Você está na página 1de 32

Extensão e limites do direito

de propriedade I e II
✓ Direito de propriedade e seus desdobramentos
✓ Modalidades de prisão civil por dívida (devedor de alimentos e depositário infiel)

Professora Marcella Viotti


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social


O art. 5º, XXII da CF garante o direito de propriedade.
• Assim como os demais direito, não é absoluto, podendo sofrerá restrições.

DIREITO DE Nesse sentindo, o entendimento do STF.

PROPRIEDADE STF – MS 25.284: “O direito de propriedade não se revela absoluto. Está


relativizado pela Carta da República – arts. 5º, XXII, XXIII e XXIV, e 184”.

Âmbito de ➢ Dentro do âmbito de proteção, encontra-se a impenhorabilidade da pequena


propriedade rural.

proteção CF, art. 5º, XXVI – “a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o
seu desenvolvimento”
REGIME JURÍDICO DO DIREITO DE PROPRIEDADE

José Afonso da Silva: O regime é de DIREITO PÚBLICO, isso


porque a base do direito à propriedade é constitucional
(já foi adotado pelo CESPE em provas).

A disciplina do direito de propriedade está consagrada na


Constituição. O que o Código Civil disciplina são as relações civis
decorrentes do direito de propriedade.
RESTRIÇÕES

FUNÇÃO SOCIAL (ART. 5º, XXII)


➢ Função social não é apenas uma limitação; ela faz parte do próprio regime, da própria estrutura do direito de propriedade.

Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua FUNÇÃO SOCIAL;

EXISTEM DUAS INTERPRETAÇÕES QUANTO À RELAÇÃO PROPRIEDADE X FUNÇÃO SOCIAL:


1ª: Afonso da Silva: por a função social fazer parte da estrutura do direito de propriedade, este só é garantido se a
propriedade atender à sua função social. (CESPE).
Crítica: Por essa interpretação, se o MST invade uma propriedade improdutiva (sem função social), tal atitude seria legítima.
➢ O STF, em jurisprudência passiva, entende que a invasão de terra (MST) é ilegítima. O direito de propriedade, na verdade,
recebe uma proteção constitucional mesmo quando não atender a sua função social, a propriedade está protegida.
Mesmo não cumprindo a função a propriedade tem uma proteção. Ninguém pode ser privado arbitrariamente de sua
propriedade.
RESTRIÇÕES

EXISTEM DUAS INTERPRETAÇÕES QUANTO À RELAÇÃO PROPRIEDADE X FUNÇÃO SOCIAL:

2ª: Daniel Sarmento: Se a propriedade cumpre a sua função social ela terá uma proteção maior do que
aquela que não cumpre, ou seja, não é pelo fato de não cumprir a função social que o direito à propriedade
deixa de ser garantido.

➢ Conforme o STF ninguém pode ser privado do direito de propriedade sem observância do devido processo legal.
STF MS 23006/PB.
Dirley: mesmo sem cumprir a função social, ainda existe proteção.
RESTRIÇÕES

QUANDO A PROPRIEDADE CUMPRE SUA FUNÇÃO SOCIAL?

A propriedade urbana cumpre a função social quando observa às exigências previstas pelo plano diretor.

Art. 182, § 2º - A propriedade URBANA cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação
da cidade expressas no plano diretor.

➢ Quanto à propriedade rural, a CF já estabelece os requisitos, remetendo à lei o grau de exigência desses requisitos, quais
sejam:

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade RURAL atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
RESTRIÇÕES

QUAIS AS PENALIDADES EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL?

Em relação à propriedade urbana, o art. 182, §4º da CF prevê uma série de penalidades, que devem ser impostas
gradativamente.

CF, art. 182, § 4º: “É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da
lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob
pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais”.

Tratando-se de propriedade rural as penalidades estão previstas no art. 184 da CF.


CF, art. 184: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua
função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
REQUISIÇÃO
EXISTEM DUAS ESPÉCIES DE REQUISIÇÃO PREVISTA NA CF:

I - Civil (art. 5º, XXV).


II - Militar (art. 139, VII).

• Art. 5º, XXV - no caso de IMINENTE PERIGO PÚBLICO, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

• Art. 139. Na vigência do ESTADO DE SÍTIO decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas
contra as pessoas as seguintes medidas: [...] VII - requisição de bens.

A REQUISIÇÃO CIVIL OCORRE QUANDO O PODER PÚBLICO FAZ USO, COMPULSÓRIA E


TEMPORARIAMENTE, DA PROPRIEDADE PARTICULAR, POR MOTIVOS DE IMINENTE
PERIGO PÚBLICO.
✓ A requisição só gera a obrigação de indenizar no caso da ocorrência de dano ao particular.
✓ Indenização, essa, que sempre será posterior à limitação do direito.
DESAPROPRIAÇÃO
HIPÓTESES DE DESAPROPRIAÇÃO
Existem três hipóteses de desapropriação:

I - Necessidade pública: A transferência do bem é imprescindível.


