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Bibliografia:
Capítulo 14
comercial exigidas pelo n.º2 do art. 1.º do Código das sociedades comerciais.
civil. A sociedade é definida como o contrato em que duas ou mais pessoas se obrigam
económica que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes
dessa actividade.
Nestes termos, para que haja uma sociedade é necessário, em primeiro lugar, que
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-Obrigação de contribuir com bens ou serviços (obrigação
de entrada);
económica e esta, por sua vez, dada a sua natureza, deve permitir o apuramento de
II. A obrigação de entrada em bens ou serviços vai permitir formar a base material em que
assenta a organização.
Alguns sócios contribuem com bens — são os sócios de capital; outros contribuem com
A contribuição para o capital pode ser feita com quaisquer bens susceptíveis de
Os serviços, que noutras disposições legais são designados por indústria, formam uma
III. Os sócios obrigam-se a realizar em comum uma actividade económica: criam uma
organização que os vai substituir no exercício dessa atividade e, consequentemente,
C.Civil).
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em sentido objectivo (actividade lucrativa) é acompanhado pelo lucro em sentido
subjectivo (o fim lucrativo dos sócios). Uma organização que realize um actividade
económica com o fim de distribuir todos os dias uma refeição aos sem abrigo não é
uma sociedade no sentido do Código civil, mas antes uma associação sem fins
lucrativos.
Uma sociedade será comercial quando, sendo um contrato no sentido do art. 980.º do
Código civil, tenha por objecto a prática de actos de comércio e adopte o tipo de
sociedade em nome colectivo, de sociedade por quotas, de sociedade anónima, de
sociedade em comandita simples ou de sociedade em comandita por acções.Estas
duas condições específicas são exigidas pelo art. 1.º do CSC. A sociedade comercial é,
assim, uma sociedade que tem objecto e forma comercial.
O Código das sociedades comerciais não define o acto de comércio, conceito que tem
de ser procurado no art.2.º do Código comercial. Ora, nesta norma prevêem-se duas
categorias de atos de comércio: aqueles que se encontram regulados no Código
Comercial, classificados de objetivos, e certos contratos contratos e obrigações dos
comerciantes, classificados de subjetivos. Como os atos de comércio subjetivos
pressupõem a existência de um comerciante, qualidade que a sociedade comercial
terá depois de regularmente constituída, para determinar a comercialidade da
sociedade interessam apenas os atos de comércio objetivos.
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Para esclarecer o objeto da sociedade comercial, o conceito de acto de comércio
objetivo deve ser construído por referência a actividades económicas; nesta
perspetiva, precisamos de combinar a matéria económica regulado pelos diversos atos
de comércio isolados e as empresas comerciais do artigo 230.º; por esta via,
constatamos que o Código comercial exclui do seu âmbito apenas a agricultura,a
pecuária, o artesanato e as profissões liberais. Por isso, a sociedade comercial pode ter
por objeto o comércio, a indústria e os serviços.
Ter forma comercial significa, neste contexto, a necessidade de adoptar um dos tipos
de organização admitidos no Código, enunciados no n.º2 do art. 1.º. Esta necessidade
de adoptar um dos modelos legais de sociedade permite dizer que vigora no direito
português o chamado princípio da tipicidade ou do numerus clausus: está afastada a
existência de sociedades comerciais atípicas1.Não existem sociedades comerciais em
geral, mas apenas sociedades comerciais em nome colectivo, por quotas, anónimas,
em comandita simples ou por acções.
1
Por consequência, à luz do direito português, ao contrário do que acontece noutros direitos como o suíço
ou italiano, não é possível criar uma simples sociedade comercial, que funcione como uma espécie de
residual deixada à disposição de quem pretende exercer uma actividade comercial mas não quer escolher
um dos tipos legais.
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14.3. O processo de constituição [contrato, formalidades prévias, registo
comercial e publicação]
I. O objetivo dos fundadores é a criação de uma organização jurídica distinta dos sócios
contrato válido é condição essencial para atingir aquele fim. O contrato de sociedade
deve ser celebrado por escrito e as assinaturas dos seus subscritores reconhecidas
(CSC,art.41.º, n.º1).
Além disso, depois de obtida a forma legal, o contrato deverá ser registado na
publicação do contrato.
em espécie pelo revisor oficial de contas e o depósito numa instituição bancária das
entradas em dinheiro que sejam de realização imediata.
III. Estas formalidades têm importância diversa. A lei atribui valor essencial ao registo
comercial; é ele que confere personalidade jurídica à sociedade: antes do registo, a
sociedade não é uma pessoa coletiva, mas apenas um contrato que produz efeitos nas
relações entre os sócios(v. CSC, art.37.º)2. Porque antes dele não há pessoa coletiva,
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E, depois do registo, são reduzidas as causas de nulidade do contrato (v. artigos 42.º ss.).
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diz-se que o registo comercial do contrato de sociedade é constitutivo, não se
casos de atos da sociedade sujeitos a registo, registo que então se diz declarativo.
IV.É certo que no mundo dos negócios encontramos sociedades com objecto comercial
mas a que falta a forma legal do contrato ou o registo comercial. São as chamadas
sociedades irregulares com um regime especial estabelecido nos artigos 36.º a 40.º do
CSC. Elas existem porque são reconhecidas como parceiros comerciais no mercado (
Mas também é certo que, nos termos deste regime especial, estas sociedades
irregulares, que ainda não concluíram o processo de constituição, não constituem uma
individualidade jurídica diferente dos sócios que, por isso, respondem sempre
40.º, n.º1).
Capítulo15
comercial precisamos de combinar as regras do Título I-Parte Geral com regras dos
elementos indicados no artigo 9.º do Código das Sociedades Comerciais para todos os
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tipos de sociedades, além daqueles que sejam especialmente exigidos para a
I. O número mínimo de sócios de uma sociedade é de dois, excepto quando a lei exija
um número superior ou permita que a sociedade seja constituída por uma só pessoa
(art. 7.º, n.º2).
Um número de sócios superior a dois é imposto para a sociedade anónima que não
pode ser constituída por um número de sócios inferior a cinco (art. 273.º).
II. As sociedades unipessoais expressamente designadas como tal são uma subespécie
de sociedade por quotas dotada de um conjunto de normas especiais que constam dos
artigos 270.º-A a 270.º-G.
Esta sociedade unipessoal por quotas é constituída por um sócio único, pessoa singular
ou colectiva, que é titular da totalidade do capital social (n.º do art. 270.º-A).
III. Mas o CSC admite também a sociedade anónima unipessoal, embora em condições
mais restritivas estabelecidas no art. 488.º.
Em primeiro lugar, o sócio único terá de ser uma sociedade por quotas, anónima ou
em comandita por acções. Esta restrição decorre do facto de se estar no quadro das
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sociedades coligadas, definidas no n.º1 do art. 481.º, como aquelas que se
estabeleçam entre sociedades destes três tipos.
Em segundo lugar, a sociedade mãe e a sociedade filha formam um grupo constituído por
domínio total inicial submetido a um regime especial (v. em particular os artigos 501.º a 504.º
aplicáveis por remissão do art. 491.º).
A-Pessoas singulares
I. Quem pode ser parte num contrato de constituição de uma sociedade? A resposta
terá de ser procurada à luz do que dissemos sobre a capacidade jurídica, quer das
pessoas singulares quer das pessoas colectivas.
II. Pode dizer-se que nenhuma dúvida se levanta acerca da capacidade das pessoas
singulares. A participação dos incapazes segue as regras gerais de suprimento da
incapacidade.
