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1. Quais são os efeitos da declaração expropriatória?

A partir da declaração expropriatória, as autoridades já podem adentrar no imóvel


para realizar vistoria e medições, cabendo ressaltar que, no caso da expropriação para fins de
reforma agrária, a vistoria depende de prévia autorização judicial1.

Há também a fixação do estado do bem. As benfeitorias voluptuárias que forem


realizadas após a declaração não são mais indenizáveis e as benfeitorias úteis só serão
indenizáveis se autorizadas (as necessárias serão sempre indenizáveis).

É também a partir da declaração expropriatória que começa a contagem do prazo


de caducidade para se promover a fase de execução da desapropriação (5 anos para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública e 2 anos para desapropriação por interesse
social).

Por fim, a declaração também submete o bem à força expropriatória, ou seja,


autoriza que seja promovida a segunda fase do procedimento expropriatório (ou seja, a
execução da expropriação em si).

Cumpre ressaltar que, neste momento, ainda não há perda da posse e, portanto,
ainda não há incidência de juros compensatórios. Os encargos do bem também continuam às
expensas do expropriado.

2. Quais são as diferenças entre as modalidades de declaração expropriatória?

Existem duas modalidades de desapropriação: a desapropriação por necessidade


ou utilidade pública e a desapropriação por interesse social.

A desapropriação por necessidade ou utilidade pública é regulada pelo Decreto-Lei


3.365/1941, que prevê, no art.5º, as hipóteses de necessidade ou utilidade pública (a
Jurisprudência considera, no entanto, que este rol não é taxativo). O prazo decadencial para se
promover a expropriação após a declaração é de 5 anos2.

A desapropriação por interesse social é regulada pela Lei 4.132/41, que prevê, em
seu art. 2º, as hipóteses de desapropriação por interesse social. Subsidiariamente, é regulada

1
LEI COMPLEMENTAR Nº 76, DE 6 DE JULHO DE 1993
Art. 2º A desapropriação de que trata esta lei Complementar é de competência privativa da União e será
precedida de decreto declarando o imóvel de interesse social, para fins de reforma agrária.
(...)
§ 2º Declarado o interesse social, para fins de reforma agrária, fica o expropriante legitimado a promover
a vistoria e a avaliação do imóvel, inclusive com o auxílio de força policial, mediante prévia autorização
do juiz, responsabilizando-se por eventuais perdas e danos que seus agentes vierem a causar, sem prejuízo
das sanções penais cabíveis.

2
DECRETO-LEI Nº 3.365, DE 21 DE JUNHO DE 1941.
“Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de
cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará.”
pelo Decreto Lei-Lei 3.365/1941. O prazo decadencial para se desapropriação após a declaração
é de 2 anos3.

A declaração de expropriação sancionatória é uma subespécie da declaração de


desapropriação por interesse social e tem dois tipos: a) a declaração expropriatória para fins de
reforma agrária prevista no art. 184 da CF e regulada pela LC 76/1993; b) a declaração
expropriatória de imóvel urbano, prevista no art. 182, § 4º da CF (casos de imóvel não edificado,
subutilizado ou não utilizado). Ambas tem o mesmo prazo decadencial de 2 anos.

3. Quais são os efeitos da imissão provisória da posse?

A partir da imissão provisória, há a perda da posse e, consequentemente, cessa o


direito de fruição pelo expropriado. Como consequência, ele deixa de ser responsável pelos
encargos do imóvel.

A imissão provisória da posse também é o marco inicial para a contagem de juros


compensatórios, que são destinados a compensar a perda da posse e só incidem quando o
depósito prévio à imissão provisória não é justo. Incidem sobre a diferença entre o valor
depositado provisoriamente e o valor arbitrado na decisão final. Para o período de 1997 a 2001,
são de 6% (STF declarou inconstitucional esse percentual, mas modulou os efeitos, mantendo a
sua eficácia nesse período) e, a partir de 2001, são de 12%. É legal a cumulação dos juros
compensatórios com os juros moratórios4.

4. Quais são os limites da contestação na desapropriação?

Conforme o art. 20 do Decreto 3.365/41, a contestação só poderá versar sobre vício


processual ou impugnação do preço. Qualquer outra questão deve ser alegada em ação direta
(não confundir com ação direta de inconstitucionalidade; ação direta aqui significa qualquer
ação cabível que não a ação expropriatória, como, por exemplo, mandado de segurança ou ação
popular).

