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Curso de Gestão Patrimonial de Bens Públicos

Aula 02: Regime Jurídico dos bens públicos

01) Conceitos iniciais

Regime é o termo usado para designar as regras gerais aplicáveis a uma determinada
categoria. O regime jurídico éo conjunto de direitos, deveres, garantias, vantagens, proibições
e penalidades aplicáveis a determinadas relações sociais qualificadas pelo Direito.

Os bens públicos se diferenciam dos bens privados por estarem submetidos a um conjunto
peculiar de regras, estabelecidas de forma legal.Como vimos antes, bens públicos podem ser
definidos como o termo que designa o grupo de bens pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público. O termo também engloba os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
privado que estão afetados a prestação de serviço público (bens públicos por equiparação),
que se regem pelo regime jurídico próprio dos bens públicos.

O regime jurídico dos bens públicos pode ser definido como um conjunto de prerrogativas e
garantias de que gozam os bem públicos, abrangendo não apenas os bens públicos no sentido
legal do termo, mas também os chamados bens públicos por equiparação – embora
pertencentes a pessoas de direito privado, tais bens encontram-se afetados à prestação de
serviço público ou alguma finalidade pública – e, por isso, submetem-se igualmente ao regime
jurídico dos bens públicos, usufruindo de suas prerrogativas.

O regime jurídico dos bens públicos limita-se pelos requisitos legais para a utilização e
alienação destes, bem como pela própria natureza dos bens, muitas vezes indisponíveis.

02) Prerrogativas do regime jurídico dos bens públicos

Prerrogativas são vantagens das quais algumas pessoas desfrutam, por fazerem parte de uma
determinada classe, que as diferenciam dos demais. Essa ideia também é aplicada ao Direito;
dentro do âmbito jurídico-administrativo estatal que estamos estudando, as prerrogativas são
privilégios especiais aplicáveis aos bens públicos, diferenciando-os dos bens de natureza
privada.

O regime jurídico dos bens públicos apresenta uma série de características marcantes, que
marca os bens como tais. A doutrina igualmente chama tais características de garantias ou
prerrogativas dos bens públicos, no sentido de que estas funcionam como forças
assecuratórias dos particulares que usam os bens, efetivando a supremacia do interesse
público sobre o interesse privado (CARVALHO, 2015, 2ª Edição, pág. 1084).

São prerrogativas dos bens submetidos ao regime jurídico de bens públicos:

a) Impenhorabilidade: a penhora é uma garantia judicial, efetivada através de uma


ação judicial, que objetiva apreender bens de propriedadedo devedor, para que se
obtenha a quitação da dívida. Nos casos de penhora, a propriedade do bem é
retirada da esfera de propriedade do devedor e passa a integrar a esfera de
propriedade do credor, que buscou na força jurisdicional do Estado o meio eficaz
para asatisfação de seu crédito.O bem penhorado poderá ser alienado a terceiros,
de forma compulsória, a fim de que que o produto desta alienação satisfaça o
débito do credor (ALEXANDRINO E PAULO, 2015, 23ª edição, pág. 1037).

Na lição de GONÇALVES (2011, 1ª edição, pág. 613):

A penhora é ato de constrição que tem por fim individualizar os bens do patrimônio do
devedor que ficarão afetados ao pagamento do débito, e que serão excutidos
oportunamente. É ato fundamental de toda e qualquer execução por quantia, sem o
qual não se pode alcançar a satisfação do credor.

Embora seja possível o Estado, seus agentes e suas entidades ocuparem o papel de
devedores, os bens públicos são impenhoráveis, nos termos do art. 100 do Código
Civil. Essa garantia refere-se ao fato de que os bens públicos, por ação voluntária ou
determinada judicialmente, não poderão ser alvo de penhora

A impenhorabilidade atinge inclusive os bens dominicais. Embora alguns autores


considerem que estes deveriam estar sujeitos a penhora, uma vez que são disponíveis
para utilização (não estão afetados a nenhuma finalidade específica). No entanto, a
maioria da doutrina considera que, uma vez que o bem dominical é público, apenas ao
Estado caberia decidir qual a destinação adequada para aquele determinado bem; sua
desafetação no momento presente não significa que o bem não possa ser afetado, de
forma mais satisfatória para o bem comum, em algum ponto do futuro.

