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Verônica Pessôa Ohara

OAB/SP 435.226

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA MM.___ VARA
DO TRABALHO DE MOGI DAS CRUZES - SP

JOSÉ MONTEIRO DA SILVA JUNIOR, brasileiro, coordenador de


manutenção elétrica, portador do RG nº 11.549.828 SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob nº
037.606.788-82, CTPS nº 84449, Série 493 – SP, PIS nº 10769006687, residente e
domiciliado na Rua Jardelina Almeida Lopes, 761, Parque Santana, Mogi das Cruzes -
SP, CEP 08730-805, por sua Advogada signatária (mandato em anexo), vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA, com fundamento no artigo 840, §1º da CLT e 319 do CPC em face de:

COMPANHIA METALURGICA PRADA, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº 56.993.900/0028-51, com sede social na Avenida
Inal, 190, Vila Industrial, Mogi das Cruzes – SP - CEP 08770-042,, pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas:

I - PREAMBULARMENTE:

A) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O reclamante não possui condições financeiras de arcar com as


custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e da
família; pois está desempregado. Por estas razões, requer os benefícios da Justiça
Gratuita nos termos do art. 5º, inc. LXXIV da CF c.c. art. 790, § 3º da CLT, assim como
Lei 1.060/50, nos termos ainda da inclusa Declaração de Pobreza.

Dessa forma, fulcro artigo 790, § 3º da CLT, tendo em vista que


o reclamante percebia salário inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme se
denota da inclusa CTPS, logo, merece ser concedido, de plano, os benefícios da
Justiça Gratuita, dispensando o recolhimento de custas, honorários periciais,
honorários advocatícios à parte contrária, em caso de sucumbência, e
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emolumentos.

Inobstante, caso este MM. Juízo entenda que a documentação


comprobatória da situação de pobreza do reclamante, ora acostada, seja
insuficiente à comprovação do estado hipossuficiente alegado, requer, desde já, a
aplicação do § 3º do artigo 99 do CPC, com observância ao princípio protetor e
aplicação da norma mais favorável ao empregado, presumindo-se verdadeira
a declaração firmada pelo reclamante, documento este que também instrui a
presente peça.

Ademais, nos autos do processo nº 1001038-06.2017.5.02.0373, em


trâmite perante a r. 03ª Vara do Trabalho desta comarca, a gratuidade foi
devidamente deferida, após análise das provas contidas naqueles autos e tendo em
vista que não houve alteração da situação econômica do obreiro, requer seja
acolhido o entendimento proferido no r. acórdão nestes autos e sejam deferidos os
benefícios da gratuidade, conforme entendimento exarado pela E. 16ª Turma deste
Tribunal.

E, caso seja condenado em obrigações de sucumbência, sendo


beneficiário da Justiça Gratuita, estas deverão permanecer sob condição suspensiva
de exigibilidade, podendo ser executadas apenas se nos dois anos seguintes ao
trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que o devedor
não mais permanece na situação de insuficiência econômica. Contudo, esgotado o
citado prazo sem que haja alteração na situação financeira do devedor, as
obrigações do beneficiário deverão ser extintas.

Entender de outra forma seria impedir os mais humildes de ter


acesso à Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado de Direito, corolário do
princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, artigo 5º, inciso XXXV da
Constituição de 1988.

Nas mais normas processuais contidas no CPC sobre o tema não


exigem que os requerentes da assistência judiciária sejam miseráveis para recebê-la,
sob a forma de isenção de custas, bastando que comprovem a insuficiência de
recursos para custear o processo, ônus que lhe deve ser oportunizado.

B) APLICAÇÃO ENTENDIMENTO DO STF NA ADI 5766

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Em recente decisão na ADI 5766, o STF declarou inconstitucionais
as normas que condenam o beneficiário da gratuidade de justiça ao pagamento de
honorários sucumbenciais e custas processuais.

