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CONCEITO
Desapropriação
Retirada do bem do particular, passando para o poder público, para atender a interesse
da comunidade.
A Constituição Federal garante a propriedade privada nos arts. 5º, caput, e 5º, XXII, e
170, III.
Reconhece, todavia, como uma tendência irreversível do Estado moderno, a
possibilidade da interferência do Poder Público na mudança compulsória da destinação
de um bem, ajustando aos interesses sociais, mediante a desapropriação, o confisco ou a
requisição.
A desapropriação é prevista ao longo de vários dispositivos, quais sejam, arts. 5º,
XXIV, 22, II, 182, §§ 3º e 4º, e III, e 184.
Na legislação ordinária, temos: Decreto-Lei nº 3.365, de 21.6.1941, que dispõe sobre
desapropriação por utilidade pública; Lei nº 4.132, de 10.9.1962, que define os casos de
desapropriação por interesse social e dispõe sobre sua aplicação; Decreto-Lei nº 554, de
25.4.1969, que dispõe sobre desapropriação, por interesse social, de imóveis rurais, para
fins de reforma agrária; Decreto-Lei nº 1.075, de 22.1.1970, que regula a imissão de
posse, initio litis, em imóveis residenciais urbanos.
O Código Civil, na redação original do art. 590, já fazia a distinção entre necessidade e
utilidade públicas, todavia seus §§ 1º e 2º, que tratavam da matéria, foram revogados
pela legislação posterior, valendo, entretanto, transcrever, na íntegra, tal dispositivo.
"Art. 590. Também se perde a propriedade imóvel mediante desapropriação por
necessidade ou utilidade pública. § 1º Consideram-se casos de necessidade pública; I - a
defesa do território nacionaL. II - a segurança pública. III - os socorros públicos, nos
casos de calamidade.
IV - a salubridade pública. § 2º Consideram-se casos de utilidade pública: I - a fundação
de povoação e de estabelecimentos de assistência, educação ou instrução pública. II - a
abertura, alargamento ou prolongamento de ruas, praças, canais, estradas de ferro e, em
geral, de quaisquer vias públicas. III - a construção de obras, ou estabelecimentos,
destinados ao bem geral de uma localidade, sua decoração e higiene. IV - a exploração
de minas".
Sendo a questão principal da desapropriação obter o equilíbrio entre autoridade do
Estado e liberdade individual, vem à colação o item LIV do art. 5º da Constituição
Federal.
Não há grandes divergências sobre o conceito de desapropriação, a qual, diga-se desde
logo, pode incidir sobre bens móveis e imóveis.
Laubadere define-a como a "operação administrativa pela qual o Estado obriga o
particular a ceder-lhe a propriedade de um imóvel para fim de utilidade pública,
mediante indenização justa e prévia" (Traité Élémentaire de Droit Administratif, Paris,
1953, p. 799).
Marcel Waline a considera como o "processo pelo qual a Administração obriga o
proprietário a ceder-lhe a propriedade do imóvel de que ela necessita para fins de
utilidade pública" (Traité Élémentaire de Droit Administratif, 1952, 6ª ed., p. 440).
Observe-se que estas duas definições pecam por restringir o alcance da desapropriação
aos bens imóveis, de modo que há outras mais razoáveis.
Zanobini, por exemplo, a define como: "o instituto do direito público pelo qual um
sujeito, que foi indenizado previamente, de modo justo, pode ser privado do direito de
propriedade que tem sobre uma coisa, a favor de um outro sujeito, quando isto lhe seja
exigido por motivos de interesse público" (Corso di Diritto Amministrativo, 1948, 3ª
ed., 4º v., p. 178).
O grande Pontes de Miranda também nos dá excelente conceituação do que seja a
desapropriação: "ato de direito público mediante o qual o Estado transfere direito ou
subtrai o direito de outrem, a favor de si mesmo, ou de outrem, por necessidade, ou
utilidade pública, ou por interesse social, ou simplesmente o extingue" (Comentários à
Constituição de 1946, 1953, 2ª ed., t. 4º, p. 216).
Pinto Ferreira, notável publicista pátrio, considera desapropriação "o instituto de direito
público, pelo qual a autoridade expropriante competente, por ato legal, adquire a
propriedade de bem imóvel ou móvel de propriedade de outra pessoa, mediante justa e
prévia indenização em dinheiro, salvo a indenização em títulos de dívida pública nos
casos de reforma agrária, por motivo de necessidade, ou utilidade pública, ou interesse
social" (Comentários à Constituição Brasileira, São Paulo, Saraiva, 1989, 1º v.,p. 104).
Carlos Ari Sundfeld, por sua vez, a define como: "procedimento estatal destinado a
substituir compulsoriamente um direito de propriedade pelo equivalente econômico, de
modo a permitir sua afetação a um interesse público ou social" (Desapropriação, Ed.
