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MANUAL
DE
PROCESSO CIVIL
DE ACORDO COM O DEC.-LEI 242/85
2.A EDIÇÃO
(REIMPRESSÃO)
Coimbra Editora
2004
C
omposição e impressão
oimbra Editora, Limitada
ISBN 972-32-0108-9
Novembro de 2004
Tl T>T7T? £ r TA
r X V £ iT A t i u
CAPITULO I
Noções gerais
termo réu não tem a mesma carga emocional que asume no pro
cesso penal.
(‘) A ressalva aberta a este princípio (do contraditório) no n.° 2
do artigo 3.° (providências contra determinada pessoa sem ela ser
previamente ouvida) tem especialmente em vista os procedimentos
cautelares em que a eficácia da providência dependa da rapidez ou
do sigilo da decisão que a ordena (arts. 394.°; 400.°, 2; 404.“, 1; 415.° 2,
e 423.', 3).
7
(*) O. BUlow, Die Lçhre von den Frozcsseinreden und die Pro-
zessvorausselzungen, Darmstadt, 1969 (reimpressão).
(') Há, é ccrto, ao lado da cadeira (anual) do processo civil, no
plano de estudos das Faculdades de Direito, um cuiso (semestral) da
mesma disciplina.
Mas este curso tem sido tradicionalmente considerado como um
puro complemento do programa traçado na cadeira, atribuindo-se-lhe
como objecto o estudo do processo executivo ou dor. processos espe
ciais, na mesma linha de orientação didáctica.
104
SECÇÃO I
Personalidade judiciária
SECÇÃO I I
Capacidade Judiciária
Há, por isso, quem entenda que, neste caso, deve apiN
car-se, directamente ou por analogia, a solução prescrita no
artigo 15." Desde que o representante legítimo não ratifica a
contestação apresentada pelo incapaz ou pelo seu indevido
representante, e, cm virtude disso, a contestação fica sem efeito,
tudo se passa como se o incapaz ou o seu representante não
tivessem deduzido oposição. E, para essa hipótese, manda a lei
citar o Ministério Público, a fim de que, em novo prazo, possa
contestar em nome do incapaz (ou ausente).
A verdade, porém, é que, além de não serem idênticas, as
duas situações nem sequer são análogas, no sentido que a
analogia reveste cm matéria de integração das ilacunas da lei.
No caso previsto no artigo 15.n, chama-se o Ministério
Público a assumir a defesa dos interesses do incaipaz ou do
ausente, porque ninguém apareceu a fazê-lo.
Na hipótese contemplada no n.° 2 do artigo 23.", o inca
paz passa a ter quem legalmente o represente. Nenhum sen
tido faria, por conseguinte, chamar o Ministério Púb'lico a
elaborar a contestação do incapaz, numa altura em que esLe
passa a ter no processo a pessoa que legalmente o representa.
A solução que melhor corresponde, no caso em exame,
ao pensamento da lei, é a de — quando o representante legí
timo não ratifique a contestação apresentada — se considerar
sem efeito, não apenas a contestação, mas também a citação,
considerando o representante legítimo do incapaz como citado
no momento da sua intervenção em juízo e contando, a par
tir desse momento, novo prazo para a contestação (’)• Dá-se
SECÇÃO III
Legitimidade das partes (*)
SUBBECÇÃO I
Noções gerais
lione, na Riv. dir. proc. vir, Parte t, 1952, pág. 121; Attardt, Legitli-
mazione da agire, no Nov. Dig. Ital.; S atta, Diritto proccssuale civile, i,
9.1 ed., 1981, Padova, pág. 89 c 135; RosnNBERG-ScuwAB, ob. cit., § 46;
H enckel, Parteilehre und Strcitgegenstand im Zivilprozcss, I-Ieidcl-
berg, 1961, pág. 36 e segs.; Teixeira de S ousa, A legitimidade singular
cm processo declarativo, no B. M. J., 292, pág. 53 e segs.
(') Ob. cit., pág. 37.
(J) Os autores alemães chamam à legitimidade, num a concep
ção sintética do requisito, abrangendo simultaneamente o lado activo
c o lado passivo do requisito, o poder de condução do processo (die
Prozcssfiihrungsbejugnis): Ro.snNBERC-StiiWAii, oh. cit., § 46, pág. 239.
Liebman (ob. e vol. cita., pág. 141) considera-a, por seu turno, como
a pertinência (appartenenza) subjectiva da acção.
O L iebman , ob. e vol. cits., pág. 139.