O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido


formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os artigos 790-B, caput e §
4º, e 791-A, § 4º, da CLT, sendo assim, fazendo jus aos benefícios da gratuidade da
justiça, não serão devidos o pagamento de honorários aos patronos das reclamadas
em caso de parcial procedência ou improcedência da demanda, é o que,
respeitosamente, desde já, se requer.

C) DO PRINCÍPIO DA SUCUMBENCIA MÍNIMA

O processo foi distribuído na vigência da lei 13.467/2017, o que


permitiria, em tese, a condenação recíproca ao pagamento de eventuais honorários
sucumbenciais.

Todavia, o parágrafo único do artigo 86 do CPC, de aplicação


subsidiária e supletiva ao processo trabalhista (artigo 769 da CLT), dispõe que:

" Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro


responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários. "

Sendo assim, no caso de deferimento da maioria dos pedidos


pleiteados, o que se espera, requer-se a aplicação do princípio da sucumbência
mínima, conforme preceitua o parágrafo único do artigo 86 do Código de Processo
Civil.

A aplicação supletiva de norma geral, se justifica frente a lacuna


axiológica existente, pois, embora haja lei especial sobre o tema, tal regra não pode
ser levada a efeito, uma vez que se mostra incompatível com os princípios basilares
do Direito do Trabalho.

No mais, a aplicação do referido artigo do Código do Processo Civil


encontra respaldo no princípio da proteção e seus desdobramentos, no caso em tela,
na aplicação do princípio da norma mais favorável; defendendo ser cabível o
referido princípio quando existe o confronto de duas normas vigentes e aplicáveis ao
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mesmo caso concreto, utilizar-se-á aquela que for mais benéfica ao empregado,
razão do presente pedido.

DA PRESCRIÇÃO – CAUSA IMPEDITIVA – APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO


DA PROTEÇÃO E PREVALÊNCIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL AO OBREIRO

Conforme documentos anexos, o obreiro foi dispensado na data


de 11/09/2020, período em que vigorava a Lei nº 14.010/2020, que conforme seu
artigo 3º, dispunha:

Art. 3ºOs prazos prescricionais consideram-se impedidos ou


suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta
Lei até 30 de outubro de 2020.

Nesta toada, com a vigência da norma acima citada, a prescrição


estava impedida de iniciar sua contagem até o dia 30/10/2020, sendo assim, a
contagem do prazo prescricional se iniciou nesta data.

Considerando os entendimentos jurisprudenciais, temos que na


contagem da prescrição trabalhista deve ser considerado o aviso prévio estendido
como marco da contagem bienal e tendo em vista que o obreiro laborou por 5 anos
inteiros na reclamada, temos que o aviso prévio estendido seria de 45 dias.

Segue jurisprudência quanto ao tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO. 1.


PRESCRIÇÃO. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. TERMO INICIAL. O prazo prescricional começa a
fluir a partir da data do término do aviso prévio, ainda que indenizado, aplicando-se, para a
sua contagem, a regra prevista no "caput" do art. 132 do Código Civil. Inteligência da
Orientação Jurisprudencial nº 83 da SBDI-1. 2. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA. LAUDO PERICIAL. A determinação ou o indeferimento da produção de prova
constituem prerrogativas do Juízo, com esteio nos arts. 370 e 371 do CPC e 765 da CLT. Logo,
não há nulidade a ser declarada, quando o juiz forma seu convencimento com lastro no
estado instrutório dos autos. 3. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. O Regional, ao analisar o
conjunto probatório dos autos, concluiu que o reclamante exercia atividade perigosa, por
transportar e permanecer diariamente junto aos diversos contêineres de líquidos inflamáveis
presentes nos pátios da reclamada (Súmula 126/TST). 4. INTERVALO INTRAJORNADA. O
ajuizamento da ação antecede a Lei nº 13.467/2017. A decisão, nos moldes em que
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proferida, manifesta conformidade com a Súmula 437, I, do TST, de forma que o
processamento do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido.