Revista dos Tribunais, 1990, p. 14).
Não há que falar em desapropriação no direito romano, pois neste o direito de
propriedade era quase absoluto, inconciliável com a idéia de expropriação. Na Idade
Média a teoria do domínio eminente fundamentava o direito do soberano de neutralizar
qualquer resistência do particular compelido à entrega de seus bens, passando-os da
propriedade privada para o Estado, sem os requisitos da previalidade e indenização
(José Cretella Júnior, Desapropriação, in Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 23, p. 481).
A Revolução Francesa mostrou-se uma reação ao estado de insegurança que cercara a
propriedade individual sob a prepotência dos senhores feudais e do absolutismo
monárquico. Por isso, a Constituição de 14.9.1791 mencionou apenas a necessidade
pública como motivo da desapropriação, pois nem tudo o que é útil é necessário...
Observa Laferriere que, com a Revolução "... la propriété a repris l1indépendance
antérieure à l1époque féodale. Le principe livre ou droit romain, qui s1était maintenu
partiellement dans les coutumes méridionales, devint, apr_s tant de si_cles de
compression, le principe général de la propriété". (Histoire des Principes, des
Institutions et des Lois Pendant la Révolution Française, Paris, 1851, p. 141).
Pela lei francesa de 1841, a causa da desapropriação passou a ser a utilidade pública,
não mais a necessidade pública como exigido pelo art. 17 da Carta de 1791. A utilidade
comunal passou a ser suficiente para autorizar a desapropriação, porque tal utilidade
está compreendida no conceito de interesse público.
A Constituição do Império do Brasil, de 1824, prescrevia no Art. 179, item 22: "É
garantido o direito de propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem público,
legalmente verificado, exigir o uso e emprego da propriedade do cidadão, será ele
previamente indenizado do valor dela. A lei marcará os passos com que terá lugar esta
única exceção e dará as regras para se determinar a indenização".
Referindo-se a tal dispositivo, o maior intérprete da Constituição, que foi Pimenta
Bueno, já dizia: "Não obstante o que anteriormente ponderamos é também certo que o
homem vive em sociedade, que tem deveres para com esta, para com a defesa do Estado
ou outras relações do bem comum.
Conseqüentemente se o bem público legalmente verificado exige o uso ou emprego da
propriedade do cidadão, a sociedade deve ter o direito de realizar a desapropriação. O
que a lei deve fazer é marcar de antemão os únicos casos em que terá lugar essa
exceção, estabelecer as regras fixas que regulem a indenização, e não dispor da
propriedade antes de previamente verificar e realizar essa indenização" (Direito Público
Brasileiro e Análise da Constituição do Império, 1958, Ministério da Justiça, p. 420).
A lei determinaria, portanto, os casos de desapropriação em favor do bem público,
sendo que a Lei de 29.9.1926 fixou os casos de desapropriação por necessidade, ao
passo que a Lei nº 353, de 12.7.1848, disciplinou a expropriação por utilidade pública
geral ou municipal da Corte. O Ato Adicional de 12.8.1840, no art. 10, § 3º, permitiu às
Assembléias Legislativas provinciais o poder de legislar sobre desapropriação, por
utilidade municipal ou provincial. A Constituição de 1891, no art. 72, § 17,
determinava: "O direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salvo a
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia".
Quanto à Lei Magna de 16.7.1934, aduzia no art. 113, item 17: "É garantido o direito de
propriedade, que não poderá ser exercido contra o interesse social ou coletivo, na forma
que a lei determinar. A desapropriação por necessidade ou utilidade pública far-se-á nos
termos da lei, mediante prévia e justa indenização. Em caso de perigo iminente, como
guerra ou comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da propriedade
particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização ulterior".
A Carta outorgada de 1937, no art. 122, item 14, dizia: "O direito de propriedade, salvo
a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia. O
seu conteúdo e os seus limites serão os definidos nas leis que lhes regularem o
exercício".
As Constituições de 1946 (art. 141, § 16) e de 1967 (Art. 153) repetiram, praticamente,
o texto de 1934, permitindo a desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou
interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
Com o advento do Estado intervencionista, por volta do final da Primeira Grande
Guerra, todas as Constituições liberais começaram a admitir o princípio da função social
da propriedade, o qual trouxe, em sua esteira, dentre outros institutos, a Ordem
Econômica e Social, com ênfase plena da desapropriação da propriedade particular.