B- Pessoas colectivas
A pergunta que deve guiar a solução do problema é esta: incluir-se-á no fim da pessoa
colectiva a participação numa sociedade comercial?
A resposta não pode ser a mesma para todas as espécies de pessoas colectivas e em muitos
casos dependerá das circunstâncias que envolvam a participação.
Nenhuma dúvida de princípio se levanta nos nossos dias quanto à capacidade das
sociedades comerciais para serem sócias de outras sociedades comerciais. No entanto,
a questão poderá colocar-se num caso concreto. Por isso, o legislador entendeu
regular essa matéria no quadro do objecto social, nos números 4 a 6 do art. 11.º.
Um outro caso resolvido por lei foi o das cooperativas. Deve considerar-se vedado às
cooperativas a participação na criação de sociedades comerciais, embora possam
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Algumas sociedades estão especialmente vocacionadas para a participação noutras
sociedades.É o caso daquelas cujo único objecto é a gestão de participações sociais noutras
sociedades, as por essa razão denominadas Sociedades Gestoras de Participações Sociais (
Reguladas pelo Decreto-Lei n.º 495/88, de 30 de Dezembro, com as alterações introduzidas
pelo Decreto-Lei n.º 378/98, de 30 de Dezembro, mas desde logo previstas no n.6 do art. 11.º
do CSC), mas é também o caso das chamadas sociedades de capital de risco (Reguladas pelo
Decreto-lei n.º 433/91, de 7 de Novembro), bem como das as sociedades de desenvolvimento
regional (Reguladas pelo Decreto-Lei n.º 25/91 de 11 de Janeiro).
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associar-se com elas, desde que daí não resulte perda da
sua autonomia (C. Cooperativo, art. 8.º/1).
Mas O mesmo raciocínio não pode ser feito relativamente às associações: prosseguem
fins não lucrativos que na maioria das vezes afastarão a capacidade em causa.
I.O contrato é um acordo entre duas ou mais pessoas. Os elementos do contrato são as
cláusulas que o integram4.
De entre essas cláusulas, umas são obrigatórias, outras são facultativas.
As cláusulas obrigatórias têm de integrar o contrato, sob pena de este ser nulo.
Podem ainda dividir-se em gerais ou especiais. As primeiras devem constar de
qualquer tipo de sociedade e são indicadas no art. 9.º n.º 1; as segundas, são exigidas
para cada espécie de sociedade (v. SQ, art. 199.º e SA, art. 272.º).
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Pode-se, num esforço de análise, distinguir dos elementos os pressupostos. Os pressupostos do contrato
são, neste sentido, aquelas realidades prévias ao próprio negócio e sem as quais este não poderia existir.
Assumem esta natureza, as partes contratantes: sem duas ou mais pessoas não há possibilidade de existir
um contrato de sociedade (salvo, naturalmente, os casos em que a lei admita a criação de sociedades
unipessoais).
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As cláusulas facultativas são aquelas que os sócios podem introduzir no contrato ao
abrigo da liberdade contratual: não são essenciais nem ao nascimento da pessoa
colectiva nem ao seu funcionamento, mas são úteis à realização dos interesses dos
sócios no caso concreto.
Podem ter duas funções.
A finalidade mais habitual é a de afastar o regime legal supletivo estabelecido
pela lei para certos aspetos da vida da sociedade. A inclusão de tais cláusulas está
prevista no n.º3 do art. 9.º. Se, ao analisar a lei, os fundadores chegaram à conclusão
que o regime legal supletivo não era conveniente para a realização dos seus interesses,
podem substituir ou afastar esse regime legal supletivo, estipulando outro que lhes
pareça mais adequado. Estas regras dizem respeito a aspectos que fazem parte da
natureza da sociedade; por isso, no silêncio do contrato, vigora o regime legal
supletivo.
A segunda finalidade das cláusulas facultativas é a de regular facetas da
sociedade que o legislador não julgou necessário incluir no contrato, mas que permitiu
aos sócios que o fizessem. Esta faculdade é reconhecida em normas permissivas. É o
que sucede, nomeadamente, na área das obrigações dos sócios. A lei considerou que
seria suficiente a obrigação de entrada, mas permitiu que os fundadores da sociedade
criassem outras obrigações, nomeadamente a obrigação de prestações acessórias,
declarando, nos artigos 209.º e 287.º, que o contrato de sociedade pode impor a todos
ou a alguns sócios esta modalidade de obrigação. Se os sócios não utilizarem a
permissão legal, a sociedade funciona sem esse elemento. Por exemplo, se não existir
a cláusula contratual que permita à sociedade exigir prestações acessórias, não será
legítimo exigir aos sócios estas prestações.
II.Na continuação analisaremos as cláusulas obrigatórias.
A – O tipo de sociedade
I. O tipo e o objeto são elementos que na preparação da sociedade caminham lado a lado.
Comecemos pela tipo de sociedade.
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Em regra, esta escolha apenas está limitada pelo numerus
clausus imposto pela tipicidade legal: os fundadores escolhem livremente um dos tipos de
sociedade comercial admitidos por lei; podem escolher criar uma sociedade em nome
colectivo, por quotas, anónima ou em comandita, simples ou por acções.
Actividades existem, no entanto, para cujo exercício a lei impõe um determinado tipo legal. É o
que sucede por exemplo com o exercício da actividade bancária, só admissível a sociedades
anónimas.
II.A escolha do tipo poderá também ser condicionada por dois outros factores: pelo
número de sócios que pretendem reunir e pelo capital que os sócios podem dispor.
Como vimos, em regra, a criação da sociedade exige apenas dois sócios, porém, a
50000€, enquanto, para uma sociedade por quotas o capital social é livre com o limite
dos sócios, quer internamente, face à sociedade, pela realização das entradas, quer
capital.
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O número de sócios necessário para constituir uma comandita por acções será no mínimo de seis,
porque têm de existir cinco comanditários (v. art. 480.º).
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As participações dos sócios não recebeu qualquer
designação especial: são simplesmente partes sociais. A sua transmissão só pode ter
lugar, por negócio entre vivos, com o consentimento expresso dos restantes sócios(v.
art. 182.º/1).
III. Nas sociedades por quotas, os sócios respondem perante a sociedade por todas as
entradas convencionadas no contrato: são solidariamente responsáveis pela
integração do capital social (art.197.º, n.º1).
Ao contrário, no plano externo face aos credores da sociedade, os sócios não assumem
O capital está dividido em quotas, de que não podem ser emitidos títulos
representativos (art. 219.º/7). A sua transmissão por negócios entre vivos faz-se por
V. A responsabilidade dos sócios das sociedades anónimas está definida no art. 271.º:
cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu. Assim, o
sócio da sociedade anónima não responde pela realização do capital subscrito pelos
outros sócios — ao contrário do sócio da sociedade por quotas — nem responde pelas
dívidas da sociedade face a terceiros.
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VI. A sociedade em comandita, cuja noção consta do art.
465.º, é uma espécie híbrida que mistura características da sociedade anónima com
características da sociedade em nome colectivo.
A comandita simples está muito próxima da sociedade em nome colectivo, cujo regime
se lhe aplica subsidiariamente (art. 474.º); ao contrário, a comandita por acções está
próxima da sociedade anónima cujo regime se lhe aplica subsidiariamente (art. 478.º).
B - Objecto social
II. Uma delas é, sem dúvida, a de delimitar as actividades que a sociedade pode
exercer. Para que a rigidez do objecto contratual não comprometa o desenvolvimento
futuro da sociedade, usam-se fórmulas abertas que permitam a adaptação da
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sociedade a novas circunstâncias, competindo então aos
sócios deliberar sobre as actividades compreendidas no objecto contratual que a
sociedade efectivamente exercerá, como se estabelece no art. 11.º, n.º3.
