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Intervenção do Estado

na Propriedade Privada
DESPROPRIAÇÃO
Garantia Constitucional

Direito à Propriedade Art. 5º, XXII CF/88

Se cumprir com

Função Social da Propriedade Art. 5º, XXIII CF/88

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA


FUNDAMENTOS
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA

Descumprimento
 Desapropriação – art. 182, §4ª, III DA CF/88 (Urbana)
Da Função Social da e Art. 186 da CF/88 (Rural)
Propriedade

 Limitação administrativa
Em razão da  Servidão administrativa
Supremacia do  Requisição administrativa Art. 5º XXV CF/88
Interesse Público  Tombamento (ART. 216 da CF/88)
 Ocupação Provisória
 Desapropriação Ordinária (Art. 5º, XXIV DA CF/88
INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE PRIVADA
Supressiva de domínio

Desapropriação é a transferência compulsória da propriedade


para o poder público com fundamento em utilidade pública,
necessidade pública ou interesse social, mediante prévia e justa
indenização.

Competências na Desapropriação
Competência Competência Competência
Legislativa Declaratória Executória
Competência Competência
Legislativa Declaratória

A competência de legislar sobre o É aquela garantida ao Poder Público para declarar a


tema é privativa da União, nos utilidade pública ou o interesse social de determinado
termos do art. 22, II, da CF/88. bem, manifestando a intenção de desapropriá-lo e seus
motivos.
Essa competência declaratória pode ser executada por
meio de decreto do chefe do Poder Executivo
(Presidente da República, Governadores ou Prefeitos) ou
por meio de lei de efeitos concretos aprovada pelo
Poder Legislativo de qualquer dos entes da Federação
(União, estados, Distrito Federal ou municípios).
Competência
Executória

é aquela relacionada à execução de todas as medidas necessárias à


efetivação da desapropriação, que compreende desde a negociação com
o dono do bem até o ajuizamento da ação judicial. Essa competência pode
ser exercida tanto pelos entes federativos (União, estados, Distrito Federal
e municípios) quanto pelas entidades da c (autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista) e, ainda, pelas
empresas que executem serviços públicos por meio de concessão ou
permissão.
Bens Desapropriáveis
Em regra, qualquer bem com valor patrimonial pode ser desapropriado:
Exceto:
1 . Impossibilidade Legal:
Ex: Pequena e média propriedade rural, desde que seu proprietário não possua
outra.
2. Impossibilidade Material:
• Moeda Corrente (cuidado! Moedas antigas de valor histórico podem ser
desapropriadas);
• os direitos personalíssimos (como a honra, a liberdade, etc.).
Bens Desapropriáveis: Bens Públicos
Fases da Desapropriação
Só os Entes Federativos
(por Decreto ou Lei de
efeito concreto)

Decai em 5 anos (Utilidade ou Necessidade Pública)


Decai em 2 anos (Interesse Social)

• Entes Políticos
• Administração Pública Indireta
• Consórcios Públicos
• Concessionárias de Serviço Público
Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX

O poder público, com fundamento na Lei nº 8.987/1995, pretende conceder à iniciativa privada
uma rodovia que liga dois grandes centros urbanos. O edital, publicado em maio de 2018, previu a
duplicação das pistas e a obrigação de o futuro concessionário desapropriar os terrenos
necessários à ampliação. Por se tratar de projeto antigo, o poder concedente já havia declarado,
em janeiro de 2011, a utilidade pública das áreas a serem desapropriadas no âmbito do futuro
contrato de concessão.

Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) O ônus das desapropriações necessárias à duplicação da rodovia não pode ser do futuro
concessionário, mas sim do poder concedente.
B) O poder concedente e o concessionário só poderão adentrar os terrenos necessários à
ampliação da rodovia após a conclusão do processo de desapropriação.
C) O decreto que reconheceu a utilidade pública dos terrenos caducou, sendo necessária a
expedição de nova declaração.
D) A declaração de utilidade pública pode ser emitida tanto pelo poder concedente quanto pelo
concessionário.
Gabarito: C
A) Errado: A rigor, o ônus de promover a desapropriação recai sobre a concessionária do serviço público, que
deve dimensionar esse encargo quando da proposta a ser feita durante o procedimento licitatório. A propósito, eis
o teor do art. 31, VI, da Lei 8.987/95.

B) Errado: Para casos desta natureza, a legislação de regência prevê o instituto da imissão provisória na posse,
conforme disposto no art. 15, caput, do Decreto-lei 3.365/41. Logo, não é verdade que se tenha que aguardar o
término do processo de licitação para adentrar os terrenos necessários à ampliação da rodovia.

