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Dir.

Administrativo III

Desapropriação
Prof. Celso Guimarães Carvalho
Desapropriação

É o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público


transfere para si propriedade de terceiro de forma compulsória,
por razões de necessidade pública, utilidade pública ou de
interesse social, mediante o pagamento de indenização prévia.

Art. 5º, XXIV, CF - a lei estabelecerá o procedimento para


desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição.

A desapropriação é feita por meio de um procedimento


estruturado em duas fases: fase declaratória, em que se declara a
existência da necessidade, utilidade pública ou interesse social;
fase executória, compreendendo a estimativa, o pagamento da
justa indenização e a transferência do bem.
Desapropriação

A aquisição promovida pela desapropriação constitui forma


originária de aquisição de propriedade, porque não é derivada de
nenhum ato de vontade do anterior proprietário.

Trata-se de instituto que deve ser utilizado em caráter


excepcional, apenas quando presente um dos seguintes
pressupostos:

• Utilidade pública – quando a transferência do bem se afigura


conveniente para a Administração.
• Necessidade pública – decorrente de situações de emergência,
cuja solução exija a desapropriação do bem.
• Interesse social – tem o objetivo de neutralizar de alguma
forma as desigualdades sociais.
Desapropriação - Objeto

Nos termos do art. 2º do Decreto-Lei nº 3365/41, todos os bens


poderão ser desapropriados pelos entes federativos. Ou seja: bens
móveis ou imóveis; públicos ou privados; ações, cotas ou direitos
relativos ao capital de pessoas jurídicas e outros que tenham
valoração patrimonial.

A desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará


necessária, quando de sua utilização resultar prejuizo patrimonial
do proprietário do solo (art. 2º, §1º do DL 3365/41).

A Constituição Federal de 1988 em seu art. 185 estabelece a


vedação à desapropriação para fins de reforma agrária da
propriedade produtiva, bem como pequenas e médias
propriedades rurais, desde que seu proprietário não possua outra.
Desapropriação - Objeto

Os bens públicos são passíveis de desapropriação, desde que haja


autorização legislativa, sendo que os bens do domínio dos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados
(art. 2º, §2º). Ou seja, a possibilidade expropriatória pressupõe a
direção vertical das entidades federativa. Justifica-se tal situação
pelo fundamento da preponderância do interesse, no qual está
no grau mais elevado o interesse nacional.

Prevalece o entendimento jurisprudencial da preponderância de


interesses, conforme o STJ “o Município não pode desapropriar
bens de propriedade de empresa pública federal, sem a prévia
autorização do Presidente da República, mesmo que não sejam
utilizados diretamente na prestação de serviço público” (REsp
214.878).
Desapropriação - Competência

A competência para legislar sobre o tema desapropriação está


prevista no art. 22, II, do texto constitucional, sendo privativa da
União, o que não podemos confundir com a competência material
para a realização da desapropriação.

A competência material para desapropriar é concorrente e


dependerá do campo de atuação de cada ente e do fundamento
utilizado pelo Administrador. De forma geral, todos os entes
políticos têm competência para desapropriar, além das pessoas
jurídicas da Administração Indireta e dos demais que exercem
função delegada em nome do Estado (art. 3o, Decreto--Lei n.
3.365/41).
Desapropriação - Competência

A declaração da desapropriação (fase declaratória) é da


competência dos entes políticos e pode ser realizada por Decreto
do Chefe do Poder Executivo, de qualquer ordem política.
Exceção: DNIT, ANM e ANEEL.

Competência executória (fase executória) - Os concessionários


de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou
que exerçam funções delegadas de poder público poderão
promover desapropriações mediante autorização expressa,
constante de lei ou contrato (DL 3365/41, art. 3º).
Desapropriação - Modalidades

Desapropriação comum – A desapropriação ordinária poderá ter


como fundamento uma das hipóteses elencadas no art. 5º XXIV
da CF: necessidade pública, utilidade pública ou interesse social.

Nos casos ordinários a indenização deve ser prévia, justa e em


dinheiro. Dentro dos caso comuns a lei explicita algumas
hipóteses tratadas em seguir.
Desapropriação - Modalidades

Desapropriação por zona – A desapropriação poderá abranger a


área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se
destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço.

Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá


compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à
continuação da obra e as que se destinam à revenda (DL 3365/41,
art. 4º).

Trata-se de medida importante para que o poder público realize a


captura da mais valia (valorização dos imóveis) resultante dos
investimentos públicos realizados.
Desapropriação - Modalidades

Desapropriação para urbanização ou reurbanização – ocorre


quando o Poder Público pretende criar ou alterar planos de
urbanização, só sendo possível a implementação mediante a
expropriação. (art. 5º, i, DL 3365/41; art. 44 Lei 6766/79)

Desapropriação por interesse social – art. 2º Lei 4132 -


Considera-se de interesse social: I - o aproveitamento de todo
bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as
necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de
população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;
II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja
exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola; III - o
estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de
povoamento e trabalho agrícola.
Desapropriação Sancionatória

A desapropriação sancionatória também pode ser denominada


desapropriação extraordinária, em razão da forma de indenizar, e
terá como fundamento a prática de uma ilegalidade, o que
decorrerá de um interesse social cumulado com o
descumprimento da função social da propriedade ou, ainda, de
condutas ligadas ao tráfico ilícito de entorpecentes, conforme
previsão do texto constitucional.

Desapropriação confisco – Art. 243. As propriedades rurais e


urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à
reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art.
5º.
Desapropriação Sancionatória

Função Social da Propriedade Rural – Competência exclusiva da


União (art. 184, CF): “Compete à União desapropriar por interesse
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.”

Função social da propriedade rural: (art. 9º e seguintes da Lei n.


8.629/93: a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente; c) observância das disposições que regulam as relações de
trabalhos; d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores.
Desapropriação Sancionatória

Função Social da Propriedade Urbana – Competência


Municipal (art. 182, §4º, III, CF) – Possibilidade de
desapropriação sanção em títulos da dívida pública ao
proprietário do solo urbano que não cumprir a função social da
propriedade urbana estabelecida pelo Plano Diretor.

Pode o poder público municipal exigir de proprietário de imóvel


urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que proceda
o parcelamento, edificação ou utilização compulsório, sob pena
de sucessivamente ocorrer o IPTU progressivo no tempo e, por
fim, a desapropriação.
OBRIGADO!

CELSOGCARVALHO@HOTMAIL.COM

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