(TST - AIRR: 10004053620185020445, Relator: Alberto Luiz Bresciani De Fontan Pereira, Data de
Julgamento: 15/12/2021, 3ª Turma, Data de Publicação: 17/12/2021)

Nesta senda, a contagem da prescrição se iniciou no dia 31 de


outubro de 2020 e sendo que na contagem do biênio deve ser considerado o aviso
prévio, temos como data final o dia 14/12/2022, razão pela qual a presente ação se
encontra dentro do prazo prescricional.

DA PROVA EMPRESTADA

Com a devida vênia, requer seja acolhida como prova


emprestada, aquelas produzidas nos autos do processo nº1001038-06.2017.5.02.0373,
ação em que as mesmas partes figuraram e no qual foi discutido assuntos atinentes
a mesma relação laboral ventilada nestes autos, apenas trazendo nestes presentes,
pedido não contemplado na peça vestibular daquele processo primeiramente.

Ademais, no caso em tela, as provas já produzidas são


imprescindíveis para o prosseguimento desta nova reclamação, tendo em vista que
naquela demanda restou demonstrado e reconhecido o cargo de confiança
exercido pelo reclamante, sendo este o motivo da presente ação, que visa o
recebimento da gratificação por função.

Pois conforme restou provado, o obreiro efetivamente exerceu


cargo de confiança, sendo inclusive, esta, a tese defensiva da reclamada, todavia
também restou comprovado que a reclamada nunca pagou o devido adicional pelo
exercício do cargo diferenciado.

Desta forma, as provas já produzidas devem ser aproveitadas, pois


além de serem úteis e indispensáveis também prestigiam os princípios da celeridade
e economia processual, razão pela qual requer sejam integralmente acolhidas com
a mesma força probante das demais que ainda serão produzidas nestes autos, tendo
em vista que se tratam de provas da mesma relação jurídica e que envolvem as
mesmas partes.

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SINTESE DO CONTRATO DE TRABALHO E DOS AUTOS PRETÉRITOS

Conforme cópia do processo nº1001038-06.2017.5.02.0373, o


reclamante laborou para a empresa reclamada de 17/09/2016 a 11/09/2020,
ocupando cargo, considerado de gestão nos autos originários – inserido na exceção
contida no artigo 62 da CLT, sendo dispensado de forma imotivada com recebimento
dos valores rescisórios descritos no TRCT.

DO ACRÉSCIMO REMUNERATÓRIO PELO EXERCÍCIO DE CARGO DE


CONFIANÇA

Sabido que o ocupante do cargo de gerencia é suprimida a


necessidade de registro do ponto diário da jornada de trabalho. Assim, devido à
autonomia que lhe é dada, é possível que ele mesmo estabeleça e gerencie seu
horário na empresa. Contudo, para suprir esta" desvantagem "em exercer cargo de
confiança na empresa o mesmo deveria receber um acréscimo de 40% (quarenta
por cento) em sua remuneração mensal, gratificação esta que nunca foi percebida
pelo reclamante.

Nesta medida, pretendendo o empregador excluir o empregado


do limite de jornada de trabalho, algo extraordinário e que foge à ortodoxia da
legislação trabalhista, para escusar-se do pagamento de sobre jornada,
necessariamente deve remunerar o empregado com remuneração superior e
acréscimo salarial.

Desta forma, em contrapartida, o título de cargo de confiança é


responsável por validar um acréscimo de 40% sobre o salário do empregado, como
forma de gratificação. Essa compensação engloba o aumento da responsabilidade
e as possíveis horas extras necessárias para a realização de todas as atividades.

O artigo 62 da CLT não impõe a obrigação de pagamento de


gratificação de função, mas sim o pagamento de acréscimo remuneratório não
inferior a 40%, havendo ou não gratificação. Ainda conforme o artigo 62 da CLT , o
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acréscimo de 40% ocorre em relação ao salário efetivo do próprio trabalhador, e não
em relação ao salário de outros colegas de trabalho.

Ademais, não há que se falar em remuneração superior percebida


pelo reclamante, pois da análise das provas emprestadas se verifica que houve
evolução salarial ordinária e de acordo com o lapso temporal do contrato. No mais,
verifica-se também que não há discriminação em separado em seus holerites no que
tange ao acréscimo salarial pelo desempenho de função de fidúcia, no importe
mínimo de 40%.