D – Firma da sociedade
I. A firma da sociedade tem por fim dar um nome à pessoa colectiva pelo qual
será identificada nos documentos que lhe digam respeito. A falta de menção da firma
é causa de nulidade do contrato de sociedade, mesmo após o registo (v. art. 42.ª/1/b
e. 43.º), falta que pode, no entanto, ser suprida (n.º2 do art. 42.º e n.º 3 do art. 43.º).
II. A aplicação dos princípios e regras a que obedece a composição das firmas
das sociedades comercias é fiscalizada pela administração pública. Quem pretender
constituir uma sociedade comercial terá de requerer um certificado de admissibilidade
da firma ao Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC, art. 46.º). Esse certificado
será emitido após a análise da conformidade da pretensão formulada (art. 51.º) e
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É, no entanto, permitida a sociedade em nome coetivo sem capital (art.9.º, n.º1,al.f)).
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deverá ser exibido no momento da assinatura do acto de
constituição da sociedade (art. 54.º).
Firma nome: quando for constituída exclusivamente por nomes ou firmas de todos,
algum ou alguns sócios ( ex : José da Silva).
Firma mista: quando reúne o nome dos sócios e a actividade exercida (ex: José da
Silva, Sociedade de Construções)
III. A opção por uma destas três modalidades pode ser excluída por lei.
É o que acontece com a sociedade em nome colectivo cuja firma só pode assumir a
modalidade de firma nome, pois , segundo o n.º 1 do art. 177.º, quando não
individualizar todos os sócios deve conter, pelo menos, o nome ou a firma de um
deles.Princípio similar orienta a composição da firma da sociedade em comandita que
é formada pelo nome ou firma de um, pelo menos, dos sócios comanditados (art.
467.º/1).
A palavra «Limitada» ou a abreviatura «L.da » nas sociedades por quotas ( art. 200.º/1).
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A expressão «sociedade anónima» ou a abreviatura «S.A.»
nas sociedades anónimas (275.º).
VI. A aplicação dos princípios e regras a que obedece a composição das firmas das
sociedades comercias é fiscalizada pelo Registo Nacional das Pessoas Colectivas.
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Mas este certificado de admissibilidade deverá ser exibido
também posteriormente no acto do registo comercial pelo qual a sociedade se
constitui definitivamente (art. 56.º), registo este que deverá ter lugar dentro do prazo
de validade do certificado (v. RNPC, art. 56.º/3).
VII. Após o registo definitivo, a sociedade comercial adquire o direito ao uso exclusivo
da firma em todo o território nacional (RNPC, art. 35.º/1 e 37.º/2).
E – Sede da sociedade
I. A sede da sociedade constitui o seu domicílio (art. 12.º/3; v. tb C. Civil, art. 33.º, 82.º
e 88.º). Deve ser estabelecida em local concretamente definido ( por exemplo, não
pode dizer-se que a sociedade tem a sua sede em Lisboa).
II. A sua importância para a vida da sociedade é intuitiva; compreende-se que a sua
falta acarrete a nulidade do contrato, mesmo após o registo, embora se trate de um
vício sanável no quadro do n.º2 do art. 42.º .
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b)O montante das entradas efectuadas por cada sócio no
momento do acto constitutivo ou a realizar até ao termo do primeiro exercício
económico bem como o montante das entradas diferidas.
Por força do n.º1, na constituição da sociedade a cada sócio apenas fica pertencendo
uma quota, que corresponde à sua entrada. É a aplicação do princípio da quota inicial
única.
O n.º3 regula os valores das quotas: permite que os valores nominais das quotas sejam
diversos, contanto que nenhum seja inferior a 1€.
É assim possível a divisão do capital em quotas iguais: por exemplo, uma sociedade
com 50 000 € de capital, com cinco sócios e quotas iguais de 10 000 €; mas também se
admitem quotas com valores nominais diversos: no mesmo exemplo, uma quota de 10
000, outra de 30 000, outra de 6 000, outra de 3 000 e outra de 1 000.
I.O artigo 199.º exige que se indique o montante das entradas efectuadas por cada
sócio no momento do ato constitutivo ou a realizar até ao termo do primeiro exercício
económico, que não pode ser inferior ao valor nominal mínimo da quota fixado por lei,
bem como o montante das entradas diferidas. Está em causa a realização do capital
social. Esta exigência deve ser analisada em conjunto com o disposto nas alíneas f), g)
e h) do n.º1 do art. 9.º.
A liberdade dos sócios nesta área está limitada pelo disposto nos artigos 202.º e 203.º.
Em primeiro lugar, nas sociedades por quotas não são admitidas entradas com
serviços: é o sentido que se retira do n.º1 do artigo 202º. Por essa razão, os sócios
serão todos sócios de capital e terão de realizar as suas quotas em dinheiro ou com
outros bens susceptíveis de penhora.
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Em segundo lugar, a liberdade dos sócios está limitada
pelo princípio da realização imediata do capital mínimo fixado por lei na al.b) do art.
199: cada sócio deverá realizar até ao termo do primeiro exercício económico pelo
menos 1€. Em terceiro lugar, as entradas em espécie não podem ser diferidas: os bens
em causa deverão estar à disposição jurídica da sociedade no momento da assinatura
do contrato (v. art.26.º,n.º3).
7
As normas aplicáveis no Regime Especial de Constituição Imediata de Sociedades (DL n.º 111/2005, de
8 de julho, art.7.º, n.º2) e no Regime Especial de Constituição ON Line de Sociedades (DL n.º 125/2006,
de 29 de junho, art.6.º, n.º1-e)) admitem a declaração de entrega nos cofres da sociedade até ao final do
primeiro exercício económico ou a declaração de que o depósito será realizado no prazo de cinco dias
úteis ou a declaração de que já foi efectuado.
8
V. no Regime Especial de Constituição Imedita de Sociedades, art. 7.º, n.º3 e 4; na constituição on line,
art. 6.º, n.º4 al. c).
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A - Capital social e acções
Artigo 272.º
Conteúdo obrigatório do contrato
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O capital mínimo é de € 50 000. Todas as acções devem
representar a mesma fracção no capital social e, no caso de terem valor nominal,
devem ter o mesmo valor nominal.
O valor mínimo das acções ou, na sua falta, o valor de emissão não pode ser inferior a
1 cêntimo.
A cláusula da alínea b)do art. 272 deverá ser incluída no contrato, se forem acordadas
condições particulares para a transmissão das acções (v. art. 328.º).
3) Categoria de acções
A alínea c) do art.272 exige a indicação das categorias de acções que porventura sejam
criadas, com indicação expressa do número de acções e dos direitos atribuídos a cada
categoria.
4) Espécies de acções
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A indicação do montante do capital é sempre
acompanhada da indicação do montante já realizado, da forma de realização, bem
como dos prazos de realização do capital apenas subscrito. O regime aplicável consta
do art. 277.º. Note-se que não podem existir entradas em indústria, que a soma das
entradas em dinheiro já realizadas deve ser depositada em instituição de crédito,
numa conta aberta em nome da futura sociedade, até ao momento da celebração do
contrato e que nas entradas em dinheiro pode ser diferida a realização de 70% do
valor nominal ou do valor de emissão das acções (uma SA com capital mínimo de € 50
000 poderá constituir-se com apenas 15 000€ realizado)9. As entradas em espécie são
de realização imediata e sujeitas à avaliação do revisor oficial de contas (art. 28.º.