5. Até que momento pode haver a desistência da desapropriação pelo Poder Público?

A desistência na expropriação é possível até a configuração do pleno


aperfeiçoamento da aquisição pública originária, ou seja, até antes do pagamento integral do
preço. Importante também ressaltar que o STJ entende que a desistência será impossível
quando o bem tenha sofrido alteração substancial que impeça que ele seja utilizado como antes.

6. Todos os bens são desapropriáveis, sem exceção?

Segundo o art. 2º do Decreto 3.365/41, todo o bem é passível de desapropriação.


Entretanto, conforme o parágrafo 2º do mesmo artigo, o Estado não pode desapropriar bens da

3
LEI Nº 4.132, DE 10 DE SETEMBRO DE 1962.
Art. 3º O expropriante tem o prazo de 2 (dois) anos, a partir da decretação da desapropriação por interesse
social, para efetivar a aludida desapropriação e iniciar as providências de aproveitamento do bem
expropriado.

4
SÚMULA 112 DO STJ
A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui
anatocismo vedado em lei.
União e os municípios não podem desapropriar bens da União e Estados (Hierarquia de
Interesses).

Bens personalíssimos também não podem ser expropriados e bens cuja


indenização é ilógica também (como, por exemplo, desapropriação de dinheiro, exceto quando
de moeda rara).

7. O que justifica a incidência de juros compensatórios?

O que justifica a incidência de juros compensatórios é a perda da posse, do direito


de fruição sobre o bem. Os juros compensatórios só incidem quando o depósito de indenização
prévia à imissão provisória não é justo (ou seja, é inferior ao valor arbitrado no fim do processo).
Incidem a partir da imissão provisória e são calculados sobre a diferença entre o valor
depositado provisoriamente e o valor arbitrado na decisão final. Para o período de 1997 a 2001,
são de 6% (STF declarou inconstitucional esse percentual, mas modulou os efeitos, mantendo a
sua eficácia nesse período) e, a partir de 2001, são de 12%. É legal a cumulação dos juros
compensatórios com os juros moratórios5.

Na desapropriação indireta, os juros moratórios começam a contar a partir do


apossamento indevido pela Administração.

8. Quais são as hipóteses de desapropriação sancionatória?

Existem duas hipóteses de desapropriação sancionatória, quais sejam:

A) A desapropriação sancionatória para fins de reforma agrária que está prevista


no art. 184 para os casos em que o imóvel não cumpra a sua função social, sendo que o art. 186
estabelece os critérios que devem ser atendidos para que se considere que a propriedade rural
cumpre a sua função social. Com exceção das benfeitorias, que são indenizáveis em dinheiro, a
perda do imóvel rural é indenizável em títulos da dívida agrária, resgatáveis em até 20 anos. A
competência para promover esse tipo de desapropriação é da União (o que não impede que os
Estados e Municípios desapropriem propriedades rurais, mas a desapropriação não será
sancionatória e, consequentemente, será indenizável em dinheiro).

B) A desapropriação sancionatória de imóvel urbano, que está prevista no art. 182,


§ 4º da CF (casos de imóvel não edificado, subutilizado ou não utilizado). Essa desapropriação é
de competência dos Municípios e é indenizada por meio de Títulos da Dívida Pública, resgatáveis
em até 10 anos.

9. Como entender o direito à indenização prévia e justa na desapropriação para fins de


reforma agrária?

O direito à prévia e justa indenização na desapropriação para fins de reforma


agrária está previsto no art. 12 da Lei 8.629:

5
SÚMULA 112 DO STJ
A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui
anatocismo vedado em lei.
Art. 12. Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do
imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e
florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:

I - localização do imóvel;

II - aptidão agrícola;

III - dimensão do imóvel;

IV - área ocupada e ancianidade das posses;

V - funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.

10. A partir de que momento incidem os juros moratórios?

De acordo com o art. 15-B do Decreto 3.365/41, os juros moratórios se destinam a


compensar o atraso no pagamento da indenização e incidem a partir de 1º de janeiro do
exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. Isso no caso de pagamento por
precatório. Quando a desapropriação é realizada por concessionário por delegação do Poder
Público, a indenização deverá ser paga normalmente após o trânsito em julgado e, por isso, os
juros moratórios incidem a partir daí.

11. O que configura desapropriação indireta?

É o apossamento ilícito de bem pela Administração, ou seja, sem observância do


devido procedimento (sem declaração prévia, por exemplo). Esse tipo de desapropriação é
irreversível, resolvendo-se em perdas e danos (prazo prescricional para pleitear a indenização é
de 10 anos).

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