Embora o salário do obreiro fosse elevado, se comparado com a


média salarial brasileira, estava em perfeita harmonia com o patamar percebido
pelos profissionais da sua área; formação acadêmica e experiência no mercado de
trabalho.

O fato de salário ser consideravelmente elevado não retira da


reclamada a obrigação pelo pagamento do acréscimo pelo desempenho da
função de confiança, que inclusive restou confessada pela empresa em sua
contestação nos autos pretéritos.

A tipificação do exercente de cargo de confiança do artigo 62, II,


da CLT, requer dois requisitos: poder - o empregado tem que exercer encargos de
gestão; e remuneração, ou seja, receber salário diferenciado, correspondente, no
mínimo, a um acréscimo de 40% a título de gratificação de função, se houver, ou
perceber salário superior em 40% ao salário do cargo efetivo.

No caso dos autos, conforme já mencionado, o salário do obreiro


era condizente com outros profissionais da sua área de atuação, não restando
demonstrado o pagamento do plus salarial referente ao cargo de confiança
ocupado.

Ademais, vale ressaltar que deve ser observada a vedação


estabelecida no ordenamento jurídico quanto ao salário complessivo, nos termos da
Súmula 91 do TST, cabendo a reclamada discriminar de forma precisa as parcelas
percebidas nos holerites dos empregados.

Por final, nos autos pretéritos restou nítido que o reclamante jamais
recebeu a gratificação de função pelo exercício do cargo de confiança, pois não
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fora discriminado em sua CTPS, tampouco em seus holerites nenhum valor específico
para tanto, sendo certo que era ônus da reclamada comprovar a adimplemento de
tal parcela, tendo em vista ainda, que defendeu a execução da função de fidúcia
naqueles autos, visando se esquivar do pedido de pagamento de jornada em sobre
aviso.

No mais, o Direito moderno não compactua com o venire contra


factum proprium, que se traduz como o exercício de uma posição jurídica em
contradição com o comportamento assumido anteriormente, sendo assim, os termos
da contestação dos autos pretéritos devem ser acolhidos nestes autos.

Valores por estimativa, nos termos do artigo 840 § 1º da CLT – instrução normativa do TST nº 41/2018
artigo12 § 2º - R$ 100.000,00 (cem mil reais).

PEDIDO SUBSIDIÁRIO – HORAS EXTRAS

Subsidiariamente, no caso do não deferimento do pleito anterior,


pelo entendimento de não ter restado demonstrado o exercício de cargo de
confiança, requer o pagamento das horas extraordinárias efetivamente laboradas,
tidas como todas aquelas que excederam a 8ª diária e 44 ª semanal, devendo as
horas extras laboradas serem adimplidas com os devidos adicionais legais, conforme
disposto no § 1º do artigo 59 da CLT, bem como no artigo 7º, XVI da CF.

Vale salientar que a proteção da jornada constitui uma das


garantias mais antigas e importantes da classe trabalhadora, tanto que alçada à
condição de direito fundamental pelo artigo 7º, XIII, da Carta Magna.

Desta forma, embora a jornada fosse estendida habitualmente, ele


nunca recebeu o adicional devido pelas horas extraordinárias trabalhadas, razão
pela qual, requer a condenação da reclamada ao pagamento das horas devidas e
inadimplidas.

Por se tratarem de horas habituais, estas devem refletir e integrar o


salário do reclamante para todos os efeitos legais, inclusive nas verbas rescisórias,
DSR´S, 13º Salário proporcional, Férias proporcionais + 1/3, FGTS e 40%, nos termos do
artigo 457 da CLT e consoante Enunciados 45, 63, 94, 151, 172, 291 e 305 do Egrégio T.
S. T.

