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Prof. Edilson
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A desapropriação é considerada a forma mais violenta de intervenção do Estado, pois esta
consiste na retirada da propriedade da pessoa. Isso ocorre em decorrência do princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado.
2. ESPÉCIES DE DESAPROPRIAÇÃO
2.1. Desapropriação comum
Também conhecida como desapropriação ordinária, advêm da Carta Constitucional que em
seu art. 5°, XXIV, afirma que a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
NECESSIDADE OU UTILIDADE PÚBLICA, OU POR INTERESSE SOCIAL, MEDIANTE JUSTA E
PRÉVIA INDENIZAÇÃO EM DINHEIRO.
2.2. Desapropriação urbanística sancionatória
A desapropriação urbanística sancionatória encontra-se prevista no art. 182, § 4°, III da CF,
onde é facultado ao Poder Público municipal, DESAPROPRIAR IMÓVEL URBANOS QUE
DESCUMPRIR O PREVISTO NO PLANO DIRETOR, observando-se as regras contidas no art. 8° da
Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) que regulamentou os arts. 182 e 183 da Constituição Federal.
2.3. Desapropriação para fins de reforma agrária
A desapropriação para fins de reforma agrária, também conhecida como desapropriação por
INTERESSE SOCIAL, tem previsão constitucional no art. 184.
Prescreve o citado artigo que compete à União desapropriar por interesse social, para fins
de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.
2.4. Desapropriação confiscatória
A denominada desapropriação confiscatória, tem previsão no art. 243 da CF.
Dispõe o citado artigo que as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na
forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular,
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Em complemento, prescreve o parágrafo único do citado artigo, que todo e qualquer bem
de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da
exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014).
3. OBJETO DA DESAPROPRIAÇÃO
Em regra, podem ser objetos de desapropriação as coisas passíveis de direito de
propriedade, não importando se móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, desde que tenha valor
econômico.
Uma dúvida que surge, é se pode ou não haver desapropriação de bens públicos.
A resposta é afirmativa. Inclusive o Decreto-lei 3.365/1.941 dispõe em seu art. 2°, § 2° que
mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União,
pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. Os bens do domínio dos Estados,
Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos
Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder AUTORIZAÇÃO
LEGISLATIVA.
Os Estados não podem desapropriar os bens de outros Estados ou de Municípios situados
em outros Estados, nem os Municípios podem desapropriar bens de outras entidades federativas.
Conforme prevê o art. 2°, § 3º do Decreto-lei 3.365/1.941, é vedada a desapropriação, pelos
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital
de instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se
subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da
República.
Hodiernamente predomina o entendimento de que um Município ou um Estado pode
desapropriar bens de uma entidade da administração indireta vinculada à União, desde que haja
prévia autorização do Presidente da República, concedida mediante decreto.
Da mesma forma, um decreto do Executivo estadual poderá autorizar um Município a
desapropriar bens de entidades vinculadas ao Estado, desde que dentro de seu território.
Ressalte-se que a desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará necessária,
quando de sua utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo (art. 2°, § 1° do Decreto-
lei 3.365/1.941).
4. SUJEITOS DA DESAPROPRIAÇÃO
4.1. Sujeitos ativos
É regra que figuram como sujeitos ativos da desapropriação os entes federativos (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal).
a) no caso de imóveis desapropriados para fins de REFORMA AGRÁRIA, o sujeito ativo é
a UNIÃO. Nos casos de desapropriação de IMÓVEIS RURAIS PARA FINS DE UTILIDADE
PÚBLICA (que não para fins de reforma agrária) os ESTADOS E MUNICÍPIOS também têm
competência para desapropriar;
b) os imóveis desapropriados por descumprimento de PLANO-DIRETOR têm como sujeito
ativo o MUNICÍPIO;
c) se for caso de DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA, o sujeito ativo pode ser quaisquer um
dos entes federativos;
d) as CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS e os estabelecimentos de caráter
público ou que exerçam funções delegadas pelo Poder Público mediante AUTORIZAÇÃO
EXPRESSA, CONSTANTE DE LEI OU CONTRATO (art. 3° do Decreto-lei 3.365/1941) podem
PROMOVER a desapropriação somente DEPOIS DE EXPEDIDO O DECRETO EXPROPRIATÓRIO;
e) no caso de áreas necessárias à implantação de instalações de CONCESSIONÁRIAS,
PERMISSIONÁRIAS E AUTORIZATÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA, cabe à ANEEL (Agência
Nacional de Energia Elétrica) declarar a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição
de servidão administrativa (art. 10 da Lei 9.074/1995);
f) quando houver necessidade de desapropriação para implantação do SISTEMA FEDERAL
DE VIAÇÃO, é atribuição do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) declarar
a utilidade pública de bens para fins de desapropriação (art. 82, IX da Lei 10.233/2001);
g) no caso de desapropriação de BENS PÚBLICOS, a iniciativa é do PODER
LEGISLATIVO, mas cabe ao Poder Executivo praticar os atos necessários á sua efetivação (art.8º
do Decreto-lei 3.365/1941).