Inúmeras teorias procuram fundamentar e justificar o instituto da desapropriação, sendo
as principais: a) coletivista; b) do domínio eminente do Estado; c) do pacto social; d) da
prevalência do interesse público sobre o privado, ou teoria da colisão de direitos; e) da
função social da propriedade; f) da alienação compulsória.
a) Teoria coletivista: conforme esta doutrina, a propriedade primitiva era comunitária,
comunista, da coletividade e, sendo meramente tolerada a propriedade individual pelo
Estado, reservou-se este o direito de novamente avocá-la para si, quando necessário.
b) Teoria do domínio eminente do Estado: segundo esta doutrina, o Estado exerce um
super-domínio sobre seu território, como atributo da própria soberania. Em face disto,
ele pode limitar ou suprimir a propriedade individual, quando achar conveniente.
c) Teoria do pacto social: esta teoria afirma como o fundamento do próprio Estado o
contrato social entre os cidadãos, de modo a restar implícita a eventualidade de se
sacrificar a propriedade de cada um no interesse de todos.
d) Teoria da prevalência do interesse público sobre o privado ou teoria da colisão
de direitos: esta teoria é simplista, mas bem fundamentada: a desapropriação se
justifica pela subordinação do direito particular ao direito do Estado.
e) Teoria da função social da propriedade: esta doutrina já fora preconizada por
Santo Tomás de Aquino, para quem o proprietário de um bem deveria utilizá-lo como
um gestor perante a sociedade, de modo a favorecer o maior número possível de
indivíduos. A doutrina da função social da propriedade reconhece a propriedade
individual, desde que condicionada ao interesse público. Percebe-se que o conceito de
propriedade no Direito brasileiro inspirou-se nestas duas últimas teorias, como se
observa nos dispositivos constitucionais supratranscritos.
f) Teoria da alienação compulsória: para esta concepção, a desapropriação vem a ser
uma alienação compulsória, pois no procedimento expropriatório estão presentes a
entrega do bem e o pagamento do preço. Tal doutrina peca gravemente ao omitir o
acordo de vontades, essencial a qualquer convenção.
Com efeito, a lei pode obrigar a dar, a fazer e a suportar, mas não a querer.
No que tange à incidência da desapropriação, podem ser seu objeto tanto os bens
móveis como os bens imóveis e, mesmo, o espaço aéreo, na hipótese do art. 2º, § 1º, do
Decreto-Lei nº 3.365, de 21.6.1941.
Mediante declaração de utilidade pública todos os bens podem ser desapropriados, pela
União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Os bens dos Estados, Municípios,
Distrito Federal e Territórios podem ser desapropriados pela União, e os dos Municípios
pelos Estados, mas em qualquer caso o ato expropriatório deve ser precedido de
autorização legislativa (art. 2º, § 2º, do Decreto-Lei nº 3.365/41). Por outro lado, é
vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, de
ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo
funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à sua
fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República
( art. 2º, § 3º, do Decreto-Lei nº 3.365/41).
Enquanto o art. 5º, XXIV, da Constituição Federal refere-se à necessidade ou utilidade
públicas, o art. 184 trata do interesse social. Na legislação ordinária, o Decreto-Lei nº
3.365/41 trata da desapropriação por utilidade pública, ao passo que a Lei nº 4.132/62 e
o Decreto-Lei nº 554/69 referem-se a interesse social. Qual o sentido de tais expressões?
Por necessidade pública, no plano essencialmente doutrinário, entendemos a situação de
emergência, incontornável, a exigir, por parte da Administração Pública, a transferência
imediata, para esta, de um bem particular. O eminente publicista Hely Lopes Meirelles
observa, com muita clareza, que "a necessidade pública surge quando a Administração
defronta situações de emergência, que, para serem resolvidas satisfatoriamente, exigem
a transferência urgente de bens de terceiros para o seu domínio e uso imediato" (Direito
Administrativo Brasileiro, São Paulo, Revista dos Tribunais, 14ª ed., 1989, p. 508).
Nas situações emergenciais pode ocorrer que o Estado, abusando do poder, e em
detrimento do princípio do devido processo legal (Art. 5º, LIV, da CF), se aposse de
imóvel particular sem prévia manifestação judicial. Em tal hipótese, cabe ao particular a
defesa da posse, invocando normas do Código Civil e do Código de Processo Civil. Se o
apossamento se prolonga e o Poder Público realiza obras no imóvel, não será mais
possível a reintegração do proprietário na posse, sob pena de comprometimento do
serviço público efetuado.
Neste caso, compete ao desapossado ação de indenização por desapropriação indireta.
Ao julgar procedente a ação e fixar o valor da indenização, o juiz decretará a
incorporação do bem ao patrimônio público.
