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365/1941
Art. 1o - A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei, em todo o
território nacional.
Aquisição originária:
“No Brasil são poderes competentes para manifestar a declaração de utilidade pública
tanto o Poder Legislativo como o Poder executivo. Em qualquer caso, contudo, a
natureza é administrativa” (DE MELLO, p. 826).
“A declaração deve individualizar, com precisão, o bem que será desapropriado, sendo
vedada a afirmação genérica de que determinada área possui utilidade pública,
necessidade pública ou interesse social. Da mesma forma, o Poder Público deve apontar
a finalidade da desapropriação” (OLIVEIRA, p. 603).
“Avulta observar, contudo, que a destinação do bem (ou sua finalidade) tem intrínseca e
indissociável relação com o motivo que inspirou a escolha do bem, vale dizer, com a
justificativa apresentada pela Administração para definir aquele bem. Em outras
palavras, não é lícito que a escolha do bem decorra de critério aleatório, sem causa
consistente e razoável; o ônus de comprovar a legitimidade da indicação do bem cabe ao
órgão administrativo. Por isso, é absolutamente ilegítimo que, para expandir sua área
administrativa, o Poder Público simplesmente faça recair sua escolha em edifício
comercial no centro da cidade, cujos usuários e proprietários estejam em pleno exercício
de suas atividades profissionais, sobretudo quando há solução menos gravosa para os
administrados (que é o requisito da exigibilidade integrante do princípio da
proporcionalidade). Sem a efetiva explicação do Estado, surge, no caso, evidente ofensa
aos princípios da impessoalidade e da proporcionalidade, razão por que nos parece
inválido o decreto expropriatório e, pois, sujeito ao controle do Judiciário”.
(CARVALHO FILHO, p. 909)
Todos os bens: “abarca todos os bens móveis e imóveis, como os direitos autorais
(aspecto patrimonial), os privilégios de invenção, os semoventes, as ações de sociedades
anônimas os arquivos e documentos de valor artístico ou histórico, enfim, tudo aquilo
que for necessário para atingir uma finalidade de interesse público” (HARADA, p. 64).
Não pode. “Com relação aos bens pertencentes às entidades da administração indireta,
aplica-se, por analogia, o artigo 2º do Decreto-lei nº 3.365/41, sempre que se trate de
bem afetado a uma finalidade pública. Tais bens, enquanto mantiverem essa afetação,
são indisponíveis e não podem ser desafetados por entidade política menor. Esse
entendimento não destoa da tese adotada na Súmula nº 157 do STF, segundo a qual “é
necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos
Estados, de empresa de energia elétrica” (DI PIETRO, p. 202).
“A desapropriação de bens públicos, como se viu, é fundada na hierarquia das pessoas
federativas considerando-se a sua extensão territorial. O princípio deve ser o mesmo
adotado para os bens de pessoas administrativas, ainda que alguns deles possam ser
qualificados como bens privados. Prevalece nesse caso a natureza de maior hierarquia
da pessoa federativa a que está vinculada a entidade administrativa. Por conseguinte,
para nós se afigura juridicamente inviável que o Estado, por exemplo, desaproprie bens
de uma sociedade de economia mista ou de uma autarquia vinculada à União Federal,
assim como também nos parece impossível que um Município desaproprie bens de uma
empresa pública ou de uma fundação pública vinculada ao Estado, seja qual for a
natureza desses bens” (CARVALHO FILHO, p. 899).
“Municípios não podem desapropriar bens das Autarquias Federais e dos e Estados e
estes não podem desapropriar bens das Autarquias da União, pois não teria sentido que
tais entidades administrativas, tendo sido criadas como pessoas públicas, havidas como
meio eficiente de realização de propósito desta ordem, ficassem ao desabrigo da norma
protetora” (DE MELLO, p. 824).
Depende. “Em sua literalidade, interpretação que prevalece atualmente, a norma veda a
desapropriação dos bens públicos dos Entes “maiores” por Entes “menores”. No
entanto, entendemos que a desapropriação de bens públicos, nesses casos, é possível,
desde que o processo de ponderação de interesses indique a prevalência do interesse do
Ente expropriante sobre o interesse do Ente ou entidade que será sujeito passivo da
desapropriação” (OLIVEIRA, p.601).