O art. 100 da Constituição Federal estabelece que os pagamentos devidos pelas


Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença
judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
Quando o Judiciário define que um ente público quite seus débitos, é comando
constitucional que este pagamento ocorra através de títulos precatórios, que são
ofícios formais, dirigidos pela autoridade judiciária à autoridade executiva, para que
pague determinada importância, objeto de condenação judicial.A emissão dos títulos
precatórios a capacidade de definir a ordem cronológica para o pagamento das
dívidas.

Segundo a lição de ALEXANDRINO E PAULO (pág. 1037):

A Constituição da República estabelece regra especifica para a satisfação dos créditos de


terceiros contra a Fazenda Pública, reconhecidos em sentença judicial transitada em
julgado. Eles serão pagos segundo o denominado regime de precatórios, regulado no
art. 10 da Carta Política. É relevante observar que esse artigo já foi bastante alterado
por mais de uma emenda, porém, foi em parte declarado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal.

São exceção ao pagamento pelo regime de títulos precatórios os pagamentos de


obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam
fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado (art. 100, §3º, Constituição
Federal)
b) Não onerabilidade: os bens públicos não poderão ser onerados, significando que
estes não podem ser gravados como garantiaa credores, como nos casos de
hipoteca, penhor e anticrese.

O direito real de garantia, no Direito Civil, éaquele que confere ao seu titular o
poder de obter o pagamento de uma dívida, com o valor ou a renda de um bem
aplicado exclusivamente à sua satisfação; objetivaassegurar ao credor o
recebimento do débito, uma vez que determinado bem pertencente ao
patrimônio do devedor está vinculado ao pagamento. Alguns autores consideram
a não onerabilidade como uma consequência da impenhorabilidade. A ideia da
não onerabilidade é a proteção ao patrimônio público.

ALEXANDRINO E PAULO destacam (pág. 1078):

Onerar um bem é gravá-lo como garantia, para satisfação do credor no caso de


inadimplemento da obrigação. São espécies de direitos reais de garantia sobre coisa
alheia o penhor, a anticrese e a hipoteca (CC, art. 1.225). Os bens públicos não podem
ser gravados dessa forma, como garantia em favor de terceiro. Enfim, o credor da
fazenda pública não pode ajustar garantia real incidente sobre bem público, sob pena de
nulidade absoluta da garantia.

c) Imprescritibilidade: os bens públicos são imprescritíveis – ou seja, não podem ser


obtidos ou adquiridos por particular através de usucapião ou da prescrição
aquisitiva.

É importante ter em mente que, desde o advento da Constituição Federal em


1988, a questão da função social da propriedade assumiu destaque.

O art. 186 da Constituição Federal afirma que a função social da propriedade


ruralse refere ao fato de que esta deve atender, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos:aproveitamento racional e adequado; utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das disposições
que regulam as relações de trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos
proprietários e dos trabalhadores.Não é permitido ao proprietário abusar de deus
direitos como tal. A posse chamada mansa e pacífica, que ocorre quando não há
oposição à posse demonstradapelo proprietário do bem, por um determinado
período de tempo, não enseja a aquisição da propriedade por usucapião
(CARVALHO, pág. 1085).

Em princípio, a propriedade é irrevogável, transmitindo-se aos seus sucessores


(artigo 1.784 do CC); no entanto, existe a possibilidade de que o proprietário que
não der o uso adequado ao seu bem venha a perdê-lo, involuntariamente, pelo
perecimento, pelo abandono e pela desapropriação (artigo 1.275, IV e V, do CC).

A Constituição Federal estabelece, em seu Art. 5º, XXIII, que a propriedade


atenderá sua função social; e, no art. 184, o texto constitucional estabelece que
será competência da União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Já o CC afirma, em seu art. 1.228:


Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
[...]
§ 1º - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.

O abandono de bens móveis se configura pelo. 1.276, caput e § 2º:


Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não
mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem,
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do
Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
[...]

§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,


cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

O art. 182, § 4º, III da Constituição Federal contempla a possibilidade de desapropriação


de imóvel urbano que não cumpre sua função social, nos seguintes termos:
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
[...]
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
juros legais.