Seabra Fagundes considera supérflua a distinção entre necessidade pública e utilidade
pública, assim: "A lei absteve-se de repetir a dúplice expressão do texto constitucional,
necessidade ou utilidade pública. Adotou critério mais simples, mais prático, e,
conseqüentemente, melhor. Na expressão utilidade, como já tivemos oportunidade de
dizer em comentário anterior, se podem enquadrar todos os casos. Se necessário é o que
é imprescindível, útil é o que é conveniente. De modo que o conceito de utilidade sendo
mais amplo que o de necessidade, este se torna dispensável como justificativo da
expropriação. É muito prático o sistema da Lei. A menção da necessidade, ao lado da de
utilidade, é redundante, especiosa e inútil. Nenhum choque há entre a lei e a
Constituição pela referência que nesta se faz à necessidade ou utilidade públicas.
A lei, ante a permissão constitucional do expropriamento por qualquer desses motivos,
permissão que os equipara em intensidade e efeito, unificou todos os casos como de
utilidade pública. Todas as medidas que se enquadrem em qualquer das espécies
discriminadas se consideram de utilidade pública, e, como tais, justificativas da
desapropriação" (Da Desapropriação no Direito Brasileiro, Freitas Bastos, 1942, p. 91).
Quanto à utilidade pública consideramo-la quando a transferência de bens particulares
para a Administração Pública não se mostra imprescindível, embora conveniente. O
interesse social, também caracterizado pela utilidade social da desapropriação feita em
seu nome, distingue-se da utilidade pública pelo fato de o bem desapropriado ser
destinado, diretamente, à coletividade ou beneficiários credenciados pela lei, ao passo
que, se caso fosse de utilidade pública, ele seria destinado à própria Administração ou
seus delegados.
Quanto às espécies de desapropriação, preliminarmente, é fundamental distinguirmos
três espécies de desapropriação, previstas na própria Constituição Federal:
a) desapropriação ordinária (art. 5º, XXIV);
b) desapropriação para reforma urbana (art. 182, § 4º);
c) desapropriação para reforma agrária (arts. 184 e 185).
A desapropriação ordinária é o procedimento destinado a substituir, compulsoriamente,
um direito de propriedade por uma indenização justa e prévia e em dinheiro.
Na desapropriação ordinária a indenização deve preceder a perda da propriedade, e
corresponderá ao justo valor do bem, devendo ser efetuada em dinheiro. A adjetivação
justa para tal indenização invoca, desde logo, os preceitos da eqüidade, como se
depreende do art. 24 do Decreto-Lei nº 8.365/41: "Na audiência de instrução e
julgamento proceder-se-á na conformidade do Código de Processo Civil. Encerrado o
debate, juiz proferirá sentença fixando o preço da indenização. Parágrafo único. Se não
se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra audiência que se
realizará dentro de 10 (dez) dias, a fim de publicar a sentença".
Com efeito, oportuna a advertência de Seabra Fagundes a respeito: "... a sentença na
ação expropriatória demanda ponderado estudo das condições da coisa e do seu valor
sob diversos aspectos (valor intrínseco, desvalia ou valorização da área remanescente
etc.), não constituindo operação intelectual das mais simples o seu proferimento. Por
isto mesmo a lei permite, a exemplo do Código de Processo Civil, que o juiz não a
profira na própria audiência, reservando-se para prolatá-la em seu gabinete, examinando
mais a vagar o processo" (ob. cit., p. 284).
Carlos Ari Sundfeld entende como justa "... a indenização que deixa o expropriado
indene, sem dano. Para tanto, há de corresponder ao efetivo valor do bem ou direito, de
modo a representar aquilo que se obteria no mercado, e recompor os eventuais prejuízos
gerados pela desapropriação" (Desapropriação, São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais,
1990, p. 24).
À indenização serão acrescidos: a) correção monetária incidente a partir da data da
fixação da quantia devida (ou da avaliação), até a de seu pagamento; b) juros
compensatórios de 12% ao ano, havendo imissão na posse do bem por antecipação,
juros estes contados desde o momento da imissão até o pagamento; c) juros moratórios
de 6% ao ano, devidos pelo retardamento na quitação do preço, e contados a partir do
trânsito em julgado da decisão que o fixar, até o pagamento; d) honorários de advogado,
em percentual fixado pelo juiz e aplicado sobre a diferença entre o valor oferecido pelo
expropriante e o estabelecido na decisão judicial; e) despesas processuais, como custas e
honorários de perito, a serem reembolsadas pelo expropriante quando sucumbir, isto é,
quando a indenização fixada superar o valor oferecido.
São órgãos competentes para a desapropriação ordinária: a) a União; b) os Estados; c) o
Distrito Federal; d) os municípios. Nos termos do art. 14 do Decreto-Lei nº 512/69, em
casos de expropriações para finalidades rodoviárias, é também competente o
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
Quanto ao procedimento na desapropriação ordinária, pode ser administrativo ou
judicial, este configurado na ação de desapropriação prevista nos arts. 11 a 30 do
Decreto-Lei nº 3.365/41.