B- Emissão de obrigações
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------
15.2.5.1.Aspetos gerais
9
As sociedades anónimas também se podem criar através do Regime Especial de Constituição Imediata
de Sociedades (art. 1.º) e do Regime Especial de Constituição On line de Sociedades (art. 1.º), regimes
que ressalvam as regras gerais de realização do capital em dinheiro (v. art. 7.º, n.º2 e art. 6.º, n.º1-e)) .
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II. Os fundadores da sociedade devem estar informados
sobre as regras legais que podem ser por eles afastadas no contrato. São regras que
definem um regime que o legislador considera o mais justo, mas que não impõe
absolutamente: admite, ao invés, que os sócios pretendam sujeitar esse aspecto da
vida da sociedade a um regime diferente. Por exemplo, na perspectiva do legislador a
transmissão de quotas por negócio entre vivos deverá estar dependente do
consentimento da sociedade (art. 228.º/2); porém, admite-se que o contrato de
sociedade dispense o consentimento desta (art. 229.º/2): assim, reconhece-se aos
sócios a faculdade de afastar o regime legal; contudo, se não o fizerem através de
cláusula do contrato, sujeitar-se-ão ao que está disposto por lei, restando a
possibilidade de alterar o contrato se a experiência a tanto conduzir.
II. A liberdade concedida aos fundadores de uma sociedade comercial para modelar o
seu regime assenta, noutros casos, numa norma permissiva que dá o poder não já
afastar um regime legal supletivo mas antes de acrescentar um elemento ao modelo
legal, adaptando-o ao interesse concreto dos sócios. O legislador utiliza para este
efeito, entre outras, esta fórmula: «é lícito estipular no contrato que...».
10
Sobre as prestações suplementares, v. SOFIA GOUVEIA PEREIRA, As Prestações Suplementares no
Direito Societário Português, Principia, Lisboa,2004
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As prestações suplementares têm sempre dinheiro por
objeto (art. 210.º, n.º2), não vencem juros (art.210.º, n.º5) e a sua restituição aos
sócios só pode ter lugar quando a diminuição do ativo que implica não fizer o capital
próprio descer para um valor inferior à soma do capital e da reserva legal (art. 213.º,
n.º1).
A cláusula contratual deve fixar o montante global das prestações exigíveis aos sócios,
sob pena de inavalidade. Pode também indicar os sócios a elas obrigados e o critério
de repartição, aspetos para os quais o CSC estabeleceu critérios supletivos: na ausência
de indicação em contrário, todos os sócios estão obrigados e a obrigação de cada sócio
é proporcional à sua quota de capital (n.º4 do art.210.º).
O CSC prevê prestações suplementares apenas nas sociedades por quotas, não
havendo unanimidade na doutrina sobre a sua aplicação também às sociedades
anónimas.
Os empréstimos de dinheiro dos sócios à sociedade são uma das principais fontes de
financiamento das pequenas e médias empresas. Consciente desta realidade, o
legislador regulou o contrato de suprimento no título relativo às sociedades por quotas
através dos artigos 243.º a 245.º11.
11
Sobre os suprimentos, v. JOÃO AVEIRO PEREIRA, O Contrato de Suprimento, Coimbra Editora,
Coimbra, 1997;ALEXANDRE MOTA PINTO, Do Contrato de Suprimento, Almedina, Coimbra, 2002; JOÃO
PEDRO VARGAS CARINHAS DE OLIVEIRA MARTINS, Os Suprimentos no Financiamento Societário Uma
abordagem Funcionalista, ISCTE-IUl, 2010 (dissertação apresentada no mestrado em direito das
empresas do ISCTE-IUL).
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não depende de deliberação dos sócios, salvo disposição
contratual em contrário( art. 244.º, n.º3).
Uma nota final para dizer que antes de redigir a cláusula sobre suprimentos se deve
estudar o regime a que ficam sujeitos depois de realizados, que consta do art. 245.º, e
que degrada o crédito de suprimento para uma posição inferior aos credores comuns,
ao ponto de, em caso de insolvência, ser o último crédito subordinado a ser satisfeito
(CIRE; art.48.º, al.g)).
Por fim, uma nota sobre a utilização do contrato de suprimento: porque está previsto
apenas no regime da sociedade por quotas, é controvertida a sua extensão a outras
sociedades, em especial às anónimas.
O CSC regulou uma terceira modalidade de obrigação que pode ser imposta através de
cláusula facultativa, a obrigação de prestações acessórias, prevista para as sociedades
por quotas e anónimas (arts. 209.º e 287.º).
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sociedade. O sócio pode obrigar-se a prestação de serviços
à sociedade, a exercer funções de gerente, a afiançar dívidas da sociedade, a adquirir
bens a produzir pela sociedade ou a vender-lhe bens que ela necessita, etc.
Alguns ordenamentos jurídicos proíbem que estas obrigações tenham dinheiro por
objeto; o CSC adotou uma posição diferente, permitindo as prestações acessórias em
dinheiro(n.º2 dos arts. cit.)12.
Note-se que, segundo a lei, o não cumprimento desta obrigação não é causa de
exclusão do sócio ou de qualquer diminuição de direitos; mas este regime é supletivo
(n.º4 do art.209.º).
I.O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as assinaturas dos seus
subscritores devem ser reconhecidas presencialmente. Esta é a forma legal mínima
prescrita no n.º1 do art. 7.º;poderá, no entanto, ser exigida uma forma mais solene,
nomeadamente escritura pública, se houver entradas em espécie cuja transmissão
esteja sujeita a uma forma mais solene do que o documento escrito.
II. A escritura pública é uma forma legal só acessível por via da intervenção do notário.
Nos locais onde funcionem Centros de Formalidades Empresariais, a sua marcação
poderá ser realizada no próprio CFE.
III. A falta de forma legal impede a realização do registo comercial da sociedade e, por
consequência, a sua constituição definitiva. Mas além disso, a falta de forma legal
12
As prestações acessórias apareceram na indústria açucareira alemã do século XIX: os accionistas
obrigavam-se a cultivar beterraba e a entregá-la à sociedade que a pagava a preço de mercado.
Vicissitudes várias afastaram-nas das prestações pecuniárias, expressamente excluídas no regime das
sociedades por acções italianas no art. 2345.º. Nos países que mais tardiamente receberam a figura
nota-se a tendência para não restringir o objecto, nomeadamente não determinando a exclusão das
prestações pecuniárias. Foi esta a posição do direito espanhol que hoje regula a figura na Ley das SA e
na Ley das SRL, entretanto fundidas na Ley de Sociedades de Capital pelo Real Decreto Legislativo
1/2010, de 2 de Julho.
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torna o contrato nulo, nulidade que pode ser invocada
mesmo depois realizado o registo comercial13.
I. Desde o momento em que o contrato tenha sido celebrado na forma legal existe
entre os sócios um contrato válido que a todos obriga. Mas ainda não existe uma nova
pessoa jurídica distinta dos sócios; esta pessoa jurídica nasce apenas no momento em
que é efetuado o registo definitivo do contrato. Este registo, último ato do processo de
constituição poderá ser levada a cabo por quem tiver legitimidade para efectuar o
registo comercial: é, nomeadamente, o caso de qualquer sócio (Código do Registo
Comercial, art. 29.º/1).
13
V. CSC, art. 41.º, 42.º/1/e e 43.º .Nos termos do art. 32.º do Código de registo comercial só podem ser
registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem. Por consequência, sem um
documento escrito não é possível o registo.
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Património próprio e responsabilidade patrimonial
I.A sociedade adquire a titularidade dos bens que lhe foram transmitidos pelos sócios a
título de realização do capital social. Esses bens formarão o património inicial, que irá
aumentando ou diminuindo por efeito dos negócios que entretanto realizar.
