sursi é o juiz da execução, e das decisões dele caberá agravo.
210
Processo Penal
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
desafia agravo
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei
admita a revogação; desafia agravo
Juízo de retratação
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao
juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho,
mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Ex.1: O juiz não recebe a denúncia. Cabe RESE, MP apresenta as razões, a defesa
será intimada para apresentar contrarrazões (súmula 707 STF). Se o juiz não se
retrata, vai remeter os autos ao tribunal. Se ele se retrata estará recebendo a
211
Processo Penal
Ex.2: O juiz indefere a prescrição. Cabe RESE, a defesa apresenta as suas razões
e o MP apresenta contrarrazões.
Após a apresentação das contrarrazões é possível o juízo de retratação.
Se o juiz não se retrata, mantém a decisão, remete os autos ao tribunal.
Se ele se retrata da decisão ele vai estar deferindo a prescrição. Dessa nova
decisão cabe recurso. Dessa forma o MP recorre por simples petição.
RECURSO DE APELAÇÃO
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz
singular;
As sentenças que julgam o mérito para absolver ou condenar o Réu.
212
Processo Penal
Com base na alínea “d” só pode ser interposto recurso uma única vez.
§ 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se
convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos
autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se
admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
213
Processo Penal
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância
superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do
art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias.
De acordo com o art. 601 os autos podem subir sem as razões. Mas o TJ pode
julgar o recurso sem que uma das partes tenha apresentado as razões?
Questão extremamente controvertida!
1ª corrente: dispensa a apresentação de razões porque o tantum devolutum
quantum apelatum (a matéria que é devolvida ao tribunal) é aquela
apresentada na interposição.
2ª corrente: exige a apresentação de razões. Se por ventura a matéria chegar ao
tribunal sem as razões, seja do MP, seja da defesa, o tribunal baixa pra que elas
sejam apresentadas, porque se faltam as razões da defesa haverá ofensa à
ampla defesa, um cerceamento de defesa. Se faltam as razões do MP, haverá
nulidade com fundamento no art. 564, III, alínea “d”, primeira parte, porque é
imprescindível a manifestação do MP.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz
que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.
Os embargos são inaudita altera pars, ou seja, a parte contrária não é chamada
a se manifestar.
214
Processo Penal
215
Processo Penal
Caso concreto: O réu foi condenado por 4 votos no Tribunal do Júri. A defesa
apelou aduzindo que a decisão do júri teria sido manifestamente contrária à
prova dos autos e também que ocorreu uma nulidade posterior à pronúncia. A
relatora votou pelo provimento do apelo reconhecendo uma nulidade posterior
à pronuncia (havia contradição nas respostas aos quesitos), já os 2 outros
desembargadores davam provimento ao apelo defensivo mas não pela
nulidade, mas por entenderem que a decisão havia sido manifestamente
contrária à prova dos autos. Os 3 desembargadores votaram pela realização de
novo julgamento. Prevaleceu a cassação da decisão e não a nulidade
(manifestação contrária às provas x nulidade posterior à pronúncia). O defensor
de classe especial opôs embargos de nulidade sob alegação de que aquela
decisão que foi tomada por maioria seria desfavorável ao réu, porque pro réu
seria melhor no caso concreto ele ser submetido a novo julgamento por causa
da nulidade do que novo julgamento porque a decisão seria contrária à prova
216
Processo Penal
dos autos. Porque se acatada a nulidade ele teria direito a novo apelo referente
à manifestação contrária à prova dos autos.
Uma segunda corrente capitaneada por Ada Pelegrine Grinouver diz que são
admissíveis embargos infringentes quando a decisão do Tribunal é tomada pelo
voto médio com base no voto mais favorável.
Antes de serem interpostos REsp e Rext, se for o caso, a defesa deve fazer
oposição de embargos infringentes ou de nulidade.
217
Processo Penal
AGRAVO
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz da execução caberá recurso de
agravo, sem efeito suspensivo.
14.2
218