Quanto à desapropriação para reforma urbana (art. 182, § 4º, da Constituição Federal),
pode ser conceituada como o procedimento do Poder Público deflagrado por município
ou pelo Distrito Federal, com o objetivo de substituir, compulsoriamente, o direito de
propriedade sobre um imóvel urbano inadequadamente explorado, mediante
indenização em títulos da dívida pública.
Fundamento maior desta espécie é a função social da propriedade, e as diferenças
básicas que apresenta com a desapropriação ordinária são: a) inobservância da função
social urbana; b) dos bens que atinge (apenas imóveis urbanos inadequadamente
aproveitados); c) natureza da indenização (títulos da dívida pública); d) competência
para decretá-la (limitada aos municípios e ao Distrito Federal).
Os imóveis urbanos cumprem sua função social quando são adequadamente explorados,
atendendo às exigências do plano diretor da cidade em que estão situados (art. 182, § 2º,
da Constituição Federal). Os proprietários de tais imóveis devem utilizá-los
adequadamente, sob pena de incorrer nas sanções do art. 182, § 4º, da própria
Constituição Federal. A indenização não precisa ser prévia e nem ser correspondente ao
valor de mercado, limitando-se ao valor real, ou seja, prevenindo-se a desvalorização da
moeda entre a data do pagamento e a do resgate dos títulos.
Quanto ao procedimento, é o do Decreto-Lei nº 3.365/41.
Finalmente, a desapropriação para reforma agrária (art. 184 da Constituição Federal),
definida como o procedimento estatal iniciado pela União e destinado a substituir,
compulsoriamente, o direito de propriedade de imóveis rurais improdutivos de grande
extensão ou titularizados por proprietários de outros imóveis rurais, por uma
indenização prévia, justa e em títulos da dívida agrária.
Esta espécie não se confunde com a desapropriação ordinária, porque seu fundamento é
a inobservância da função social rural, porque os bens que atinge são, exclusivamente,
imóveis rurais improdutivos de grande extensão, porque é diversa a indenização que
enseja (títulos da dívida pública, com ressalva do valor das benfeitorias úteis e
necessárias) e, finalmente, porque a competência para decretá-la é restrita à União
Federal. Os requisitos para o atendimento à função social dos imóveis rurais estão
elencados no art. 186 da Constituição Federal. Quanto à indenização, deve ser prévia,
ou seja, anterior à perda da propriedade, e justa, isto é, suficiente a manter indene o
patrimônio financeiro do expropriado. O pagamento será feito em títulos da dívida
agrária, sendo feito em dinheiro quanto ao valor das benfeitorias úteis e necessárias (art.
184, § 1º), e em títulos quanto ao valor da terra e das benfeitorias voluptuárias (art. 184,
caput).
Quanto à competência para desapropriar, tem-na apenas a União Federal, por si ou por
seus delegados.
Quanto ao procedimento, é o do Decreto-Lei nº 3.365/41, até que lei complementar crie
o "procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
desapropriação", conforme Art. 184, § 3º, da Constituição Federal. Caso curioso é o da
"desapropriação" de glebas utilizadas para o cultivo de plantas psicotrópicas, previsto
no art. 243 da Constituição.
Ora, como se falar em desapropriação sem indenização? Há evidente impropriedade
terminológica no caput do artigo supra, configurando-se, in casu, verdadeiro confisco,
definido como a apreensão legal de bens particulares, a título punitivo, pelo Estado.
Aliás, a perda de bens é admitida expressamente na própria Constituição (art. 5º, XLVI,
b), ao tratar da individualização da pena.
Seja como for, a "expropriação" deve ser feita mediante processo judicial, em face do
art. 5º, LIV, mas o procedimento é o de uma ação comum, não o de desapropriação.
Não há indenização, e o objeto da ação é o reconhecimento judicial de ato ilícito.
Apenas as áreas rurais estão sujeitas à "expropriação" - confisco - do art. 243.
Requisitos da Desapropriação:
a) - necessidade pública (emergência);
b) - utilidade pública;
c) - interesse social.
Conceito: (Diogo Figueiredo Moreira Neto)
Opera a transferência compulsória de um bem do particular para o domínio público, de
forma onerosa, permanente e de execução delegável, imposta discricionariamente
sempre que se declarar a existência de um motivo de interesse público legalmente
suficiente.
Requisitos Constitucionais da Desapropriação
- Ocorrência de necessidade ou utilidade pública, ou interesse social;
- pagamento de justa e prévia indenização em dinheiro, ou títulos (dívida pública ou
dívida agrária), quando previsto na própria Constituição. CF: arts. 5º XXIV; 182, § 4º
III; e 184
a) - Necessidade Pública: (única solução)
Necessidade pública na desapropriação
Surge quando a administração pública defronta situações de emergência que para serem
resolvidas satisfatoriamente exigem a transferência urgente de bens de terceiros para o
seu domínio e uso imediato.
