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Faculdade Paraíso do Ceará

1ª Avaliação Parcial – 2021.1

Curso DIREITO Turno MANHÃ Semestre VI Data

Disciplina PROCESSO CIVIL II Professor(a) JOÃO CLAUDINO DE LIMA JUNIOR

Aluno(a) Luane Mendes, Pompilio Teles e Renata Lima Nota

Material a ser consultado

Importante: Consulta é diferente de cópia. Assim, não será aceita a cópia de qualquer material.

Informações importantes:

- Prova poderá ser feita em trio;


- Todos os alunos devem postar no AVA, sua prova respondida.
- Adverte-se que todas as respostas devem ser fundamentadas, não se admitindo mera indicação de institutos,
dispositivos legais e simples afirmação ou negação do enunciado;
- Início da prova: (09/04/2021 às 07h:30min), prazo final para postar resposta: (12/04/2021 às 11h:10min);
- A questão 1 (segunda) é obrigatória para aqueles que optarem ou vão fazer a prova valendo metade da
pontuação máxima.

Qual a sua opção em relação a pontuação para a composição da nota. A, B ou C? .


A. Responderei 100% da prova (estou ciente que ao escolher esta opção estou descartando as notas de qualquer
atividade que realizei)
B. Responderei 50% da prova (estou ciente que responderei exatamente metade da prova e que assim opto por
aproveitar as notas referentes as atividades realizadas).
C. Responderei a prova de forma parcial/proporcional aos meus pontos obtidos nos trabalhos e opto por não
responder à questão? e renuncio em caráter irrevogável e irretratável, eventual pontuação excedente.

1 - Qual o alcance da estabilização da decisão de organização e saneamento do processo? (5,00


pontos)

Para compreensão do alcance da estabilização se faz necessário um resgate


conceitual acerca do saneamento e a organização do processo. Ambas os termos se
referem a situações a serem adotadas diante da apresentação ou não de resposta do réu,
período que o magistrado deverá adotar algumas providências para sanear e organizar o
processo, isto é, o magistrado aguarda o prazo do réu se defender, após a exposição ou
não, dessa defesa, de acordo com as peculiaridades do processo, o magistrado deve
adotar providências que possibilitem o julgamento conforme o estado do processo (art.
347 do CPC) com auxílio da fase do saneamento e organização do processo para que
apare as arestas e conclua para o julgamento.
É válido ressaltar que essas fases do processo possuem inovações que impactam
de forma positiva as demais fases processuais, com o objetivo de buscar soluções céleres
para a prestação jurisdicional. Cabe destacar, que a decisão de organização e
saneamento do processo somente será necessária em caso de continuação do
procedimento para uma fase instrutória bem específica, ou seja, desde que não tenha
havido extinção do processo com ou sem resolução do mérito.

A previsão do artigo 357 do código de processo civil, em que se refere a decisão


de saneamento e organização do processo, trata-se de uma decisão interlocutória, isto é,
decisões que não põem fim ao processo. Analisando a fundo, de acordo com o
processualista Gelson Amaro, a fase do saneamento se refere a “sanear, limpar, sanar
vícios, desimpedir o caminho [...], tudo isso voltado a uma só coisa: deixar o processo em
ordem para seguir até a solução do mérito das causas.” O objetivo principal é tratar
eventuais vícios processuais que possam vir a dificultar ou até mesmo impedir o
julgamento do mérito, ou seja, o magistrado irá verificar se há questões processuais a
serem resolvidas, a fim de uma resolução do mérito livre de nulidades, tendo que seguir
as diretrizes descritas pelo legislador no art. 357.

Após, temos o processo de organização, em que o Juiz organizará o processo, com


base em todas as providências concluídas no saneamento, delimitando as questões
fáticas e jurídicas (incisos II e IV do art. 357) de fatos e especificando os meios de provas
que serão admitidos, a análise dessas questões é essencial para uma solução de mérito
justa e efetiva.