III. Onde a regra da separação de patrimónios não sofre limites é nas chamadas
sociedades de responsabilidade limitada, as sociedades por quotas e anónimas. A
separação de patrimónios está claramente explicitada no texto do art. 197.º, n.º3, por
força do qual só o património social responde pelas dívidas da sociedade, princípio
que vigora também nas sociedades anónimas, como decorre do n.º1 do art.271.º.
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Nestas sociedades, devido à ausência de responsabilidade
dos sócios pelas dívidas da sociedade, a autonomia patrimonial diz-se perfeita: pelas
dívidas da sociedade só responde o património da sociedade.
Capítulo 17
14
V. as regras especiais estabelecidas para execução da quota no art. 239.º.
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outra natureza e finalidade.
É o que acontece com as deliberações que designam ou destituem os titulares de
outros órgãos sociais, mas é também o que acontece quando os sócios deliberam
alterar o contrato de sociedade, por exemplo aumentando o capital social, ou realizar
outras modificações ainda mais profundas na estrutura empresarial, como a fusão,
cisão ou transformação.
IV. Esta actuação, virada para o interior ou para o exterior da sociedade, por um só
órgão social ou através da cooperação de diversos órgãos, é realizada num quadro
jurídico que vincula sócios, órgãos de administração e de fiscalização, e a que podemos
chamar o regime de vida da sociedade. A percepção deste sistema de regras, ainda
que nos seus traços gerais, é necessária para compreender a dinâmica social.
Esse regime é formado por diversos elementos, a saber:
1- Regras legais imperativas
2- Regras contratuais
3- Regras legais supletivas
4- Deliberações dos órgãos sociais
5- Acordos parassociais
V. As regras imperativas não podem ser afastadas pelos sócios, nem mesmo quando
haja uma vontade unânime nesse sentido. Constituem um núcleo duro que por vezes
se designa por normas inderrogáveis. Os actos dos órgãos sociais que as contrariem
são, em princípio, feridos de nulidade( v. art. 56.º, n.º1/d).
VI. Num segundo patamar, estão as regras estabelecidas no contrato que têm força de
lei entre os sócios. O acto de um órgão social que as contrarie estará, no entanto,
ferido de simples anulabilidade e não de nulidade (cfr. art. 58.º, n.º1/a), excepto se a
cláusula contratual for ela própria aplicação de uma regra legal imperativa.
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perspectiva, dotadas de uma eficácia reforçada.
Mas não é essa a tradição do Código das Sociedades Comercias e em geral do direito
privado português que reúne, sob a designação de elementos do contrato, tudo o que
é necessário quer à criação e identificação quer ao funcionamento da sociedade.
Trata-se, como a própria lei diz, de acordos celebrados entre todos ou entre alguns
sócios pelos quais estes, nessa qualidade, se obrigam a uma conduta não proibida por
lei. Prevê-se que, quando constituem a sociedade ou em qualquer fase da sua vida, os
sócios regulem aspectos da conduta que virão a ter no exercício dos seus direitos, mas
as convenções respectivas não passam para o conteúdo do contrato que rege a
sociedade. Por exemplo, uma sociedade portuguesa e uma sociedade estrangeira,
sócias fundadoras de uma terceira sociedade com sede em Portugal, podem
convencionar, em acordo parassocial, a forma de distribuir entre si os lugares no
conselho de administração. Este acordo produz efeitos entre os intervenientes, mas a
sua violação por uma das partes não pode ser causa de invalidade de um acto da
própria sociedade: por exemplo, uma deliberação social em que um dos sócios
signatários do acordo parassocial votasse a constituição de um conselho de
administração com uma distribuição de lugares diferente da acordada não poderia ser
posta em causa com fundamento na violação do acordo parassocial (v. art. 17.º, n.º1).
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Uma das modalidades de acordo parassocial mais
frequente tem por objecto o exercício dos direitos de voto nas assembleias gerais. Por
causa do seu objecto designam-se tradicionalmente sindicatos de voto (v. art. 17.º,
n.º2).
I. Nos três primeiros meses de cada ano civil, a administração deve elaborar e
submeter à apreciação dos órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão, as
contas do exercício e os demais documentos de prestação de contas (Parte geral, arts.
65.º a 70.º; arts. 263.º e 264.º para as SQ; arts. 451.º a 455.º para as S.A.).
A falta de apresentação dos documentos de prestação de contas dá a qualquer sócio o
direito de requerer o inquérito judicial nos termos e com as consequências previstas
no art. 67.º, n.º1 a 3.
Porém, se os documentos forem apresentados atempadamente faltando apenas a
deliberação do órgão competente para aprová-los, a assembleia geral poderá ser
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judicialmente convocada a requerimento de qualquer
sócio ou administrador (n.º4 do art. 67.º), cabendo em última instância ao tribunal a
tarefa de aprovar as contas (67.º/5).
Assim, nas sociedades anónimas que adoptem o modelo latino ou o modelo anglo-
saxónico, é ao conselho de administração que compete elaborar e deliberar sobre os
relatórios e contas anuais (art. 406/d); depois, o documento da administração é
examinado pelo revisor oficial de contas que integra o conselho fiscal ou pelo revisor
oficial de contas independente para fins de certificação legal nos termo do art.
451.ºn.º3; após isso, segue-se a apreciação pelo conselho fiscal ou pela comissão de
auditoria, conforme o caso, dos documentos da administração e do parecer do revisor
oficial de contas (art. 452.º); finalmente, os documentos são objecto de deliberação da
assembleia geral anual (art. 376.º/1/a). Se merecerem a aprovação da assembleia,
seguir-se-á a deliberação sobre a proposta de aplicação de resultados (art. 376.º/1/b e
66.º/5/f).
Os documentos assim aprovados serão depois objecto de registo na conservatória do
registo comercial (CSC,art. 70.º; CRCom., art. 3.º/n e art. 42.º), a que se seguirão as
publicações (CRCom., art. 70.º/1/a, art. 71.º e art. 72.º/3-4).
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O revisor oficial de contas deve apreciar o relatório de
gestão e completar o exame das contas com vista à certificação legal (art. 453.º, n.º2 e
3).
15
Em Itália, a aprovação dos documentos de prestação de contas nas sociedades de responsabilidade
limitada é o um acto sujeito sempre a apreciação em reunião de gerência, mesmo quando tenha sido
adoptado o método de exercício conjunto dos poderes de administração (v. 2745,III).
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expediente (263.º,n.º1).A ordem de trabalhos desta
assembleia geral é a indicada no art. 376.º para a chamada assembleia ordinária; para
aprovar ou recusar os documentos, a deliberação será tomada pela maioria simples
dos votos emitidos, estabelecida no artigo 250.º, n.º3. Os documentos aprovados
estão sujeito a registo comercial, como se estabelece no art.70.º,n.º1 e devem ser
disponibilizados no site da internet, quando exista, com a extensão fixada no n.º2 do
mesmo artigo.Note-se que o registo da prestação de contas está sujeito ao
procedimento criado pela Informação Empresarial Simplificada (art. 2.º, n.º, al.c) do DL
n.º 8/2007, de 17-1).
Pode acontecer que a assembleia geral dos sócios não aprove os documentos
apresentados pela administração. Para esta hipótese dispõe o art. 68.º que a
assembleia deve deliberar motivadamente que se proceda à elaboração total de novas
contas ou à reforma, em pontos concretos, das apresentadas(n.º1).
Resta acrescentar que a deliberação de aprovação das contas está sujeita a um regime
especial de invalidade estabelecido no art. 69.º .