Observando-se a CF no 5º XXIV, se o legislador distinguiu entre necessidade pública,
utilidade pública e interesse social, todos requisitos constitucionais da desapropriação,
caberá ao intérprete firmar bem tal distinção. A necessidade pública implica uma
situação de emergência, incontornável, a exigir, por parte da Administração, a
transferência imediata, para esta, de um bem particular. A própria etimologia do termo
necessidade (do latim, necessitas) indica a obrigação indispensável, a indispensabilidade
da coisa, que é indispensável para a existência ou conservação de outra (Antonio de
Moraes Silva, Diccionario da Língua Portugueza, 7ª ed., 2º v.). O eminente publicista
Hely Lopes Meirelles anota, com muita clareza, que "a necessidade pública surge
quando a Administração defronta situações de emergência, que, para serem resolvidas
satisfatoriamente, exigem a transferência urgente de bens de terceiros para o seu
domínio e uso imediato" (Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 14ª ed., 1989, p. 508). A utilidade pública, por sua vez, aparece quando a
transferência de bens particulares para a Administração não se mostra imprescindível,
embora conveniente. A desapropriação por utilidade pública é disciplinada no DL
3.365, de 21.6.1941.
Quanto ao interesse social, também é caracterizado pela utilidade social da
desapropriação feita em seu nome, mas distingue-se da utilidade pública pelo fato de o
bem desapropriado ser destinado, diretamente, à coletividade ou aos beneficiários
credenciados pela lei, ao passo que, se caso fosse de utilidade pública, ele seria
destinado à própria Administração ou seus delegados. Os casos de desapropriação por
interesse social são disciplinados pela L. 4.132, de 10.9.1962, e DL 554, de 25.4.1969,
sobre desapropriação de imóveis rurais.
b) - Utilidade Pública: (melhor solução)
Utilidade pública na desapropriação
Se apresenta quando a transferência de bens de terceiros para a administração (é
conveniente), embora não imprescindível.
c) - Interesse Social na desapropriação
Ocorre quando as circunstâncias impõem a distribuição ou o condicionamento da
propriedade para o seu melhor aproveitamento, utilização ou produtividade, em
benefício da coletividade ou de categorias sociais merecedoras do amparo específico do
poder público.
CONCEITO DE DESAPROPRIAÇÃO
No mesmo sentido é o conceito dado por CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO segundo
o qual "desapropriação é o procedimento administrativo através do qual o Poder Público
compulsoriamente despoja alguém de uma propriedade e a adquire para si, mediante
indenização, fundada em um interesse público'.
CLASSIFICAÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO
A CF/88 diz que:
Art. 5.°., XXIV "a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou interesse social, mediante justa a prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;"
Art. 184 Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização em títulos da divida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de emissão, e cuja
utilização será definida em lei.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
Base Legal
-Perda da propriedade, pelo particular, para fins de interesse público, mediante prévia e
justa indenização (Art. 5º, XXIV CF) - A lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou interesse social - fundamento da
desapropriação.
A Doutrina diverge quanto ao caráter exemplificativo ou taxativo dos casos descritos por
lei.
REQUISITOS
a) desapropriação para fins de reforma agrária (Art 184 - imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social - pagamento em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do 2º ano de
sua emissão). Benfeitorias úteis e necessárias são indenizadas em dinheiro;
b) Desapropriação de bens que não atendam ao Plano Diretor do Município (Art. 182, §
4º, III e Art 8º do Estatuto da Cidade - Lei 10.257/01). Pagamento em títulos da dívida
pública, de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e juros legais.
Justa - deve representar o valor real do bem. Se for judicial, engloba os honorários
advocatícios, honorários do perito, custas processuais, juros compensatórios e
moratórios, correção monetária.
Art. 2º do Dec-lei 3365/41 - todos os que possuem valor econômico podem ser
desapropriados (imóveis, móveis, semoventes; pode incidir ainda sobre ações, quotas e
direitos de sociedade). Não se desapropriam os bens públicos da União, os bens
tombados e os direitos da personalidade.
Só a União legisla sobre Desapropriação (Art. 22, II CF). Todos os entes Estatais podem
emitir a declaração expropriatória e concretizar a desapropriação.
Efeitos da Declaração
FASES DA DESAPROPRIAÇÃO
Mas, de acordo com o 519 do Código Civil de 2002, se o bem não tiver o destino para o
qual fora desapropriado, ou não utilizado em obras ou serviços públicos, cabe o direito
de preferência ao antigo proprietário. Portanto, a Fazenda Pública pode oferecê-lo ao
anterior proprietário.