9 — Mauual Processo Civil
130
legal (')-
Diz-se que são partes legítimas, em ,p rincípio, os sujeitos
da relação controvertida. Mas qual é a relação jurídica (con
trovertida) que serve de base a esta determinação: a relaçao
m m a mniFitmrnrão
-------------o -----—T-------
íubiectiva
*
aue
*
o autor (unilateralmentc)
lhe dá ou a relação tal como se apresenta ao iribunal, depois
de ouvidas ambas as partes e de examinadas as razões de
uma e outra? As partes legítimas são as pessoas que o autor
aiponta como sujeitos da relação controvertida? Ou são antes
as pessoas que o juiz, ouvidas as partes e realizadas as demais
diligências necessárias, considera como sujeitos da relação
litigada?
O caso conoreto julgado pelo acórdão da Relação de Lis
boa, de 16 de Janeiro de 1918 ('-’), sobre o qual os dois ilustres
processualistas se pronunciaram em sentidos opostos, ajuda
a esclarecer os termos da divergência, embora esteja muito
longe de esgotar o seu alcance.
Realizou-se um contrato de venda de certo número (60)
de toneladas de chumbo. O vendedor não cumpriu integral
mente a obrigação que contraíra e o comprador propôs acção
a exigir a entrega das toneladas (cerca de 20) de chumbo em
falta ou, em alternativa, o pagamento da respectiva indem-
nizaição.
A acção foi proposta contra um comerciante português,
como se fora ele o outorgante do contrato como vendedor.
Mas o réu alegou e provou que agiu como mero intermediá
rio («sem responsabilidade pessoal», no entender do júri)
duma sociedade espanhola, que era a verdadeira vendedora.
Para B arbosa de M agali-iães, as partes eram legítimas e
a acção devia ser julgada improcedente (como, aliás, fez a
C) B arbosa di? M agalhães, na Gaz. Rei. Lisboa, 32.°, pág. 274; 50.",
pág. 381; 52.°, págs. 212 e 382; 53.°, pág. 172; c 55.°, pág. 27S; Rcv. Ord. Advo
gados, ano 2, n.0” 1 e 2, pág. 164 c segs.; Estudos sobre o novo Código
de Processo Civil, I, pág. 5 e seg.
(*) Publicado na Gaz. Rei. Lisboa, 32.°, pág. 279.
142
(') Alberto dos R eis , Processo ordinário e sumário, 2.‘ ed,, pág. 268
e segs.; Legitimidade das partes, no Boi. Fac. Dir., anos vm , pág. 64
e segs., c ix, pág. 102 e segs.; Legitimidade das partes, na R. L. J., 79.°,
pág. 305 e segs.; Cód. Proc. Civ. aríot., i, pág. 72 e segs. Cfr. ainda,
sobre a evolução da polémica entre os dois processualistas e suas
sequelas na doutrina e na jurisprudência, E lias da Costa, A legitimi
dade das partes na doutrina c na jurisprudência, Coimbra, 1965, pág. 12
e segs., e Teixeira de S ousa, est. cit., pág. 60 e segs.
(’) B arbosa di; M agalhães (Estudos sobre o novo Código de Pro
cesso Civil, i, pág. 16) propôs, durante a discussão do artigo 6.” do
Projecto, que na lei se dissesse expressis verbis que, «sob o ponto dc
vista do interesse, são partes legítimas os sujeitos da pretensa rela
ção jurídica controvertida».
A proposta foi, porém, rejeitada pela maioria da Comissão Revi
sora, tendo o artigo 27.° do Código (de 1939) mantido a redacção do
artigo 6.° do Projecto (Rev. Trib., 59, pág. 152; Rev. Ord. Advogados, 3,
n.°" 3 e 4, pág. 72 e segs.; A lberto dos R eis , Cód. anot., i, pág. 73, e
R.L.J., 79.°, pág. 307). Ficou assim bem assente, à luz do argumento
histórico, que a legitimidade (ou o interesse a ela subjacente) se afere
pela posição real das partes quanto à relação jurídica em litígio, como
Alberto dos R eis sugeria no texto do Projecto, e não quanto à pretensa
relação em litígio, como propôs B arbosa de M agalhães na sua emenda
ou aditamento. Vide R aul V entura, Rev. Just., 27, pág. 165 e segs.
O Previa-se nesse preceito (correspondente ao actual n.° 3 do
art. 322°) que o juiz considerasse o possuidor em nome alheio (mas
demandado como possuidor em nome próprio) parte ilegítima na
acção de reivindicação, mesmo que o autor não tivesse aceitado a
143
direito.
