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JURÍDICO
UNIDADE 1 – DO FATO AO NEGÓCIO
JURÍDICO
SEÇÃO 1.1 – TEORIA GERAL DO
NEGÓCIO JURÍDICO: INTRODUÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DO FATO JURÍDICO
2.1 NATURAL: também denominado “fato em sentido estrito” (stricto sensu), que
é subdividido entre fato ordinário (nascimento, morte, maioridade etc) e fato
extraordinário (caso fortuito e força maior – terremoto, maremoto, raio etc).
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos
não era possível evitar ou impedir.
O fato jurídico humano ou fato jurígeno subdivide-se em:
a) Ato jurídico em sentido estrito (ou ato jurídico stricto sensu ou ato não
negocial) – é aquele que gera consequências jurídicas previstas em lei e não pelas
partes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada, ou seja, os
efeitos da manifestação de vontade estão predeterminados pela lei. Ex:
reconhecimento de paternidade, alistamento no exército. Divide-se em:
b) Ato-fato jurídico – aqui, o efeito do ato não é buscado, nem imaginado
pelo agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei. Ex:
achado de um tesouro (CC, 1264) e/ou minério (CC, 1230).
São assim classificados, também, certos atos aceitos amplamente pela
sociedade como a venda de sorvete a uma criança, cuja vontade não é
relevante juridicamente.
c) Plurilaterais – envolvem mais de duas partes, com interesses jurídicos coincidentes. Ex:
contrato de sociedade.
2. Quanto às vantagens patrimoniais:
a) Gratuitos – são os atos de liberalidade, em que apenas uma das partes aufere
vantagens. Ex: doação pura.
b) Onerosos – são atos que envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para ambas as
partes. Ex: compra e venda, locação.
d) Bifrontes – por convenção das partes pode ser modificada a sua natureza, de onerosa
para gratuito ou vice-versa, Ex: mútuo, depósito.
3. Quanto ao momento da produção dos efeitos
a) Inter vivos – são aqueles destinados a produzir efeitos desde a sua instituição, ou seja,
durante a vida das partes. Ex: compra e venda, casamento.
b) Mortis causa – aqueles cujos efeitos só ocorrem após a morte de determinada pessoa.
Ex: fideicomisso.
4. Quanto ao modo de existência:
a) Impessoal – são aqueles que não dependem de qualquer condição especial dos
envolvidos, podendo a prestação ser cumprida pela parte ou por um terceiro. Ex:
compra e venda.
a) Formais ou solenes – são aqueles que obedecem a uma forma ou solenidade prevista
em lei para a sua validade e aperfeiçoamento. Ex: casamento, testamento.
b) Informais ou não solenes – são aqueles que admitem forma livre. Ex: locação, prestação
de serviços.
7. Quanto à sua causa determinante:
b) Abstratos ou formais – são aqueles nos quais o motivo não está inserido no conteúdo,
decorrendo dele naturalmente. Ex: emissão de um título de crédito.
8. Quanto ao momento de aperfeiçoamento:
a) Consensuais – são aqueles que geram efeitos a partir do momento em que há o acordo
de vontades entre as partes. Ex: compra e venda pura.
b) Reais – são aqueles que geram efeitos a partir da entrega do objeto. Ex: mútuo,
depósito.
9. Quanto à extensão dos efeitos:
b) Declarativos – são aqueles que geram efeitos ex tunc, ou seja, retroagem até a data em
que foi emitida a declaração do fato que é a causa/objeto do negócio. Ex: partilha de
bens de um inventário.
INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
Deve-se levar em conta a boa-fé (lealdade contratual), além dos usos e costumes do lugar
da celebração (CC, 113). A má-fé não se presume, devendo ser provada.
A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva (CC, 819).
Função social do contrato: esse princípio vem nos dizer que todos os
contratos devem atender a um interesse privado, a um interesse particular,
todavia, não pode ser desvirtuado interesses da coletividade.
