Você está na página 1de 16

PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

INTRODUÇÃO
Aspectos gerais da prova pericial
Art. 369 – enquadramento legal da produção das provas.
 Perícia judicial, objetivo precípuo demonstrar tecnicamente a constatação de determinado
fato, qual seja o fio condutor da perícia.

TEMA 1 – AS PROVAS NO PROCESSO

 Prova é o meio pelo qual as partes levam o juiz a formar suas convicções sobre os temas
debatidos no processo, devendo, nesse aspecto, ser observados os ditames contidos no
art. 369 do Código de Processo Civil brasileiro.

1.1 Depoimento das partes


 Assim, em muitos casos, diante da confissão da parte autora, por exemplo, sequer será
admitida a produção de provas complementares, justamente pelo fato de que ter sido
suprida a necessidade de qualquer outra prova apta ao convencimento do juiz.

1.2 Prova documental


 Assim, permite-se a apresentação de novos elementos documentais de prova,
decorrentes de fatos ocorridos em momento posterior à apresentação da petição inicial
e da defesa, uma vez que se tornaram conhecidos ou acessíveis somente após a realizados
dos citados atos processuais.
 Na Preclusão, ou seja, perda do direito de apresentação de determinados documentos em
outro momento. Quando as partes já tinham conhecimento do documento existente, ou
os fatos ocorreram após os atos processuais.

1.3 Prova testemunhal (Enquadramento legal: art. 442 a 463 do CPC)


 Aquela produzida de forma oral, por pessoa física que tenha presenciado os fatos objeto
do depoimento prestado, decorrentes do litígio em análise e que, principalmente, não
tenha interesse na resolução da demanda.
 A prova oral poderá ser considerada desnecessária pelo juiz quando já existirem no
processo elementos documentais suficientes para atestar a comprovação do fato
suscitado.

Prova pericial (Enquadramento legal: art. 464 a 479 do CPC).


 O convencimento do juiz acerca dos fatos alegados no processo depende de produção de
prova técnica, sendo esse tipo de prova produzida por profissional que detenha
capacitação específica, necessária para auxiliar o juiz a tomar sua decisão, o que se faz por
meio da prova pericial.
 Análise realizada por profissional detentor de conhecimentos técnicos específicos, em
objetos, locais ou pessoas, com objetivo de obter informações e esclarecer dúvidas
previamente apontadas.
 Exame é a inspeção de pessoas, coisas, móveis ou semoventes, para verificação de fatos e
circunstâncias relevantes à demanda.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

 Vistoria consiste na inspeção técnica no local, que permite a total identificação do objeto
da perícia e a complementação de elementos informativos. É a visita ao local com objetivo
de identificar in locus todos os elementos físicos que servirão para formar uma ideia sobre
o valor de um bem, as causas de laudo e o estado de conservação de um bem.
 Avaliação é a estimativa do valor pecuniário de coisas ou obrigações. Representa uma
identificação, quando feita em inventários, partidas, desapropriações, indenizações etc.,
ou seja, a determinação do justo valor.

1.4 Produção antecipada de provas


 Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado
receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na
pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a
autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio
conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.

TEMA 2 – OS TRÂMITES PROCESSUAIS


 A título ilustrativo, destaca-se que o processo é composto de algumas partes/etapas
essenciais, entre elas: petição inicial, citação da parte contrária, contestação, réplica
(impugnação), especificação de provas, saneamento processual, audiências (inicial,
instrução e julgamento) e sentença.
 Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a
comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

TEMA 3 – ADMISSIBILIDADE DA PROVA PERICIAL


 A admissibilidade da prova pericial tem presunção juris tantum, ou seja, tem presunção de
relativa de veracidade, podendo, portanto, ser elidida por prova em contrário.
 Todavia, existem principalmente duas hipóteses para que o resultado da prova pericial
produzida seja desconsiderado pelo juiz ao decidir:
(i) quando as partes produzem prova técnica capaz de desconstituir a conclusão pericial ou
(ii) quando o juiz entende que outros elementos probatórios dos autos demonstram
realidade diversa daquela obtida pela análise exclusiva do laudo.
 Risco como a probabilidade ou chance de que determinado fato ocorra, se evidenciadas
determinadas condições especificas.