4.2. Sujeitos passivos
Podem figurar como sujeitos passivos a pessoa física ou jurídica proprietária do bem
objeto da desapropriação.
5. PRESSUPOSTOS PARA A DECRETAÇÃO DA DESAPROPRIAÇÃO
Reza o art. 5°, XXIV da Constituição Federal que a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro.
A) NECESSIDADE PÚBLICA: ocorre quando a Administração, diante de uma SITUAÇÃO
DE EMERGÊNCIA, exige a transferência urgente de bens de terceiros para seu domínio e uso
imediato. Por exemplo, a construção de EDIFÍCIOS PÚBLICOS ou CEMITÉRIOS (art. 5.º , “m”, do
Decreto-lei n° 3.365/41);
B) UTILIDADE PÚBLICA: ocorre quando a transferência de bens de terceiros para a
Administração lhe É CONVENIENTE, embora não seja imprescindível. Quer dizer: Quando a
utilização da propriedade for considerada conveniente e vantajosa ao interesse público. Por exemplo,
a CONSTRUÇÃO DE ESTÁDIOS ou aeródromos (art. 5º, “n”, do Decreto-lei n° 3.365/1.941),
conservação e melhoramento de vias e LOGRADOUROS PÚBLICOS, etc.
C) INTERESSE SOCIAL: quando a desapropriação tem lugar para a distribuição ou o
condicionamento da propriedade em BENEFÍCIO DA COLETIVIDADE atingindo as CAMADAS
MAIS POBRES da população, com objetivo da melhoria nas condições de vida, redução de
desigualdades, melhoramento na distribuição de renda, etc. São exemplos: manutenção de colônias
ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola, ou CONSTRUÇÃO DE CASAS POPULARES
(art. 2°, III e V do Decreto-lei 4.132/1962).
6. PROCEDIMENTOS: FASE DECLARATÓRIA E FASE EXECUTÓRIA
6.1. Fase declaratória
A fase declaratória se inicia com a expedição do DECRETO EXPROPRIATÓRIO ou a
publicação da lei expropriatória. Em regra a declaração vem do Poder Executivo, mas também
pode advir do Poder Legislativo, por meio de lei, sendo obrigatória a autorização legislativa quando
recair sobre bens públicos (art. 2° do Decreto-lei 3.365/1.941), sendo necessário que o Executivo
tome as medidas necessárias relativas à efetivação da desapropriação.
É nessa fase que INDICA-SE O SUJEITO PASSIVO DA DESAPROPRIAÇÃO, A
DESCRIÇÃO DO BEM, A DESTINAÇÃO, FUNDAMENTO LEGAL E RECURSOS PARA
ATENDIMENTO DA DESPESA.
A expedição do decreto produz dentre outros os seguintes EFEITOS: Inicio do prazo da
caducidade e autorização para imissão provisória na posse.
6.2. Fase executória
O Poder Público ADOTA AS MEDIDAS NECESSÁRIAS À EFETIVAÇÃO DA
DESAPROPRIAÇÃO para integração do bem ao seu patrimônio.
A fase executória PODE SER ADMINISTRATIVA OU JUDICIAL.
A FASE ADMINISTRATIVA ocorre quando HÁ ACORDO entre expropriante e expropriado
a respeito da indenização. Se houver acordo, o bem (se imóvel) deverá ser transcrito no Registro
Geral de Imóveis (art. 167, II, “n” da Lei 6.015/1973).
Se NÃO HOUVER ACORDO na esfera administrativa, inicia-se a FASE JUDICIAL com a
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO, onde serão discutidas questões relacionadas somente ao valor da
indenização, e não ao mérito do ato de expropriação.
Há que se destacar que o decreto expropriatório NÃO É AUTOEXECUTÓRIO, pois a
desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco
anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará (art. 10
do Decreto-lei 3.365/1941).
Observação: O Poder Legislativo possui competência declaratória, mas não executória
(art. 8º do Decreto-Lei 3.365/1941).
7. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO