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Universidade Independente de Angola

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Turma: A1/B1 e C1

Sala: B.2.3

Lição nº

Tema: CONTRATO DE SOCIEDADE

Sumário: Conceito

Elementos essenciais.

Forma

O problema da capacidade jurídica

1. Conceito

Artigo 980.º do CC.

O código define o contrato de sociedade e não sociedade, mas não deixa de estar
atento ao seu aspecto organizativo, porque, depois de celebrado o contrato de
sociedade, a prossecução conjunta de um fim comum por todos os sócios, cria
necessariamente interesses comuns de carácter permanente e não privativos de
qualquer dos sócios e, por isso, surge ao lado dos interesses individuais de cada
sócio, de raiz contratual, uma comunhão de pessoas apostadas na realização de
interesses comuns a todas elas.

2. Elementos essenciais

a) Acordo (também chamado ou conhecido como elemento pessoal): pluralidade


de sócios; duas ou mais pessoas (sócios) se obrigam a contribuir com bens ou
serviços.

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b) Objecto (elemento patrimonial): a contribuição dos sócios, que pode ser
transferida ou constituição de um direito real, cedência do uso e fruição de uma
coisa, transferência de um crédito ou de posição contratual e prestação de
determinada actividade ou dos resultados desta. A referência à obrigação de
contribuir consagra a possibilidade de a não contribuição não ser imediata. No
entanto, por efeito da natureza obrigacional que este contrato reveste, qualquer
dos sócios pode exigir de outro que ainda não realizou a sua prestação a
contribuição em dívida.

c) Finalidade (elemento finalístico ou fim imediato ou objecto): exercício comum


de certa actividade económica que seja de mera fruição. Esta actividade deve ser
determinada (certa) e abrange não só a simples produção de bens, mas também
a sua distribuição ou circulação, a oferta de serviços, etc. por outro lado, deve ser
exercida em comum e não pode ser de mera fruição (por isso, os resultados
obtidos devem provir dessa actividade económica comum).

d) Repartição de lucros (elemento teleológico; fim meiato ou fim sticto sensu):


a existência de lucros resulta da actividade económica que os sócios se
comprometem a desenvolver. Por isso, não haverá sociedade, mas associação,
se o fim lucrativo não existir e tão pouco haverá se os lucros se destinarem a um
fim de beneficência ou a terceiro. Também não se permite o pacto leonino que
exclui algum ou alguns sócios dos lucros, artigo 984.º do CC, embora não seja
essencial a repartição igualitária ou proporcional dos lucros entre os sócios.

Quanto à distribuição das perdas, vigora o mesmo princípio, n.º 1 do artigo 992.º
do CC, mas, no silêncio do contrato, os sócios de indústria não respondem, nas
relações internas, pelas perdas, n.º 2 do artigo 992.º do CC.

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3. Forma

Artigo 981.º do CC

Relativamente à inobservância da forma quando exigida, a doutrina destaca a


possibilidade de o contrato de sociedade ser convertido e reduzido, verificados os
requisitos legalmente exigidos, artigos 292.º e 293.º do CC.

Serve de exemplo de conversão, a obrigação de um sócio entrar para a sociedade com


a propriedade de um prédio para a sua sede. Sendo o contrato nulo por vício de forma,
aquela obrigação converte-se na obrigação de esse sócio entrar somente com o uso e
fruição (locação) do prédio, se as partes, no caso de terem previsto a invalidade do
contrato, quisessem esta solução, artigo 293.º do CC.

E exemplo de redução ocorre se as partes não deixassem de constituir a sociedade


sem a entrada dos bens que tornou necessária a forma solene, ou seja, sem a parte
viciada, artigo 292.º do CC.

4. O problema da capacidade jurídica

O artigo 7.º do CCom, enuncia dois princípios fundamentais: o da liberdade de


comércio e o da coincidência entre a capacidade civil e a capacidade comercial.
Deste modo, a plena capacidade comercial depende:

a) Da aquisição pelo sujeito em causa da capacidade civil e;

b) De tal sujeito não ser destinatário de norma que estabeleça uma restrição ao
exercício do comércio.

Como refere PUPO CORREIA, o exercício profissional do comércio não é permitido


directa e pessoalmente ao incapaz, podendo apenas ser realizado pelo
representante legal do incapaz, em nome e por daquele, desde que tenha obtido a
autorização judicial eventualmente necessária.

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Com efeito, tendo em atenção que o comerciante pode ser responsabilizado pelos
seus actos de natureza comercial não seria sufiente para a segurança jurídica que o
comerciante tivesse apenas capacidade de gozo (e não de exercício, como sucede
com os menores de idade).

Desta feita, é unânime na doutrina o entendimento que advoga que o n.º 1 do artigo
13.º do CCom, se refere à aptidão do comerciante para actuar juridicamente, por acto
próprio ou mediante procurador. Mesmo porque o exercício do comércio, pela
intensidade, complexidade e efeitos económicos das operações que envolve,
colocaria em grave risco o património do incapaz, dadas as próprias circunstâncias
geradoras da incapacidade.

De acordo com o artigo 138.º do C.F, a autoridade paternal confere aos pais, o pder
de representar os filhos em todos os actos e negócios jurídicos (salvo os de
natureza estritamente pessoal), bem como o poder de administração legal dos
bens dos filhos. Com base nesta disposição, a nossa lei permite que os pais do
menor, enquanto representantes legais, possam, mediante autorização do Ministério
Público, adquirir estabelecimento comercial ou industrial ou continuar a exploração
do que o filho haja recebido por sucessão ou doação, artigo 141.º do C.F.

O mesmo regime é aplicável a outras incapacidades, mediante autorização do


ministério Público conferida a representante legal do interdito, artigo 139.º do CC, ou
do inabilitado assistido por um curador, artigo 153.º do CC.

Em suma, os incapazes que exerçam o comércio através de representantes


legaisdevidamente autorizados pelo tribunal devem ser considerados comerciantes
(têm estatuto de comerciantes), apesar de não terem capacidade para a prática de
actos de comércio.

5. Constituição das sociedades comerciais

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O acto constitutivo da sociedade é denominado pela lei angolana “contrato de
sociedade” sendo definido no artigo 980.º do CC. Se essa actividade tem natureza
comercial, então os sócios deverão adoptar um dos tipos societários previstos no n.º
1, do artigo 2.º, da LSC. Sem prejuízo, desde a entrada em vigor da Lei n.º 19/12, de
11 de Junho, Lei das Sociedades Unipessoais, é também possível a constituição de
uma sociedade Unipessoal, através de um negócio jurídico unilateral.

O contrato de sociedade (e, mutatis mutandis, o negócio jurídico unilateral), para ser
válido tem de:

1. Respeitar as disposições legais imperativas da LSC, n.º 1, do artigo 11.º, da LSC;

2. Conter todas as menções obrigatórias elencadas no n.º 1, do artigo 10.º, da LSC.

A constituição das sociedades comerciais, e em particular de uma sociedade por


quotas, obedece a um procedimento-regra, que a seguir se descreve:

Em primeiro lugar, é necessário obter o Certificado de Admissibilidade de Firma,


através do preenchimento de formulário próprio, onde o Ficheiro Central de
Denominações sociais, declara que a firma escolhida pela sociedade não é igual ou
confundível com outra já registada.

Seguidamente, é necessário abrir uma conta bancária em nome da futura sociedade


comercial, junto de uma instituição financeira bancária angolana e depositar o
montante correspondente ao capital social. De acordo ao n.º 1 do artigo 6.º da Lei da
Simplificação do Processo de Constituição de Sociedades Comerciais, o capital
social das sociedades por quotas é livre, o que quer dizer que cabe aos sócios
determinar qual o valor que pretendem atribuir ao capital social.

Nos termos do n.º 1, do artigo 3.º, da Lei da Simplificação do Processo de


Constituição de Sociedades Comerciais, as partes podem optar por utilizar a escritura
pública ou um documento particular com reconhecimento presencial das assinaturas

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para constituição da sociedade. Só assim não será, no caso em que a constituição
da sociedade envolva bens imóveis, caso em que se exige sempre a escritura
pública, n.º 3, do artigo 3.º, do mesmo diploma.

Após a assinatura do documento constitutivo da sociedade comercial, a sociedade


deve ser inscrita no registo comercial, artigo 20.º da LSC. Esta inscrição é de crucial
importância uma vez que só assim a sociedade se torna pessoa jurídica; como
resulta do artigo 5.º da LSC, o registo das sociedades comerciais tem natureza
constitutiva.

É ainda necessário inscrever a sociedade no registo do Instituto Nacional de


Estatística e obter um Certificado de Registo Estatístico.

Por último, é necessário que as sociedades inscrevam os seus trabalhadores no


Instituto Nacional de Segurança Social.

Constituída a sociedade, é necessário inscrevê-la na Repartição Fiscal respectiva, de


modo a obter um Certificado de Início de Actividade, e requerer os Alvarás e Licença
de Importação necessários ao exercício da sua actividade, junto dos Ministérios que
tutelam a respectiva área de actividade.

De modo a facilitar a constituição de Sociedades, agilizando todo o processo, foi


criado o GUE- Guiche único de Empresa, no qual se reúnem todos os serviços
públicos descritos.

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