Os termos específicos estão previstos no referido artigo, em que dispõe sobre


algumas das providências preliminares que podem ser adotadas pelo juiz, como:

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo:

 I - Resolver as questões processuais pendentes, se houver;


 II - Delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,
especificando os meios de prova admitidos;
 III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
 IV - Delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;

· V - Designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento

Desse modo, a decisão de organização e saneamento, quando necessária, possui


uma importância central. Todavia, não é um procedimento inerente a todos os processos,
uma vez que, o processo civil brasileiro apresenta quatro possibilidades de caminhos para
a análise de mérito: a improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC); julgamento
antecipado do mérito (arts. 355-356, CPC); extinção do processo em razão da não
impugnação de tutela provisória satisfativa de urgência concedida em caráter antecedente
(arts. 303-304, CPC); julgamento do mérito após instrução complementar). É justamente
nesta última hipótese que o artigo 357 determina uma série de diligências e atos de
organização a serem desenvolvidos pelo Juiz, bem como estabelece a sua importância e
transcendência para as outras fases processuais. Convém analisar de forma específica as
hipóteses trazidas pelo 357 do CPC.

1) Questões processuais pendentes (art. 357, I) : Nessa situação, o juiz analisará o


processo de forma retrospectiva, isto é, vislumbrará o andamento do processo até
o momento presente a fim de verificar a existência de vícios, defeitos e
irregularidades que se não corrigidas podem se constituir como um óbice à
apreciação do mérito. As questões processuais levantadas podem ser classificadas
como peremptórias e dilatórias. No primeiro caso, extinguiram o processo
frustrando o seu seguimento, as dilatórias se sanadas possibilitam a dilação do
processo para a realização de alguma providência, e caso não observado o prazo
determinarão a extinção do processo sem resolução do mérito, neste caso estamos
diante de dilatórias possivelmente peremptórias. Além da análise preterida do
processo, o Juiz também organizará o processo de forma prospectiva, ou seja,
organizando-o para as suas demais fases.

2) Delimitação das questões de fato (art. 357 II): Nessa fase, o Juiz analisará quais
questões são controversas entre as partes e quais os meios de provas serão
admitidos a fim de possibilitar seu convencimento sobre a questão em debate.
Convém ressaltar as partes podem apresentar ao juiz delimitação das questões
sobre as quais deverá repousar a atividade probatória, em razão do Princípio da
Cooperação previsto no artigo 6º do Código de Processo Penal, segundo o qual as
partes devem cooperar entre si a fim de que se tenha uma decisão justa e efetiva,
em tempo razoável (inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição da República).
Ademais, em consonância com o supracitado Princípio quando a causa for de
grande complexidade em alguma matéria de fato ou de direito, será designado pelo
juiz audiência de instrução e julgamento, para, em cooperação com as partes,
sanear e organizar o processo (art. 357, § 3º), conhecida como saneamento
compartilhado. Em caso de produção de prova testemunhal, será fixado o prazo
para as partes apresentem rol de testemunhas (art. 357, § 4º, CPC), cujo número
não pode ser superior a dez, sendo três no máximo, para a prova de cada fato (art.
357, § 6º, CPC), podendo ser redimensionado diante complexidade da causa e dos
fatos individualmente considerados (art. 357, § 7º, CPC).

3) Distribuição do Ônus da prova (art. 357 III): Aqui, o juiz irá definir a distribuição do
ônus da prova que segundo a regra do art. 373, I e II do CPC que estabelece a
distribuição estática do ônus da prova cabendo sobre o autor, quanto aos fatos
constitutivos de seu direito e em relação ao réu, os fatos impeditivos, modificativos
ou extintivos do direito do autor. Todavia, atualmente é possível a distribuição
dinâmica do ônus da prova nas hipóteses de dificuldade e impossibilidade de uma
das partes em conseguir a prova ou ainda ante a facilidade de obtenção da prova
pela parte contrária.

4) Delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito (art. 357 IV):
Neste momento, não somente as questões fáticas devem ser estabelecidas, mas
também as questões de direito relevantes à análise de mérito.

5) Audiência de instrução e julgamento (art. 357, V): Essa atividade ocorre quando o
Juiz entende ser necessário a atividade probatória ou quando deferir o pedido de
uma das partes para a realização da audiência instrutória. Convém ressaltar que
entre a audiência de instrução e outra, haverá intervalo mínimo de uma hora (art.
357, § 9º, CPC).