TEMA 4 – O PAPEL DO PERITO E DO ASSISTENTE TÉCNICO


 Em síntese, os assistentes técnicos atuam como auxiliares das partes, tendo como principal
objetivo garantir que a prova produzida seja fiel aos fatos que ocorreram, manifestando-se
quando necessário, podendo ainda impugnar o laudo oportunamente apresentado e
apresentar quesitos suplementares.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO


TEMA 5 – PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

5.1 Perícia judicial

 Decorre de uma demanda legal, na qual verificou-se a necessidade de produção de prova


técnica específica, a fim de elucidar as questões porventura alheias ao conhecimento das
partes e, principalmente, do juiz.

5.2 Perícias extrajudicial

 A perícia extrajudicial pode ser utilizada como ferramenta de prevenção, com objetivo de
antecipar riscos possíveis.
 A perícia judicial ou extrajudicial, como visto, tem como principal fundamento constituir
elementos de forma técnica e acessível às partes interessadas, com a finalidade de serem
afastadas dúvidas e obscuridades acerca do negócio contratado, de situação pretéritas ou,
ainda, de riscos existentes ou futuros.

INTRODUÇÃO

Aspectos legais da prova pericial

TEMA 1 – O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A PERÍCIA JUDICIAL

 Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. § 1º O juiz indeferirá a
perícia quando:
I – a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;
II – for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III – a verificação for impraticável. (Brasil, 2015)
 A prova pericial simplificada consiste apenas na oitiva em juízo de especialista na área de
conhecimento em foco, sobre pontos controvertidos da causa, sempre conforme
conhecimentos técnicos e científicos do profissional ouvido e exigidos para resolução do litígio.
 Perícia informal, que consiste na consulta do perito técnico, em audiência, acompanhadas as
partes dos seus respectivos assistentes técnicos, para prestar os esclarecimentos necessários à
resolução do litígio, conforme previsão contida nos parágrafos 2º e 3º do art. 464 do Código de
Processo Civil.
 Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. [...] § 2º De ofício ou a
requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de
prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade.
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz,
sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico.
§ 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área
objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. (Brasil, 2015)
 De início, verifica-se que a realização da perícia judicial tem duas formas de ser impulsionada:
de ofício ou por requerimento das partes.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

TEMA 2 – NOMEAÇÃO DO PERITO JUDICIAL

 Compete ao juiz responsável pela condução do processo realizar a nomeação do perito


judicial.
 Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.
 Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos
prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2
(dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o
juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender
cabíveis. (Brasil, 2015).
 Ainda, o art. 471 do Código de Processo Civil prevê a possibilidade de que as partes, de comum
acordo, escolham o perito que desejam que realize a perícia técnica, aqui denominada perícia
consensual. Todavia, para que tal figura se opere, é necessário que as partes sejam
plenamente capazes, bem como que a causa judicial seja passível de resolução por
autocomposição.

2.1 Escusa do perito


 Motivo legítimo para que o perito possa recursar o encargo que lhe foi atribuído pelo juiz é
aquele que, dentro do razoável, justifica a recusa. Dentro dessa razoabilidade
encontramos vários fatores a considerar, tais como fatores pessoais e profissionais.
 Caso fortuito e força maior são aqueles fatos nos quais necessariamente não era possível
se evitar ou impedir os resultados.
 Segundo Rosa (1999) caso fortuito seria aquele acontecimento decorrente de força da
natureza, como a inundação, o terremoto, os trovões e os raios. Já a força maior seria o
mesmo que um fato originado de outro pretérito, ou seja, a guerra, as invasões de
território, a desapropriação, o furto.
 Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz,
empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo
legítimo. § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao
direito a alegá-la. § 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com
disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para
que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a
área de conhecimento. Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por
impedimento ou suspeição. Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar
procedente a impugnação, nomeará novo perito. (Brasil, 2015)

TEMA 3 – SUBSTITUIÇÃO DO PERITO JUDICIAL

3.1 Impedimento e suspeição

 Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o
prazo para a entrega do laudo. § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias
contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I – arguir o impedimento ou
a suspeição do perito, se for o caso; […] (Brasil, 2015)
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

3.2 Outras hipóteses de substituição do perito

 O art. 468 do Código de Processo Civil é expresso ao determinar que o perito poderá ser
substituído quando: faltar-lhe conhecimento técnico ou científico, ou ainda, quando sem
motivo legítimo deixar de cumprir com o que lhe fora atribuído.
 Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um
assistente técnico. (Brasil, 2015)
 Veja a impossibilidade de entrega do laudo pericial no prazo, desde que devidamente
justificada, não constitui motivo suficiente para substituição do perito técnico.
 Assim, caso apresentado justo motivo para entrega do laudo pericial no prazo de 30 dias a
contar da realização da perícia, por exemplo, poderá o juiz conferir prorrogação.