C) Certo: De fato, a teor do art. 10, caput, do Decreto-lei 3.365/41, o prazo para efetivação da desapropriação é
de cinco anos, contados da expedição do decreto expropriatório. Como, na espécie, decorreram 7 anos desde o
referido marco temporal, pode-se concluir que o decreto, realmente, caducou.

D) Errado. A competência declaratória não é atribuída aos concessionários de serviços públicos, aos quais atribui-
se, tão somente, a competência executória, isto é, promover os atos materiais necessários à efetivação da
desapropriação, conforme estabelece o art. 3º do Decreto-lei 3.365/41.
Tipos de Desapropriação
1. Desapropriação Ordinária ou Comum art. 5, XXIV da CF/88
Ela ocorre quando há:
Utilidade Pública: a desapropriação é conveniente ao interesse coletivo
(casos de alargamento de avenidas, por exemplo); Decreto-lei 3365/1941
Necessidade pública: situações emergenciais que demandam a
incorporação pelo poder público de bens de terceiros ao seu domínio e uso
para resolver o problema. (Para construção de hospital) Decreto-lei 3365/1941
Interesse Social: destina-se a resolver problemas sociais, para melhorar
condições de vida e atenuar desigualdades sociais. (Lei 4.132/1962)
Indenização: Prévia, justa e em dinheiro
Desapropriação Especial Urbana
Competência : Dos Municípios que possuem Plano Diretor e DF
Nos termos do art. 182, §4ª, III da CF/88, A desapropriação por
descumprimento da função social (prevista na Lei do Plano Diretor da
propriedade urbana possui as seguintes características principais:
1º- Ordem de edificação ou parcelamento compulsório: Notificado
para apresentar um projeto em 1 ano e 2 anos para executar;
2º- Cobrança de IPTU progressivo no tempo: aumento da alíquota
durante 5 anos até o máximo 15% (pode dobrar a cada ano)
3º- desapropriação urbanística sancionatória – indenização paga
integralmente em títulos da dívida pública resgatáveis em até 10 anos
Desapropriação Especial Rural
Competência : União
Nos termos do art. 184 ao 186 da CF/88;
A desapropriação em razão descumprimento da função social da
propriedade rural (art. 186 da CF/88):
I – Aproveitamento racional e adequado (Propriedade Produtiva)
II- Utilização adequada dos recursos naturais com preservação do
meio ambiente;
III – Respeito as normas trabalhista e o bem estar dos proprietários e
trabalhadores
Desapropriação para fins de reforma agraria sancionatória – indenização
em títulos da dívida rural resgatáveis em até 20 anos, porém serão
pagas em dinheiro as benfeitorias úteis e necessárias.
Prova: FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII

José é proprietário de imóvel rural de enorme dimensão, mas totalmente improdutivo, que vem sendo objeto
de constantes desmatamentos à revelia da legislação ambiental. O imóvel está localizado no Município Alfa
do Estado Gama, sendo certo que os órgãos ambientais de ambos os entes federativos já vêm atuando em
razão da supressão vegetal ilegal. Em seu imóvel, José não promove a utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente, nem mesmo realiza seu aproveitamento racional e
adequado. Por estar descumprindo sua função social, nos termos da CRFB/88, o imóvel de José pode ser
objeto de desapropriação

A) por interesse social, para fins de reforma agrária, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida
agrária, cuja competência é da União.

B) sanção, que consiste em punição ao particular por sua conduta imobiliária inconstitucional, mediante justa
e prévia indenização, cuja competência é do Estado Gama.

C) confisco, que consiste na retirada do bem do patrimônio do particular com sua incorporação ao patrimônio
público, mediante justa e ulterior indenização, cuja competência é da União.