SITUAÇÕES PROBLEMAS LIVRO TEXTO
CASO 1: Viagem amigos – aluguel de imóvel por três dias via plataforma
virtual – tornado Camboriú.
Durante o período das festividades carnavalescas de 2018, três estudantes de Direito, Cícero, Caio e Marcos, organizaram-se
para viajar e aproveitar o feriado prolongado. Alugaram um imóvel por três dias, em Camboriú/SC, utilizando-se da plataforma
virtual conhecida por “Aluguel Virtual”, sendo que pagariam o total de R$ 2.000,00 por todo o período. No dia 09 de fevereiro
de 2018 (sexta-feira), partiriam de Minas Gerais para Santa Catarina, todos juntos no mesmo veículo terrestre. Contudo,
quando já prontas as malas e iniciada a viagem, ouviram em um programa de rádio que um tornado havia passado justamente
em Camboriú/SC e todas as estradas de acesso ao município haviam sido bloqueadas. Retornaram, então, ao carnaval mineiro,
e, em vez de procurarem eventos festivos locais, buscaram realizar a leitura do contrato de locação imobiliária que havia sido
celebrado em nome de Cícero, pois eles pretendiam receber o dinheiro investido antecipadamente, já que não chegaram
sequer a pisar no imóvel. O contrato estabelecia, em síntese, que: a) 50% do valor da locação seria pago antecipadamente, e a
outra metade seria paga quando iniciada a estadia; b) se não iniciada a estadia na data prevista, não haveria direito ao
reembolso da quantia investida de maneira antecipada; e c) as partes declararam que eram capazes para celebrar referido
contrato, e apontaram o endereço do imóvel, bem como suas características, regularmente. Diante disso, entraram em contato
com o locador e obtiveram resposta negativa, ou seja, não seria realizada qualquer restituição a Cícero. Diante da situação,
como eram todos já acadêmicos de Direito e estagiavam, os três, em escritório de advocacia, decidiram que levariam o caso
para adoção de medidas cabíveis.
CASO 2: O esposo compreensivo.
Animado para participar da festa de confraternização promovida pela empresa onde trabalhava, Higor convidou
sua esposa, Fabiana, para que o acompanhasse, e ela, prontamente, aceitou o convite, igualmente animada.
Ambos se divertiram, mas não passaram todo o tempo da festa na companhia um do outro. Terminada a festa, e
já passados, aproximadamente, nove meses do evento, Fabiana deu à luz um filho. Porém, Fabiana contou a
Higor que, no dia da festa de confraternização, ela havia se relacionado com um colega dele, motivo pelo qual
não poderia afirmar, com certeza, se o filho seria mesmo de Higor. Recebida a notícia, Higor ficou muito
decepcionado mas, ainda assim, entendeu por bem em realizar o registro do filho como seu, reconhecendo a
paternidade deste. Antes de ter realizado o reconhecimento da criança, Higor havia procurado um advogado, o
qual lhe havia dito que seria possível reconhecer o filho, porém, condicionando o reconhecimento apenas ao
dever de guarda, não permitindo que a criança fosse considerada sua herdeira. Diante dessa situação,
responda: o reconhecimento de filho é considerado um negócio jurídico ou um ato jurídico? Agiu corretamente
o advogado? Se a resposta para essa última pergunta for negativa, explique o porquê e elabore a resposta
adequada a Higor, como se advogado fosse.
QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 3: O ato jurídico em sentido estrito é ato voluntário que produz os efeitos já
previamente estabelecidos pela norma jurídica, como, por exemplo, quando alguém
transfere a residência com a intenção de se mudar, decorrendo da lei a consequente
mudança do domicílio. (Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata - Prova
1)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CASTRO, Paulo Roberto Ciola de. Direito civil - negócio jurídico. Londrina :
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018, 216 p.
TARTUCE, Flávio. Direito civil v.1: lei de introdução e parte geral. 14.ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2018.