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SHAKESPEARE intitulada “Medida por Media” trazia, a ribalta, uma história banal, mas
comportamento do seu povo, promulgara uma lei que condena a pena de morte quem
praticar qualquer acto de abuso sexual. E para verificar se a lei alterava positivamente o
comportamento das pessoas, o Duque resolve se ausentar por um período de tempo do seu
país, deixando um substituto em seu lugar para manter a ordem. Este substituto chama-se
Ângelo, que era um falso moralista na época. Porém o Duque, afinal, não se afasta
lei, é condenado à morte. Sua irmã de nome Isabela que era realmente freira, recorre a
Entretanto, depois de tanta insistência de Isabela, Ângelo o falso moralista, promete salvar o
irmão de Isabela, mas com uma única condição: “se ela se comprometesse a entregar a sua
O limiar da época pós-pandemia, abre uma nova era – a chamada era digital – que
agrega um novo modelo de saber científico muito baseado no novo método digital
compreensão do mundo.
*Aula inaugural para a Disciplina de Metodologia do Direito, Ministrada aos alunos do 2º Ano do Curso
de Direito da Universidade Metodista de Angola.
determinação de sentido. Para se saber qual significado textual consta, por exemplo
qual, de que forma se irá assimilar o texto normativo e como se fará a aplicação. Ou
grega tinha a função de intérprete. Portanto, “Hermes” se tornou poderoso por ter a vocação
chegando aos nossos dias não mais como uma questão subjectiva que pertencia a
Hermes. Portanto Hermes poderia dizer a sua convicção. Pois ninguém sabe o que
Ângelo que diz que,. para os inimigos aplica-se o Direito e para os amigos, os
favores da lei. Ou como diz o falso moralista “se você se entregar aos meus braços”
eu aplico a excepção da lei. Não será isso o falso direito, o que muitos hoje chamam
Seja, como for a crise que vivemos hoje é uma crise de paradigma. Eu explico: o
vão notar que a maioria dos detentos praticou crimes comuns, como por exemplo,
Parece que o Direito também tem donos. Ou seja, aqueles que não são afectados
2
Neves, José Castanheira Neves. Metodologia Jurídica, op.cit. p.p35-81.
3
Vivemos ainda em Angola, o problema do mito do juiz, dono da lei e do Direito
que está acima de todos, o que se arroga saber interpretar melhor o texto
Esse paradigma hoje não se sustenta, pois o Direito tem de passar ao grau de
José Canotilho, que fala da função normativa, de Konrad Hesse que trata da força
do Direito, tal quanto Hanri Daridal, Robert Alexy4 que deu uma compreensão
Em Angola, nós temos uma constituição nova e em face de uma sociedade plural é
Pois iremos demonstrar com o professor Cordeiro que texto normativo e norma
para agir em juízo da interpretação que eu realizar a partir deste artigo resulta a
norma.
Assim, por exemplo, a música, conjunto de cinco linhas e uma clave formam um
eruditas que podemos ter. mas para percebermos o conteúdo da música, se ela é a
4
ALEXY, Robert. Teoria da Argumentação Jurídica, Landy Editora, S.Paulo, 2004.
mediação de um intérprete que nos irá transmitir a beleza da arte. O intérprete é
formuladas.
interpretação.
Uma boa interpretação é aquela que analisa o direito numa perspectiva prática
1. O Conceito Etimológico
significa “através de, por meio de” e a segunda palavra significa caminho. Usar um
método é segundo essa lógica, seguir um caminho que vai até a um determinado
próprio,
3. Um Pouco de História
antiguidade até aos nossos dias. Como o método foi colocado ao longo do tempo?
- Sócrates – Maiêutica
dialéctico, pela busca da essência das coisas, através do diálogo com o adversário.
da ciência.
Toda as ideias existem num mundo separado, o mundo dos inteligíveis, situado na
ente de Parménides.
oposição.
demonstrativo-silogístico que é composto por três juízos que permitem obter uma
conclusão.
3.2 Idade Média -
A idade Média foi Completamente dominada pela Igreja. A fonte normativa era o
corpus iuris civili atribuído a justiniano e a famosa Santa Inquisição que aplicava
como temos vindo a sustentar o Sistema Inquisitório tem as suas raízes em Roma.
(em 312 D.C), o parceiro estratégico mais importante do poder e, por este meio,
hipostasiado6.
não era conhecido como uma relação jurídico-processual assente em três sujeitos
poderes ao inquisidor que, por sua vez, exercia quer o papel de acusar quanto de
julgar.
5
PISAPIA, Gian Dometico. Compêndio de procesura penale, 4ª ed. Padova. Cedam,1955.
6
Em grego clássico hipóstase (ó) substância, é um termo grego que pode referir-se à natureza
de algo, ou a uma instância em particular daquela natureza. Nas confissões agostinianas entende-se como
a unidade do mundo inteligível.
VELEZ MARICONDE7 diz que:
juiz e reu).
secretamente8.
descoberta da verdade. Mas isso dependia tão só do caminho que o juiz quisesse seguir
7
VELEZ MARICONDE, Alfredo. El processo penal inquisitivo. Scritti giuridici in memoria de Piero
Calamandrei, Padova: Cedam,1958, v.ii, p.510.
8
CORDERO, F..La riforma dell’istruzione penale. Rivista italiana di diritto e procedura penale, Milano:
Ciufrèè, 1963, p.715.
9
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir.(trad. Ligia M. Pondé Vassallo) 6ª ed., Petrópolis: Vozes, 1988.
para achegar-se á verdade. E aqui vale lembrar as nossas aulas de lógica e
conclusão. Inclusive, ele (o magistrado) pode dar-se ao luxo de decidir antes, para
esse fenómeno que denominamos de: quadro mental paranóico, tal como a
bastaria apenas uma suspeita, uma denúncia secreta ao acusado para dar início a
todas as provas).
pela tortura. Entretanto, ocorre que, quanto mais violenta a tortura, mais violento o
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A noção de verdade remete-nos ao conceito de totalidade. A verdade está no todo e não na parte que
conhecemos. A verdade lógica corresponde a prospecções e incursões que se fazem em relação ao
objecto. Uma ilustração que se pode fazer é a figura geométrica de um polígono, do qual só se pode
vislumbrar a percepção de uma das suas faces. De modo que essa face não pode ser confundida com a
totalidade do polígono que apresenta as outras faces não absorvidas pelo espelho da nossa percepção.
Alguém mesmo dizia que para se conhecer a verdade sobre a rosa é necessário dizer o eu a rosa é e aquilo
que ela não é.
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COELHO, Fábio Ulhoa. Roteiro de Lógica Jurídica, São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p.12.
desejo de que o mesmo chegue ao fim. (Esse cenário cinematográfico é bem evidenciado