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SENTENÇA

Márcio Brandão¹
Kleber Lima¹
Leonardo Cerqueira¹
Regivaldo dos Santos¹
Jânio Martins¹
Profa. Clécia Vasconcelos²

RESUMO

Disposto no art. 203, § 1º, do CPC, “Ressalvadas as disposições expressas


dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim a fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução”. Com o passar dos tempos, os princípios
fundamentais da moderação processual, sua celeridade e como forma de promover
a efetividade, consolidaram-se na doutrina e jurisprudência, como sendo os
instrumentos necessários para que se pudesse tornar o processo civil, penal ou
trabalhista, em um instrumento eficiente para a consecução da justiça.

Palavras-chave: Senteça; Celeridade.

ABSTRACT

Provisions of art. 203, § 1 of the CPC, "Subject to the express provisions of


the special procedures, sentence is the statement by which the judge, on the basis of
arts. 485 and 487, ends the cognitive phase of the common procedure and
extinguishes the execution. " With the passage of time, the fundamental principles of
procedural moderation, his speed and in order to promote the effectiveness, were
consolidated in doctrine and jurisprudence, as the necessary tools so that they could
make the civil, criminal or labor in an effective tool for achieving justice.

Keywords: Verdict; celerity.

INTRODUÇÃO
1. Discentes do curso de Direito da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC.
2. Professora da Disciplina de Direito Processual Civil I no curso de Direito da Faculdade de Tecnologia e Ciências –
FTC, no Município de Feira de Santana.
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O conceito de sentença obrou significativas mudanças no Novo Código de Processo


Civil. Afirmar que tais mudanças permanecem obscuras, na penumbra, a esperar
que alguém, a fórceps, as tragam ao mundo jurídico Os atos do juiz consistirão em
sentenças, decisões interlocutórias e despachos. O juiz poderá, a requerimento da
parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação. O recurso que tal sentença reclama, trazendo à colação a figura da
apelação por instrumento. Assevere-se que a efetividade da prestação jurisdicional,
bem como o seu corolário indissociável, qual seja, o princípio da celeridade
processual inspiraram estudo. Isto porque a sentença constitui, inequivocamente,
instrumento através do qual a rapidez processual é tutelada. Assim sendo, nas
linhas que se desenrolarão, mergulha-se no estudo das sentenças, analisando, sob
a ótica da efetividade da prestação jurisdicional, a viabilidade da prolação de tais
sentenças.

2 SENTENÇA
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Disposto no art. 203, § 1º, do CPC, “Ressalvadas as disposições expressas


dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim a fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução”.

O CPC de 1973 definia sentença como ato que colocava fim ao processo e
oferecia tratamento diverso a sentença condenatória e a de execução, colocando- as
como processos distintos e autônomos, o que culminava na citação do réu para
ambos. Tal advento foi sanado com a Lei n. 11.232/2005, que deu tratamento ao
processo como único, desde sua apresentação inicial até a satisfação do propositor
da ação. Com tal mutação, extingui- se a necessidade de dupla citação ao réu.

2.1 Conceito

O CPC atual conceitua sentença partindo de dois pressupostos:

1) Por seu conteúdo: paridade com os arts. 485 e 487 do CPC;


2) Por sua condição de colocar fim ao processo ou a fase cognitiva:
fim ao processo em casos de extinção sem resolução de mérito, quando não
é necessária a execução ou em casos de execução por título extrajuducial, e
a fase cognitiva em casos de sentença condenatória.

2.2 Espécies de sentença

Com embasamento no art 203, § 1º, do CPC, infere- se duas espécies de


sentença, as que extinguem o processo sem a resolução do mérito posto em
questão (art. 485 CPC), e as que se alcança a resolução do mérito e se põe fim ao
processo ou a fase cognitiva (art 487 CPC).

A principal distinção consiste no fato de na hipótese em que o juiz resolve o


mérito pondo fim ao processo, este ganha status de coisa julgada material, podendo
assim ser objeto de eventual ação rescisória, o que não cabe nos casos em que
extingue o processo sem resolução da pretensão posta em juízo. Quanto ao recurso,
para ambos cabe apelação.
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Há algumas hipóteses em que o legislador considerou como sentença


definitiva, como nos casos de reconhecimento do réu em relação a procedência do
pedido, a que o juiz reconhece a prescrição ou decadência, e a proferida quando há
renúncia do direito por parte do autor. Como tais sentenças não há análise efetiva do
mérito, parte da doutrina define- as como “falsas sentenças de mérito”.