0 acórdão posterior, de 16 dc Julho de 1981 (‘), também do
Supremo, tirado .pelo Conselheiro R odrigues B astos com o
brilho e a concisão que distinguem os seus escritos, é que
corresponde à correcta interpretação e aplicação do critério
assente na lei.
Na mesma linha de orientação, os acórdãos do Supremo
de 30 de Março de 1978 (B.M .J., 275, pág. 163), de 26 de
Outubro de 1978 (B . M . J . , 280, pág. 256) e de 21 dc Junho
de 1983 (B. M. J., 328, pág. 523).
Curiosa e bastante significativa também é a fundamen
tação da decisão .proferida no acórdão (mais recente) de 3
de Maio de 1984 (2).
Também neste aresto, invocando desnecessária e desca-
bidamente a tese da identificação da relação material contro
vertida com a .relação uniJateraímente configurada pelo autor,
os juizes acabam por considerar o marido como parte legí
tima na 'acção de despejo da uma loja por ele arrendada para
instalação de um restaurante, snackjbar e cervejaria, não por
que o autor tenha .proposto a acção apenas contra o arren
datário ou porque ele tenha afirmado ser a mulher estranha
a í elação locativa, mas porque, sustentando não haver no
caso litisconsórcio necessário passivo, o tribunal (bem ou mal)
entendeu que o marido era realmente o único sujeito da rela
ção substancial controvertida.
48. Sequência.
(') A Lei n.° 3/83, de 26-2, que alterou, por ratificação, o Decreto-
-Lei n.° 224/82, viu a sua entrada em vigor suspensa pelo Decreto-Lei
ii." ^6/83, de 2-9.
156
(') M. Andrade, est. cit., no Boi. Fac. Dir., x, pág. 609, e Noções
elementares, pág. 85, nota 2. Em sentido diferente, Costa N ora.
na Rev. Ord. Advogados, v, n.°' 1 e 2, pág. 322.
159
SUBSECQÀO II
da obrigação.
É o que ocorre, por exemplo, no caso da obrigação com
vários devedores, sujeita ao regime da solidariedade. Se o
credor, no uso da faculdade que este regime lhe confere,
exigir do único devedor demandado a totalidade da presta
ção, o tribunal nem pode considerar parte ilegítima o réu
do qual a dívida foi cobrada, nem sequer pode limitar-se
a conhecer da quota-parte da responsabilidade dele na dívida
comum.
(') Cfr. R. L. ]., 75.°, pág. 295. Quanto à divisão de águas comuns,
veja-sc o disposto no arligo 1399.° do Código Civil.
(’) Manuel de Andrade, no Boi. Fac. Dir., x, pág. 630. Cfr. no sentido
do texto, o acórdão do S.T. J., de 27-3-1984, no B.M.J., 335, pág. 265.
O Foi esse o critério expressamente fixado pelo Código de 1961,
através do 2° período do n.° 2 do artigo 28.°, para definir o efeito nor
mal da decisão da causa. Cfr. Alberto dos Reis, Jurisprudência crí
tica, i, pág. 100, e R. L. J ., 77.°, pág. 210, e M anuel de Andrade, Scientia
Jurídica, vil, pág. 185 e segs.
Sobre a evolução histórica deste pensamento e da consequente
delimitação do litisconsórcio necessário nos arestos da nossa juris
prudência, veja-se o instrutivo levantamento feito por Palma Carlos,
ob. cit., n.° 29, pág. 164 e segs.
168
0)
Cfr. o acórdão do S. T. J., de 15-12-1981, anotado por A n t u n e s
na R.L.J., 117.", pág. 349 e segs., especialmente pág. 380 e segs.
V a r e la ,
Q Vide, a propósito, o acórdão do S. T. J., de 17-11-1885 (Acs.
do S.T.J., vi série, ix (1885-1886), pág. 260); em sentido diferente, o
acórdão do mesmo Tribunal, de 28-2-1975, no B.M.J., 244, pág. 235.
169
bubseooao ui
(') Dir-se-á que tal não ocorre nos casos geralmente considerados
de incapacidade, tanto do falido e do insolvente, como de outras pes
soas em situação análoga.
Simplesmente, também nesses casos (onde alguma inaptidão natu
ral, de qualquer modo, transluz de facto na sua situação patrimonial
— elemento que não se verifica cm relação à mulher casada em geral) se
poderá questionar, não só a propriedade da terminologia tradicional,
como o rigor do pensamento sistemático que lhe subjaz.
