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CURSO DE DIREITO
Integrantes:
Luanda,
2023∕2014
Introdução
O comércio internacional, hoje, é, para um país, uma das maiores fontes de movimentação
da economia. Ele gera a venda de excedente de produção de materiais de um país e, ao mesmo
tempo, possibilita que seu mercado interno tenha acesso a mercadorias de outros países
(DICIONARIO FINANCEIRO, 2023).
Actualmente, o comércio internacional exige, cada vez mais, conhecimento e preparo dos
profissionais envolvidos no processo, uma vez que as diversificações dos ordenamentos jurídicos,
das técnicas empregadas no processo de cooperação, da evolução das normas comerciais das nações
tornaram o comércio internacional uma manifestação social de elevada complexidade, que necessita
de cada vez mais atenção em sua aplicação (SPOLAOR, 2014).
Este estudo visa não apenas elucidar a importância dessas cláusulas, mas também contribuir
para uma compreensão mais ampla de como as práticas contratuais podem ser adaptadas de maneira
eficiente e justa em um contexto globalizado e sujeito a mudanças rápidas.
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Como sabemos, os contratos de comércio internacionais pelo facto de entrarem em contacto
com diferentes ordenamentos jurídicos, apresentam uma estrutura complexa. Existe, por isso, um
factor de incerteza no momento de conclusão do contrato, por estes se encontrarem expostos às
circunstâncias supervenientes que os possam vir a afectar, tais como: o decorrer do tempo, o
contexto político e social e a conjuntura económica entre outros. Desde modo, estes contratos
requerem cláusulas com vista a obter uma “previsão do futuro”, ainda que realizada no presente,
que consiste na necessidade de um planeamento e de uma antecipação.
Os casos de força maior são, tipicamente, eventos imprevisíveis que escapam ao controlo da
vontade das partes e que impedem a execução do contrato, que não poderiam ter sido razoavelmente
previstos aquando da negociação e conclusão do contrato. Elas modelam ou regulam os impactos de
certos e determinados eventos que, em normalidade de circunstâncias, escapam ou não se reflectem
directamente na matriz de risco normal assumida pelas partes no contrato. Ou seja, são cláusulas
respeitantes à ocorrência de eventos que perturbam a dinâmica contratual acordada e criam uma
verdadeira impossibilidade de prestar, (PENA e ARNAUT, 2020).
Trata-se de uma excepção à regra do princípio de força obrigatória nos contratos (pacta sunt
servanda), porque cria a possibilidade da alteração do contrato quando as circunstâncias da época
do acordo se alterarem no decorrer da execução contratual, prejudicando uma parte e beneficiando a
outra (PINTO, 2015).
Os elementos principais para um evento acarretar o acionamento de tal cláusula, devem ser
auferidos por dois elementos clássicos: imprevisibilidade e impossibilidade de se cumprir o que foi
acordado. Além destes citados, é necessário também que tal evento seja inevitável, isto é, que a
parte afetada não tenha uma opção viável para cumprir o que foi acordado ou evitar o evento
ocorrido (SPOLAOR, 2014).
Caso um evento imprevisto venha a fazer com que uma das partes não consiga cumprir o
acordado, como estipulado na cláusula, diante da efectiva verificação do evento considerado
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prejudicial, tem se, com frequência, adoptado a rescisão do contrato em andamento, isentando de
responsabilidade o devedor que foi prejudicado pelo evento em questão, ou seja, impedido de
cumprir com sua parte no que fora acordado. Actualmente, o contrato tem definido que a não
responsabilidade deverá ser precedida de uma notificação da parte impossibilitada de prestar, em
prazo fixado dentro do próprio contrato, estipulado previamente pelas partes, permitindo assim ao
credor cooperar nos esforços pela costumeira normalidade e a preservação do que for possível e
necessário (SPOLAOR, 2014).
No domínio legislativo interno, pese embora a cláusula de força maior não se encontre
expressamente consagradas na lei, constituem um instrumento contratual de uso bastante
generalizado, cuja aplicação se deverá ter, ainda que a título meramente subsidiário, compaginar
com o regime da impossibilidade consagrado no Código Civil (artigos 790.º e ss.).