2.3 Requisitos da sentença

O art. 489 do CPC elenca três itens, são eles:

Relatório- Antes de expor os fundamentos e a decisão, o juiz fará um relatório


contendo o nome das partes, identificação do caso, o pedido, a contestação e as
ocorrências principais do processo. Tal procedimento se estrutura na garantia do
devido processo legal, assegurando que o magistrado tenha tomado conhecimento
do que há de relevante para o processo.

Motivação- Toda sentença deverá ser fundamentada, a luz do que exige o art.
93, IX, da CF, onde o juiz deve expor os fundamentos da sua decisão. A decisão
não fundamentada é nula. O art. 489, § 1º, CPC, elenca em seus incisos as
hipotéses em que não se considera fundamentada tanto a sentença quanto qualquer
outra decisão judicial, são elas:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,


sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo


concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,


em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar


seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos;
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VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

Dispositivo- É a parte final da sentença, nela o juiz decide se acolhe, rejeita


ou extingue o processo sem resolução. A decisão aqui posta deve ter a análise de
todos os pedidos formulados pelo autor, e tal decisão deve ter coerência com a
fundamentação exposta, não podendo ser omisso em determinados pontos, sob
pena de ser sentença “citra petita”, nem analisar além ou diverso do pedido, sob
pena de ser sentença” ultra ou extra petita”. Somente o dispositivo de sentença se
revestirá de coisa julgada material.

2.4 Preferência pela resolução do mérito (art. 488)

O processo alcança sua finalidade nos casos em que o juiz pode chegar a
sua resolução, oferendo sentença de acolhimento ou rejeição, nas hipóteses do art
487 do CC, onde terá status de coisa julgada material, mas, extinguindo o processo
sem resolução de mérito, que são os casos do art. 485 do CC, não goza de status
de coisa julgada material, trata- se apenas de sentença terminativa, não alcançando
o processo sua finalidade última.

Vide Art 488 do CC “Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que
a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos
termos do art. 485”. Tal dispositivo, com base no princípio da instrumentalidade das
formas, e tendo todas as condições para análise, induz ao juiz a busca precípua da
resolução sempre que a decisão for favorável a quem a aproveitaria.

2.5 Sentenças de improcedência Liminar

O art. 332 do CPC enumera as hipóteses em que o juiz proferirá sentença


antes da citação do réu, dada sua importância, são elas as expostas abaixo:

Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,


independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido
que contrariar:
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I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal


de Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior


Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas


ou de assunção de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se


verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da


sentença, nos termos do art. 241.

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo,


com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

2.6 Oportunidades para proferir sentença

Para averiguação de quando uma sentença pode ser proferida, há que se


analisar o tipo de sentença. As terminativas podem ser a qualquer tempo, na petição
quando não se há condições de prosseguimento ou em qualquer outra fase.

Com resolução de mérito, por reconhecimento jurídico ou renúncia de direito,


que pode tamb´´em ocorrer a qualquer momento. A prescrição e decadência pode
ser decidida liminarmente ou no decorrer do processo, extinguindo-a assim com
resolução do mérito.

E as sentenças de acolhimento ou rejeição podem ocorrer nas seguintes


hipóteses:

1) No início, art. 332, CPC;


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2) Casos de revelia, art.355, II, do CPC;

3) após a contestação ou réplica do autor, art. 355, I, do CPC;

4) após a conclusão da fase de instrução

2.7 Defeitos da sentença

Há os defeitos peculiares da sentença que são os estruturais, como falta ou


deficiência do relatório, da fundamentação ou do dispositivo. Em regra, nesses
casos, há nulidade, mas a não análise de uma das pretensões só gerará ineficácia
parcial.

Há também vícios nas sentenças quando estas se revestirem de status “extra


petita, ultra petita e citra petita”, que são os casos onde a sentença foge da
pretensão inicial formulada, discorrendo abaixo sobre tais:

Extra petita- caso em que o magistrado julga desrespeitando as partes e a


pretensão formulada, proferindo sentença diversa do pedido (art 492, do CC). Neste
caso, prevalece o entendimento que haverá nulidade, dando possibilidade de sanar
por meio de ação rescisória em caso de transito em julgado.

Ultra Petita- Conforme art. 492, do CC, o juiz julga a pretensão pretendida,
mas profere sentença condenando o réu em valor maior do pedido formulado pelo
autor. Neste caso, não necessita de declaração de nulidade, sendo apenas objeto,
em caso de recurso, a modelagem ao valor original, desconstituindo o extrapolado.