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Valores por estimativa, nos termos do artigo 840 § 1º da CLT – instrução normativa do TST nº 41/2018 artigo12 § 2º -
R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Requer-se a condenação da reclamada ao pagamento de


honorários advocatícios sucumbenciais de 15% sobre o valor da liquidação de
sentença, do proveito econômico ou sobre o valor atualizado da causa (o que
resultar em maior valor), sem a dedução dos encargos fiscais e previdenciários, nos
termos do artigo 791-A, da Lei n. 13.467/17.

DOS JUROS DE MORA

Conforme prevê o artigo 406 do Código Civil Brasileiro: “Art. 406.


Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a
taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional.”

O artigo 407 do mesmo diploma prevê: “Ainda que se não alegue


prejuízo, é obrigado o devedor aos juros de mora que se contarão assim às dívidas
em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado
o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.”

Aplicáveis tais dispositivos ao direito do trabalho, por força


do artigo 8 º da CLT.

Devendo os juros de mora serem calculados com base na taxa


SELIC ou outra que a substitua na remuneração dos impostos devidos à Fazenda
Nacional. De qualquer forma, faz jus o autor a juros de mora qualquer que seja o
parâmetro adotado, devendo ainda ser observado o artigo 883 da CLT.

DA CORREÇÃO MONETÁRIA

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No tocante a correção monetária, requer seja fixado aplicando-se


o índice mais favorável ao obreiro, com aplicabilidade dos desdobramentos do
princípio da proteção e observância da norma mais favorável ao obreiro, devendo
ser observado a situação de desigualdade existe com aplicação do artigo 883 da
CLT.

Pugnando o reclamante pela correção monetária dos débitos


devidos utilizando-se do índice IPCA-E e não da TRD.

E caso o respeitável julgador se valha do quanto decidido nos


autos das ADC’s 58 e 59, aplicando a Selic na fase processual, invoca o obreiro pela
aplicação do artigo 404 do Código Civil c/c artigo 8º da CLT, a fim de lhe assegurar
a teoria da restituição integral, devendo a reclamada ser condenada a indenizar a
parte suplementar da diferença havida entre o cálculo da SELIC e os juros e correção
monetária, em analogia ao quanto decidido nos autos do processo nº 0011734-
27.2019.5.15.0102:

“RECURSO ORDINÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. ADC. 58 E 59.