I. É a assembleia geral dos sócios o órgão competente para deliberar sobre aplicação
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dos resultados (v. SQ, art. 246.º/1/e; S.A., art. 376.º/1/b).
III.O Código das sociedades comerciais não contém regras próprias sobre a elaboração
das contas, remetendo no n.º2 do art. 65.º para as regras do Sistema de Normalização
Contabilística (SNC). Também nós remetemos os nossos leitores para outras
disciplinas, nomeadamente para os manuais de contabilidade geral ou financeira, onde
estas matérias são estudadas.
IV. Mas uma atitude diferente foi adoptada para o regime da aplicação dos resultados.
O legislador cuidou especialmente de dois grupos de interesses. Primeiro, os interesses
protegidos pelo capital social, que justificam as regras relativas à conservação do
capital social(arts 31.º a 34.º), à reserva legal (arts 295.º, 296.º e 218.º) e aos
adiantamentos sobre lucros no decurso do exercício (art. 297.º).Em segundo lugar, o
legislador preocupou-se com o interesse dos sócios, particularmente o interesse dos
sócios minoritários, interesse protegido pelo regime do direito aos lucros (arts 217.º
nas SQ e 294.º nas SA).
Vejamos as regras aplicáveis à reserva legal. A norma aplicável é o artigo 295.º, parte
do regime das sociedades anónimas, cujo número 1 determina que
Nas sociedades por quotas vigora regime semelhante, excepto quanto ao limite a
atingir que, como se estabelece no n.º2 do art. 218.º, nunca será inferior a 2 500
euros.
Assim, todos os anos retira-se do lucro de exercício uma percentagem de 5% para a
conta da reserva legal até que esta atinja 20% do valor do capital social, momento em
que a reserva está formada.
As regras aplicáveis à sociedade por quotas são as mesmas quanto à percentagem
anual; porém, quanto ao montante necessário para que a reserva legal se considere
formada, a regra das sociedadesa anónimas não se aplica se 20% do capital social for
inferior a 2 500 euros, caso em que a reserva só está formada quando a conta
respetiva atingir os 2 500 euros.
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17.3.3.Direito ao lucro
O Código das sociedades comerciais formulou uma regra supletiva, que pode ser
afastada por outra no contrato de sociedade, e segundo a qual metade do lucro de
exercício distribuível deverá ser distribuído aos associados; a outra metade poderá ser
aplicada, por deliberação da maioria, em reservas livres.
Mas esta divisão entre dividendos e reservas livres, 50%-50%, poderá ser afastada em
assembleia geral, para o efeito especialmente convocada, mediante deliberação que
reuna o apoio de três quartos dos votos correspondentes ao capital social16.
II. Os sócios participam nos lucros segundo a proporção dos valores das respetivas
participações no capital (art. 22.º, n.º1). Mas esta regra é supletiva, podendo ser
afastada por convenção estabelecendo regra diferente .
16
Não nos parecem conformes com o espírito da lei, as cláusulas de certos contratos que afastam a
exigência de uma deliberação tomada por uma maioria de votos representativa de três quartos do capital
social. Neste aspecto, a norma dos artigos 217.º e 294.º é imperativa e tem por finalidade proteger os
sócios minoritários. Sobre esta matéria pode ver-se MANUEL ANTÓNIO PITA, O direito aos lucros,
Almedina Coimbra, 1989, p. 133.
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III. Se tiverem sido distribuídos lucros ou reservas que não
podiam ser distribuídos, os sócios devem restitui-los à sociedade, excepto quando
desconheciam a irregularidade da situação ou, tendo em conta as circunstâncias, não
tinham o dever de a conhecer ( art. 34.º/1).
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Capítulo 18.
O capital social
Bibliografia
Em terceiro lugar, reconhece-se ao capital social uma função de garantia dos credores.
A sua existência nas sociedades por quotas e anónimas aparece como a contrapartida
da limitação da responsabilidade dos sócios; de certo modo, realizando o capital, os
sócios constituiam uma garantia para os credores que substituía a anterior
responsabilidade ilimitada do empresário individual. Mas esta garantia tem de ser
entendida nos seus devidos termos. Em primeiro lugar, não é uma garantia no sentido
do art. 601.º do Código civil, porque o capital social não é um conjunto de bens que os
credores possam penhorar no caso da sociedade não pagar as suas dívidas; em
segundo lugar, a existência de capital social na sociedade não garante que a sociedade
tenha sempre um ativo no montante do capital social em que os fornecedores possam
confiar para conceder crédito à sociedade: se a sociedade tiver perdas que atinjam o
capital social, os sócios não são legalmente obrigados a reconstituir o capital social,
como fica claro no regime do art. 35.º.
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Não sendo um conjunto de bens penhoráveis, nem
garantindo a existência de um conjunto de bens no ativo da sociedade, o que é que o
capital social garante? A resposta é dada pelas regras relativas à conservação do
capital social que analisaremos no número seguinte.
I. Por força do n.º1 do art.33.º não podem ser distribuídos aos sócios lucros de
exercício que sejam necessários para cobrir prejuízos transitados; no mesmo artigo, no
n.º2, proíbe-se a distribuição de lucros de exercício enquanto as despesas de
constituição não estiverem completamente amortizadas.
Por sua vez, o artigo 32.º prescreve que não podem ser distribuídos aos sócios bens da
sociedade quando o capital próprio desta for inferior à soma do capital e das reservas
que a lei ou o contrato não permitem distribuir aos sócios ou se tornasse inferior a
esta soma em consequência da distribuição.
Esta probição de ser restituído aos sócios o capital social está presente em diversos
lugares. A remição de acções preferenciais não pode ter lugar se os fundos necessários
puserem em causa o disposto nos artigos 32.º e 33.º (art. 345.º,n.º5); a mesma
restrição é imposta em caso de amortização de acções ou de quotas (art. 346.º/1 e
236.º/1), bem como em caso de restituição de prestações suplementares (art.
213.º/1).
Estas normas consagram o princípio segundo a qual os sócios não podem retirar da
sociedade bens necessários para cobrir o capital social. É o chamado princípio da
intangibilidade do capital social.
A violação deste princípio pelos sócios é sancionada especialmente no artigo 34.º, que
impõe a restituição dos bens indevidamente recebidos; e medidas de natureza penal
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poderão ser aplicadas aos gerentes ou administradores se
estiverem preenchidas as condições definidas no Título VII, em particular no artigo
514.º que sanciona a distribuição ilícita de bens da sociedade.
II. As regras que informam o princípio garantem que, enquanto a sociedade existir, os
sócios estão proibidos de retirar do activo da sociedade bens, se essa retirada implicar
a descida do capital próprio a um montante inferior ao capital social ( esta cifra de
retenção formada pelo capital nominal é acrescida, no art. 32.º , com as reservas que a
lei ou o contrato não permitem distribuir aos sócios; é o caso, nomeadamente, das
reservas legais por força do regime estabelecido no art. 296.º). O capital social é,
assim, uma espécie de recipiente deixado pelos sócios na sociedade no momento em
que a constituíram e que todos os anos serve para medir a saúde financeira da
sociedade. Retiradas as quantias necessárias para pagar aos credores da sociedade, o
activo remanescente, o activo líquido, agora chamado capital prórpio, deve cobrir o
valor do capital social, deve encher aquele recipiente( acrescido das reservas não
distribuíveis); apenas o excedente, que é o fruto do capital, constitui o lucro que os
sócios podem deliberar distribuir como dividendos ou afectar a reservas livres. Se,
depois de retiradas as quantias para os credores o recipiente não ficar cheio, a
sociedade já consumiu uma parte do capital próprio inicial, está a ter perdas.