TEMA 4 – PROPOSTA E FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS PERICIAIS


 O regramento acerca da apresentação da proposta de honorários periciais, que deve
ocorrer no prazo de até cinco dias, contados da ciência da sua nomeação como perito no
processo.
 § 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração
inicialmente arbitrada para o trabalho. (Brasil, 2015)
 Após apresentada a proposta de honorários pelo perito, as partes terão prazo de cinco dias
para impugnar o valor, caso entendam ser excessivo para a realização do trabalho pericial.

TEMA 5 – RECEBIMENTO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

 O pagamento dos honorários periciais ocorre geralmente de duas formas, voluntariamente


após o trânsito em julgado da decisão, ou seja, após o processo não permitir novos
recursos acerca da decisão proferida ou ainda, compulsoriamente, quando se faz
necessária a execução dos valores arbitrados a título de honorários periciais.
 Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado,
sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando
a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.
§ 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do
perito deposite em juízo o valor correspondente.
§ 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida
monetariamente e paga de acordo com o art. 465, § 4º.
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade
da justiça, ela poderá ser: I – custeada com recursos alocados no orçamento do ente
público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado; II –
paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal,
no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme
tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de
Justiça.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

§ 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a


Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das
despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a
utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o
responsável pelo pagamento das despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o
disposto no art. 98, § 2º. (Brasil, 2015).

AULA 3
TEMA 1 – A REALIZAÇÃO DA PERÍCIA TÉCNICA
 O art. 474 do Código de Processo Civil determina que as partes do processo deverão ter
ciência da data da realização da perícia com pelo menos cinco dias de antecedência , para
que se tenha início à produção da prova técnica.
 Nem sempre a indicação do local para realização da perícia será possível, sendo certo que
nessas situações haverá de se avaliar as hipóteses cabíveis para a produção da prova
técnica.
 Por citação inválida, por exemplo, temos o caso da notificação enviada diretamente ao
endereço de uma das partes, mas que porventura esteja desatualizado, impossibilitando
que tenha conhecimento acerca da designação da perícia.
 Sendo uma prerrogativa das partes acompanhar a realização da perícia, eventual trabalho
técnico realizado sem que as partes tenham acompanhado poderá ser suscetível de
arguição de nulidade.
 Partes do processo: Inicial, contestação, impugnação, produção de provas, saneamento,
audiência e sentença.

TEMA 2 – CONDUZINDO A PERÍCIA TÉCNICA


 A perícia técnica de cunho ambiental tem por objetivo principal realizar o levantamento de
três pontos-chave: dano, atividade lesiva e nexo causal.
 Avaliação do dano ainda está dividida em duas partes: o dano possível, ligado ao risco de
ocorrer; e o dano ocorrido, ou seja, que já foi consumado e necessita de avaliação para
apuração de sua extensão.
 Já a atividade lesiva a ser avaliada decorre da caracterização e enquadramento legal das
atividades que geraram o dano e são alvo da avaliação.
 A identificação e avaliação do nexo causal diz respeito a identificação de responsabilidade
pela parte que causou ou que poderia causar determinado dano, por exemplo. Tal análise
é de sumária importância, uma vez que nem sempre há intenção de causar o dano (dolo),
o que não afasta sua ocorrência (culpa) e consequências.

2.1 Avaliação do processo


 O ponto de partida para o perito sempre deve ser a avaliação criteriosa e meticulosa do
processo.

2.2 Levantamento preliminar


 O levantamento preliminar corresponde à identificação, por parte do perito, de quais
questões estão sendo relatadas no processo e, principalmente, qual seria a legislação
corresponde.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

2.3 Vistoria do local


 A avaliação qualitativa é aquela realizada através da observação e avaliação sistemática do
local periciado, sem que sejam utilizados instrumentos de medição para obter o
resultado. Já a avaliação quantitativa prescinde da utilização de instrumentos de
medição necessários para que se identifique o resultado da análise.