O artigo 357 nos seus cinco incisos apresenta um rol exemplificativo, pois não
exaurem todo o conteúdo possível de decisão de saneamento e organização do processo
e o próprio CPC se vale desse marco procedimental para outras questões, como a
estabilização objetiva da demanda. No que tange a recorribilidade das decisões seu
conteúdo afeta a ocorrência de preclusão e o recurso cabível é o agravo de instrumento
ou a apelação conforme análise do 1015 do CPC, cujo âmbito de incidência é uma
questão controversa na doutrina e jurisprudência.

Sanado e organizado o processo, dentro dessa conjuntura, caso não obste mais
vícios que impeça a análise de mérito, as partes terão o direito de pedir esclarecimentos
ou solicitar ajustes, no prazo comum de cinco dias, consoante art. 357, parágrafo 1° do
código de processo civil. Os atos que concernem à decisão saneadora dispõem de uma
temática heterogênea. Transcorrido o prazo, caso as partes litigantes padeçam inertes, a
decisão se tornará estável, qualidade esta que nos interessa para o prosseguimento de
nossas análises.

Roque conceitua claramente esse processo de estabilização, “o estágio processual a


partir do qual não mais se admite a inserção de novas alegações que acarretem alteração
de seus elementos fundamentais”. Dentro dessa perspectiva doutrinária, se faz
necessário mencionar o ilustre Cássio Scarpinella para ele “a estabilidade formada após a
decisão de saneamento, pois, se as partes não pedirem elucidação do julgamento no
prazo, “a decisão torna-se estável, tudo em consonância com o §1°. É correto
compreender, a este respeito, que a decisão não pode ser sequer objeto dos
questionamentos em preliminar de apelo ou em contrarrazões de apelo.” Dentro do
processo de estabilização da decisão, cabe salientar o princípio Iura Novit Curia, em
suma, consiste no poder/dever do juiz conhecer o direito e a sua aplicação em detrimento
das necessidades das situações fáticas. O juiz no momento de saneamento pode abordar
questões jurídicas não contempladas pelas partes, desde que, em cooperação com os
litigantes.

O dispositivo normativo traz a possibilidade da solicitação de esclarecimento,


podendo ser feita pela parte autora ou pelo réu. No entanto, uma vez que não foi feita,
ulteriormente enseja-se a estabilidade, nada obstante dos pedidos, o efeito realizar-se-á,
isto porque não diz respeito à atuação das partes, mas sim, intrínseco ao efeito do próprio
saneamento. A objeção em relação ao pedido mais esclarecimentos depois de decorrido
prazo, se assenta no art.223, do CPC, com a seguinte redação: “Decorrido o prazo,
extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de
declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por
justa causa.” O processo de estabilização reforça o poder vinculante do judiciário, isto é,
os litigantes não serão desatinados com alterações na demanda. Os aspectos aqui
mencionados implicam no andamento do processo, impossibilitando que o mesmo recue,
reforçando a segurança jurídica. A estabilização processual dispõe de eficácia preclusiva,
já que uma vez julgada a matéria não pode ser mais discutida.

Reforçando o entendimento sobre o alcance da estabilização, é indispensável


análises sobre os dois aspectos que o contemplam, são eles: o subjetivo e objetivo. Em
relação ao primeiro, o processo deve ser enxergado não de forma uno, mas sim, sob
lentes comum, sobretudo para os institutos que permitem a intervenção de terceiros,
como a desconsideração da pessoa jurídica, hábito processual com um significativo valor
temporal e prático.

No que tange o alcance da estabilidade sob o prisma objetivo, salienta-se o art. 329,
II, do CPC, com a seguinte redação: “O autor poderá: até o saneamento do processo,
aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o
contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15
(quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.” o texto guarda liberalidade
de alterações objetivas feitas até a decisão de estabilidade, após esta, enseja-se a
invariabilidade objetiva integral. Ressalta-se que o silêncio esculpe efeitos positivos
quando a demanda é estabilizada, nesse sentido, a doutrina considera essa positividade
dos efeitos caso haja intimação específica, acompanhada da enfática advertência.

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