Constata-se assim que o princípio da intangibilidade impede a saída, para o
património dos sócios, de bens necessários à cobertura do capital, mas não assegura a
manutenção, dentro da sociedade, de bens de valor suficiente para cobrir o capital
social. O capital social garante uma espécie de direito de preferência dos credores, em
face dos sócios, sociais sobre os bens da sociedade.
17
Sobre esta matéria, v. ANA PINTO DA ROCHA, Da Perda Grave do Capital social nas Sociedades
Comerciais, Livraria Petrony,Lisboa,2009
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ter o mesmo valor: se houver entradas diferidas, elas são
créditos da sociedade sobre os sócios; e, se porventura o valor dos bens entregues
exceder o valor nominal da quota de capital, a diferença deverá ser levada a uma
reserva (art. 295.º/2/a), o chamado prémio de emissão.
Mas uma vez iniciada a actividade social, o capital próprio (a diferença entre o activo e
o passivo externo) tenderá a ultrapassar o capital social, se, como esperam os sócios,
os exercícios lucrativos se sucederem; poderá, no entanto, o activo líquido/capital
próprio descer a valores inferiores ao capital social, na hipótese contrária de, em vez
de se sucederem exercícios lucrativos, a sociedade acumular exercícios negativos.
O património das sociedades comerciais (neste sentido entendido como património
bruto, englobando o activo e o passivo externo) está dependente dos bons ou maus
resultados da sociedade: é, pela natureza das coisas, variável; pelo contrário, o capital
social é uma grandeza fixa, só mutável por alteração do contrato de sociedade. E, por
essa razão, não é possível garantir que o património seja sempre suficiente para cobrir
o capital social.
II.O sistema do Código conformou-se com esta lei da vida das empresas. Porém, partiu
do princípio de que a acumulação de prejuízos deveria ter um limite além do qual a
continuidade da sociedade começaria a ser posta em causa. Este limite foi fixado, no
art. 35.º, em metade do capital social.
Artigo 35.º
(Perda de metade do capital)
a) A dissolução da sociedade;
Nessas circunstâncias, manda a lei que seja convocada de imediato uma assembleia
geral para que os sócios analisem a situação e adoptem as medidas que acharem
adequadas. Acontece porém que, na última redacção do artigo 35.º, deixou de ser
obrigatório adoptar uma das medidas de saneamento previstas. Nestas circunstâncias,
os sócios podem considerar adequado que a sociedade se mantenha tal como está: a
actual lei permite que a sociedade continue a existir, apesar da perda de metade do
capital social. A lei não decreta a dissolução da sociedade nem de imediato, nem
decorridos dois exercícios como sucedia na versão anterior, agora apenas impõe um
dever especial de informação: segundo o n.º2 do art. 171.º, a sociedade por quotas,
anónima e em comandita por acções cujo capital próprio seja igual ou inferior a
metade do capital social deverá indicar o montante do capital próprio segundo o
último balanço aprovado, em todos os contratos, correspondência, publicações,
anúncios, sítios na Internet e de um modo geral em toda a actividade externa. O
legislador confiou da eficácia do princípio da transparência.
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18.2.3. Capital social, responsabilidade limitada dos sócios e garantia dos credores
18
Sobre o capital próprio, v. ALEXANDRE MOTA PINTO, Do Contrato de Suprimento, Almedina,
Coimbra,2002, p.27 ss.
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No quadro de contas do SNC, o capital social é uma
daquelas que integram o capital próprio. Figura no balanço no primeiro lugar da lista
das contas do capital próprio. Mas, mesmo no momento da constituição, o montante
do capital próprio poderá não ser igual ao valor da soma das entradas dos sócios, se
houver prémio de emissão. Neste caso, o valor do ativo inicial será superior ao capital
social nominal; para equilibrar o balanço, o prémio será registado numa outra conta do
capital próprio, designada justamente Prémios de emissão de acções ou quotas19.
Do ponto de vista da contabilidade, a conta capital próprio é uma conta sintética que
integra outras contas para além do capital social e dos prémios de emissão,
nomeadamente as reservas, os resultados transitados e as prestações suplementares.
O seu valor é a soma de todos estes valores: em regra é um valor positivo, mas poderá
ser negativo se a empresa acumular prejuízos. Nos números seguintes, passamos em
revista as outras principais rubricas do capital próprio.
19
Antes do actual SNC, o valor inscrito no balanço como capital social correspondia sempre ao total do
capital subscrito, mesmo na hipótese em que tivesse havido diferimento de entradas: nesse caso o valor
das entradas em dívida seria inscrito no activo como crédito da sociedade a que correspondia uma
dívida de sócios. Actualmente, se houver diferimento de entradas, o balanço apenas revelará o capital
efectivamente realizado e no activo da sociedade não será divulgado o montante das entradas por
realizar.
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18.3.3. Reserva Legal
Vimos que , por força do art. 33.º, n.º1, uma parte do lucro de exercício deverá ser
aplicada na constituição da reserva legal. A norma aplicável à constituição da reserva é
o artigo 295.º, aplicável à sociedade por quotas por força do art. 218.º. Contudo, o que
faz da reserva legal assim constituída um elemento estável do capital próprio é o
regime da sua utilização estabelecido no art. 296.º por força do qual os sócios não têm
qualquer direito à sua restituição.
Por via da aplicação de resultados, logo no primeiro exercício pode ser necessário
constituir reservas estatutárias, aquelas que o contrato de sociedade mandar
constituir.
Além disso, os sócios podem deliberar constituir outras reservas, chamadas livres por
não se encontrarem vinculadas a uma utilização específica.
18.3.6.Resultados transitados
Outra alternativa que está aberta aos sócios é a de manter na sociedade os resultados
do exercício a que não for dado um destino especial, formando então a rubrica do
capital próprio chamada resultados transitados.
20
Por outro lado, se não forem realizadas, o sócio torna-se remisso, podendo ser excluído da sociedade e
perdendo a quota (art. 212.º).
21
As prestações suplementares estão apenas previstas nas sociedades por quotas, sendo duvidosa a sua
adaptação às sociedades anónimas. Com efeito, o contrato de sociedade que permita prestações
suplementares fixará os sócios que ficam obrigados a efectuar tais prestações, exigência que dificilmente
poderá ser satisfeita nas sociedades anónimas, a não ser que só existam acções nominativas — ou que só
estas acções fiquem vinculadas a estas prestações (cfr. art. 299.º/2/c).
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Porém, os suprimentos ganharam uma dimensão especial
por força do regime do art. 245.º . Este regime atribui ao crédito de suprimento uma
posição inferior a um crédito comum, relegando-os para a categoria dos créditos
subordinados na terminologia do Código de Insolvência e da Recuperação de Empresas
[art. 48.º/g)].
Por força desta degradação, o credor de suprimentos não pode requerer a
falência/insolvência da sociedade (n.º2 do art. 245.º). Mas, se a insolvência vier a ser
declarada, de novo se manifesta a deterioração do crédito de suprimento: a sociedade
só pode reembolsar os suprimentos depois de inteiramente satisfeitas as dívidas para
com terceiros22.
Este regime aproxima a posição jurídica do credor de suprimentos da posição jurídica
do sócio, especialmente quanto à restituição eventual do capital no momento da
liquidação. Consequentemente, aproxima o suprimento de uma rubrica do capital
próprio: é certo que não se trata de um valor que não possa ser restituído aos sócios
ainda que essa restituição ponha em causa a integridade do capital social, mas a
verdade é que assume a condição de um valor que não pode ser restituído aos sócios
com prejuízo dos restantes credores23.