TEMA 3 – A ELABORAÇÃO DO LAUDO PERICIAL


 Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo
órgão do Ministério Público.
Parágrafo 1º. No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem
simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
Parágrafo 2º. É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como
emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
Parágrafo 3º. Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem
valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,
solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições
públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos,
fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
(Brasil, 2015)
 Conforme verifica-se acima, o laudo pericial deve, obrigatoriamente, conter pelo menos a
exposição do objeto da perícia (descrição do que está sendo periciado); a análise técnica
ou científica realizada pelo perito (corresponde a avaliação e adequação do caso com a
legislação aplicável a questão); a indicação do método utilizado (a fim de indicar qual foi a
metodologia aplicada para obtenção do resultado apresentado, bem como se determinada
metodologia pertence às correntes doutrinárias que versam sobre o tema e, ainda, a
aceitação da mesma na comunidade científica); e, por fim, a conclusão do laudo (que nada
mais é do que a apuração de tudo que foi observado, avaliado e quantificado, a fim de
apresentar um resultado conclusivo daquilo que originou a perícia técnica).
 Assim, podemos verificar que o laudo pericial é um documento que deve apresentar de
maneira técnica, um resumo da demanda e das alegações realizadas pelas partes, a
fundamentação técnica e enquadramento na legislação, e por fim, a conclusão do perito,
baseada exclusivamente em conhecimentos técnicos-científicos e afastada completamente
de opiniões e suposições, bem como limitada ao objeto da perícia, não devendo o perito,
no cumprimento de suas atividades, extrapolar tais limites.

TEMA 4 – A PARTICIPAÇÃO DAS PARTES NA PERÍCIA


 As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo perito
para ter início a produção da prova” (Brasil, 2015).
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

TEMA 5 – IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DA PERÍCIA


 O local objeto da controvérsia deixou de existir ou ainda, teve sua estrutura e condições
físicas profundamente alteradas.
 Para uma melhor localização temporal, em termos de processo, há de se destacar que a
produção da prova pericial ocorre tão somente na fase de instrução processual, ou seja,
somente após terem sido ultrapassadas as fases postulatória e saneadora, sendo nesta
última a oportunidade de requerimento para produção da prova técnica.

5.1 Produção cautelar de prova pericial

 Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
 Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer
outra medida idônea para asseguração do direito. (Brasil, 2015)
 Importante destacar que para a concessão da tutela de urgência, a parte deverá
demonstrar minimamente a existência dos requisitos acima descritos, a fim de justificar a
urgência do pedido, posto que a demora poderá acarretar desaparecimento dos vestígios
do dano a ser avaliado

5.2 A prova emprestada


 O Código de Processo Civil prevê no seu art. 372 a possibilidade de utilização prova
produzida em outra demanda judicial: “o juiz poderá admitir a utilização de prova
produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
observado o contraditório” (Brasil, 2015).
 Em linhas gerais, a prova emprestada é aquela que, originalmente produzida em um
processo, passa a ser utilizada em outro processo, ou seja, é um aproveitamento da prova
anteriormente produzida.
 Sua admissão decorre, de certa forma, de outro princípio constitucional, o da garantia
razoável do processo, conforme preconizado no art. 5º, LXXVIII da Constituição Federal,
pois seu aproveitamento ensejará redução considerável no tempo de vida do processo.
 Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o
montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.
Parágrafo único.
 A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo
penal, instaurando-se o contraditório. (Brasil, 2015)

AULA 4

 A elaboração de bons quesitos tem o objetivo de extrair do trabalho pericial elementos


suficientes para demonstrar ao juiz que a realidade apresentada na petição de ingresso
corresponde com a realidade identificada pelo laudo pericial técnico.

TEMA 1 – A IMPORTÂNCIA DOS QUESITOS NA PERÍCIA TÉCNICA


PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

 Os quesitos periciais são a forma que as partes podem, de certa forma, tentar direcionar o
resultado da perícia, sem, contudo, influenciar na constatação do perito técnico.
 Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o
prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de
nomeação do perito:
III - apresentar quesitos.
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que
poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e
julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos
autos.
 Assim, além de responder os quesitos apresentados pelas partes, o perito deve
complementar seu laudo de forma robusta e técnica, afastando-se de achismos e
convicções pessoais, e extrapolando os limites traçados pelas partes na lide.

TEMA 2 – TIPOS DE QUESITOS


2.1 Quesitos preliminares
 Os quesitos preliminares são os questionamentos apontados no prazo legal inicial,
conforme preconizado no art. 465 do CPC, no qual as partes apresentam, minimamente,
os pontos controvertidos acerca do tema em debate.
 Também integram os quesitos preliminares àqueles apresentados pelo Juízo, com base na
análise inicial e, muitas vezes, ainda superficial da lide.
 Nem sempre os quesitos preliminares são suficientes para dirimir todas as dúvidas que
pairam sobre a matéria em exame, sendo então necessária a apresentação de novos
quesitos.