II - Utilidade pública: Não é imprescindível, mas é conveniente.
III - Interesse social: A transferência é feita para gerar benefícios sociais.
É a única forma que justifica a transferência do bem desapropriado para outro particular.
Exemplo: reforma agrária.

Art. 5º, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

NA DESAPROPRIAÇÃO SEMPRE HAVERÁ INDENIZAÇÃO.


DE ACORDO COM A CF, DEVE SER UMA INDENIZAÇÃO JUSTA, PRÉVIA E EM DINHEIRO (EM
REGRA).
HIPÓTESES DE DESAPROPRIAÇÃO

O PAGAMENTO SÓ NÃO SERÁ FEITO EM DINHEIRO NOS CASOS DE “DESAPROPRIAÇÃO-


SANÇÃO”.
São elas:
1. Imóvel urbano (art. 182, §4º, III – “desapropriação urbanística sancionatória”)

Art. 182, § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado (falta de cumprimento
da função social), que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; (imposto extrafiscal)
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.

PERCEBE-SE QUE, NESSE CASO, A DESAPROPRIAÇÃO É A ÚLTIMA MEDIDA PARA ADEQUAR A


PROPRIEDADE À FUNÇÃO SOCIAL.
• AQUI PAGAMENTO É FEITO EM TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA.
• É A ÚNICA HIPÓTESE DE PAGAMENTO QUE NÃO É EM DINHEIRO, NO QUE SE REFERE À
DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL URBANO.
HIPÓTESES DE DESAPROPRIAÇÃO

O PAGAMENTO SÓ NÃO SERÁ FEITO EM DINHEIRO NOS CASOS DE “DESAPROPRIAÇÃO-


SANÇÃO”.
São elas:

2. Imóvel rural (art. 184 – “desapropriação rural”)

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação
do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida
em lei.

MAIS UM CASO DE NÃO CUMPRIMENTO DE FUNÇÃO SOCIAL.


• O PAGAMENTO É FEITO EM TÍTULOS DA DÍVIDA AGRÁRIA.
• É O ÚNICO CASO DE DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL RURAL QUE NÃO É PAGA EM DINHEIRO.
DESAPROPRIAÇÃO
QUESTIONAMENTOS PERTINENTES

1) Operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária são isentas de TRIBUTOS
federais, estaduais e municipais?

NÃO. ERRADO.

Art. 184, §5º. São isentas apenas de IMPOSTOS.


Isenção aqui é o mesmo que imunidade.

Art. 184, § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária
DESAPROPRIAÇÃO
QUESTIONAMENTOS PERTINENTES

2) PEQUENAS e MÉDIAS propriedades rurais e propriedades produtivas podem ser desapropriadas?

SIM. No entanto, não podem para fins de reforma agrária, pois não haveria interesse social.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária


(para outros fins pode! necessidade pública, por exemplo):
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos
requisitos relativos a sua função social.
DESAPROPRIAÇÃO
QUESTIONAMENTOS PERTINENTES

3) Tendo em vista o art. 184, “Compete a União...”, os Estados não poderão desapropriar por interesse social?

Os Estados podem desapropriar por interesse social, mas não para fins de reforma agrária, sendo, neste caso, atribuição da
União.

Art. 184. Compete à UNIÃO desapropriar por interesse social, para FINS DE REFORMA AGRÁRIA, o imóvel rural
que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei
DIFERENÇA
DESAPROPRIAÇÃO X REQUISIÇÃO
• TANTO NA DESAPROPRIAÇÃO QUANTO NO CONFISCO HÁ TRANSFERÊNCIA COMPULSÓRIA.
• NO ENTANTO, NO CONFISCO, POR TER NATUREZA SANCIONATÓRIA, NÃO HÁ QUALQUER TIPO DE
INDENIZAÇÃO.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou
a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular,
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art.
5º. (EC 81/14).
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e
da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.

O STF ENTENDEU QUE EXPROPRIAÇÃO DE TERRAS UTILIZADAS PARA O CULTIVO DE PLANTAS


PSICOTRÓPICAS, SERÁ DE TODA A GLEBA, MESMO QUE A PARTE UTILIZADA SEJA POUCA E O RESTO SEJA
UTILIZADO PARA CULTIVAR OUTROS ALIMENTOS.
EXPROPRIAÇÃO É O PROCEDIMENTO DE RETIRADA DA PROPRIEDADE.

Exemplos de bens confiscados oriundos do tráfico: Abadia.

CONFISCO
(art. 243, “desapropriação confiscatória”)
USUCAPIÃO
A CF/88 PREVÊ DUAS FORMAS DA CHAMADA USUCAPIÃO ESPECIAL OU
CONSTITUCIONAL.

