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Tema: Figuras afins
Sumário: Obrigação real, Pretensão real e Ónus real
Por situações jurídicas propter rem ou ob rem entendem-se aquelas cujo sujeito activo ou
passivo se determina em atenção à titularidade de um direito real, ou seja, o sujeito activo
ou passivo da situação jurídica propter rem é o titular do direito real. Quer isto dizer que,
as situações propter rem correspondem àquelas situações jurídicas cujo sujeito activo e
passivo é determinado em virtude da titularidade de um direito real. Correspondem assim
a situações em que a existência do direito real atribui ao seu titular direitos e obrigações
em relação a outrem.
Estas situações são: as obrigações propter rem, os ónus reias e as pretensões reais.
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Porquanto vários direitos reais podem coexistir simultaneamente sobre a mesma
coisa, ocorrendo situações de actuação concorrente e, por conseguinte, de conflito
potencial entre titulares, o exercício desses direitos tem de ser regulado. Essa
regulação é, assim, o escopo das obrigações propter rem.
As obrigações propter rem fazem parte do conteúdo do direito real, uma vez que
este, como situação jurídica complexa, além do seu núcleo essencial, que consiste na
faculdade de aproveitamento de uma coisa corpórea, pode incluir outros elementos,
entre estes se incluindo essas obrigações. Em certos direitos reais, a lei confere uma
certa amplitude para a constituição de obrigações propter rem por via negocial,
como se verifica no usufruto, artigo 1445.º, uso e habitação, artigo 1485.º, superfície,
artigo 1530.º e servidões prediais, artigo 1564.º todos do CC. Nestas, é
inclusivamente possível alterar o sujeito passivo da respectiva obrigação, artigo
1567.º do CC. Apesar disso, no entanto, as obrigações propter rem são sujeitas ao
princípio da tipicidade, artigo 1306.º, n.º 1 do CC, apenas se podendo constituir nos
casos previstos por lei.
2. Ónus real
O ónus real atinge o titular de um direito real sobre um prédio, impondo-lhe uma
obrigação de entrega da coisa. Os ónus reais conferem ao titular o direito de exigir a
entrega de coisa seja qual for o titular do direito real de gozo sobre o prédio. Por
conseguinte, havendo uma transmissão do direito real, o novo titular está obrigado
a cumprir a prestação ao credor, ainda que exista mora anterior à transmissão, ou
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seja, mesmo que o crédito seja vencido antes do novo titular ter adquirido o seu
direito.
Os ónus reais distinguem-se das obrigações propter rem por não fazerem parte do
conteúdo de direitos reais, embora sejam igualmente constituídos em virtude da
titularidade de determinados bens, aos quais permanecem ligados. Enquanto nas
obrigações propter rem, o titular só fica vinculado ao cumprimento das prestações
que se constituiram na vigência do seu direito, nos ónus reais o adquirente dos bens
responde pelo cumprimento das prestações anteriores à sua aquisição, uma vez que
sucede na titularidade da coisa que essa obrigação se encontra unida.
Por outro lado, os ónus reais atribuem preferência no pagamento sobre coisa que
gravam, estando assim acopulados a uma garantia real, enquanto nas obrigações
propter rem não existe qualquer garantia, respondendo o património do devedor
em caso de incumprimento, nos termos gerais.
3. Pretensões reais
As pretensões reais são direitos relativos, que têm apenas a especialidade de ser
originadas pelo direito real, estando consequentemente a ele ligadas. Não fazem, no
entanto, parte do conteúdo desse direito real, o qual pode ser plenamente exercido,
sem que alguma vez dê origem a uma pretensão dessa natureza. As pretensões
reais protegem os direitos reais em que se fundamentam.