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Discentes: Anna Clara Pinheiro, Bruna Batista,, Bruna Morais, Laila Campelo.
BOA VISTA
2023.01
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA – UERR
GRADUAÇÃO EM DIREITO 2023.1
PROF°: MARCELO RENAULT
DIREITO CIVIL II
INTRODUÇÃO
NATUREZA JURÍDICA
A sub-rogação, possui grandes semelhanças com a cessão de crédito, onde muitos encontram aí sua
natureza jurídica. Porém, não podem ser confundidos com o tema em questão. Sustentam alguns juristas que
a sub-rogação é uma cessão de crédito operada por lei. A opinião não deixa de ter algum apoio, uma vez que
a própria lei (art. 348) remete aos dispositivos da cessão de crédito uma das situações de sub-rogação
convencional (quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus
direitos) (art. 347, I). Contudo, ambas as figuras não coincidem.
A sub-rogação contém como essência o pagamento de uma dívida por terceiro e fica adstrita aos termos
dessa mesma dívida. Por outro lado, a cessão de crédito pode ter efeito especulativo, podendo ser efetivada
por valor diverso da dívida originária. Na cessão de crédito, há necessidade de que o devedor seja notificado
para ser eficaz com relação a ele (art. 290), o que não ocorre na sub-rogação. A cessão de crédito é uma
alienação de um direito, aproximando-se à compra e venda. Não existe esse caráter de alienação na sub-
rogação. Na cessão, a operação é sempre do credor, enquanto a sub-rogação pode operar mesmo sem anuência
do credor e até mesmo contra sua vontade. Para alguns, com a sub-rogação, haveria extinção do crédito
primitivo, com o nascimento de outra obrigação. Na verdade, a sub-rogação é instituto autônomo. Não pode
ser tratada simplesmente como um meio de extinção de obrigações. Se quem cumpre a obrigação é um terceiro,
a obrigação subsiste na pessoa desse terceiro. Uma razão de equidade sustenta a existência da sub-rogação.
Em vez de se extinguir o crédito, este se transfere ao terceiro por vontade das partes ou por força de lei. A
própria relação jurídica sobrevive com a mudança do sujeito ativo. Tratando-se de uma forma de facilitar o
adimplemento, é incentivada pela lei.
ESPÉCIES
O pagamento com sub-rogação, divide-se em duas espécies, quais sejam elas: sub-rogação legal e sub-
rogação convencional. Na primeira, a legal, quem determinará a sub-rogação, será a lei, independentemente
da vontade das partes. No pagamento com sub-rogação convencional, a terceira pessoa, solicitada pelo
devedor, empresta ao mesmo a quantia necessária para solver sua dívida, com a expressa condição de se sub-
rogar sobre a mesma obrigação, assim sendo, a principal característica da sub-rogação condicional é a vontade
das partes em selar o acordo.
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DIREITO CIVIL II
SUB-ROGAÇÃO LEGAL
III - Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no
todo ou em parte”.
Trata-se da situação mais comum e útil na prática. Acontece quando um terceiro, juridicamente
interessado no cumprimento da obrigação, efetua o pagamento da dívida, sub-rogando no direito do credor. É
o que ocorre no caso do fiador, que paga a dívida do devedor principal, passando, a partir daí, a poder exigir
o valor desembolsado, utilizando, se necessário, as garantias conferidas ao credor originário. Pode ocorrer
uma segunda situação, onde um dos devedores solidários paga a dívida do credor comum. Vale ressaltar que,
se for terceiro não interessado, não haverá sub-rogação (art.305 CC). Só terá direito ao reembolso, por uma
questão de equidade, para evitar que haja o enriquecimento sem causa.
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GRADUAÇÃO EM DIREITO 2023.1
PROF°: MARCELO RENAULT
DIREITO CIVIL II
SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL
No pagamento com sub-rogação convencional, O art. 347 admite duas formas de sub-rogação convencional:
Nesse primeiro caso, ocorre uma iniciativa do credor, que recebe o pagamento de terceiro, lhe
transmitindo todos os seus direitos. Essa situação possui grandes semelhanças com à cessão de crédito, onde,
são aplicadas as mesmas regras (art. 348 do CC). No entanto, o fato de haver semelhanças, não significa dizer
que os dois meios sejam iguais.
II – Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida,
sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito”.
Nessa situação, a pessoa que emprestou a quantia, para que o devedor pagasse a soma devida, no
próprio ato negocial de concessão do empréstimo ou financiamento estipula, expressamente, que ficará sub-
rogado nos direitos do credor satisfeito. Assim, se A empresta um valor a B, sob a condição de sub-rogar-se
nos direitos do credor primitivo, poderá não apenas exigir o reembolso do que pagou, mas também utilizar-se
das eventuais garantias pactuadas em prol do credor inicial. Tudo dependerá da forma pela qual a sub-rogação
foi prevista no contrato,
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DIREITO CIVIL II
O código civil prevê ainda os efeitos causados pela sub-rogação, e está abrangido pelo artigo 349 do
CC que sugere:
“A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores”.
Tais efeitos aplica-se as duas modalidades de sub-rogação, quais sejam, legal e convencional. Porem
na legal, o sub-rogado não poderá reclamar o valor integral da dívida, e sim o montante desembolsado para
saldar a mesma (art.350 do CC), o qual sugere:
“O sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até a soma que tiver
desembolsado para desobrigar o devedor”
Entretanto na convencional, por prevalecer a vontade das partes, pode se determinar o contrário, isto
é, poderá haver sub-rogação total da obrigação, mesmo que não tendo havido desembolso total do montante
para satisfazer o credor original, como previsto (art.351 do CC). Trata-se de uma regra adequada, pela própria
anterioridade do crédito, e em virtude da inexistência de outra solução melhor.
REFERÊNCIAS
Novo Curso de Direito Civil 2 - Obrigações - Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Edição:
2019.
Direito Civil - VOL.3 – Obrigação e Responsabilidade Civil. Silvio de Salvo Venosa. Edição:18