1) Usucapião especial de Imóvel urbano (pró-moradia ou pro misero)


Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a
ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

O § 2º dispõe que esse direito é reconhecido apenas uma vez ao possuidor, não
incidindo sobre imóveis públicos.
USUCAPIÃO
A CF/88 PREVÊ DUAS FORMAS DA CHAMADA USUCAPIÃO
ESPECIAL OU CONSTITUCIONAL.

2) Usucapião especial de Imóvel rural (pro labore)


Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra,
em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.

Os prazos de posse do bem previstos na CF são menores (05 anos) que os


do CC (05, 10, 15), por se tratar de modalidade especial de usucapião.
Por isso, os requisitos são mais profundos para que a pessoa adquira o
imóvel.
USUCAPIÃO

CARACTERÍSTICAS COMUNS

*Requisitos tradicionais:
Posse por cinco anos mansa, pacífica, ininterrupta, precária (não pode ser um comodato, por exemplo).

*Requisitos especiais:
a) Usar o imóvel para moradia;
b) Necessidade de não ter outro imóvel (urbano ou rural).
c) etragem máxima: Urbano: 250m²; Rural: 50hec.

✓ No imóvel rural ainda é necessário que torne a propriedade produtiva com seu trabalho ou de sua família.

Imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião (art. 183, §3º e 191, parágrafo único).
PRISÃO CIVIL
PRISÃO E DIREITOS DOS PRESOS
Nas palavras de André Puccinelli Júnior:

“Considerando que, em nome do bem comum, Estado nenhum


pode desvertir-se da prerrogativa de tolher o direito de ir e vir das
pessoas que atentam contra normas básicas de convivência pacífica,
a Constituição disciplinou minuciosamente as hipóteses de
cabimento da prisão, tida com um mal necessário e excepcional, a
fim de garantir um mínimo de segurança à sociedade”.
“ninguém será preso senão
em flagrante delito ou por
ordem escrita e
fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo
nos casos de transgressão
militar ou crime
propriamente militar,
definidos em lei”.

✓A regra geral é de que a


prisão depende de prévia
ordem escrita e
fundamentada de
autoridade judiciária,
admitindo-se exceções.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a


do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
A prisão civil não possui natureza penal, por destinar-
se unicamente a compelir o devedor a adimplir suas
obrigações financeiras e não desperta polêmica no que
atina ao responsável por obrigações alimentícias não
pagas.

✓Conforme Súmula 309 do STJ, somente as 3 últimas PRISÃO


prestações são consideradas alimentares de modo a
legitimar o decreto prisional as demais tem caráter CIVIL
indenizatório.

“O débito alimentar que autoriza a prisão civil do


alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo”.
PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL

Conforme dispõe o Pacto de San José da Costa Rica em eu artigo 7º:

“Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados da autoridade
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar”.

Este pacto nada mais é que um tratado internacional, no qual a República Federativa do
Brasil é signatária.
CONCEITOS:

• Depositário (direito civil).


Pessoa física ou instituição que recebe bens ou valores para guarda-los, com
diligência, e restituí-los, oportunamente, quando forem reclamados, sob pena de
prisão por ato de infidelidade.

• Depositário infiel (direito constitucional, direito civil e direito processual civil).


Aquele que se nega a devolver, ante mandado judicial, coisa ou valor que lhe foi
confiado, sujeitando-se, assim, à prisão não excedente à um ano e ao
ressarcimento dos danos decorrentes do seu inadimplemento.
PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL
TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS

Conforme dispõe a CF/88:


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo: DLG
nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018 )
➢ Como de fato ocorreu de acordo com o Decreto nº 678, de 6 de
novembro de 1992, na qual promulga a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica).

• E ainda o Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992, na qual


promulga atos internacional, pactos internacionais sobre Direitos
Civis e Políticos.
Em seu artigo 11, no qual leciona:
“Ninguém poderá ser preso apenas por não cumprir com uma
obrigação contratual”.

Nosso texto constitucional encontra-se defasado no inciso


LXVII, já que o mesmo autoriza a prisão civil do depositário
infiel, o que não mais ocorre, sua eficácia encontra-se
prejudicada e também é tida como inconstitucional, já que os
tratados internacionais ratificados pelo Governo brasileiro,
aprovado nas “Casas” tem valor de Emenda Constitucional.
Para encerrar qualquer discussão acerca da Prisão
Civil do Depositário Infiel, o STF editou a Súmula
Vinculante, número 25 com o seguinte teor:

SÚMULA VINCULANTE 25:


É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
Súmula que seja a modalidade do depósito.
vinculate 25
Veja o Debate de Aprovação:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaS
umulaVinculante/anexo/SUV_25__PSV_31.pdf

Você também pode gostar