2.2 Quesitos suplementares


 Ao contrário dos quesitos preliminares, que não apresentados previamente à realização da
perícia propriamente dita, os quesitos suplementares são os questionamentos
submetidos ao perito durante o ato pericial.
 “Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência,
que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e
julgamento” (Brasil, 2015).
 Analisando a redação do artigo, constata-se que as partes poderão apresentar quesitos
suplementares durante a perícia, ou seja, durante as diligências que decorrem do ato
pericial.

2.3 Quesitos de esclarecimento


 Por fim, verifica-se ainda a faculdade da apresentação de quesitos de esclarecimento.
Como a própria denominação sugere, objetivam esclarecer questões omissas, obscuras
ou contraditórias, que eventualmente se encontrem aninhadas na prova pericial.
 Os quesitos de esclarecimento, por sua vez, objetivam esclarecer eventuais omissões,
contradições ou obscuridades presentes nos trabalhos periciais, possibilitando ao Perito
efetuar as correções ou explicações adicionais que se façam eventualmente necessárias.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

TEMA 3 – FUNDAMENTAÇÃO DO LAUDO PERICIAL


 473. O laudo pericial deverá conter: […] § 1o No laudo, o perito deve apresentar sua
fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou
suas conclusões” (Brasil, 2015).
 A prova pericial é um meio de prova admitido pelo nosso ordenamento jurídico, que se
materializa por meio do Laudo Pericial. Porém, esse meio de prova não é absoluto, e
muito menos deve ser considerado como mais importante ou único.
 Portanto, é obrigatório que o perito judicial consigne em seu laudo pericial os
fundamentos de sua conclusão, sob pena de violar garantias fundamentais expressas em
nossa Carta Magna.

TEMA 4 – CONCLUSÃO PERICIAL E O ART. 479 DO CPC


 Isso quer dizer que, diante de questões que necessitem de prova técnica, um perito será
nomeado para apresentar os esclarecimentos necessários; porém, a conclusão não obriga
o magistrado a acatá-la.
 Isso é dizer que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, ou seja, o juiz não é obrigado a
aceitar a conclusão pericial como único elemento de condenação da parte.
 A questão aqui não seria a desconsideração da prova técnica como um todo, em sua
constituição, mas tão somente em relação aos demais elementos probatórios que
contribuem para outro resultado, que não àquele identificado pelo perito judicial.

TEMA 5 – PROVA PERICIAL INCONCLUSIVA


 Art. 473. O laudo pericial deverá conter: I - a exposição do objeto da perícia; II - a análise
técnica ou científica realizada pelo perito; III - a indicação do método utilizado,
esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da
área do conhecimento da qual se originou; IV - resposta conclusiva a todos os quesitos
apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
 Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova
perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida.
§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e
destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e
de outra.

TEMA 1 – MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO


 O direito público caracteriza-se por tratar de uma gama de direitos comuns aos cidadãos;
já o direito privado diz respeito aos direitos dos particulares.
 No entanto, como dito, o meio ambiente se encontra numa terceira classificação,
chamada de direito difuso.
 A. Princípio da prevenção: esse é o maior e mais importante ordenamento jurídico
ambiental, considerando que a prevenção é o grande objetivo de todas as normas
ambientais, uma vez que, desequilibrado o ambiente, a reparação é, na maior parte das
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

vezes, uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente estão fundados nesse princípio.
 B. Princípio da cooperação: significa dizer que todos, o Estado e a sociedade, por meio dos
seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação ambiental, pois
não é só papel do governo ou das autoridades, mas de cada um e de todos nós.
 C. Princípio da publicidade e da participação popular: importa afirmar que não se
admitem segredos nas questões ambientais, pois elas afetam a vida de todos. Tudo deve
ser feito, principalmente pelo poder público, com a maior transparência possível, para
permitir participação na discussão dos projetos e problemas dos cidadãos.
 D. Princípio do poluidor-pagador: apesar de ser um princípio lógico, pois quem estraga
deve consertar, infelizmente ainda não é bem aceito, ficando para o Estado a obrigação de
recuperar, para a sociedade, o prejuízo; e para o mau empreendedor, somente o lucro.
 E. Princípio in dúbio pro natura: é uma regra fundamental da legislação ambiental, que
leva para a preponderância do interesse maior da sociedade, em detrimento do interesse
individual e menor do empreendedor ou de um dado projeto.

Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)


 Sem dúvidas, o principal objetivo dessa lei figura-se na promoção da preservação, melhoria
e recuperação da qualidade do meio ambiente como um todo, indicando ainda
parâmetros desenvolvimento socioeconômico, segurança nacional para a dignidade
humana (Brasil, 1990).
 A organização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) foi traçada nessa Lei,
como os órgãos superiores (Conselho de Governo); os órgãos consultivo e deliberativo
(Conama); órgão central (Ministério do Meio Ambiente); órgão executor (Ibama); órgãos
setoriais (federais); órgãos estaduais e municipais.
 Os principais instrumentos para a promoção da proteção ambiental tiveram origem com
essa lei, sendo eles: o Licenciamento Ambiental, o Zoneamento e Estudo de Impacto
Ambiental – Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima).

1.1 Órgãos e competências legais


1.2 Esferas e responsabilidade ambiental
 O que concerne à responsabilidade ambiental, podemos identificar três esferas
independentes: administrativa, civil e penal.
 Em outras palavras, a responsabilidade objetiva é aquela que dispensa a culpa para
caracterização da obrigação de indenizar, ou seja, basta que a violação tenha ocorrido para
que ela já se caracterize como tal. Outra lei que se aplica nessa esfera é a Lei da Ação Civil
Pública, Lei n. 7.347/85, em seu o art. 8º, que trata do inquérito civil público (Brasil, 1985).

1.3 Outras leis e normas ambientais


1.4.1 Flora
1.4.2 Fauna
1.4.3 Ação civil pública
 É esse instrumento jurídico que o cidadão pode utilizar quando se sentir prejudicado no
que diz respeito a questões relacionadas ao meio ambiente.
1.4.4 Regras relativas à biodiversidade
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

1.4.5 Lei de patentes


1.4.6 Crimes ambientais

TEMA 2 – MINISTÉRIO PÚBLICO E ACP AMBIENTAL (LEI N. 7.347/85)


 A Lei de Ação Civil Pública – Lei n. 7.347/ 1985, que atribui legitimidade ao Ministério
Público e às entidades civis (ONGs) para ajuizar ações contra os infratores da legislação
ambiental e dos outros direitos e interesses chamados difusos e coletivos.
 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis. (Brasil, 1988)
 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...] III - promover o inquérito
civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (Brasil, 1988)
 Outro aspecto importante acerca da ação civil pública diz respeito aos seus efeitos, os
quais podem ser separados da seguinte forma:
a. julgada procedente – produz efeitos erga omnes (para todos), sendo seu resultado
aproveitado por qualquer pessoa, desde que tenha relação com o dano julgado na decisão;
b. julgada improcedente por falta de provas – nesse caso, o ente coletivo que ajuizou a
ação poderá ajuizá-la novamente, bem como outros entres coletivos o poderão fazê-lo,
uma vez que esse tipo de decisão não produz efeitos erga omnes;
c. julgada improcedente com base em provas – produz coisa julgada erga omnes para os
entes coletivos, inviabilizando que outro ente coletivo ajuíze ação idêntica. Contudo, não
produz coisa julgada para os indivíduos.

TEMA 3 – A ESTRUTURAÇÃO DOS QUESITOS PERICIAIS


TEMA 4 – ANÁLISE E RECOMENDAÇÃO DE QUESITOS TÉCNICOS
TEMA 5 – ANÁLISE DE CASOS CONCRETOS

AULA 6
TEMA 1 – VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO AMBIENTAL
 Definição sobre a degradação da qualidade ambiental como sendo a “alteração adversa
das características do meio ambiente” (Art. 3º, II, Lei nº 6.938/81).
 Poluição como sendo a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem
desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
 O dano ambiental corresponde ao somatório de duas partes, sendo uma delas a lesão que
abrange os elementos naturais, artificiais e culturais, tratados como bem de uso comum
do povo, juridicamente protegido e a outra, a violação do direito de todos ao equilíbrio
ecológico, sendo este uma prerrogativa fundamental, de ordem difusa.