A lei não fala em prazos para a utilização do bem pela Fazenda Pública.
São devidos juros compensatórios desde a ocupação do bem, juros de mora de 0,5 %
ao mês, a partir do momento em que se caracterizar a mora por parte da Fazenda
Pública.
DIREITO DE PROPRIEDADE
02) Conceito e natureza: entende-se como uma relação entre um indivíduo (sujeito
ativo) e um sujeito passivo universal integrado por todas as pessoas, o qual tem o
dever de respeitá-lo, abstraindo-se de violá-lo, e assim o direito de propriedade se
revela como um modo de imputação jurídica de uma coisa a um sujeito.
PROPRIEDADES ESPECIAIS
06) Propriedade autoral: consta no art. 5º, XXVII, que contém 2 normas: a primeira
confere aos autores o direito exclusivo de utilizar, publicar e reproduzir suas obras; a
segunda declara que esse direito é transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei
fixar; o autor é, pois, titular de direitos morais e de direitos patrimoniais sobre a obra
intelectual que produzir; os direitos morais são inalienáveis e irrenunciáveis; mas, salvo
os de natureza personalíssima, são transmissíveis por herança nos termos da lei; já os
patrimoniais são alienáveis por ele ou por seus sucessores.
11) Servidões e utilização de propriedade alheia: são formas de limitação que lhe
atinge o caráter exclusivo; constituem ônus impostos à coisa; vinculam 2 coisas: uma
serviente e outra dominante; a utilização pode ser pelo Poder Público (decorrente do
art. 5º, XXV) ou por particular; as servidões são indenizáveis, em princípio; outra forma
são as requisições do Poder Público; a CF permite as requisições civis e militares, mas
tão-só em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III); são também
indenizáveis.
12) Desapropriação: é a limitação que afeta o caráter perpétuo, porque é o meio pelo
qual o Poder Público determina a transferência compulsória da propriedade particular
especialmente para o seu patrimônio ou de seus delegados (artigos 5º XXIV, 182 e
184).
Obs. SÚMULA DO STF - n ° 652 - Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Dl.
3.365/41 (Lei da Desapropriação por utilidade pública).
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas
ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos,
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei.
Na expropriação quem terá competência para promovê-la será apenas a União, uma vez
que, nem a lei que regula a matéria, nem a Constituição delegam essa competência.
DESAPROPRIAÇÃO:
1. Introdução:
1“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
.........................................................
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social”.
2 “Art. 1228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
3 Embora não conhecessem o instituto tal como hoje se apresente, ressalta José Carlos de Moraes
Salles em: A Desapropriação à luz da doutrina e da jurisprudência. 4.ª ed. rev., atual. e amp.
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2000, p.61.
4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 12.ª ed. rev., amp. e
84.
que se verifica pela existência ou não de transmissão ou sucessão, o que, por sua vez, implica
numa relação de causalidade entre o transmitente e o adquirente. Todavia, o jurista BRINZ,
partindo de critério objetivo, considerava que só havia aquisição originária quando o direito de
propriedade não preexistisse à sua aquisição, ou seja, a distinção estava no fato de a coisa ter
tido, ou não, anteriormente, dono. Essa tese, todavia, não prevaleceu, dentre outros motivos,
por se constatar que os meios que dizia ela ser derivados, tal como a usucapião, permitirem a
aquisição de direitos reais intransmissíveis, como o usufruto, o uso e a habitação. Assim,
demonstrou-se que o novo direito não deriva do anterior, mas surge originariamente, opondo-
se inclusive ao proprietário. 6
6 Cf. voto de Moreira Alves no RE 94.580-RS, onde aborda o caráter originário da aquisição por
usucapião.
7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ob.cit., pg. 741.
8 FREITAS, Juarez. Ob. Cit., pg. 75.
9 “Art. 31. Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado”.
10 “Art. 17. A expropriação de que trata este lei prevalecerá sobre direitos reais de garantia, não se
A primeira delas é a que consta do art. 182, § 4º, III 12, da CF,
denominada de desapropriação urbanística. Essa forma expropriatória é prevista como a que pode
ser adotada a título de penalização ao proprietário do solo urbano que não atender a exigência
de promover o adequado aproveitamento de sua propriedade ao plano diretor municipal,
estando o imóvel subutilizado ou não utilizado. Assim, o Poder Público municipal, mediante lei
específica, poderá promover essa desapropriação, observada a gradação imposta no art. 8.º 13 da
Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), sendo o pagamento da indenização feito mediante títulos
da dívida pública, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
11 “XXIV-A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição”.