DECISÃO PLENÁRIA DO STF (18/12/2020). EFEITOS. CORREÇÃO PELO IPCA-A ATÉ A CITAÇÃO
DA RECLAMADA (EXCLUSIVE) E PELA SELIC A PARTIR DE ENTÃO (INCLUSIVE), JÁ
COMPREENDIDOS OS JUROS DE MORA. PRINCÍPIO DA "RESTITUTIO IN INTEGRUM". PROTEÇÃO
DO DIREITO DE PROPRIEDADE E DO PATRIMÔNIO JURÍDICO (CRÉDITOS). INTELIGÊNCIA DO ART.
404, PAR. ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL (c.c. ART. 8º § 1º, DA CLT). INDENIZAÇÃO
COMPENSATÓRIA DAS PERDAS DECORRENTES DA INFLAÇÃO MONETÁRIA, "SI ET QUANDO"
CONSTATADA A PERDA RELATIVA DA SELIC EM RELAÇÃO AO IPCAE (COM OS JUROS MÍNIMOS
DO ART. 406 DO CÓDIGO CIVIL). APLICAÇÃO DAS NOVAS REGRAS DE ATUALIZAÇÃO DOS
CRÉDITOS TRABALHISTAS TAMBÉM AOS CASOS EM QUE A FAZENDA PÚBLICA É DEVEDORA. 1.
Em 18/12/2020, Plenário do C. STF terminou por deliberar, em definitivo, sobre o tema da
atualização monetária dos créditos trabalhistas, repulsando a lógica subjacente às decisões
anteriormente prolatadas nas ADIs 4.425 e 4.357 e no RE 870.947 (com repercussão geral).
Assim, ao julgar as ADCs 58 e 59 e as ADIs 5.867 e 6.021, o Excelso Pretório decidiu, por
maioria, manter formalmente a declaração de inconstitucionalidade da Taxa Referencial
(TR), mas julgar parcialmente procedentes as ações, conferindo interpretação conforme à
Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de
2017, no sentido de considerar a Selic (art. 406 do Código Civil) como fator de correção
adequado, até que sobrevenha nova solução legislativa, respeitadas as situações já
consolidadas pelo trânsito em julgado. 2. A rigor, a Selic não é propriamente um fator de
correção monetária, especialmente para créditos trabalhistas, porque não mede a variação
de preços ou perda relativa da capacidade de compra da moeda (STF, RE 870.947, rel. Min.
Luiz Fux), mas basicamente a variação das taxas de juros apuradas nas operações de
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia.
Ademais, suprimidos os juros de mora à base de 12% a.a. (Lei 8.177/1991, art. 39), o crédito
trabalhista torna-se um dos mais "baratos" do mercado (conquanto essencialmente
alimentar), favorecendo sensível e injustificadamente a posição jurídica do devedor
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trabalhista e os contextos de inadimplência estratégica. 3. Nesses termos, dada a
vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo Excelso Pretório, e considerando-se
a necessidade de interpretá-la (CPC, art. 489, § 3º) à luz da Teoria Tridimensional do Direito,
compondo com as normas-princípios constitucionais e legais de regência da matéria (e.g.,
artigos 1º, IV, e 5º, LXXVIII, da CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1º, 4º, 6º e 139, IV,
do CPC/2015), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça social) e com o
estado de fato narrado supra, é de rigor determinar a correção pelo IPCA-E até a data da
citação (exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então
(inclusive), como entendeu o C. STF; por outro lado, em se demonstrando a tempo e modo
que a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. nesse mesmo
interregno (i.e., entre a citação e a própria conta de liquidação), cumprirá determinar a
indenização suplementar, inclusive "exofficio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
Civil (c.c. art. 8º, § 1º, da CLT), provendo-se a "restitutio in integrum" (já que os juros mínimos
para as dividas civil são exatamente de 1% a.m., ut art. 406 do CC c.c. art. 161, § 1º, do CTN
e arts. 8º, § 1º, e 889 da CLT). 4. A nova estatuída pelo C. STF para a atualização dos
créditos trabalhistas aplica-se, ademais, à Fazenda Pública, uma vez que o critério adotado
no julgado diz com a natureza jurídica do crédito em si mesmo, não com a natureza da
pessoa do devedor (se pessoa jurídica de direito público ou não). 5. Recurso da reclamada
desprovido. (TRT-15 - ROT: 00117342720195150102 0011734-27.2019.5.15.0102, Relator:
GUILHERME GUIMARAES FELICIANO, 6ªCâmara, Data de Publicação: 29/01/2021)” grifamos

Merece, assim, o feito ser devidamente corrigido de modo a


suportar as perdas inflacionárias, pois os créditos trabalhistas não só devem ser
submetidos à correção monetária, como essa correção deve ser apta a preservar o
bem da vida pretendido pelo reclamante.

Isso significa dizer que deve proporcionar a mesma transformação


em sua vida que poderia proporcionar no início do processo; quando da violação do
direito. Qualquer índice de correção utilizado deve ser apto a de fato conservar o
poder econômico refletido no crédito.

Tal conclusão decorre, por um lado, do direito de propriedade


(artigo 5º, XXII, da CF), já que a ausência de correção adequada à propriedade do
demandante significa sua redução. De outro, do direito de acesso à Justiça (artigo
5º, XXXV, da CF), uma vez que tal garantia implica o acesso à ordem jurídica justa.

DA APLICAÇÃO DA O.J. 400 SDI-I DO TST E TEMA 808 DO STF

Ante ao estabelecido pela OJ. 400, da SDI-I do C. TST, uma vez


julgada procedente a presente Reclamação Trabalhista, requer seja excluído da
base de cálculo da apuração do Imposto de Renda, os juros de mora, decorrentes
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do não pagamento das verbas devidas no decorrer do pacto laboral e devidas em
razão da procedência da ação.