A desapropriação de imóvel urbano não será a primeira providência a ser tomada,


porém; antes dela se contemplam o parcelamento ou edificação compulsórios e o
imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo, nos
termos do art.182, §4º, I e II, Constituição Federal.
A usucapião é. Poderá ser meio de aquisição de propriedade, na medida que.
O termo “prescrição aquisitiva” é considerado como sinônimo de usucapião; pode ser
definido como aquela que consiste não na perda, mas na aquisição de um direito real
sobre um bem pelo decurso do prazo. Esse tipo de prescrição se dá por meio da
usucapião, forma de aquisição da propriedade, em que a pessoa que exerce posse
prolongada poderá vir a ter a propriedade da coisa, observando-se os requisitos legais
pertinentes.
Por pertencerem à toda a coletividade, sendo apenas administrados pelo Estado, os
bens públicos serão consideráveis imprescritíveis, não podendo ser objeto de
usucapião, visto que essa ação prejudicaria o patrimônio que pertence a todos.
Muitos autores defendiam a teoria de que os bens dominicais poderiam ser
usucapidos, especialmente em situações de usucapião pro labore, aquele definido
como forma de aquisição de área de terras, em zona rural, por aquele que, não sendo
proprietário de imóvel rural ou urbano, a possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia (art. 191, Constituição Federal e arts.1.238 e 1.239, Código Civil).
No entanto, a própria legislação já se encarregou de declarar a impossibilidade de ação
de usucapião referente aos bens públicos, dominicais ou não, como exemplificam os
arts. 183, §3º e 191, parágrafo único, da Constituição Federal, que estabelecem que os
imóveis públicos (urbanos e rurais) não serão adquiridos por usucapião; os arts. 100 e
102 do Código Civil, que afirmam que os bens públicos de uso comum do povo e os de
uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que
a lei determinar, e que os bens públicos não estão sujeitos a usucapião; e o art. 200do
decreto-lei nº. 9.760/46, que institui que os bens imóveis da União, seja qual for a sua
natureza, não são sujeitos a usucapião.
No âmbito do Judiciário, o STF instituiu a Súmula nº. 340, que afirma que, desde a
vigência do Código Civil de 1916, com as efetivas exceções constitucionais vigentes
nesse período, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião.A ênfase do legislador e da jurisprudência nesta teoria,
repetida em vários comandos legais, objetiva facilitar a tutela dos bens públicos pela
Administração Pública.
d) Inalienabilidade: Os bens públicos são, em regra, indisponíveis, só podendo serem
alienados dentro de determinadas situações. Modernamente, entende-se que essa
inalienabilidade não é absoluta; o Estado está sujeito a um regramento específico
para alienar seus bens, não podendo o agente estatal privilegiar ou desfavorecer
os interessados, sendo necessário que estes sejam tratados de forma igualitária.
Alguns autores criticam tal designação por sua imprecisão, uma vez que existem
situações que admitem a alienabilidade dos bens públicos, sendo que a doutrina
mais atual prefere o termo inalienabilidade condicionada ou relativa – ou seja,
alguns dos bens públicos poderão ser alienados, desde que atendidas as condições
legais para tanto.

O art. 101 do Código Civil prevê que os bens públicos dominicais podem ser
alienados, observadas as exigências da lei. Os bens de uso comum e de uso
especial do povo, desde que sejam necessariamente desafetados da sua finalidade
pública, perdendo tal qualificação, e que atendam aos requisitos legais para tanto,
poderão ser alienados.

O art. 17 da lei nº. 8.666/93 estabelece tais requisitos, a saber:

Art. 17. - A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da Administração
direta e entidades autárquica e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração


Pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;

c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24
desta Lei;

d) investidura;

e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de


governo;

f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação


ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente
utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de
interesse social desenvolvido por órgãos ou entidades da Administração Pública.

g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de


Dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração
Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;

h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação


ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local área de até 250
m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública;

i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuito ou onerosa, de terras públicas


rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze)
módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização
fundiária, atendidos os requisitos legais.

II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos


seguintes casos:

a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação
de sua oportunidade e conveniência sócio - econômica, relativamente à escolha de outra
forma de alienação;

b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração


Pública;

c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação


específica;

d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;

e) Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da


Adminstração Pública, em virtude de suas finalidades;

f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração


Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
§ 1º - Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste art., cessadas as razões
que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora,
vedada a sua alienação pelo beneficiário.