Citra Petita- Caso em que o juiz deixa de analisar uma das pretensões em
hipóteses de cumulação de pedidos. Pode se recorrer aqui a alguns recursos, como
os embargos de declaração objetivando o suprimento da omissão do juiz; apelação,
invocando omissão da sentença; e em caso de transitado em julgado, parece mais
correto a ajuizamento do autor de novo processo tendo como objeto a pretensão não
apreciada.

2.8 Possibilidade de corrigir a sentença

Elencado no art. 494 do CPC, há a hipótese de publicação no cartório, com


sentença, onde não se pode mais ser alterada. Mas pode haver alteração nos casos
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em que necessita de correção referente a inexatidões, ou ratificação de erros de


cálculo, sendo por requerimento ou de ofício.

Outro mecanismo para correção de sentença é por meio de embargos de


declaração, quando o erro decorre de natureza material.

2.9 Efeitos da sentença

Os efeitos da sentença decorrem das consequências jurídicas que dela


podem resultar, e estão atrelados à tutela pretendida pelo autor da ação. Tais tutelas
são divididas em declaratórias, constitutivas e condenatórias:

Declaratória- a pretensão do autor direciona- se a declaração em juízo da


existência ou não da relação jurídica, ou quanto a autenticidade ou não de
determinado documento. O efeito desta sentença é “ex tunc”, retroagindo “ab initio”,
e seu principal objetivo consiste em sanear dúvida quanto a determinada relação
jurídica, ela não a cria, apenas confirma se há ou não uma relação.

Constitutiva- acompanhando a própria nomenclatura, são as sentenças que


buscam não só a declaração, mas sim a constituição ou desconstituição de uma
relação jurídica sem o consentimento do réu. Seus efeitos são “ex nunc”, gerando
efeitos apenas a partir da sentença, a exemplo dos casos de divórcios.

Condenatória- Diferente das descritas acima, tal sentença tem o condão de


impor uma obrigação ao réu sentenciado, ou seja, uma vez condenado, fica adstrito
a cumprir o determinado em sentença espontaneamente ou por meio de coação
jurídica oferecida por meios executivos em que o autor pode utilizar. Seu efeito é “ex
tunc”, podendo retroagir a data da propositura da ação.

São subespécies de tutela condenatória a mandamental, em que se trata da


emissão de ordem por parte do juiz para cumprimento do réu, e a executiva “lato
sensu”, que prescinde de fase de execução.

2.10 Efeitos secundários da sentença

Além dos efeitos primários discorridos no item anterior, também podem


decorrer destes alguns efeitos secundários, são eles:
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- Nos casos de improcedência do pedido, as liminares concedidas no decorrer


do processo serão revogadas, pois a sentença definitiva substitui as provisórias;

- Condenação do vencido em relação às verbas de sucumbência.

3 CONCLUSÃO
Preliminarmente, a sentença deverá reverenciar certos protocolos cominadas
pela própria legislação existente, para que não se tornar inepta e portanto, anulável.
Explícito ficou, que critério usado para instituir tais requisitos é similar aos do Novo
Código de Processo Civil, demonstrando a finalidade do legislador de nivelar os
efeitos das sentenças. Todavia, a sentença articulada por árbitro nomeado pelas
parte, não cabe qualquer recurso, exceto no caso desta ferir algum dos dispositivos
contidos na lei, ou se incidir sobre alguma das hipóteses de nulidade, contidas
também na própria lei.

Portanto, é mister salientar que o iter procedimental – Sentença, é o que melhor se


ajusta ao ordenamento jurídico atual, haja vista ser de atenção primordial entre os
juristas.
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4 REFERÊNCIAS

TESCHEINER, José Maria Rosa: Nova sistemática processual civil. Caxias do Sul:
Editora Plenum, 2006, 2ª edição, p. 44.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios; (Coord.), Pedro Lenza. Direito Processual Civil
Esquematizado – Editora Saraiva7ª Ed. 2016. 

MILMAN, Fábio: “O novo conceito legal de sentença e suas repercussões recursais:


primeiras experiências com a apelação por instrumento”. In: Revista de Processo. V.
150, Editora Revista do Processo, 2007, p. 169.

COSTA, Machado. Código de Processo Civil Interpretado: artigo por artigo,


parágrafo por parágrafo. 14ª ed. São Paulo: Manole, 2015.

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