(>) Vide, por todos, M. Andrade, Teoria geral da relação jurídica,
Coimbra, 1983, i, pág. 32; Antunes V arina, anotação ao acórdão do S.T. J.,
de 5-3-1981, na R. L. ]., 115.", pág. 122; M ota P into, Teoria Geral do Direito
Civil, Coimbra, 1985, pág. 221.
(!) Em sentido diferente, no intuito de justificarem a aplicação
do disposto no artigo 24.' à falta de um dos cônjuges na acção, vide
o acórdão da Relação de Évora, de 17-4-1974 (B.M.J., 236, pág. 200) e
o acórdão da Relação do Porto, de 8-3-1979 (B .M .J., 286, pág. 306).
Note-se, porém, que para justificar tal aplicação sc não torna indis
pensável atribuir à falta do cônjuge, no seu reflexo sobre a situação
do outro, a qualificação infundadamente aceite por estes acórdãos.
Basta aplicar o disposto naquele preceito legal, que refere indirecta
mente a falta de consentimento do outro cônjuge (mediante a remissão
para o art. 23”), fora da hipótese da incapacidade judiciária.
174
da coisa por ele gerida, por se tratar 'de uim aioto ide adminis
tração ordinária (art.11682.°, 3, b), in fine, do Cód. Civil).
SECÇÃO IV
O Interesse processual (*)
sob cominação 'de uma sanção grave, a 'defesa dos seus inte
resses, numa altura em que a situação 'da parte contrária o
não justifica.
Prooura-se, por outro lado, não sobrecarregar com acções
desnecessárias a actividade dos tribunais, oujo tempo é escasso
para aculdir a todos os casos em que é reallmente indispensável
a intervenção jurisdioionaJ.
(') A. dos R f.is , Código de Processo Civil anotado, v, 1952, pág. 72.
Cfr. ainda, a propósito da interpretação do artigo 662”, a anotação de
Vaz S erra ao acórdão do S. T.J., de 30-4-1976, na R.L.J., 110”, pág. 160.
O Nesse preciso s e n tid o , comentando o acórdão do S. T. J.,
de 26-2-1946, escreve A. dos R e is (ob. cit., v, pág. 80) o seguinte:
«Portanto, na altura destes dois despachos o juiz tem de observar, não
as normas excepcionais insertas no artigo 662.°, mas as normas gerais
e comuns; se, ao lavrar o despacho do artigo 481.”, o magistrado veri
fica que a obrigação ainda não está vencida, deve indeferir in limine
a petição, com fundamento no n.° 3 do artigo; se no despacho sanea
dor se certificar de que a obrigaiç^o era inexigível à data da proposi
tura da acção, deve absolver o réu do pedido». Cfr., na mesma linha
restritiva, A nselmo de Castro, Direito processual civil declaratório, i, 1981,
pág. 121.
(') Ocorre com o não vencimento da obrigação, neste caso, fenó
meno semelhante ao que acontece com a não existência da obrigação,
relativamente à legitimidade e à procedência da acção. Se o autor, na
petição, afirma a existência e a exigibilidade da obrigação para funda
mentar a condenação do réu inadimplente ou em mora, tanto basta,
em princípio, para haver interesse processual (pressupondo-se, por
tanto, que a obrigação é exigível e está por cumprir).
Vindo, porém, a averiguar-se mais tarde a inexigibilidade da obri
gação no despacho saneador, conclui-se que não há falta de cum
primento e a decisão será de improcedência do pedido — mercê da
excepção material dilatória verificada (vide, a propósito da classifi
cação das excepções, M. Andrade, Noções..., pág. 132, e infra n.“ 93 a 97).
185
SECÇÃO V
Patrocínio judiciário
(') No mesmo sentido, Anselmo de Castro, ob. cit., ii, 1982, n.° 55,
pág. 251 e segs.
i 90
SECÇÃO VI
Competência (*)
merito come fatto costitutivo delia competenza, na Riv. dir. proc., 1969,
pág. 481; Idem, Difesa delia competenza interna, na Riv. cit., 1970, pág. 668;
Chiovenda, Cosa giudicata e competenza, nos Studi giuridici in onore di
C. Fadda, i i , pág. 397; H ébraud, De la corrélation entre la loi appli-
cable à un litige et le juge compétent pour en connaitre, na Rev. crit.
dr. int. privé, 1968, pág. 205; Pêrassi, Norme convenzionali sulla com
petenza internazionale e norme interne sulla competenza giurisdizio-
nale, em Scritti giuridici in onore di S anti R omano, u i , pág. 3 e segs.
196
(esf. cit., no Boi. Fac. Dir., xvn, pág. 333 e segs.) à solução, tal como
era formulada no Código de 1939.