Quais bens públicos podem ser desapropriados? “o texto legal se refere aos bens do
domínio dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, de sorte a abranger toda as
três categorias de bens públicos previstas no art. 99 do Código Civil” (HARADA, p.
73).
“O Estado não pode desapropriar bens de outro Estado, nem o Município desapropriar
bens de outro Município, ainda que situados no território do Município Expropriante”
(HARADA, p. 76).
“Contudo, exatamente em função da preponderância do interesse público motivador da
desapropriação, é possível, em face da Carta Política, confrontar o interesse público
primário de um Estado ou de um Município com o interesse público secundário de outro
Estado e de outro Município para se concluir pela possibilidade jurídica da
desapropriação de bens estaduais por um outro Estado ou de bens municipais por outro
Município”(HARADA, p. 76).
“Esse dispositivo, de um lado, fortifica a inteligência que indicamos para o caso das
autarquias e, de outro lado, protege, nos limites indicados pelo artigo referido,
concessionários de serviço públicos federais, sociedades de economia mista e empresas
púbicas da União, bem como quaisquer outras por elas autorizadas e sujeitas à
fiscalização” (DE MELLO, p. 824).
Legitimidade extraordinária? CPC, art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em
nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
“Quanto ao segundo caso (desapropriação por zona de imóveis que serão valorizados
extraordinariamente), entendemos que esse fundamento é inconstitucional por violar o
princípio da proporcionalidade, notadamente o subprincípio da necessidade, pois existe
outra medida estatal menos restritiva ao direito de propriedade que atinge o mesmo fim:
a contribuição de melhoria prevista no art. 145, III, da CRFB” (Rafael Carvalho, 618)
Parágrafo único incluído recentemente, no dia 30/08/2021, pela MP 1.065. Não foi
possível achar material atualizado.
“A lei não estabeleceu critérios para a qualificação prévia das empresas interessadas a
se instalarem no distrito industrial. Nem precisava, pois a lei sobre licitações e contratos
estabelece as regras e formalidades para a qualificação (habilitação) das pessoas
jurídicas e físicas interessadas em estabelecer contrato com o Estado.. A licitação é a
forma e o mais legítimo para a escolha das empresas interessadas em instalar a sua
indústria em determinado distrito industrial, pois por intermédio dele se dará a todos os
interessados, em igualdade de condições, a oportunidade de concorrer direta ou
indiretamente a um lote industrial” (DE FARIA, p. 536).
“Essa deve ser a regra, mas nem sempre a licitação é possível. Há casos em que a
particularidade do caso concreto inviabiliza o certame por falta de concorrentes. Servem
de exemplo os casos de instalações de montadoras de veículos automotores” (DE
FARIA, 536).
“Em nosso entender, no entanto, o ato declaratório deveria ser um daqueles de caráter
administrativo praticados pelo Legislativo, como é o caso de decretos legislativos,
adequados comumente para produzir efeitos externos.56 Demais disso, o Legislativo
certamente só vai tomar a iniciativa se houver alguma desarmonia entre ele e o
Executivo. Ora, se assim parece ser, o projeto de lei contendo a declaração, apresentado
pelo Legislativo, será obviamente vetado pelo Executivo. A conclusão é a de que toda
lei com essa natureza seria alvo de veto do Executivo. Para evitar mais esse graveto para
a fogueira, o mais adequado é que o ato seja exclusivo do Legislativo, e esse é
exatamente o caso do decreto legislativo” (CARVALHO FILHO, p.910).
“O art. 8º admite que também seja feita pelo Poder Legislativo. Alguns, como nós,
creem que esta possibilidade é inconstitucional por permitir que o Legislativo pratique
ato tipicamente de gestão administrativa do interesse público, invadindo a esfera do
Poder Executivo.” (ARAGÃO, 257).
“Nesse caso, a lei tem natureza de ato administrativo, pois de efeito concreto.” (Edimur,
p. 540).