D) por utilidade social e com caráter sancionador, mediante ulterior e justa indenização a ser paga por meio
de precatório, cuja competência é do por interesse social, para fins de reforma agrária, mediante prévia e
justa indenização em títulos da dívida agrária, cuja competência é da União.
Gabarito: A
A questão trata de desapropriação de bem imóvel rural improdutivo. O tema é regulado pelo artigo 184 da
Constituição Federal que dispõe o seguinte:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que
não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de
sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Desapropriação confiscatória ou
expropriação
A desapropriação confiscatória tem por fim a
expropriação, propriedade rurais e urbanas sem
qualquer indenização:
Os bens imóveis utilizados para plantação ilegal de
plantas psicotrópicas ou com exploração de
trabalho escravo. *desapropriação de toda a
propriedade (Informativo n. 540 do STF)
Os bens serão expropriados e destinados à reforma
agrária e a programas de habitação popular.
(Art. 243, caput da CF/88)
Desapropriação confiscatória ou
expropriação
Art. 243, parágrafo único da CF/88* (EC 81/2014)
A desapropriação confiscatória também incide sobre
todo bem móvel que tenha valor econômico e seja
apreendido em decorrência tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e da exploração de
trabalho escravo serão confiscados e reverterão ao
fundo especial com destinação específica.
Tredestinação X Retrocessão
Tredestinação ocorre quando o bem expropriado é aplicado para os fins
diverso daquele previsto no decreto de desapropriação. Se na mudança,
persistir uma razão de interesse público para justificar o ato será
chamada de tredestinação lícita.
Se bem expropriado não for aplicado para fins publico poderá ocorrer a
retrocessão, ou declaração de nulidade, por desvio de finalidade.
Retrocessão
A retrocessão é a devolução do domínio ao expropriado, para que se
integre ou regresse ao patrimônio daquele de quem foi tirado, pelo
mesmo preço da desapropriação.
Porém, nem sempre esse devolução será possível nos termos do art.
35 do Decreto lei 3.365/41:
"Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda
Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada
em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
procedente, resolver-se-á em perdas e danos."
Desapropriação Indireta
Desapropriação indireta é o fato administrativo pelo qual o
Estado se apropria do bem particular, sem observância dos
requisitos da declaração e da indenização prévia.
"O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta,
na hipótese em que o poder público tenha realizado obras
no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de
interesse social ao imóvel, é de 10 anos (art. 1.238,
parágrafo único do CC/2002“.* Tema 1.019 do STJ
Prova: FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII

Luciano, proprietário de um terreno localizado no Município Ômega, viajou para o exterior, pelo período de 8
meses, para realizar curso de especialização profissional.
Quando retornou de viagem, verificou que o Município, sem expedir qualquer notificação, de forma irregular e
ilícita, invadiu sua propriedade e construiu uma escola, em verdadeiro apossamento administrativo. As aulas
na nova escola municipal já se iniciaram há dois meses e verifica-se a evidente impossibilidade de se reverter
a situação sem ensejar prejuízos aos interesses da coletividade.
Ao buscar assistência jurídica junto a conhecido escritório de advocacia, foi manejada em favor de Luciano
ação de:
Ao buscar assistência jurídica junto a conhecido escritório de advocacia, foi manejada em favor de Luciano
ação de

A) indenização por retrocessão, por abuso de poder da municipalidade, que gera direito à justa e imediata
indenização, exigível quando do trânsito em julgado da ação.
B) indenização por desapropriação indireta, que visa à justa e posterior indenização, a ser paga por meio de
precatório.
C) reintegração de posse por tredestinação ilícita, por desvio de finalidade, que visa à justa e posterior
indenização, a ser paga por meio de precatório.
D) interdito proibitório por desvio de finalidade, que gera direito à justa e imediata indenização, exigível
quando do trânsito em julgado da ação.
Gabarito: B
A) Errado: A retrocessão tem por objeto a devolução do bem ao patrimônio particular, em razão de o Poder
Público, após a desapropriação, não o ter utilizado para a satisfação de um interesse público. Não é esse o caso
em exame, no qual, em rigor, o bem foi canalizado para uma finalidade pública, restou afetado, porém, sem
observar o devido processo legal atinente à desapropriação, o que configura a desapropriação indireta.

B) Certo: Como exposto, realmente, seria caso de desapropriação indireta, que rende ensejo ao pagamento de
indenização ao particular desapossado. Ademais, por se tratar de valor a ser recebido através de demanda
judicial, deve ser observada a técnica de pagamento via precatórios, na forma do art. 100 da CRFB.

C) Errado. Não é devida a reintegração de posse, uma vez que houve a afetação do bem a uma finalidade
pública, devendo a controvérsia ser resolvida mediante o pagamento de indenização, por desapropriação indireta.
A tredestinação ilícita, ademais, configura-se quando o Poder Público realiza o procedimento de desapropriação,
mas não confere ao bem uma finalidade pública, o que também não foi o caso.

D) Errado. Novamente, não se trata de interdito proibitório, visto que o objetivo não é a defesa da posse, mas sim
a obtenção de indenização, face ao apossamento administrativo, seguido de destinação pública do bem.
Sonhe...
Planeje...
Realize...
MUITO OBRIGADA!
Até a próxima aula...
@fcarolamorim

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