12 “§ 4º. É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente,
de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais”. (G.n)
13 “Art. 8º Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º. As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º. O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a
União a propor a ação de desapropriação.
(...)”. (G.n)
propriedade de imóveis rurais para fins de reforma agrária. A indenização será paga em títulos
da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, sendo que as benfeitorias úteis e necessárias serão
indenizadas em dinheiro. Possui disciplina na Lei 8.629/1993, e ainda na Lei Complementar
76/1993.
4. Procedimento expropriatório:
15 “Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. (G.n)
16“§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas
nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de
interesse social e econômico relevante.
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o
preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”.
Já na fase executória, serão adotadas medidas necessárias à
implementação da desapropriação, visando à aquisição do bem pelo Poder Público. Havendo
concordância do proprietário sobre o valor da desapropriação, o procedimento se encerrará na
via administrativa/extrajudicial. Entretanto, de regra, há o prolongamento pela fase judicial,
através de ação movida pelo Estado em face do proprietário.
c) Pela sentença;
17 “Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o artigo
685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens”. (OBS.:
Atualmente, arts. 826 a 838 do CPC/1973)
18 SALLES, José Carlos de Moraes. Ob. Cit., p. 511.
Entretanto, o princípio da previedade da indenização,
que esteve presente em todas as nossas constituições, revelava que o decreto de
aprovação não poderia importar em desapropriação. Ademais, essa declaração
do Poder Público é apenas ato-condição que precede à transferência do bem19, não
tendo qualquer efeito sobre o direito de propriedade, tanto que, se o processo
expropriatório parasse nessa fase, deixando caducar o decreto expropriatório,
não haveria desapropriação. Isto porque poderiam desaparecer os motivos que
embasaram o decreto em questão.
19 Hely Lopes apud COSTA, Maria Isabel Pereira da. A transferência do domínio do bem
imóvel para o poder expropriante no processo judicial. Revista AJURIS n.º 47 - 1989, pág. 146.
20 “Art.29. Efetuado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de
imissão de posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de
imóveis”.(G.n.)
21 COSTA, Maria Isabel Pereira da. Ob. Cit., p. 149/150.
22 SALLES, José Carlos de Moraes. Ob. Cit., p. 506/507 e 518, respectivamente.
23 A Transferência da Propriedade para o Domínio do Expropriante no Curso da Ação de
Desapropriação. Revista Brasileira de Direito Processual. Vol. 31 – 1.º Bim. de 1982, p. 63.
Por fim, resta a posição hoje aceita pela ampla maioria da
doutrina, que tem como momento consumativo da desapropriação o
pagamento da indenização.
29 “Art. 15. Transitada em julgado a sentença expropriatório, o imóvel será incorporado ao patrimônio da
União.
Parágrafo único. Se a gleba expropriada nos termos desta lei, após o trânsito em julgado da sentença, não
puder ter em cento e vinte dias a destinação prevista no artigo 1º, ficará incorporada ao patrimônio da
União, reservada, até que sobrevenham as condições necessárias àquela utilização “.
30 SALLES, José Carlos de Moraes. Ob. Cit., p. 89; e DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito
reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
procedente, resolver-se-á em perdas e danos”.
32 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. Cit., p. 178.
33 Idem.
Todavia, a transcrição é levada a efeito, segundo Serpa
Lopes e Seabra Fagundes, para que se dê maior publicidade à desapropriação,
haja continuidade do registro, fique constando do Registro de Imóveis a
extinção da propriedade anterior e se cientifique - a todos a que possa interessar
- o término dos direitos reais incompatíveis com a desapropriação34.
7. Conclusão:
34
SALLES, José Carlos de Moraes. Ob. Cit., p. 523.
35 “Do Registro na Desapropriação”. RF 298/373.
Já quando há desapropriação indireta, ocorre, na
realidade, a afetação ilícita do bem, o que não constitui forma de transferência
da propriedade, pelo que deve haver a indenização para que se consume a
aquisição da propriedade, sendo que caberá ao particular pleitear a indenização.
Se não o fizer em tempo hábil, verificando-se a prescrição, restará ao Poder
Público regularizar a propriedade pela usucapião.
8. Referências bibliográficas:
CASTRO, Mônica. A Desapropriação Judicial no Novo Código Civil. Revista Síntese de Direito
Civil e Processual Civil nº 19 - SET-OUT/2002, pág. 145.
COSTA, Maria Isabel Pereira da. A transferência do domínio do bem imóvel para o poder
expropriante no processo judicial. Revista AJURIS n.º 47 - 1989, pág. 142.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 16.ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
FREITAS, Juarez. Estudos de Direito Administrativo. 2.ª Ed. São Paulo: Malheiros, 1995.
SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 4.ª ed. São Paulo: Ed. Paloma, 2003.