1.1 Valor econômico do recurso ambiental


PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

 Assim, o Valor Econômico dos Recursos Ambientais (Vera) é objeto de uma formulação
que contempla o Valor de Uso (VU), correspondente ao uso efetivo ou potencial do
recurso analisado e o Valor de Não Uso (VNU) diz respeito ao valor que incorre da própria
existência do recurso natural, não possuindo, assim, ligação direta com a relação existente
entre o recurso e os seres humanos.
 Assim, o método VERA se subdivide da seguinte forma:
1. Valor de Uso Direto (VUD): atribuído ao recurso ambiental decorrente do seu uso:
Exemplos: extração, turismo e recreação.
2. Valor de Uso Indireto (VUI): decorrente do uso atual do recurso ambiental, conforme
atribuído pelos indivíduos que o utilizam. Exemplos: contenção de erosão, proteção de
solo e cursos d’água.
3. Valor de Opção (VO): este corresponde ao valor atribuído em um determinado
momento, porém, a respeito da projeção valorativa do recurso ambiental para o futuro,
que poderão gerar algum tipo de benefício à sociedade. Exemplo: processos de terapias
genéticas e estudos em fármacos ainda desconhecidos.
4. Valor de Existência (VE): decorrente do valor do recurso natural atribuído pelos
indivíduos, independentemente do seu desejo de extração e utilização, direta ou
indiretamente. Decorre ainda da própria constituição moral e ética do indivíduo,
proporcionada através daquilo que acredita em relação ao uso dos recursos naturais.

TEMA 2 – TÉCNICAS PARA VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO AMBIENTAL


 Os métodos de valoração podem ser classificados em Métodos de Função da Demanda
(Diretos) e Métodos da Função de Produção (Indiretos).
 Os métodos diretos procuram captar as preferências das pessoas, utilizando-se de
mercados hipotéticos ou de mercados de bens complementares para obter a Disposição a
Pagar (DAP) dos indivíduos pelo bem ou serviço ambiental.
 Os denominados métodos indiretos procuram obter o valor do recurso através de uma
função de produção, relacionando o impacto das alterações ambientais a produtos com
preços no mercado.

2.1 Métodos diretos (métodos da função de demanda)

 Captar a Disposição a Pagar (DAP) da população , no que diz respeito aos bens e serviços
ambientais decorrentes da análise.
 A DAP pode, portanto, ser identificada de duas formas, sendo elas Direta e Indireta.

2.1.1 DAP Direta


 Questionamento individual de parcela da população, a fim de apurar a Disposição a Pagar,
pelo simples fato de determinado recurso natural existir, mesmo que não haja fruição
deste, como as florestas, praias e os parques.
 Assim, é possível dizer que cada recurso natural possui um valor, que decorre de sua
própria existência, sendo este valor o equivalente à DAP Direta.

2.1.2 DAP Indireta


PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

 Apurada de forma indireta, ou seja, não decorre de questionamentos específicos acerca do


recurso natural, realizados especificamente a determinado grupo de pessoas.
 Assim, constata-se, de forma indireta, através de questionamentos decorrentes de
elementos complementares, se o impacto decorrente do recurso ambiental estudado
afetaria a região e de que forma.
 Como subdivisões da DAP Indireta, temos o método de Preços hedônicos e método de
Custo de Viagem.

2.1.2.1 Preços hedônicos


 O método de preços hedônicos corresponde à identificação de características em bens que
não sejam naturais, a fim de traçar um comparativo do recurso natural com o bem
privado.
 Um dos principais critérios comparativos é o mercado imobiliário, que proporciona a
existência de elementos suficientes para realizar a comparada.

2.1.2.2 Custo de viagem


 Esse método, por sua vez, decorre da análise de custos da sociedade em relação à
demanda recreacional decorrente da intenção e ocorrência de visitas na área ou região do
recurso natural, como no caso de um parque de conservação florestal.
 Tem-se, dessa forma, que a estimativa de todos os custos necessários para visitação
corresponde à estimativa do valor do recurso natural, correspondendo assim à demanda
da população em relação ao recurso natural.

2.2 Métodos indiretos (métodos da função da produção)


2.2.1 Produtividade marginal
 O método da produtividade marginal decorre da premissa de que a variação na qualidade
e na quantidade do recurso natural influenciará na valoração econômica do recurso.
 O método de produtividade marginal tem condições de oferecer indicadores monetários
obtidos por meio da observação dos preços de mercado em relação aos valores dos
recursos naturais.

2.2.2 Mercado de bens substitutos
 Essa metodologia parte do princípio de que a falta de um produto aumentará a busca de
outros produtos substitutos, a fim de manter o mesmo nível de consumo daquele primeiro
pela população da região analisada. Tanto os valores de opção e de existência quanto o da
preservação das espécies em seus hábitats naturais não fazem parte da estimativa dos
benefícios gerados pelo recurso ambiental, já que se referem a atributos insubstituíveis.
 Outras quatro técnicas derivadas do mercado de bens substitutos, bastante conhecidas e
de fácil aplicação são as chamadas de custos evitados, custos de controle, custos de
reposição e custos de oportunidade.