Frise-se, deverá ser observada a OJ 400, da SDI-I, do C. TST, que


assim dispõe:

“OJ-SDI1-400.IMPOSTO DE RENDA. BASE DE CÁLCULO.


JUROS DE MORA. NÃO INTEGRAÇÃO. ART. 404 DO CÓDIGO
CIVILBRASILEIRO.(DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010)

Ademais, deve prevalecer a decisão exarada em sede de


julgamento em repercussão geral – tema 808 do STF, que estabelece:

“Tema 808 - Incidência de imposto de renda sobre juros de mora


recebidos por pessoa física.

Relator(a):
MIN. DIAS TOFFOLI

Leading Case:
RE 855091

Descrição:
Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 97
e 153, III, da Constituição Federal, a constitucionalidade dos arts.
3º, § 1º, da Lei 7.713/1988 e 43, II, § 1º, do Código Tributário Nacional,
de modo a definir a incidência, ou não, de imposto de renda sobre os
juros moratórios recebidos por pessoa física.

Tese:
Não incide imposto de renda sobre os juros de mora devidos
pelo atraso no pagamento de remuneração por exercício de
emprego, cargo ou função.” Destaques.

(https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4677992&n
umeroProcesso=855091&classeProcesso=RE&numeroTema=808

DOS PEDIDOS

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Assim, requer e aguarda o reclamante, sejam acolhidos os pedidos
que ensejam a presente ação, elencados abaixo:

1) Seja a presente, recebida, processada e julgada a procedência de todos os


pedidos;

2) Concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, por ser pessoa pobre no


conceito jurídico da palavra, consoante declaração em anexo, nos moldes do artigo
790 da CLT e artigo 5º inciso LXXIV da CF, abrangendo custas, despesas processuais e
honorários;

3) Julgamento em consonância com entendimento do STF na ADI 5766;

4) A aplicação do parágrafo único do artigo 86 do Código de Processo Civil;

5) Condenação ao pagamento de acréscimo salarial devido pelo desempenho de


função de confiança nos termos do inciso II do artigo 62 da CLT (R$ 100.000,00 – cem
mil reais)

6) Subsidiariamente, seja a reclamada condenada ao pagamento das horas extras,


nos termos do § 1º do artigo 59 da CLT, bem como no artigo 7º, XVI da CF;

07) Condenação em juros de mora, nos termos dos artigos 883 da CLT c/c 404 e 407
do CC;

08) Seja fixado índice de correção monetária em fase de liquidação, aplicando-se o


índice mais favorável ao obreiro, com observância dos desdobramentos do princípio
da proteção, devendo ser aplicada a norma mais favorável ao reclamante,
correspondente à época do efetivo pagamento, com aplicação do artigo 883 da
CLT e artigo 404 do CPC;

09) Aplicação da OJ 400 do TST e do Tema 808 do STF e

10) Condenação em honorários sucumbenciais, a favor das patronas do reclamante,


em 15% nos termos do artigo 791-A da CLT (R$ 14.500,00);

Total líquido: R$ 144.500,00

De todo exposto, requer o reclamante, respeitosamente, digne-se


Vossa Excelência, determinar a citação da reclamada, para que, querendo,
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conteste a presente, ou sofra os efeitos da revelia, instruindo sua defesa com todos os
documentos necessários à causa, acompanhando o feito até final sentença, quando
deverá ser julgada totalmente PROCEDENTE a Reclamatória, condenando-a nos
pedidos supracitados.

Requer-se, outrossim, provar o alegado, por todos os meios de


provas em direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do
representante legal da reclamada, oitiva de testemunhas, perícias, prova
emprestada consistente na cópia dos autos anteriormente distribuídos e qualquer
outra capaz de ajudar na elucidação dos fatos e o que mais se fizer necessário ao
deslinde da presente ação, sem exclusão.

Atribui-se à causa o valor de R$ 144.500,00 (cento e quarenta e


quatro mil e quinhentos reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Mogi das Cruzes, data do protocolo de 2022.

p.p.

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