I. Por força do contrato os sócios podem se ter obrigado prestações acessórias como
previsto nos artigos 209.º e 287.º 24. Utilizando as palavras da lei, poderíamos defini-las
como as prestações a que os sócios se encontrem obrigados por cláusula contratual e
que não sejam entradas.São, nas palavras do Código, prestações além das entradas
(n.º1 dos arts. cit.); esta característica exclui a sua sujeição ao regime das entradas,
22
Além disso, não é admissível a compensação de créditos da sociedade com créditos de suprimentos
(art. 245.º/3/b). Por outro lado, o reembolso dos suprimentos no ano anterior à data do início do processo
de insolvência determina a sua resolução incondicional (v. CSC, art. 245.º75 e C. Insolvência, art.
121.º/1/i).
23
De resto, a degradação do suprimento poderá ser imposta por contrato celebrado entre a sociedade e
um terceiro credor, nomeadamente um banco financiador, perante o qual os sócios se obrigam a não
exigir a restituição dos suprimentos efectuados enquanto o empréstimo concedido pelo banco não estiver
reembolsado. Sobre a blocagem das contas entre os sócios e a sociedade, v. M. COZIAN – A. VIANDIER –
FL. DEBOISSY, Droit des sociétés, 19.ed, Litec, Paris, 2006, p. 112.
24
Estamos perante uma importação. V. Código civil italiano, art. 2345.º, Ley de S.A., art. 36.º,II ; Ley de
Sociedade de Responsabilidad Limitada, art. 22.º a 25.º
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mas não permite clarificar o lugar que ocupam no
confronto com as prestações suplementares e os suprimentos. Serão passivo ou capital
próprio?
III. O estatuto contabilístico das prestações acessórias era uma questão omissa no
Plano Oficial de Contas e na minuciosa lista de notas explicativas que o acompanhava e
continua a ser uma questão omissa no Sistema de Normalização Contabilística.
De que forma a prestação acessória deve ser registada pela contabilidade da sociedade
que a recebe? O sócio ficará com um direito à restituição da prestação realizada, em
termos que a coloquem como um elemento do passivo, por analogia com os
suprimentos?
Os elementos essenciais da obrigação, exigidos por lei, poderão levar à criação de uma
rubrica no capital próprio, por analogia com as reservas especiais?
Ou, o seu estatuto depende do respectivo objecto, à semelhança do que, para o
conteúdo da obrigação, dispõe o CSC na parte final do n.º1 dos artigos 209.º e 287.º?
Embora admitindo que a questão ainda não está suficientemente debatida para uma
conclusão segura, inclinamo-nos para esta terceira via: o cumprimento da obrigação
realizar-se-á por via de uma prestação do sócio à sociedade; o estatuto contabilístico
será o que for determinado pelo objecto da prestação, isto é, pela natureza do bem
entregue à sociedade, bem como pelo dever ou deveres a que, em consequência, a
sociedade fique adstrita25.
18.3.11.O artigo 35.º: aumento do capital próprio com manutenção da capital social
25
A questão é debatida em Espanha: v. Luís López-Oliver Ruiz, Contabilidad de Sociedades y Derecho
Mercantil Contable, Colex, Madrid, 2006, p.72
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Em segundo lugar, enquanto o capital próprio é variável, o
capital social é fixo: este não sofre alterações por causa dos bons ou maus resultados
da sociedade, só pode ser alterado por deliberação dos sócios tomada segundo
determinado procedimento legal; ao contrário, o capital próprio reflectirá os lucros ou
as perdas do negócio, aumentando ou diminuindo26.
Como corolário, o capital social poderá ser igual, menor ou maior que o capital
próprio. No primeiro caso, a sociedade não estará a ganhar nem a perder; no segundo
caso, a sociedade estará a ter ganhos; mas no terceiro caso, quando o capital social for
maior do que o capital próprio a sociedade encontrar-se-á em situação de perda.
Ora bem, quando o capital próprio for inferior a metade do capital social, entra em
acção o art. 35.º. Uma das medidas previstas para ultrapassar a crise é a realização de
entradas para reforço da cobertura do capital social. Estas entradas não vão alterar o
capital social, mas aumentarão o capital próprio; formarão reservas especiais afectas à
cobertura do capital social27.
26
Como escrevem, M. COZIAN - A.VIANDER – FL. DEBOISSY, Droit des sociétés, cit., p.116, n.º 320:
“Enquanto o capital social é uma entidade abstracta caracterizada pela sua intangibilidade, os capitais
próprios representam uma realidade concreta, sujeita a variações. Eles dão a medida da fortuna da
sociedade...”
27
Sobre esta alínea c) do n.º3 do art. 35.º, que dá lugar à habitualmente chamada reintegração do capital
social, v. PAULO DE TARSO DOMINGUES, Variações sobre o Capital Social, bib. cit.,pág. 367 ss.
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19.3.1.1. Obrigação de entrada
II. Participar nas perdas é, assim, correr o risco de receber menos do que o montante
da entrada efectivamente realizada.
Esta obrigação não tem por conteúdo uma prestação positiva: por via dela, o sócio não
é obrigado a fazer à sociedade qualquer nova prestação, nem está obrigado a pagar as
dívidas da sociedade se, no momento da liquidação, o activo se revelar insuficiente
para pagar aos credores2829.
28
Esta é uma obrigação que se impõe, nomeadamente aos sócios da sociedade em nome colectivo, com
fundamento na responsabilidade dos sócios por dívidas da sociedade, no quadro de uma relação social
externa, — e não com fundamento na obrigação de participar nas perdas, que é parte da relação social
interna entre o sócio e a sociedade. A sociedade deveria restituir ao sócio o montante das entradas
efectivamente realizadas; mas não tem meios para o fazer e o sócio sofre na sua esfera jurídica as
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Em linguagem técnica, podemos dizer que esta obrigação
não tem por conteúdo um dever mas antes uma sujeição: o sócio sujeita-se a receber
menos do que entregou à sociedade para realizar capital, no limite a nada receber se
no momento da liquidação o capital próprio for igual ou inferior a zero. Trata-se de
uma posição passiva cujos efeitos se produzirão no património do sócio desde que os
pressupostos legais se encontrem preenchidos.
O regime das sociedades por quotas prevê e regula três espécies de figuras
contratuais, a obrigação de prestações acessórias(art.209.º), a obrigação de prestações
suplementares(arts. 210.º a 213.º) e o contrato de suprimento (art.240.º).
I.O Código não prevê, para as sociedades anónimas, nem a obrigação de suprimentos
30
Um argumento contra a permissão das prestações suplementares nas SA pode ser retirado do n.º2 do
art. 123.º (requisitos da cisão simples).
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compatibilidade com o estatuto de sócio de sociedade
anónima. A unidade do sistema jurídico está perfeita: as prestações suplementares
são, conceitualmente, prestações além das entradas, tal como definido no artigo
287.º, n.º1 e têm os seus elementos essenciais fixados por lei.
III.Será esta solução aplicável à obrigação de suprimentos? Não encontro na lei
nada que diga o contrário: por isso, para acções nominativas será possível estabelecer
no contrato de sociedade a obrigação de suprimentos, que uma vez cumprida fará
nascer um crédito com as características de um crédito gerado por um contrato de
suprimento.
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Contents
Título II........................................................................... Erro! Marcador não definido.
AS SOCIEDADES COMERCIAIS.................................................................................... 1
Capítulo 14 ................................................................................................................ 1
Capítulo15..................................................................................................................... 6
Capítulo 17 .................................................................................................................. 30
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17.3. Aplicação dos resultados ...........................................................................
Capítulo 18.................................................................................................................. 41
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