“Embora o dispositivo não tenha uma redação muito precisa, a interpretação que dele
emana é a de que o processo de desapropriação, por ser necessária a celeridade para a
transferência do bem, não rende ensejo à discussão sobre se o administrador tinha
realmente, ou não, motivos para a desapropriação. Em outras palavras, não se pode no
processo discutir sobre eventual desvio de finalidade do administrador ou sobre a
existência dos motivos que o administrador considerou como de utilidade pública ou de
interesse social. Essa matéria propicia discussão demorada e obviamente retardaria o
desfecho da ação expropriatória. Todavia, o interessado pode levar ao Judiciário a
apreciação dessas questões em ação autônoma, que a lei denominou de ação direta no
art. 20, cujos comentários serão feitos ao momento em que examinarmos a resposta do
réu na ação de desapropriação” (CARVALHO FILHO, p. 916).
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a
indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.
No caso de desapropriação por interesse social regida pela Lei nº 4.132/62, o prazo de
caducidade se reduz a dois anos a partir da decretação da medida (art. 3º); e essa
caducidade refere-se não apenas à efetivação da desapropriação, mas também às
providências de aproveitamento do bem expropriado; aqui difere do Decreto-lei nº
3.365/41, que nenhum prazo estabelece para utilização do bem expropriado. Além
disso, o dispositivo não prevê um período de carência para a renovação da declaração
(DI PIETRO, 197).
“O fato que a lei considerou como suscetível de provocar a caducidade, ou seja, a não
efetivação da desapropriação no prazo de cinco anos, deve ser interpretado no sentido
de que cabe ao expropriante firmar acordo nesse prazo ou ao menos providenciar o
ajuizamento da ação de desapropriação com a citação do expropriado”(CARVALHO
FILHO, p. 913)
“Nos termos do artigo 10-A do Decreto-lei nº 3.365/41, incluído pela Lei nº 13.867, de
26-8-19: “O poder público deverá notificar o proprietário e apresentar-lhe oferta de
indenização”, a qual deve ser aceita ou rejeitada no prazo de 15 dias, sendo o silêncio
considerado como rejeição (§ 1º, IV, do art. 10-A)” (DI PIETRO, 197).
“A aceitação ou rejeição é que definirá se a desapropriação será amigável ou judicial. Se
a oferta do poder público for aceita e for realizado o pagamento, a desapropriação será
amigável e formalizada por meio de acordo, que será título hábil para a transcrição no
registro de imóveis (§ 2º do art. 10-A). Trata-se de hipótese em que se observarão as
formalidades estabelecidas para a compra e venda, exigindo-se, em caso de bem imóvel,
escritura transcrita no registro de imóveis. Essa fase amigável nem sempre existe, pois
acontece às vezes que o Poder Público desconhece quem seja o proprietário, hipótese
em que deverá propor a ação de desapropriação, que independe de se saber quem é o
titular do domínio.” (DI PIETRO, 197).
Art. 10-B - Feita a opção pela mediação ou pela via arbitral, o particular indicará um
dos órgãos ou instituições especializados em mediação ou arbitragem previamente
cadastrados pelo órgão responsável pela desapropriação.
§ 1º - A mediação seguirá as normas da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, e,
subsidiariamente, os regulamentos do órgão ou instituição responsável.
§ 2º - Poderá ser eleita câmara de mediação criada pelo poder público, nos termos
do art. 32 da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015.
§ 3º - (VETADO).
§ 4º - A arbitragem seguirá as normas da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, e,
subsidiariamente, os regulamentos do órgão ou instituição responsável.
§ 5º - (VETADO).
Art. 13. A petição inicial, alem dos requisitos previstos no Código de Processo Civil,
conterá a oferta do preço e será instruida com um exemplar do contrato, ou do jornal
oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos
mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações.
Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou inferior a dois contos de réis
(2:000$0), dispensam-se os autos suplementares.
Referências bibliográficas:
ARAGÃO, Alexandre dos Santos de. Curso de Direito Administrativo. 2ª edição. Rio
de Janeiro: Forense. 2013.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 35ª edição.
São Paulo: Atlas. 2021.
DE MELO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 20ª edição. São
Paulo: Malheiros. 2006.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 33ª edição. Rio de Janeiro
Forense. 2020.