§ 2º - A Administração também poderá conceder título de propriedade ou direito real de


uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se:

I - a outro orgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização


do imóvel;

II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do orgão
competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e
pacífica e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1
(um) módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda
1.500ha (mil e quinhentos hectares);

§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2º ficam dispensadas de autorização legislativa,


porém submetem-se aos seguintes condicionamentos:

I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por particular seja


comprovadamente anterior a 1º de dezembro de 2004;

II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e administrativo da


destinação e da regularização fundiária de terras públicas

III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-contempladas na lei


agrária, nas leis de destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou
administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e

IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada notificação, em caso de


declaração de utilidade, ou necessidade pública ou interesse social

§ 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2º deste artigo:

I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a vedação, impedimento ou


inconveniente a sua exploração mediante atividades agropecuárias;

II - fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde que não exceda mil e
quinhentos hectares, vedada a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite;

III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da figura prevista na
alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo

IV - (VETADO)

§ 3º - Entende-se por investidura, para fins desta Lei:

I - a alienação aos proprietários de imóveis de área remanescente ou resultante de obra


pública, área esta que se torna inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao
da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do valor
constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei;

II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público,
de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades
e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão.

§ 4º - A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão


obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob
pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público
devidamente justificado.

§ 5º - Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o imóvel


em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão
garantidas por hipoteca de 2º grau em favor do doador.

§ 6º - Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não


superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração
poderá permitir o leilão.

§ 7º - (VETADO)

O assunto, como vimos, é tratado pela lei de Licitações e Contratos, que


também disciplina, de forma específica, não apenas as situações em que
a Administração Pública adquire bens, mas também as situações onde a
Administração Pública abre mão de seus bens através da alienação.

São requisitos principais para a alienação de bens públicos: a declaração de interesse


público, devidamente fundamentada, publicada através de edital e que comunica um
interesse da Administração Pública ou de suas entidades, reconhecendo e tornando
pública alguma necessidade ou decisão destes; a avaliação prévia do patrimônio que se
deseja alienar; no caso de bens imóveis, faz-se necessária uma autorização legislativa
específica – uma lei -referente àquele determinado bem; e, por fim, a adequada forma
de licitação para a alienação do bem. Os bens imóveis serão normalmente licitados
através da modalidade chamada concorrência, havendo exceções a esta regra, que serão
estudadas no momento oportuno; os bens móveis serão, em regra, licitados através da
modalidade leilão.

O artigo 24 da lei nº. 8.666/93 traz hipóteses de dispensa de licitação – situações


especiais em que as ações se efetivam sem que ocorra o processo licitatório, e sem
desrespeitar os princípios de moralidade e da isonomia. A contratação por meio da
dispensa de licitação deve limitar-se a aquisição de bens e serviços indispensáveis ao
atendimento da situação de emergência, não sendo arbitrariamente aplicáveis a
qualquer bem ou a qualquer prazo.

Por sua vez, o art. 25 da lei nº. 8.666/93 traz hipóteses não exaustivas de inexigibilidade
de licitação, onde a contratação se dá em razão da inviabilidade da competição ou da
desnecessidade do procedimento licitatório, o que permite ao ente estatal contratar
diretamente o fornecimento do produto ou a execução dos serviços.
Questões

01) (2015/FCC/TRT - 15ª Região/Juiz do Trabalho Substituto) O regime jurídico de direito


público que protege os bens públicos imóveis identifica-se, dentre outras
características, pela imprescritibilidade, que

a) Guarnece os bens de uso comum e os bens de uso especial, mas é excepcionado


dos bens dominicais, pois estes são considerados os bens privados da
Administração pública e, portanto, não podem se eximir de se submeter ao regime
jurídico comum, como expressão do princípio da isonomia.
b) Impede que os particulares adquiram a propriedade dos bens públicos por
usucapião, independentemente do tempo de permanência no imóvel e da boa-fé
da ocupação, mas não se aplica a eventuais ocupantes que possuam natureza
jurídica de direito público, pelo princípio da reciprocidade.
c) Impede a aquisição de bens públicos, independentemente de sua classificação, por
usucapião, o que se aplica a particulares e pessoas jurídicas de direito público e
privado, mas também se presta à proteção do patrimônio em face de qualquer
instituto que venha a representar a subtração dos poderes inerentes à propriedade
pública.
d) Determina que o poder público pode promover ações para ressarcimento de danos
e responsabilização dos envolvidos indefinidamente, com base no ordenamento
jurídico vigente, no caso de ocupações multifamiliares irregulares, que gerem ou
tenham gerado efeito favelizador da área.
e) Aplica-se reciprocamente à Administração pública e aos administrados, na medida
em que aquela também não pode regularizar suas ocupações por meio de
usucapião de bens imóveis pertencentes a pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado.