(') O Decreto-Lei n.° 129/84, de 27 de Abril, regulamentado pelo
Decreto-Lei n.° 374/84, de 29-11, aprovou um novo estatuto dos tribunais
administrativos e fiscais.
O Note-se que o Tribunal Constitucional, tal como o Tribunal
de Contas, não constituem, em bom rigor, categorias de tribunais.
Cada um deles, como órgão judiciário único na respectiva espécie,
constitui um tribunal especial.
(’) Embora da redacção da alínea b) do n.° 1 do artigo 212.“ da
Constituição se pudesse depreender que o Supremo Tribunal de Jus
tiça não pertence à categoria dos tribunais judiciais, conclusão oposta
firma o artigo 214.°, ao proclamar que «o Supremo Tribunal de Jus
tiça é o órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais».
208
(art. 72.°, d), do Cód. Proc. Civil e art. 29°, d), da Lei Orgâ
nica).
(■) Cfr. A. de Castro, ob. cit., i i , pág. 61; R odrigues B astos, Notas
ao Código de Processo Civil, i, pág. 212, e o acórdão do S.T.J., de 30-
-1-1951 (B.M.7., 23, pág. 230).
(J) Neste sentido, A. dos R eis , ob. cit., 1.°, pág. 192. Era sen
tido diferente, A. de Castro, ob. cit., n, pág. 61, nota 2, e M. Andrade,
Noções..., pág. 101, nota 3.
218
(') Cfr. supra, n.” 17. Mais limitada é, nesse aspecto, a dispo
sição correspondente do Código italiano (art. 5.°), que apenas refere,
para as considerar irrelevantes, ás modificações do estado de facto
existente no momento da apresentação da demanda. Cfr., no entanto,
em sentido mais amplo, o artigo 2.°, n.° 1, al. d), do projecto de Lei
delegação para o novo Código de processo civil italiano aprovado pelo
Governo em 8-5-1981 (Riv. trim. dir. proc. civ., xxxv, 1981, pág. 681).
O Código brasileiro (art. 87.°) também considera, em regra, irrelevan
tes, tanto as modificações do estado de facto, como as do estado
de direito. , .
(’) duas excepções constantes do n.° 2 do artigo 18.* da Lei
Orgânica dos Tribunais Judiciais acrescentava o artigo 63.° do Código
de Processo Civil (que ainda não foi formal ou expressamente revo-
228
tência em razão da matéria e, ao definir esta nos artigos 66.° e 67°, teve
inquestionavelmente em vista a repartição do poder jurisdicional entre
a jurisdição especial (tribunais especiais) e a jurisdição comum (a do
foro civil em geral).
E, se a Incompetência em razão da matéria abrange declarada-
mente — em primeira linha — a violação de fronteiras, no plano horizon
tal, entre os tribunais especiais e o tribunal de comarca, por maioria
de razão compreenderá também, quanto ao valor da sentença profe
rida por tribunal incompetente, a infracção das regras divisórias de
jurisdição entre os tribunais de competência genérica e os de com
petência especializada.
(') Alberto dos R eis , ob. cit., 1°, pág. 148 e 194; A. de Castro,
ob. cit., II, pág. 75. Em sentido diferente, quanto ao alcance da res
salva, C. M endes, Manual, pág. 204 e segs.
O Nesse sentido, vide os acórdãos do S. T. J., de 1-7-1975 e
de 11-10-1983, no B.M .J., 249, pág. 440, e 330, pág. 499.
(*) Cfr., a propósito, o acórdão da Relação de Coimbra, de 3-1-1937
(censurado por Alberto dos R e is , na R. L. J., 70°, pág. 285), que man
dou indevidamente remeter para a auditoria administrativa o recurso
interposto, para o juiz dc direito, de uma deliberação municipal.
232
artigo 111.“ (Cód. de 1939) feita no Código de 1961 (art. 111.“, 1). Con
tra, de iure constituendo, A. de C astko, ob. cit., n , pág. 87-88.
(') Cfr. os artigos 395.°, 405.“ e 417.“ Quanto ao prazo para a sua
arguição no tribunal de recurso, vide o disposto no artigo 114.“, 1.
Cfr., a propósito, o acórdão da Relação de Lisboa, de 7-5-1975 (sum.
no B.M .J., 248, pág. 461).
(’) Quer isto dizer que a incompetência relativa devia ser ale
gada em requerimento distinto da contestação, sob pena de a alegaçao
não poder ser considerada (ac. do S. T. J., de 27-7-1965, no 149,
pág. 307).
236
SECÇÃO I
Noções Introdutórias