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CLÁUSULA DE HARDSHIP
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segunda hipótese terá a ver com uma possível diminuição ou perda total do valor objectivo da
contraprestação, ou então do desaparecimento da finalidade do contrato. Quanto aos seus efeitos, é
no artigo 6.2.3 dos Princípios que se encontram previstos os efeitos da cláusula, nos seguintes
termos: (1) Em caso de hardship a parte lesada tem direito a requerer uma renegociação, devendo o
pedido ser apresentado, sem atrasos injustificados e devidamente fundamentado.
No que toca à Cláusula-modelo da ICC, dispõe este instrumento que as parte do contrato são
obrigadas a cumprir as obrigações previstas no mesmo, ainda que o seu cumprimento se tenha
tornado mais oneroso do que se podia ter, razoavelmente, antecipado ao tempo da sua celebração.
Não obstante, no seu n.º 2 reitera em que circunstâncias poderá ser invocada a cláusula de hardship.
Não obstante, o previsto no n. º1, as partes estão obrigadas, dentro de prazo razoável, a recorrer a
esta cláusula e renegociar o contrato de forma às consequências de o evento conseguirem ser
ultrapassadas. Quanto aos efeitos, nos termos do n.º 3, são dadas às partes três opções de
procedimento, caso a renegociação contratual falhe. Este instrumento de regulação caracteriza-se
pela sua inspiração no Código Civil italiano e no artigo 6.2.2 dos Princípios UNIDROIT.
Convenção das Nações Unidas sobre Contratos para Venda Internacional de mercadorias
prevê, a cláusula de Hardship, no artigo 79º. Porém a aplicação deste artigo a situações de hardship
demonstrou ser uma questão bastante controversa. O principal motivo da controvérsia reside no
facto de a CISG apenas regular regras de isenção para impedimentos que irão além do controle da
parte lesada, não fazendo qualquer tipo de menção específica a situações em que se verifica uma
alteração anormal das circunstâncias que torna o cumprimento para uma das partes extremamente
oneroso. O caráter vago e impreciso do preceito, dá azo a que o juiz ou árbitro, que o aplique,
realize a interpretação do mesmo à luz do seu próprio sistema jurídico, o que prejudicará a
aplicação uniforme da CISG, que é, segundo o artigo 7.º n.º 1, o principal objectivo da mesma.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o aumento da globalização o relacionamento entre as nações foram ficando cada vez
mais estreitos e volumosos impulsionado pela de productos ou serviços. Com fluxo intenso de
contratos entre as nações, destacou a necessidade de um controle mais específico nessas
negociações. Além disso, foi imperativo desenvolver mecanismos que proporcionem o máximo
respaldo possível às partes envolvidas nesses contratos, a fim de garantir a segurança e eficácia das
negociações internacionais.
Para se definir o que são Cláusulas de Força Maior e o que são cláusulas de Hardship,
primeiro há a necessidade de diferenciá-las, pois apesar de ambas serem cláusulas excludentes, elas
trabalham cada uma delas com sua especificidade, inclusive podendo constar em um mesmo
contrato internacional.
A cláusula de força maior cuida dos eventos imprevisíveis, aqueles que não podem ser
previstos à época em que o acordo foi selado e que as partes, por sua própria vontade, não podem
evitar. Qualquer evento que, em suma, possa arruinar ou tornar o contrato temporariamente
impossível de ser executado.
A cláusula Hardship, permite uma renegociação dos termos acordados no contrato caso
venha a ocorrer algum imprevisto, como novas incidências fiscais por exemplo, o que tornaria o
contrato desvantajoso para uma das partes, aumentando assim os seus custos e o tornando oneroso
para uma das partes, assim, essa cláusula é utilizada para reestabelecer o equilíbrio econômico-
financeiro entre as partes envolvidas em um contrato.
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Referências bibliográficas
PENA, R., & ARNAUT. (2020). Guia Prático: Cláusulas de Força Maior e Alteração das
Circunstâncias. Sociedade de Advogados.
SANTOS, ALRC dos. (2017). Cláusula de Hardship: Uma Solução Possível para Assegurar
Relações Contratuais Internacionais em Tempos de Crise como a Brasileira. Revista de Direito
Internacional e Globalização Econômica
PINTO, PBF (2015). A Cláusula de Força Maior e a Cláusula de Hardship nos Contratos
Internacionais. Direito Diário. Disponível em: https://direitodiario.com.br/clausula-de-hardship-
contratos-internacionais/ . Acesso em: 22 NOV 2023.