02) (2015/Gestão de Concursos/COHAB MINAS/Advogado) Analise as afirmativas a


seguir sobre bens públicos, assinalando com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) Os bens públicos dominicais podem ser alienados, atendidas as exigências da lei.

( ) Os bens públicos estão sujeitos à prescrição aquisitiva.

( ) Os bens públicos têm a gratuidade como inerente a seu uso comum.

( ) Os bens públicos de uso comum do povo e os bens públicos de usos especiais são
inalienáveis enquanto conservarem a sua qualificação.

Assinale a sequência CORRETA.


a) V V F F
b) F V F V
c) V F F V
d) F V V F
03) (2015/FGV/TCM-SP/Agente de Fiscalização - Ciências Jurídicas) Em tema de regime
jurídico dos bens públicos em geral, a doutrina de Direito Administrativo destaca a
característica da:
a)alienabilidade, isto é, os bens públicos podem ser alienados diretamente pelo
Administrador, desde que observado o valor de mercado e a renda auferida seja
destinada ao interesse público;
b) impenhorabilidade, isto é, os bens públicos não se sujeitam ao regime de penhora,
em decorrência de dívidas dos entes públicos;
c) imprescritibilidade, isto é, os bens públicos são suscetíveis de aquisição por
usucapião, desde que observados os requisitos legais, como prazos em dobro em
relação aos bens particulares;
d) onerabilidade, isto é, os bens públicos sempre podem ser dados como garantia para o
credor, por meio de penhor, hipoteca e anticrese, para garantir o adimplemento da
obrigação;
e) disponibilidade, isto é, os bens públicos são titularizados pelo atual chefe do Poder
Executivo, que possui livre disposição sobre eles, segundo seus critérios de
oportunidade e conveniência.

04)(2015/INSTITUTO CIDADES/Prefeitura de Barro Alto – GO/Auditor do Controle


Interno) A concessão de regime jurídico dos bens públicos decorre dos interesses que o
Poder Público representa quando atua, são eles: Inalienabilidade, Imprescritibilidade e
Impenhorabilidade. De acordo com este regime jurídico, associe a segunda coluna de
acordo com a primeira e, em seguida, marque a sequência correta:
( ) É a característica dos bens públicos que
(1) Inalienabilidade
impedem que sejam adquiridos por
usucapião. Os imóveis públicos, urbanos
ou rurais, não podem ser adquiridos por
usucapião.
(2) Imprescritibilidade ( ) Em regra geral, os bens públicos não
podem ser alienados (vendidos,
permutados ou doados).
( ) É a característica dos bens públicos que
(3) Impenhorabilidade
impedem que sejameles oferecidos em
garantia para cumprimento das
obrigaçõescontraídas pela Administração
junto a terceiros.

a) 2, 1, 3
b) 1, 2, 3
c) 2, 3, 1
d) 1, 3, 2

05) (2015/FGV/TCE-RJ/Auditor Substituto) A respeito do regime jurídico dos bens


públicos, é correto afirmar que:

a) os bens públicos não podem ser desapropriados, nem adquiridos por usucapião;
b) os bens pertencentes às empresas estatais podem ser penhorados, ainda quando
afetados à prestação de serviços públicos;
c) os bens públicos dominicais são inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis;
d) os bens públicos de uso comum do povo e de uso especial podem ser dados em
garantia de dívidas do Tesouro Nacional;
e) a alienação de bens públicos imóveis depende de lei autorizativa, avaliação prévia e
licitação.

Gabarito

01- C
02- C
03- B
04- A
05- E

Bibliografia

ALEXANDRINO, Marcelo ; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 23ª.


ed. rev .atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2015.
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GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 1ª ed.– São
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http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2140520/o-que-se-entende-por-prescricao-
aquisitiva-rodrigo-marques-de-oliveira
http://www.licitacao.net/o_que_e_dispensa_de_licitacao.asp
https://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_jur%C3%ADdico

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