2.2.2.1 Custos evitados


 Esse método, para mensuração do valor do recurso natural, leva em consideração os
custos necessários para melhorar a disponibilidade do recurso natural, ou para que seja
evitada a perda deste.
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

2.2.2.2 Custos de controle


 O método de custos de controle decorre da valoração do recurso natural, a partir dos
valores despendidos para evitar sua modificação e/ou escassez.
 Assim, verifica-se que este método de valoração leva em consideração justamente o
conjunto de gastos necessários para manutenção do recurso natural, seja em sua oferta ou
existência.

2.2.2.3 Custos de reposição


 Este método de valoração leva em consideração o conjunto de custos necessários para a
reparação ou reposição do recurso natural. Como exemplo, temos os casos de poluição
de rios, no qual utilizar-se-ia do valor necessário para seu restabelecimento, como o valor
do recurso natural em análise.

TEMA 3 – RECUPERAÇÃO E RESTAURAÇÃO AMBIENTAL


 Destaca-se que a prioridade sempre será para a reparação total do dano, contudo, em esta
não sendo possível, verificar-se-á a possibilidade de substituição do recurso natural,
cumulada à sanção monetária.
 Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: [...] XIII - recuperação: restituição
de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não
degradada, que pode ser diferente de sua condição original;
 XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada o mais próximo possível da sua condição original;

TEMA 4 – COMPENSAÇÃO FINANCEIRA DO DANO


 Restituição dos danos causados pela parte, podendo esta ocorrer de duas formas: in
natura ou financeira.
 Quando se fala em responsabilidade civil, estamos diante da figura da compensação
financeira, de forma indenizatória, do dano ambiental ocorrido, sendo certo que poderá
ocorrer quando a restauração não se mostrar viável, for necessária à condenação de danos
materiais decorrentes do dano ocasionado, bem como diante de situações em que se faça
necessário o arbitramento de danos morais ambientais coletivos, ou seja, que afetam um
grupo da sociedade.
 Destaca-se ainda, que a compensação financeira só deve ser aplicada quando a
restauração ou reocupação do dano não for possível, isso para que não ocorra uma
inversão de valores quando aos danos causados, no qual a prioridade deixa de ser a
recuperação ambiental, passando a ser a compensação pecuniária.

TEMA 5 – POLÍTICA NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA


 A Política Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg).
PERÍCIA JUDICIAL – ASPECTOS LEGAIS E QUALIFICAÇÃO

 A Proveg tem o objetivo de articular, integrar e promover políticas, programas e ações


indutoras da recuperação de florestas e demais formas de vegetação nativa e de
impulsionar a regularização ambiental das propriedades rurais brasileiras, nos termos da
Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012, em área total de, no mínimo, 12 milhões de
hectares, até 31 de dezembro de 2030.
 O principal instrumento de implementação da Proveg é o Plano Nacional de Recuperação
da Vegetação Nativa (Planaveg), que tem como objetivos ampliar e fortalecer as políticas
públicas, os incentivos financeiros, mercados, boas práticas agropecuárias e outras
medidas necessárias para a recuperação da vegetação nativa, principalmente em Áreas de
Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), além de áreas degradadas com baixa
produtividade.
 Condução da regeneração natural da vegetação : intervenções planejadas com o intuito de
promover a regeneração natural da vegetação em área em processo de recuperação;
 Reabilitação ecológica: conjunto de ações realizadas com intervenção humana, visando a
melhoria e revitalização do ecossistema degradado, mesmo que não seja possível
alcançar a recomposição integral da estrutura e o funcionamento do sistema
preexistente;
 Reflorestamento: pode ser feito por meio do plantio de espécies florestais, nativas ou não,
em povoamentos puros ou não, para formação de uma estrutura florestal em área
originalmente coberta por floresta desmatada ou degradada. A utilização de espécies
exóticas, como o eucalipto, já está regulamentada no Código Florestal;
 Regeneração natural da vegetação: processo pelo qual espécies nativas se estabelecem
em área alterada ou degradada a ser recuperada ou em recuperação, sem que este
processo tenha ocorrido deliberadamente por meio de intervenção humana;
 Restauração ecológica: intervenção humana intencional em ecossistemas alterados ou
degradados para desencadear, facilitar ou acelerar o processo natural de sucessão
ecológica;
 Recuperação ou recomposição da vegetação nativa: restituição da cobertura vegetal
nativa por meio de implantação de sistema agroflorestal, de reflorestamento, de
regeneração natural da vegetação, de reabilitação ecológica e de restauração ecológica.

Você também pode gostar